Capítulo 108: Valor
- Home
- All Mangas
- A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
- Capítulo 108: Valor
Os dois ficaram parados na entrada, sem saber bem o que fazer.
Por um tempo, hesitaram ali, sem motivo aparente.
Só entraram juntos quando alguém viu Ji Min e veio cumprimentá-lo.
Não era a primeira vez que Ji Min levava Lu Ran a um evento como aquele. Mas, desta vez, ao cruzar com os olhares dos outros, Ji Min sentiu algo diferente.
Ele inclinou a cabeça para olhar Lu Ran, apenas para perceber que o jovem também estava olhando para ele.
“O que foi? Pensando em como se destacar?” Ji Min perguntou, dando ênfase às palavras “se destacar”.
Normalmente, Lu Ran ficava empolgado com esse tipo de evento, mas, depois da recente provocação disfarçada que recebera, evitou responder. Bufando de leve, murmurou, irritado:
“Agora eu não sou seu funcionário, não vou fazer um trabalho ingrato!”
Ji Min ergueu as sobrancelhas.
A coragem dele estava realmente crescendo.
Desta vez, o salão não era grande, mas era um dos mais reservados e prestigiosos do setor. Além de Ji Min, todos os outros presentes eram mais velhos. Assim, aquele salão era bem diferente das festas dos jovens herdeiros; o ambiente parecia extremamente sóbrio e austero.
Do lado de fora, havia um jardim com uma atmosfera zen. No interior, além de alguns grupos de pessoas conversando em pares ou trios, havia também um terapeuta de som escondido atrás de um biombo, tocando suavemente uma tigela tibetana.
Ji Min estava sentado longe da área de terapia sonora, conseguindo ouvir apenas vagamente o som das vibrações da tigela.
Lu Ran, impressionado com o ambiente, não conseguiu conter o comentário: “Que tipo de encontro da terceira idade é esse?”
Ji Min: “…”
Um homem de meia-idade sentado em frente a Ji Min ouviu o comentário e caiu na risada. Apontando para Lu Ran, disse: “Esses eventos são difíceis para vocês, jovens.”
Virando-se, usou um tom casual para falar com Ji Min: “Ah, jovens não entendem o nosso gosto.”
Ji Min: “…”
Espera aí, quem te incluiu no meu “nosso”?
O homem sorriu para Lu Ran e perguntou: “Você está na faculdade, não está? Qual universidade?”
O tom era muito paternal. Lu Ran lançou um olhar de soslaio para Ji Min antes de responder honestamente.
O homem perguntou também sobre as notas dele; ao ouvir a resposta, assentiu satisfeito. Então, virou-se para Ji Min e comentou: “Para nós, ver os mais novos alcançando sucesso nos deixa mais felizes que qualquer coisa.”
Ji Min: “?”
Tem algo de estranho nessa frase.
Mas os dois logo começaram a falar de negócios. Ji Min raramente se distraía nesses assuntos, normalmente deixando Lu Ran livre para explorar. Mas, desta vez, o garoto estava incomumente quieto, grudado ao seu lado, sem ir a lugar algum.
Isso fez com que a atenção de Ji Min se voltasse para ele, vez após vez.
Lu Ran ouvia a conversa dos dois, mas, sem muito interesse no assunto, logo começou a se distrair. Ele notou um enfeite em forma de laranja sobre a mesa, que mudava de cor, e quis pegá-lo para ver de perto.
Quando esticou o dedo para alcançá-lo, Ji Min, que falava calmamente sobre a propriedade de um projeto de bilhões, foi mais rápido e pegou o enfeite, segurando-o na palma da mão, brincando com ele sem pressa.
Tudo parecia casual e despretensioso.
Lu Ran observou por um tempo, então esticou a mão para pegá-lo da mão de Ji Min. Mas, assim que ele se aproximou, o homem, como num truque de mágica, transferiu o enfeite da mão direita para a esquerda.
O homem à frente, que assistia à cena, ficou perplexo: “…”
O aroma de incenso ainda estava no ar, e o som da tigela tibetana continuava. No entanto, parecia que uma inesperada e sutil tensão romântica pairava no ambiente.
O homem deu uma olhada em Ji Min e rapidamente reprimiu o pensamento que estava surgindo. Ele se lembrou de uma ocasião em que Ji Min trouxera o garoto a um fórum empresarial. Naquele evento, todos também interpretaram mal o relacionamento entre eles, mas Ji Min fez questão de esclarecer, deixando claro que via o jovem como um protegido, alguém que ele cuidava.
Ele não queria criar uma má impressão com Ji Min.
Outro homem, que também notara a interação, não conseguiu evitar e comentou, rindo: “Ji Min não é como nós, os velhos de sempre; olha o carinho com que ele trata o jovem.”
