Theophrasti
BERLIAC
As memórias são coisas estranhas,e elas não costumam funcionar da forma que nós imaginamos,oque poderia dizer sobre o começo desta história é que acordei em um dia frio e nublado no meu quarto,sentindo o vento acariciando meu rosto naquela manhã cinzenta e escurecida no hotel Amber.
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O vento batendo contra minha face,eu amo esta sensação,nela permeia o silêncio e tudo que a de bom nele,até mesmo os sons da vida que ganham forças quando todos se calam,meus olhos permanecem fechados,porém eu não,não tenho sono,não mais,acordei a algum tempo,porém não quero sair da cama,pois vejo que chegou no momento crucial,aonde minha pele e o lençol se tornam uma só coisa,e sinto que a temperatura de ambas se habituaram ao ambiente,sinto que se mudar de posição vou acabar com a minha paz,não tenho que me preocupar com absolutamente nada,pelo ao menos uma vez na minha vida,cheguei ao hotel somente à duas noites atrás,ainda sim não consegui me acostumar ao ritmo acelerado do salão,nem aos passos frequentes dos hóspedes,só me conecto com a paz pela manhã,pois aqui,neste lugar os dias são agitados e as noites são muito vividas,mais até mesmo do que as noites na cidade,e este de fato é o meu principal motivo para sempre ficar no quarto,gosto do atendimento e do conforto,e então trato de me agradar passando a maior parte do meu tempo sozinho,e assim espero agir nos próximos meses em que ficarei aqui.
De alguma forma sinto que agora o som pacifico do vento está sendo abafado por algo,não sei ao certo, acredito estar ouvindo ruídos,sons baixos, porém inquietantes,eles não param,aos poucos vem me deixando agoniado,são vozes,sei que são,sempre são.
Atravessam os corredores silenciosos e vem até meu ouvido como o zunir de um mosquito,pensou ouvir palavras, palavras que de alguma forma me chamam a atenção,a pausa entre as vozes é quase de minutos,isso é quando sinto a minha pele arrepiando,começo a sentir os passos frenéticos passando por deixado de mim, olho para o piso polido do meu quarto, respiro fundo,logo me levanto,algo deve estar acontecendo,não vejo outro motivo para haver tanto alvoroço tão cedo,meus pés descalços tocam o piso,sinto o frio permear a minha pele,respiro mais uma vez,olho então para a janela,o vidro está ofuscado,vezo algumas horas escorrendo,toco-o,frio,como era de se esperar,lá fora está nublado,o céu levemente cinzento e escurecido demostra a meu ver seus tons mais severos do azul,isso significa que o sol não vai nascer hoje.
Caminho até o banheiro da suíte,pálido e belo,com detalhes de ouro, vejo meu reflexo no espelho,estou gasto,muito gasto,a minha real situação vem a ser humilhante,desde que cheguei não consigo dormir,se isolar no quarto tornou-se meu modo de viver,não posso acreditar mais não posso esperar para que as férias acabem,sinto mais falta do meu trabalho do que de qualquer coisa nesta vida.
A água escorre gelada pelo meu corpo,ainda consigo ouvir os passos apressados passando pelo corredor,o sabonete tem um cheiro estranho,lavanda,porém não puramente, há algo a mais,talvez coco,ou apenas essência,de toda forma passo a toalha pelo meu corpo a medida que vou adentrando o quarto novamente,o frio batendo contra minha pele faz com que a mesma se arrepie,eu fecho os olhos,por um segundo apenas,volto a encarar o quarto pálido,olhando para a extensa janela a minha frente,lá fora a aparência e morta,tudo parece ter sido consumido pela névoa,um tanto sem cor,branco e morto,ainda é cedo,cedo até demais,logo desta forma sou facilmente atraído pelo som dos passos que ecoam em meus ouvidos,meu sentidos me transmitem novamente que algo está ocorrendo.
Quando já estou totalmente vestido olho para o meu celular,sobre a cabeceira,toco uma vez na tela, são quatro horas da manhã,é estranho, pelo que vejo está amanhecendo mais cedo do que de costume, olho novamente pela janela,vejo a luz azulada refletindo sobre o meu corpo,meu olhos se fixam em um gota que escorre do lado de fora do vidro,é quando ouço um som alto que perturbando a ordem do silêncio que reina na suíte chama a minha atenção,olho para porta;”Quem seria uma hora destas?”; Questiono.
