Capítulo 119: Sorvete
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No escritório.
Ji Min voltou para a mesa de trabalho e disse ao pessoal na videoconferência: “Continuem.”
Os assistentes na reunião online ficaram em silêncio: “…”
Embora essa reunião de fim de semana fosse bastante descompromissada, o fato de Ji Min ter se ausentado duas vezes seguidas ainda era algo bem chocante.
O chefe tinha voltado, mas parecia que a alma dele ainda estava lá fora, pois de vez em quando lançava olhares para a porta do escritório e se mexia na cadeira, com uma evidente inquietação.
Quando Ji Min estava prestes a sair pela terceira vez, a porta do escritório foi aberta.
Lu Ran entrou.
Ele espiou a tela do computador de Ji Min e, ao ver que na videoconferência só estavam alguns assistentes conhecidos, não se preocupou em evitar a situação e disse: “Vou sair para passear com Fang Chen.”
Ji Min: “…”
Ao ver a expressão dele, Lu Ran quase riu.
Mas, ao lembrar que Ji Min estava em uma reunião, conteve-se.
Ji Min fez um gesto de pausa para os colegas na tela, desligou o microfone e virou a câmera para o lado.
Então, estendeu a mão, segurou o pulso do jovem e disse, com um tom de fingida irritação: “Você está fazendo isso de propósito, não está?”
Foi aí que Lu Ran riu de verdade.
Depois, levantou o queixo, fingindo estar chateado: “Claramente, você é quem está fazendo de propósito. Se você saísse mais uma vez, Fang Chen já estaria perdendo a paciência.”
Ji Min soltou um leve estalo com a língua e o olhou de relance:
“Ah, então você está preocupado que ele se irrite, mas não que eu fique bravo?”
“Não foi você que me disse para brincar mais com pessoas da minha idade? Agora que estou indo, por que você está irritado?” disse Lu Ran.
Ji Min ficou sem palavras.
Lu Ran, com segurança, continuou: “Além do mais, quando você não está, manda ele vir aqui para eu ter companhia. Mas, agora que você está, quer que ele vá embora. Você é sempre assim?”
Ji Min pensou que o motivo de chamar Fang Chen era na verdade um acordo com o pai dele, e não para que os dois se tornassem tão próximos assim.
Sem saber o que responder, Ji Min apenas suspirou.
Ele pegou a mão do jovem e encostou no próprio rosto, perguntando, com um tom abatido:
“Quando você volta?”
“À noite. Nós, jovens, temos uma vida noturna bem movimentada,” Lu Ran respondeu, provocadoramente.
Ji Min, irritado, deu um leve tapa na cintura dele.
“Tá bom, só não volte muito tarde. E leve consigo as pessoas que organizei para te acompanhar,” Ji Min aconselhou cuidadosamente.
“Já sei, já sei, Tio Ji.”
Lu Ran o chamou assim mais uma vez e, logo em seguida, saiu.
Ji Min nada podia fazer.
Ele só conseguiu suspirar e voltou a ajustar a câmera do computador.
Assim que ele reativou o microfone da videoconferência, Lu Ran apareceu de repente e deu um beijo barulhento na bochecha dele.
“Mua!” E saiu correndo.
Ji Min nem teve tempo de reagir.
Os colegas na reunião, que acabavam de ver o rosto do chefe na tela novamente, ficaram em silêncio.
Eles então viram que o chefe, que há pouco estava inquieto, agora parecia um gato satisfeito, finalmente calmo.
Com uma leve tosse para disfarçar, ele tentou conter o sorriso e, com um rosto sério, disse: “Continuemos.”
Todos: “…Heh.”
Enquanto isso, Lu Ran e Fang Chen saíram juntos.
Os dois foram a um centro de jogos de realidade virtual, onde jogaram um pouco de tiro e depois foram jogar sinuca.
Quando resolveram encontrar um lugar por perto para comer, acabaram cruzando com Shen Xingzhuo.
Shen Xingzhuo estava com uma expressão abatida, sentado em uma cabine de canto, bebendo.
Chen Sheng e alguns amigos estavam ao lado dele, tentando consolá-lo: “Não esquenta, é só um investimento que deu errado, dá para resolver…”
Ao ver Lu Ran, Chen Sheng acenou rapidamente: “Ran Ge! Vem aqui ajudar a acalmar ele!”
Shen Xingzhuo, ao ouvir a voz de Chen Sheng, também levantou a cabeça e olhou na direção deles.