Assim que terminou a frase, Ji Min ainda não reagira, mas o primeiro homem puxou o outro, piscando freneticamente, e repreendeu:
“O que está dizendo? Eles têm uma relação de respeito entre mentor e pupilo. Não vá se enganar.”
Ji Min de repente se lembrou de algo: “…”
Lu Ran, que acabara de conseguir pegar o enfeite: “…”
O homem mais velho, ainda temendo que Ji Min estivesse chateado, apressou-se em defender o amigo:
“Está claro que Ji Min está apenas protegendo o jovem! Ele já deixou isso claro antes!”
Desta vez, Lu Ran ouviu tudo com clareza.
Ele virou-se lentamente para olhar o homem na cadeira de rodas ao seu lado.
Ji Min: “…”
Espera aí, eu posso explicar.
Mas, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, o jovem ergueu as sobrancelhas. Quando Ji Min começou a se preocupar se Lu Ran ficaria irritado, ouviu o garoto dizer, com uma expressão travessa:
“Em casa me chama de namorado, e aqui de pupilo? Chefe, não esperava isso de você!”
Aquela frase trazia três títulos em uma só frase, uma combinação cheia de insinuações.
Todos os presentes, em sua maioria idosos, arregalaram os olhos, olhando para os dois. Seus olhares eram de um choque tão intenso que pareciam testemunhar um escândalo.
Os olhares sobre Ji Min eram especialmente complexos. Até o terapeuta de som parou por um momento.
No final…
Ji Min, sob o julgamento dos olhares, deixou o salão com Lu Ran.
Ao sair do prédio, Lu Ran começou a rir sem parar.
Ji Min massageou a testa, com irritação: “Ainda tem coragem de rir?”
Lu Ran se endireitou, respondendo sem hesitar: “Por que eu não deveria rir?”
Como Ji Min saíra antes do fim, o estacionamento estava vazio. Lu Ran se aproximou, estreitando os olhos para ele:
“Chefe, já percebi há muito tempo que você adora se comportar como meu protetor.”
“Então…”
O garoto inclinou-se e deu-lhe um beijo no canto dos lábios. Em seguida, ergueu o rosto e, com uma expressão provocadora, chamou-o: “Tio Ji?”
Ji Min: “…”
Ele ficou alguns segundos sem reação antes de levantar a mão e dar um leve tapa na cintura do garoto.
“Que apelido ridículo!” repreendeu, com a voz baixa.
Lu Ran riu e se afastou, apontando para ele: “Isso foi muito coisa de ‘Tio Ji’!”
Ji Min quase explodiu de raiva e, sentado em sua cadeira de rodas, correu atrás dele por boa parte do estacionamento.
Quando entraram no carro, Ji Min olhou pela janela e se lembrou de quando começara a gostar de bancar o “protetor” para Lu Ran.
Ele se recordava vagamente do início da relação entre os dois.
Comparado a ele, Lu Ran gostava mais do mordomo Chen.
Sempre que via Chen, instintivamente demonstrava um leve carinho. Aqueles olhos obedientes transbordavam respeito e afeição por uma figura mais velha.
Embora… tudo o que veio depois tenha sido, de fato, resultado da preocupação de Ji Min com Lu Ran. Mas agora, nem Ji Min sabia ao certo. No início, será que ele só queria atrair um pouco daquele olhar focado de Lu Ran para si?
“Ainda quer sair para algum lugar?” Ji Min perguntou.
“Aonde…” Lu Ran se esforçou para pensar, bateu levemente com a mão na cabeça e, de repente, exclamou: “Ainda tenho uma tarefa de uma das disciplinas que não terminei!”
Ji Min, que tinha planejado um bom encontro: “…”
Tarefa, tarefa. Ele pensou, nada paternal, Como assim universitários têm tanta tarefa?
No fim, Ji Min decidiu levá-lo de volta para casa.
Ao chegar na mansão Ji, perceberam que Ji Yue estava lá, mas ela esperava do lado de fora, no carro, sem entrar. Quando viu Ji Min se aproximar, baixou a janela e disse: “Voltaremos para o país em breve, então resolvi vir fazer uma visita.”
Ao ouvir a voz dela, Lu Ran espiou pela janela, curioso. Quando Ji Yue o viu, não pôde evitar que a cena de Gu Ningqi e Shen Xingran caindo em um tanque de lama viesse à sua mente. Por um instante, seu sorriso ficou visivelmente tenso.
Ainda assim, esforçando-se para manter um sorriso brilhante, ela cumprimentou Lu Ran: “Você também está aqui, Lu Ran?”
Assim que ela o cumprimentou, o filho de Ji Yue, que estava no carro, não gostou. Ele reclamou: “Mãe, por que você está sorrindo para ele? Ele é…”
Mas, antes que pudesse terminar, Ji Yue o encarou com severidade, rangendo os dentes: “Se você não quer comer merda, é melhor ficar quieto!”