“Sou eu senhor,Petrus.”;Diz a voz em resposta.
Petrus Koch,uma das pessoas,isso se não fosse a única que eu conhecia neste hotel,havia visto o mesmo no hall no dia de minha chegada,nos cumprimentamos porém tratei de me esconder em meu quarto em seguida,é um dos diretores executivos com quem já tive reuniões e jantares confidênciais,nada que nos torne íntimos apenas o suficiente para nos tornar minimamente familiares um para o outro,assim espero,porém me questiono por quê este homem viria até o meu quarto, principalmente neste horário tão disfuncional,caminho até a porta e a abro sem cerimônias,me deparo com um homem alto,de pele pálida,sua aparência é meio adoecida,torço para que ele não tenha contraído um resfriado que possa passar para mim e me contaminar, há algo de estranho em seu rosto,sua expressão, diferente da que eu estou acostumado a presenciar em nossas reuniões e jantares, além de pálida e doente tem uma aparência fúnebre,como se estivesse se preparando para um velório,olho em seus olhos azuis claros;”Venha comigo.”; Diz ele,sua voz esganiçada deixa claro sua falta de ar.
“Por quê esta com está cara homem?”; Questiono;”Parece até que viu um fantasma.”
Ele avança sobre o corredor e se vira para mim por apenas um segundo,tempo o suficiente para notar o horror em seu rosto, parece que estava prestes a chorar,sentia em meu coração,como se o órgão que me fazia viver estivesse prestes a sair pela minha garganta,o ar de pânico eminente me fazia querer dar um passo para trás, porém precisava alcançar aquele homenzinho apressado que avançava como um coelho apressado pelo corredor,tempo,tempo,tempo,era como se precisasse cada vez mais de tempo,tive tempo apenas de fechar a porta do quarto e sair vestindo meu paletó às pressas.
O clima do corredor era frio como os invernos de Hamburgo,na Alemanha,lembro de ter olhado para o céu na manhã em que parti,era claro,pálido,feito a neve,peguei o vôo da madrugada,quando cheguei ao hotel estava amanhecendo,de volta ao princípio me deparo com o céu pálido,Petrus Koch me guia porém paro assim que chegamos ao hall,de frente para porta vejo que tudo foi consumido por uma névoa intensa,meu colega caminha,ele não me espera,por um momento fico sozinho, perdido sem ninguém,pois noto que todos pareciam ainda estar adormecidos vendo o hall vazio,vejo a sombra do homem se aproximando;”Venha.”;Ele me chama,eu hesito,não consigo enxergar nada,temo cair ou acabar indo pelo caminho errado;”Não pense que vou caminhar por este nevoeiro.”;Digo o alarmando,porém o mesmo não parecesse se importar com isso;”Eu vou te guiar.”;Ele diz,mesmo relutante eu aceito a sentença,tudo isso por conta daquele olhar perdido que ele me lança,assim juntos seguimos caminhando em meio ao nevoeiro aonde a única coisa que podia ver era o casaco preto de Koch se embrenhado em meio a névoa.
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“É aqui.”;Diz o homem com a sua voz ofegante,vejo seus cabelos voando por contra do vento que bate contra nossos rostos,não estamos sozinhos,noto assim que a neblina se abaixa, há outros homens,sinto o cheiro de feromônios tomando conta do ambiente,mesmo que ele seja fraco ainda sim é notável, são todos alfas, suspiro, olho para o meu colega que aponta para algo no chão,os homens estão formando uma espécie de roda enquanto conversam entre eles,trocam murmúrios e sussurros,todos parecem temer fazer algum barulho,eles permanecem assim até um deles me notar,alto,de pele pálida,asiático,de cabelos negros e olhos castanhos claros;”Senhor Koch.”;Ele chama o meu colega;”Trouxe o Senhor Berliac para que possamos tirar conclusões em grupo.”Tem conhecimento sobre Gradus Mortis?”; Questiona o homem,eu o analiso;”Um pouco.”;Respondo,tive breves aulas durante a minha juventude, juntamente a alguns livros,tudo isso por conta de minha formação acadêmica impecável,não sendo isso minha especialidade de toda forma,olho para o círculo,contando com a minha presença estamos em oito;”Aconteceu uma desgraçada.”;Diz um dos homens,tem cabelos grisalhos e olhos cansados,o mais velho do grupo,sua voz grossa logo chama a minha atenção;”De fato uma coisa horrível senhor Bogart.”; Murmurra meu colega,mesmo podendo ver seus rostos estávamos afastados,apenas à alguns passos de distância do grupo,eles nos olham receosos;”Não vão se aproximar?”; Questiona um dos homens,não vejo seu rosto estou ocupado demais analisando meus sapatos torcendo para não ter sido mais uma vítima do gramado lamacento;”Eu já vi tudo que tinha pra ver.”;Diz Petrus dando dois passos desequilibrados para trás enquanto passa a mão no rosto pálido e assustado;”Cédric.”;Ele me chama;”Veja por si mesmo.”;Sua voz de certa forma me alucina,sinto algo de estranho, novamente aquela sensação de agonia,em minha barriga permeia um ar frio,quase como se pudesse sentir o vento batendo contra o meu estômago aberto,dou alguns passos subindo a pequena colina,faço força para não tombar evitando pisar nos pequenos buracos de lama escondidos em meios a cama baixa e bem podada,olho para os olhos,vejo seus olhares vazios caindo sobre mim,sinto como se estivesse no purgatório,caminho para perto,eles abrem espaço,olho para baixo.