Assim que viu Lu Ran, disse apressadamente: “Não deixem ele vir!”
Nos últimos tempos, com o aumento do prestígio da família Shen, várias pessoas estranhas e oportunistas começaram a se aproximar de Shen Xingzhuo.
Recentemente, com os bons resultados de sua produtora, ele teve coragem de fazer alguns investimentos.
Mas, para seu azar, todos esses investimentos deram problema.
Além de perder boa parte do próprio dinheiro, ele ainda teve que hipotecar algumas ações da Shen Corporation.
Se isso chegasse aos ouvidos de Shen Hongyuan, ele com certeza seria severamente repreendido.
O que mais incomodava Shen Xingzhuo era o quanto essa situação toda só confirmava as palavras de Shen Xingyu, o que o deixava ainda mais frustrado e envergonhado.
Para piorar, Shen Xingran também lhe contara que Lu Ran vinha se aproximando cada vez mais de Shen Xingyu. Shen Xingzhuo nem queria imaginar o que Lu Ran pensaria dele ao saber dessa confusão.
No começo, Lu Ran não tinha a intenção de ir até lá; ele só queria cumprimentar Chen Sheng e os amigos, já que fazia tempo que não os via, e depois ir embora. No entanto, ao se virar para sair, Shen Xingzhuo, que insistira para que ele não se aproximasse, estendeu a mão inesperadamente, oferecendo-lhe algo.
Lu Ran olhou para baixo e viu um Transformer amarelo, daqueles brinquedos de criança. Ao examinar o modelo, percebeu que não era um brinquedo recente; as articulações estavam um pouco empoeiradas, repletas das marcas do tempo.
Instintivamente, ele pegou o Transformer, girando e torcendo os braços do brinquedo até deixá-los todos desalinhados. Ele fazia isso com uma habilidade familiar, como se, em algum momento da infância, já tivesse brincado assim.
Essas lembranças, no entanto, estavam separadas por mais de uma década.
Shen Xingzhuo soltou um leve “hmph” e comentou:
“Outro dia, quando voltei à mansão da família, lembrei que, quando você era criança, vivia agarrado a esse brinquedo e não largava por nada.”
Lu Ran olhou para o Transformer em suas mãos, ajeitou as articulações e o colocou de volta na mesa de Shen Xingzhuo.
Surpreso, Shen Xingzhuo perguntou: “Você não gostou?”
Lu Ran não respondeu diretamente, mas disse: “Dahuang não gosta dessas coisas.”
Talvez tenha sido o efeito daquele brinquedo, mas Lu Ran, que inicialmente pretendia sair, acabou dando um aviso a Fang Chen e se sentando na cabine com Shen Xingzhuo por um momento.
Assim que ele se juntou a eles, Chen Sheng e os outros, já exaustos de tanto tentar consolar Shen Xingzhuo, finalmente puderam relaxar e foram beber em outra mesa.
Lu Ran não tocou em nada sobre a mesa; apenas perguntou: “O que houve com você?”
Shen Xingzhuo coçou o nariz e contou sobre o prejuízo de mais de um milhão, além das ações da Shen Corporation que ele havia hipotecado.
Lu Ran, que tinha uma visão modesta de si mesmo como um estudante universitário pobre e comum, quase soltou um palavrão ao ouvir o valor: “Caramba.”
Até ele, que estudava para ser veterinário, conseguia perceber que alguém estava tentando tirar proveito da posição de Shen Xingzhuo na família para se apossar de suas ações. Era impressionante que Shen Xingzhuo não tivesse percebido isso.
“Você também acha que eu sou inferior ao Shen Xingyu?” Shen Xingzhuo perguntou, encarando-o.
Lu Ran revirou os olhos e perguntou: “Quantas vezes você já perdeu dinheiro investindo?”
Shen Xingzhuo hesitou, olhou ao redor para se certificar de que não havia ninguém ouvindo e, precisando desabafar, começou a contar todas as suas falhas, desde a infância até o presente.
Para ele, a figura de Shen Xingyu sempre fora como uma espinha cravada em seu coração. A habilidade e o talento do outro o faziam se sentir constantemente à sombra do irmão. Quanto mais ele tentava se destacar, mais falhava. Shen Xingzhuo deixava-se levar por provocações e se jogava em novos empreendimentos, apenas para perder cada vez mais dinheiro.
Seus ativos já haviam sido hipotecados várias vezes, e, em algumas ocasiões, ele precisou recomprá-los a um custo dobrado.