Dentro da mansão, Lu Ran ignorou o motivo da visita de Ji Yue e subiu correndo para o quarto, lembrando-se da tarefa que precisava terminar.
Ji Min deu uma olhada em Ji Yue e a conduziu até o salão de chá.
Ao chegarem lá, enquanto ele observava o cachorro Da Huang rolando pelo jardim, Ji Min não perdeu tempo com cortesias e foi direto ao ponto:
“O que você realmente veio fazer aqui?”
Ji Yue disse que só queria se despedir antes da viagem. Mas Ji Min sabia bem que os membros da família Ji nunca faziam algo sem um motivo específico.
Ji Yue não se esquivou. Após pensar um pouco, franziu a testa e perguntou:
“Ouvi dizer que você contratou uma empresa de fidúcia?”
Ji Min franziu ligeiramente as sobrancelhas.
“Sim, algum problema?” ele perguntou.
A pergunta fez Ji Yue hesitar.
“Mas você… não colocou o nome de Lu Ran como beneficiário, colocou?”
“Por que não poderia?” Ji Min retrucou.
Ji Yue olhou para ele, incrédula, e murmurou: “Você está completamente louco.”
Embora já suspeitasse, a resposta de Ji Min ainda a deixou sem palavras.
Para a família Ji, a questão de herança era de extrema importância. E Ji Min, ainda tão jovem, já havia transferido toda a sua fortuna para uma empresa fiduciária, o que significava abrir mão da propriedade, mantendo apenas o direito de distribuir os bens.
Logo, Ji Yue entendeu que o gesto de Ji Min era completamente em função de Lu Ran. E, a bem dizer, era um plano meticuloso.
Ele estava preocupado com a possibilidade de algo lhe acontecer e, por isso, preparou tudo para que tanto os bens quanto os rendimentos futuros fossem deixados para Lu Ran.
Mas Lu Ran ainda era muito jovem. Se ele herdasse uma grande fortuna apenas por meio de um testamento, inevitavelmente chamaria a atenção de outras pessoas. Entretanto, ao confiar o patrimônio a uma empresa de fidúcia, as coisas eram diferentes.
Lu Ran não precisaria carregar o peso de uma herança que atrai olhos invejosos, nem precisaria se preocupar em gerenciar esses bens. Ele apenas precisaria viver bem, e teria uma vida estável, com tudo o que precisasse.
Mesmo que alguém tentasse prejudicar Lu Ran, ao pensar nos rendimentos e nas garantias que ele teria no futuro, provavelmente hesitaria.
Ji Min pensou em tudo, cuidando de todos os detalhes.
“Você…”
Por um momento, Ji Yue não encontrou palavras. Instintivamente, pensou em pedir a Ji Min que incluísse seu filho como beneficiário do trust também. Mas antes que pudesse formular a súplica, Ji Min ergueu o olhar na direção dela.
Sua voz era fria, e ele disse pausadamente:
“Ele nunca teve nada desde pequeno. Por isso, no que depender de mim, ninguém vai tirar o que pertence a ele.”
Ji Yue ficou imóvel, sem saber o que responder.
Mas, quando se tratava de garantir vantagens, os membros da família Ji nunca desistiam facilmente. Ela conhecia bem o que era mais importante para Ji Min desde a infância.
Com um sorriso sarcástico, ela comentou: “Nunca pensei que você fosse igual ao seu pai, disposto a jogar tudo fora por esses amores sem sentido.”
Para sua surpresa, Ji Min, que normalmente ficaria visivelmente abalado ao ouvir esse tipo de comentário, estava excepcionalmente calmo.
“Pode ser.”
O tom de Ji Min era sereno. “Não toquei no que pertence à família Ji. Minha própria fortuna, tenho o direito de destinar como quiser.”
Naquele instante, Ji Yue sentiu que o sobrinho, antes tão familiar, era ao mesmo tempo ingênuo e inabalavelmente determinado.
“Por que você é assim…”
Ji Yue estava à beira do desespero. “Ele é apenas parte da modesta família Shen; ele não pode te ajudar, nem à família Ji!”
“Ele não precisa disso.”
O olhar de Ji Min atravessou o vidro transparente do salão de chá, pousando na direção de um quarto no segundo andar, no lado leste.
Com a voz suave, ele completou:
“A existência dele, para mim, já é o que tem mais significado.”
Comentários no capítulo "Capítulo 108: Valor"
COMENTÁRIOS
Capítulo 108: Valor
Fonts
Text size
Background
A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
Lu Ran é o filho biológico negligenciado de uma família rica.
Quando ele tinha quatro anos, se perdeu. Ao retornar para casa, sua família favoreceu o filho adotivo, Shen Xingran,...