Capítulo 120: Luz do Sol
- Home
- All Mangas
- A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
- Capítulo 120: Luz do Sol
O tom na carta de despedida de Ji Min era, como sempre, calmo e sereno.
Nos primeiros parágrafos, ele mencionava a distribuição de seus bens, ações e algumas questões práticas, indicando que tudo seria deixado a cargo do advogado.
Não era muito detalhado; era só o suficiente.
Até que, ao chegar ao final, Lu Ran encontrou uma mensagem para si.
Ao ler o título, “Para Lu Ran, em confidência”, sentiu-se imediatamente relutante em continuar.
Dobrou a carta e a deixou no criado-mudo.
Sentou-se à beira da cama e ficou ali, olhando para o nada por um bom tempo.
Até que seu celular vibrou, trazendo uma nova mensagem no grupo da turma.
Finalmente, ele voltou a si.
Sem olhar o celular, desviou o olhar de volta para a carta no criado-mudo.
Estendeu a mão e pegou o papel que, mesmo anulado, continuava pesando em suas mãos.
Desdobrou a carta e deu mais uma olhada.
Quando seus olhos encontraram a caligrafia firme e precisa de Ji Min, ele a fechou rapidamente.
Olhou para a porta do quarto.
Ao entrar, havia deixado a porta aberta na pressa.
E, do outro lado, não muito distante, estava o autor daquela carta, ainda vivo e ocupado, trabalhando com seriedade.
Respirava, fresco e presente.
Esse pensamento tornava aquele pedaço de papel um pouco menos assustador.
Lu Ran levantou-se, foi até a entrada da suíte e trancou a porta.
Depois, voltou para o quarto e fechou a porta do dormitório.
O silêncio tomou conta do espaço.
Descalçando os sapatos, ele sentou-se de pernas cruzadas na cama e abriu a carta com atenção.
A primeira frase do homem era um pedido de desculpas:
“Desculpe por fazer você passar por tantas coisas ruins.
Eu sempre quis te proteger de tudo o que pudesse te machucar.
Mas nunca imaginei que eu mesmo seria uma das causas disso.
Racionalmente, eu não deveria ter aceitado sua confissão antes da cirurgia.
Se não estivéssemos juntos, talvez você não estivesse tão triste agora.
Mas me desculpe.
Eu simplesmente… não consegui resistir…”
No escritório, Ji Min finalmente terminou o trabalho.
Ele se espreguiçou, percebendo que já estava quase na hora do almoço.
Ia se levantar para procurar Lu Ran.
Mas, ao se virar, notou uma gaveta aberta.
As lembranças de momentos passados durante a reunião vieram à tona.
Espera aí… quando Lu Ran veio aqui antes, qual gaveta foi que ele pediu para abrir?
Ji Min levantou-se imediatamente da cadeira.
Foi até a gaveta, rapidamente a examinando.
A ficha de autorização de Lu Ran havia sumido — e, junto com ela, as coisas que o mordomo Chen havia entregado a Ji Min na noite anterior.
Quem quer que tivesse pego não teve a menor preocupação em esconder isso.
Deixou a gaveta escancarada, como se nada precisasse ser oculto.
Ji Min sentiu um calafrio na espinha.
Ainda com uma ponta de esperança, vasculhou o que restava na gaveta.
Quando percebeu o que realmente tinha sido levado, fechou os olhos por um instante.
Empurrou a gaveta de volta, saiu do escritório a passos largos.
Ao encontrar o mordomo Chen no corredor, perguntou apressado: “Onde está Lu Ran?”
Chen franziu o cenho: “Não o vi descer, deve estar dormindo ainda.”
Ji Min: “…”
“Se eu não me engano, ele já deve estar acordado,” ele respondeu.
O mordomo estava confuso.
Ji Min, de expressão sombria, parou em frente à porta do quarto.
Ao notar seu nervosismo, Chen não resistiu e perguntou: “Vocês brigaram?”
Ji Min passou a mão no rosto, suspirando.
“Não… ainda. Mas acho que vai ser um pouco mais complicado que uma briga.”
“Hum?” Chen pareceu surpreso.
Ji Min bagunçou os cabelos e explicou com um gesto: “Aquelas coisas que você me deu ontem à noite…”
“O Lu Ran viu?” Chen arregalou os olhos.
Ji Min assentiu, resignado.
Chen o encarou com um olhar de “boa sorte”.
Suspirando mais uma vez, Ji Min se preparou mentalmente, então, com uma humildade incomum, bateu na porta do próprio quarto e chamou em voz baixa: “Lu Ran?”
Lá dentro, tudo permaneceu em silêncio.
Ele bateu novamente, mas ainda assim, nenhuma resposta.
Olhou para o mordomo e, finalmente, girou a maçaneta.
Mas a porta não se moveu.
Estava trancada.
Ji Min franziu o cenho, sentindo-se inquieto.
Virou-se para Chen e perguntou: “Onde estão as chaves?”
Chen rapidamente as trouxe.
Ji Min destrancou a porta e entrou.
A pequena sala estava silenciosa, as cortinas das janelas ainda fechadas.
Ele continuou, indo até a porta do quarto, que estava fechada.
Desta vez, não bateu; apenas segurou a maçaneta.
Achou que estaria trancada também, mas ao aplicar um pouco de força, ela cedeu.
O quarto estava banhado de luz.