Quando Shen Xingzhuo terminou, Lu Ran ficou em silêncio.
Finalmente, ele perguntou, não contendo a irritação: “Todos esses anos e você nunca pensou em mudar de área?”
Shen Xingzhuo respondeu: “Não posso. Quero superá-lo.”
Ele queria que sua família e seus parentes reconhecessem que ele era, pelo menos, uma pessoa competente e capaz.
Lu Ran olhou para ele por um momento e disse: “De que adianta? Aqueles que acham que você não vale nada nunca vão prestar atenção em você. Por que não tenta fazer algo em que você realmente seja bom?”
Shen Xingzhuo já ouvira esse tipo de conselho muitas vezes antes, mas ouvir isso vindo de Lu Ran o fez hesitar.
Não era pelo fato de ser Lu Ran dizendo, mas porque ele se lembrou que, quando o irmão foi acolhido de volta pela família, ele também se esforçava para mostrar que era tão bom quanto Shen Xingran.
Mas…
Ele lembrou-se de como reagiu na época.
Por um instante, Shen Xingzhuo sentiu um aperto no peito. Ele sabia que, quando você não presta atenção em alguém, não importa o quanto essa pessoa se esforce, ela parecerá um tolo saltitante aos seus olhos.
“Eu…”
Shen Xingzhuo, tentando se justificar, parou e perguntou, com uma ponta de esperança: “Então… você acha que só não estão me vendo, é isso?”
Mas Lu Ran já não queria mais falar sobre isso.
Fang Chen o chamou de longe, e Lu Ran se levantou para ir até ele.
Antes de sair, lançou um último olhar ao Transformer na mesa de Shen Xingzhuo.
“Obrigado, mas não precisa me dar mais essas coisas.”
Com essas palavras, Lu Ran foi embora.
Por causa daquele Transformer, essa talvez tenha sido a conversa mais pacífica que ele e Shen Xingzhuo já tiveram.
No dia seguinte, Lu Ran terminou suas provas finais. Ao sair da faculdade, viu Shen Xingzhuo esperando do lado de fora, com raiva evidente.
Ao redor deles, estudantes que haviam terminado as provas e estavam prontos para ir para casa passavam, carregando malas pesadas.
Shen Xingzhuo, tentando conter a raiva, olhou para Lu Ran e perguntou:
“Você tinha que agir assim?”
“Assim como?” Lu Ran ergueu as sobrancelhas.
“Eu fui muito melhor com você do que Shen Xingyu. Ele te deu um tapa, e eu te ofereci um salário três vezes maior, além de presentes. Por que você ainda o prefere?” Shen Xingzhuo perguntou, desesperado.
“Eu confiei em você, por isso te contei tudo aquilo, e você foi lá contar para Shen Xingyu?”
“Eu contei o quê para ele?” Lu Ran perguntou, calmo.
“A história das minhas ações hipotecadas.”
Shen Xingzhuo claramente tentava se controlar, mas perdeu a paciência e gritou: “Eu só contei para você!”
Lu Ran não disse nada. Seu olhar vagou até o prédio da Academia Elite, onde, no corredor, ele avistou Shen Xingran.
Lu Ran voltou seu olhar para Shen Xingzhuo.
“Primeiro, você hipotecou as ações. Se quer manter isso em segredo, simplesmente não faça.”
“Segundo, você acha que fui eu quem contou para Shen Xingyu?”
Lu Ran estendeu a mão. “Me dá seu celular.”
Shen Xingzhuo, pego de surpresa, entregou o aparelho a ele.
Lu Ran acessou a lista de contatos e ligou para Shen Xingyu.
Do outro lado, levou alguns segundos até atenderem.
A voz de Shen Xingyu era grave: “Por que está me ligando? Os problemas que você criou, resolva por conta própria. As ações da Shen Corporation não podem ser liberadas para terceiros!”
Antes que pudesse continuar, Lu Ran chamou: “Shen Xingyu.”
Ao ouvir a voz do irmão, Shen Xingyu hesitou, surpreso: “Ranran?”
“Você já sabe da hipoteca das ações de Shen Xingzhuo?”
Houve um momento de silêncio, então Shen Xingyu confirmou.
Shen Xingzhuo esperava que Lu Ran pedisse a Shen Xingyu para provar que não havia sido ele a revelar o segredo.