Há algo no chão,algo grande,sinto o cheiro forte e fúnebre subindo pelas minhas narinas,não consigo fechar os olhos por mais que tente minha mente me faz querer olhar,estou me sentindo mal,e um tanto quanto enojado,abaixo de meus pés há um corpo,ele é diferente dos corpos mortos que estou acostumado a ver em enterros,ele é pálido,os cabelos são castanhos claros,os lábios outrora rosados são agora roxos,a boca está aberta, totalmente aberta,vejo sua mandíbula inferior totalmente exposta,a carne aberta,arranhada,os dentes brilhantes e a gengiva que caem até o seu pescoço,os olhos estão bem abertos,são azuis,ou pelo ao menos era,agora eles são vazios,vejo também o sangue em meio ao seu terno caro,olho para baixo,quando noto de início volto a olhar para o rosto,respiro e todo coragem,naquele momento os outros apenas foram se afastando dizendo coisas,em sua maioria o quanto isso era assustador e perturbador, dizendo o quanto estavam enojados,eu olho para baixo após respirar fundo e engolir seco o meu pavor,está totalmente aberto,a barriga está totalmente aberta,vejo seus órgãos, então fecho os olhos e não vejo mais nada,olho para o rosto novamente,opto no mesmo instante em ne poupar da visão que poderia vir a ser a causa de minha indigestão durante o café da manhã,isso se eu tiver estômago para pedir algo;”Não olhe filho.”;Diz o Senhor Bogart,dou um passo para trás, ouço-o novamente;”Não vale a pena.”;Ainda sim permaneço lá,parado, paralisado, petrificado,seja lá o que atacou a este homem foi algo grande,grande o suficiente para matar um alfa dominante,droga,ele era enorme,o homem era enorme,o que o havia matado não poderia ter sido um animal comum,talvez um urso,ou até mesmo um tigre,não posso fantasiar demais,este é um local fechado,e não existem todos os tipos de animais selvagens neste país,olho ao redor,vejo os homens abaixo da colina,conversam com Petrus enquanto lançam olhares afastados para mim e para o corpo,ignoro suas vozes,me aproximo sutilmente do cadáver,ouso estender a minha mão,se ao menos sentisse a temperatura do sangue poderia dizer mais ao menos o tempo estimado de sua morte,ou melhor de seu ataque,toco, está tão frio quanto a neve,chego a me arrepiar,acho que este homem morreu durante a noite de ontem,na calada da noite,no silêncio em meio ao breu sem ninguém para ajudar,talvez o infeliz tenha agonizado até a morte sobre a lama enquanto era atacado por uma fera,afinal o que mais poderia fazer isso com um homem tão grande e forte como este?
Os alfas voltam a contornar o espaço e se amontoam ao redor do corpo, dizem coisas, palavras que não presto a mínima atenção por estar tão focado naquele cenário horripilante que com toda certeza futuramente irá me proporcionar diversos pesadelos,ainda não consigo acreditar que isso é real,seria melhor se eu não tivesse ido com Petrus,seria melhor se eu tivesse voltado a dormir,pelo ao menos eu seria poupado de presenciar essa cena horripilante, enquanto os homens falam por um momento ouço suas vozes agora altas e autoritárias se esvaindo em meio ao silêncio,meu sentidos são ativados,sinto a minha pele arrepiar, estou sentindo o cheiro de alguém,é estranho,o aroma vem com o vento frio,ele é duvidoso, mistura o cheiro de chuva,de terra molhada e de lavanda,um pouco mais adocicado,ainda sim leve,bem leve,quase imperceptível,meu coração acelera,olho ao redor,não encontro nada.