No entanto, o jovem continuou:
“Ah, então talvez você não saiba, mas essa não foi a primeira vez. Além disso, ele já perdeu mais de um milhão e, anteriormente…”
Lu Ran rapidamente contou tudo o que Shen Xingzhuo havia lhe revelado.
Quando terminou, desligou a chamada antes que Shen Xingyu pudesse responder e jogou o celular de volta para Shen Xingzhuo.
Com um sorriso sarcástico, ele disse: “Você me acusou de espalhar as coisas? Pois então eu realmente espalhei tudo agora.”
Olhou novamente para o telefone de Shen Xingzhuo e perguntou:
“E aí? Quer que eu conte para Shen Hongyuan também?”
Shen Xingzhuo ficou sem palavras, murmurando um “Eu…”
Lu Ran o encarou com um olhar indiferente e perguntou:
“O quê? Quando era Shen Xingran que revelava essas coisas, você também o confrontava assim?”
Shen Xingzhuo ficou paralisado, como se tivesse sido jogado em um lago congelado.
Sem mais nada a dizer, Lu Ran o deixou ali, voltando-se em direção ao prédio dos laboratórios para continuar seu projeto de verão.
Quando ele saiu do laboratório, já era noite. Muitos colegas já haviam partido, deixando o campus bem mais silencioso.
Após jogar o lixo no cesto, Lu Ran se virou para sair e viu uma figura sentada nos degraus do prédio do laboratório.
Era Shen Xingzhuo, que aparentemente estava esperando.
Ao ver Lu Ran sair, Shen Xingzhuo se levantou apressadamente.
Lu Ran ignorou-o e continuou andando.
Shen Xingzhuo rapidamente o seguiu.
“Desculpe, eu…”
Ele tentou explicar, mas não encontrou palavras. Afinal, qualquer explicação parecia inútil agora. Ele fora quem desconfiara de Lu Ran e também quem viera atrás dele para tirar satisfação.
Lu Ran caminhava tranquilamente em direção ao portão da escola, sem pressa. Com a mochila nas costas, enviava uma mensagem a Ji Min, que estava esperando para buscá-lo do lado de fora. Ignorou completamente Shen Xingzhuo, mas também não se preocupou em evitá-lo.
Shen Xingzhuo seguiu em silêncio, acompanhando Lu Ran em direção ao portão.
Uma sensação de fracasso total tomou conta dele por completo.
Ao sair pelo portão da escola, Lu Ran olhou para a sorveteria do lado de fora e parou.
Ele caminhou em direção à loja.
Lu Ran sempre comprava sorvete ali, geralmente quatro de uma vez só.
A dona da sorveteria já o conhecia bem; ao vê-lo, cumprimentou-o com familiaridade: “É um de morango, um de limão e dois de baunilha, certo?”
Havia muitos clientes comprando sorvete.
Mas quem comprava quatro de uma vez e para comer sozinho era raro.
Além disso, Lu Ran sempre escolhia os mesmos sabores.
Após perguntar, a dona continuou: “O de baunilha acabou, se for fazer na hora, precisa esperar uns minutos.”
Lu Ran apenas sorriu e disse: “Dessa vez, só vou querer um de morango.”
Ela riu e brincou: “Um só é suficiente pra você?”
Lu Ran coçou o nariz, sem se explicar.
Ele pegou o sorvete de morango no cone e saiu da loja.
Não comeu, mas virou-se e o estendeu para Shen Xingzhuo, que vinha o seguindo.
Shen Xingzhuo ficou surpreso, sem saber o que fazer.
Até agora, Lu Ran não o tinha dado atenção, e ele estava confuso sobre como agir.
Mas, de repente, Lu Ran lhe oferecia um sorvete, e ele não teve coragem de aceitar.
Virando a cabeça, disse emburrado: “Eu não gosto dessas coisas, e ainda por cima é de morango, todo rosa. Só menina gosta.”
Depois de falar, hesitou.
Ele nem sabia se Lu Ran gostava de sorvete de morango.
Será que ao falar assim, ele o irritaria?
Mas, ao levantar os olhos, viu que o rapaz à sua frente permanecia completamente tranquilo.
No rosto de Lu Ran, não havia sinal de raiva ou desconforto.
Calmamente, ele aproximou o sorvete da boca de Shen Xingzhuo e insistiu: “Come um pedaço.”
Shen Xingzhuo hesitou.
Ele realmente não gostava de sorvete, muito menos de sabores rosa-claros.
Mas, naquele momento, não quis recusar.
Então, mordeu o sorvete, hesitante.
O gosto doce e ácido de morango, misturado com o creme, explodiu em seu paladar.
Surpreso, Shen Xingzhuo arregalou os olhos.
Esse sabor parecia melhor do que muitos doces que ele já tinha provado.
Ele olhou de novo para Lu Ran.
O olhar do rapaz não demonstrava surpresa.
Seu rosto mantinha a calma habitual, como se a reação de Shen Xingzhuo ao sabor do sorvete de morango não o tivesse surpreendido em nada.
Shen Xingzhuo ficou momentaneamente confuso.
Era a mesma sensação de quando ele viu Da Huang pela primeira vez.
Como se, de repente, percebesse que existia alguém que sabia de todas as suas preferências e as guardava com carinho.
Quando, um dia, ele mesmo esquecesse…
Essa pessoa ainda lembraria de tudo que ele gostava.
Uma memória que parecia transcender o tempo e os sentidos, e se transformava em um hábito impresso no subconsciente.
Shen Xingzhuo sentiu os dedos tremerem um pouco.
Era como se o gosto intenso do sorvete de morango entalasse em sua garganta, doendo.
Ele estendeu a mão para pegar o sorvete das mãos de Lu Ran.
Mas, no exato momento em que ia pegar, o rapaz segurando o sorvete fez um movimento brusco.
E enfiou o sorvete na cara dele.
O creme gelado e açucarado cobriu o rosto de Shen Xingzhuo.
“Lu Ran!”
Shen Xingzhuo gritou, mas sua voz estava rouca.
Depois de jogar o sorvete, Lu Ran virou-se e foi embora, entrando no carro preto estacionado na rua.
Mas, surpreendentemente, Shen Xingzhuo não reagiu, nem tentou persegui-lo.
Apenas levou a mão ao rosto, tocando o sorvete esmagado.
Ji Min viu tudo de dentro do carro.
Quando Lu Ran se aproximou, ele abriu a porta e pegou a mochila do rapaz.
Lu Ran entrou silenciosamente no banco traseiro, tentou se sentar, mas foi puxado pela cintura e acolhido nos braços de Ji Min.
No calor daquele abraço familiar e tranquilizador, ele finalmente relaxou, entregando-se ao cansaço no colo de Ji Min.
“Estou exausto. Mas terminei as provas,” murmurou.
Ji Min riu e acariciou seus cabelos.
Lu Ran ficou em silêncio, encostando a cabeça no ombro dele.
Ji Min afagava suas costas com delicadeza.
Depois de um momento, perguntou baixinho: “Hoje você não está bem?”
“Não.”
Ele negou imediatamente, mas, após uma pausa, resmungou: “Só pensei em algumas coisas que me deixam meio pra baixo.”
“Ah, isso é o que você chama de ‘não estar mal’?” Ji Min o provocou, sorrindo.
Lu Ran se endireitou, levantando o queixo com determinação: “Eu não sou tão fraco assim pra me irritar por coisas sem importância.”
E, dizendo isso, aconchegou-se novamente nos braços de Ji Min.
Ele achava que o homem iria rir dele.
Mas Ji Min apenas acariciou seus cabelos e sussurrou em seu ouvido: “De vez em quando, não faz mal deixar as fraquezas aparecerem.”
Lu Ran ficou em silêncio por um tempo, depois envolveu a cintura do homem e o abraçou forte.
Depois de um momento, levantou a cabeça e deu uma espiada no assento da frente.
O carro seguia em movimento, e o painel entre os bancos traseiros e dianteiros tinha sido abaixado, criando um espaço fechado.
Agora, com a ausência do retrovisor, Lu Ran se aproximou de Ji Min, com o rosto para cima, buscando conforto.
“Me dá um beijo,” sussurrou.
Então, antes mesmo que ele se movesse, inclinou-se e deu um beijo no queixo do homem, como se oferecesse uma recompensa antecipada.
Ji Min sorriu, segurou seu queixo e o beijou suavemente.
O beijo, de leve, aprofundou-se, mas permaneceu gentil, sereno.
Lu Ran, com o rosto voltado para cima, entregou-se ao beijo terno e reconfortante.
Depois de um tempo, quando o beijo terminou, ele respirou fundo, encostando-se no ombro de Ji Min.
Sentindo-se consolado e ainda provocador, olhou para o painel e murmurou no ouvido dele:
“Por que você abaixou o painel?”