Há apenas a névoa que parece ter diminuído um pouco,volto a olhar para o corpo porém a minha atenção está em outro lugar, sinto dentro de mim, dentro de meu coração uma sensação avassaladora ele bate com mais força, está agitado mais do que o comum,minha respiração começa a falhar,sinto que meu grande pulmão já não é mais o suficiente para armazenar todo o oxigênio que recebo,já não sinto mais os feromônios dos homens ao meu redor,aquele cheiro predomina sobre mim,não consigo tapar meu nariz a tempo,respiro fundo,olho para baixo,é então que vejo entre os grandes sapatos de grife botas pretas de jardinagens um tanto quanto sujas de lama,sinto a minha pressão baixando como se a qualquer momento fosse cair morto ao lado do cadáver,meu olhar vai subindo,veste calças marrons bem escurecidas de tecido aquecedor,mais acima noto que se trata de uma jardineira por cima de uma camisa azul escura,não é um hóspede,sei disso no momento em que olho para o logo do hotel estampado no bolso de frente ao peito da roupa,olho para cima,paraliso novamente,se trata de um ômega,de pele negra escurecida,olhos pretos assim como os cabelos crespos de altura mediana,ainda sim bem menor do que todos ali presentes,que formam cachos curtos sobre seu rosto, tão escuro quanto a noite,tão intenso,no momento em que tomo consciência de sua presença sinto algo em mim que me faz querer correr,era como se meu coração tivesse parado,mesmo assim continuasse funcionando,como se ele tivesse começado a bater contra meu ouvido,ouço as batidas intensas dele que permeiam o silêncio de minha mente,vacilo em dar um passo para trás,não consigo respirar me sinto sufocado,sinto medo,mais medo do que tudo que já pude sentir em toda a minha vida;”Koch…”;É a única coisa que consigo gemer enquanto tento alcançar meu amigo tocando seu ombro,ele olha para mim,fala algo,vejo seus lábios se movimentando porém não ouço a sua voz, é neste momento que aponto,ele se vira para a sua esquerda,quando nota toma um susto e quase pula,ele se inclina como se seu coração fosse sair pela boca,aquele ômega passou despercebido por todos,apareceu de repente entre Petrus Koch e o velhor Bogart,sem que ninguém o notasse,nem ao menos sentisse o cheiro de seus feromônios que foram percebidos apenas por mim,é a vez do velho se assustar,o mesmo lança um breve olhar e se afasta no mesmo segundo,quase caí, ouço o som de receio saindo da boca do conhecido de Bogart,ele puxa o velho;”Merda.”;Diz ele;”Acho que o garoto viu.”;Aquele ômega nota o afastamento porém não parece se importar apenas continua encarando o cadáver, há algo de estranho em sua expressão, normalmente era de se esperar que alguém como ele entrasse em pânico,gritasse e até mesmo chorasse porém não,ele permanece em total silêncio,os únicos sons são os de nossos corações batendo fortemente,é então que uma mão passa pelo peito do menino e o puxa para perto de sua,uma mão velha e enrugada,vejo então o olhar surpreso de Koch;”Senhor Rostam!”;Exclama meu colega indo na direção dos dois,o homem em meio a névoa se aproxima ele puxa o jovem para perto enquanto tenta tapar seus olhos, ouço ele sussurrar algo para o menino enquanto o pressiona contra si,ele tem a pele morena,pelo que noto de suas características parece ser descendente do norte da África,olho para ele,é um velho beta,já havia visto este antes, às vezes cuidando das plantas do jardim;”Sinto muito.”;Diz Koch;”Não queria que vissem isto.”;Ele então se afasta sorrateiramente;”Vamos.”;Diz o homem com sua voz falha,fala como um velho ancião sábio que guia uma aldeia,ele fala algo a mais para o menino,algo que não consigo escutar,ele segura o menino passando o braço pelo seu corpo como se zelasse por ele como se zela por um filho próprio;”Vamos voltar.”;Diz o homem ao menino,pelo movimento labial noto que o garoto disse alguma coisa para o velho, porém também não escuto,antes que pudesse voltar a olhar para o corpo que parecia ter sido esquecido por breves minutos de repente o olhar daquele garoto cai sobre