Ji Min ergueu a sobrancelha e, imitando-o, sussurrou:
“Quem foi que, da última vez, ficou aflito com medo de que os da frente vissem?”
“Mas você abaixou. Agora, os outros não conseguem ver e podem até pensar que estamos fazendo algo errado.”
Lu Ran disse com convicção. Refletiu por um instante e, achando que estava levando a pior, acrescentou: “É só um beijo, não fizemos nada de mais.”
O olhar de Ji Min se aprofundou.
Ele se inclinou até o ouvido de Lu Ran e perguntou baixinho: “E o que mais você gostaria de fazer?”
Lu Ran estreitou os olhos, provocando: “Tio Ji, estamos no carro.”
Ao ouvir “Tio Ji” novamente, Ji Min não se abalou tanto quanto antes.
Apenas arqueou uma sobrancelha e deu uma leve mordida nos lábios de Lu Ran.
Naquela noite, Lu Ran saiu do laboratório tarde.
Depois de três provas e horas no laboratório, além de ter jogado sorvete em Shen Xingzhuo, ele estava exausto.
Quando chegou em casa, tomou banho e desabou na cama, esquecendo até de alimentar Da Huang.
Ji Min pegou o pote de ração e alimentou o cachorro, além de escovar os dentes do filhote.
Após se lavar, Ji Min ainda desceu mais uma vez.
O mordomo Chen o aguardava no andar de baixo.
Vendo Ji Min, ele entregou uma pasta bem organizada.
Naquele dia, Ji Min havia ido buscar Lu Ran, e, enquanto esperava, Chen organizou algumas coisas em casa.
Eram documentos que Ji Min havia preparado antes da cirurgia, caso o pior acontecesse.
Agora, com a cirurgia bem-sucedida, tudo aquilo havia perdido a utilidade.
Ji Min pegou o grosso envelope pardo, rindo: “Ainda bem que ele não viu isso; senão, com certeza, teria uma crise de nervos.”
Chen deu de ombros.
No dia seguinte, início das férias de verão, Lu Ran dormiu até tarde.
Antes, ele nunca ficava na cama até tarde, pois todas as manhãs precisava levar Da Huang para passear.
Mas, desde que passou a tarefa para Ji Min, finalmente desfrutava do prazer de dormir até mais tarde.
Quando acordou, o céu já estava claro.
A luz dourada do sol entrava pela sacada do quarto, iluminando os lençóis.
Virou-se na cama, se espreguiçou no travesseiro e, finalmente, levantou-se, pegando o celular e conferindo as mensagens do grupo da turma.
Embora fosse férias, quem ficava para fazer experimentos ainda tinha alguns trâmites a resolver.
Depois de ver as mensagens, baixou alguns arquivos.
Lavou o rosto, calçou os chinelos e saiu do quarto.
Abraçou Da Huang, que correu até ele, e depois, com o celular na mão, foi até o escritório de Ji Min.
Era fim de semana, mas Ji Min estava em uma reunião séria.
Lu Ran deu um bocejo, cuidando para não incomodar, e foi direto à impressora, imprimindo alguns documentos.
Quando terminou, aproximou-se de Ji Min e perguntou baixinho:
“Preciso da autorização dos pais para ficar como aluno externo nas férias. Onde você guardou o formulário?”
O calor o incomodava, e Lu Ran usava apenas uma camiseta fina e shorts esportivos folgados.
Suas pernas, compridas e delineadas, estavam à mostra.
A camiseta, desleixada, deixava a ponta de sua cintura aparecendo a cada movimento.
Enquanto Lu Ran se aproximava, Ji Min, por um instante, se distraiu.
Ajustando a camiseta de Lu Ran para que cobrisse a pele, Ji Min apontou para o armário: “Na segunda gaveta.”
Lu Ran revirou os olhos.
Ele podia muito bem ter pegado para ele, mas preferiu arrumar a camiseta?
Ele se arrastou até o armário, abrindo a gaveta.
Sem prestar muita atenção, Ji Min se voltou para a reunião, enquanto Lu Ran fitava os documentos com surpresa.
Entre papéis que carregavam um “anulado”, Lu Ran encontrou uma carta escrita à mão, destinada a ele, que marcava uma despedida.
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A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
Lu Ran é o filho biológico negligenciado de uma família rica.
Quando ele tinha quatro anos, se perdeu. Ao retornar para casa, sua família favoreceu o filho adotivo, Shen Xingran,...