mim,velho a imensidão de seus olhos pretos,me arrepio,logo aprumo minha postura e dou um passo para trás, então eles somem em meio a névoa,o velho e o menino;”Nossa,isso me deu arrepios.”; Ouço a voz de um dos homens;”Como aquele garoto chegou aqui?”; Questionou o velho Bogart;”Nem se quer senti seu cheiro.”;Olho para o meu colega ele vem caminhando em nossa direção com uma expressão mais calma no rosto;”Ele não fez barulho algum.”;Relata;”Só o notei por conta do meu colega aqui.”;Diz ele passando a mão pelo meu ombro,eles me olham brevemente;”De toda forma isso não é bom.”; Murmurra o conhecido de Bogart;”Yoon Ba-ram por que diz isso?”; Questiona o velho,Yoon Ba-ram é o nome deste homem,olho para ele,ele olha para o horizonte,para a névoa,para a coluna aonde aqueles dois subiram e desapareceram,como se esperasse ver-los;”Logo todos vão ficar sabendo.”;”Sabe o pânico que isso vai causar?”; Questiona, então vejo meu colega Petrus se aproximando dos dois;”Todos já devem estar cientes do ocorrido.”;Ele diz;”Aquele homem é Rostam,diretor chefe da equipe de jardinagem do hotel,ele que encontrou o corpo e me chamou.”;”Na certa deve ter sido um animal selvagem.”;Diz o homem convencido;”Nada do que a polícia ambiental não possa dar conta.”;Olho bem para ele;”Não deve ter sido um animal.”;Digo;”Que animal seria capaz de matar um alfa dominante?”;Um silêncio permeia os homens,olho para seus olhares perdidos,assim como o meu,eu não sei ao certo,porém senti algo muito incomum quando olhei para aquele garoto,algo que eu nunca havia sentido em toda a minha vida,um pressão estranha que fez meus sentidos se aguçarem,não posso estar ficando louco,não posso depositar minha fé em minha intuição certeira dito que a situação na qual me incontro é repleta de incertezas,aquele ômega,com aquele aroma,aquele olhar,algo dentro de mim despertou no momento em que o vi,olho novamente para o horizonte na tentativa falha de ver-lo pelo ao menos mais uma vez,agora era como se eu tivesse me esquecido de seu breve porém memorável rosto,nunca havia visto ninguém assim, principalmente um ômega,é então que percebo que já amanheceu e todos os outros estão se retirando aos poucos;”Vamos entrar Cédric.”;Diz Koch;”Está muito frio aqui fora.”
Enquanto caminhamos me viro diversas vezes na esperança de ver aquele garoto mais um vez,porém quando me dou por vencido foco em olhar para o caminho já exposto pela ausência do nevoeiro que aos poucos foi se esvaindo,devo ter ficado lá por mais tempo do que imaginei,de toda forma havia um corpo de um alfa dominante estraçalhado na colina,isso era estranho, peculiar,mas o que mais me assustava era que mesmo tendo me convencido junto aos outros de que aquilo se tratava de um ataque de animal selvagem no fundo do meu coração eu sabia que não era,sabia que aquilo era algo diferente,que não se comparava,nem mesmo um lobo poderia atacar um homem e deixar-lo naquele estado,nem mesmo uma matilha,isso era trabalho para algo ainda mais peculiar,por mais que tento afastar minha mente destes pensamentos obscenos e perturbadores não consigo deixar de ouvir meu instinto que baseado em minhas loucuras e conspirações me diz que aquele ômega é o culpado,está tomando conta de mim a medida que me aproximo do hall do hotel junto ao meu colega de trabalho sinto meu coração batendo com força,minha respiração volta ao normal, suspiro,olho mais uma vez para trás,como um sussurro do vento sinto os meus instintos de alfa dominante apontando para o horizonte,sempre mais fortes do que eu,por um momento me perco em meus pensamentos enquanto observo a coluna afastada,devo estar ficando louco,afinal um ômega não seria capaz de fazer algo do tipo,me condenaria a ser alvo de zombalheiras de meus colegas se por um acaso levantasse essa hipótese,porém algo fala mais alto em meu coração,sinto a pressão em meio as minhas pernas subindo,fecho meus olhos,ouço o meu instinto,sussurrando contra meu ouvido casa vez mais intensamente enquanto eu observo o horizonte,eu sei que é você.