A luz branca do sol atravessava a janela, inundando o ambiente com um brilho suave e etéreo.
O jovem sentado na cama olhou para a porta ao ouvir o som.
Ele ainda segurava a carta, e seus olhos estavam levemente vermelhos.
A carta em suas mãos estava amassada, resultado de um aperto ansioso.
Ji Min suavizou o tom ao chamá-lo: “Lu Ran?”
O jovem pareceu se dar conta, rapidamente levantou o braço e limpou os olhos.
Consciente de que a pessoa na porta era o autor daquela carta, ele agitou o papel, apontando para Ji Min:
“Você… você escreveu isso…”
Sua voz estava rouca, carregada de emoção.
Ji Min fechou a porta atrás de si e entrou no quarto.
Ao ver a figura imponente de Ji Min se aproximar, Lu Ran, ainda impactado pela carta, levantou-se na cama, permanecendo sobre ela.
Demorou-se, ainda absorvendo o choque que a carta lhe causara, antes de murmurar: “Como você pôde escrever isso?”
Ji Min riu suavemente.
Chegando mais perto, respondeu: “Mas já está tudo bem, não está?”
A voz de Ji Min era gentil, quase indulgente.
A mistura de medo, mágoa e raiva que Lu Ran segurava dentro de si veio à tona.
De pé na cama, ele olhava para o homem que era mais de vinte centímetros mais alto e gritou:
“Você não pode escrever isso, não pode!”
Desde pequeno, Lu Ran nunca havia sido mimado.
Porque ele não tinha o direito de ser.
Mas agora, ele podia, sem qualquer justificativa, dizer à pessoa à sua frente: “Você não pode fazer isso. Eu não deixo!”
Não aceitava a ideia de separação, nem de morte.
“Certo, certo. Nunca mais,” Ji Min prometeu.
Ele se aproximou, estendendo a mão para a cintura do rapaz, com receio de que ele caísse da cama.
Ao encarar aquele rosto tão próximo, Lu Ran quis manter-se irritado, e levantou a carta amassada como se fosse rasgá-la.
Mas, no fim, não conseguiu.
Com os olhos marejados, gritou: “Eu vou ficar com raiva!”
E, incapaz de se conter, jogou os braços ao redor do pescoço de Ji Min.
Sentindo que isso ainda não era o suficiente, ele saltou, envolvendo as pernas na cintura de Ji Min.
Como um polvo, segurava-se firme.
Enterrado no pescoço de Ji Min, sua voz trêmula escapou em meio ao choro contido:
“Como você pôde fazer isso…”
A imagem das palavras tranquilas, quase banais, da carta ainda pairava diante dos olhos de Lu Ran.
Sem pensar muito, ele apenas abraçou Ji Min com força, sentindo a presença tangível do homem ali com ele.
Ji Min o segurou firme, rindo com leveza: “Olha só o seu drama, eu estou bem, não estou?”
Lu Ran continuou agarrado, em silêncio.
“Pronto…” Ji Min disse, segurando-o com uma mão e erguendo seu queixo com a outra.
Os olhos de Lu Ran estavam avermelhados.
Ji Min suspirou e beijou suavemente suas pálpebras: “Essas coisas já não têm importância, por que se abalar?”
Ele estendeu a mão para pegar a carta, ainda firmemente presa nas mãos de Lu Ran.
“Eu queria evitar que você ficasse chateado, por isso nem pretendia mostrar isso a você.”
Mas Lu Ran segurou a carta com ainda mais firmeza, embora o conteúdo a deixasse profundamente irritado, e virou-se para proteger o papel das mãos de Ji Min.
Ji Min o levou até a beira da cama e sentou-se, ainda segurando-o.
Lu Ran guardou a carta cuidadosamente, então olhou para ele e disse:
“Na carta, você diz que talvez não deveria ter ficado comigo tão cedo.”
Ji Min assentiu e inclinou-se para beijá-lo novamente.
Raramente se arrependia de alguma coisa, mas, na véspera da cirurgia, ele havia experimentado um arrependimento verdadeiro.
Arrependia-se de ter perdido o controle e beijado Lu Ran no hospital.
Arrependia-se de não ter conseguido dizer “não” quando o garoto lhe confessou seus sentimentos de forma tão sincera.
Queria ter organizado tudo, esperado até a cirurgia terminar, até o risco passar, e só então, de pé, encontrar Lu Ran de novo.
Mas Lu Ran era uma surpresa única em sua vida, algo que ele nunca conseguia rejeitar.
Ji Min chegou a pensar que, se sua vida terminasse no dia da cirurgia, ao menos teria vivido um momento com ele, mesmo que breve.
Mas logo a culpa por esse pensamento egoísta o consumia.
Então, ao levantar a cabeça, ele viu Lu Ran estender a mão e apertar seu rosto com firmeza, enquanto dizia irritado:
“Pensar assim é errado!”
Ji Min encostou a testa na dele, sorrindo.
Então, ao levantar o olhar, encontrou os olhos de Lu Ran.
Finalmente, entendeu.
O jovem à sua frente parecia bravo, como uma criança teimosa, mas compreendia sua luta.
Entendia também aquela “autoindulgência” difícil de conter.
Sem conseguir resistir, Ji Min inclinou-se e o beijou suavemente.
O toque era delicado, como se o calor do sol branco e brilhante pudesse absorver seus movimentos e a respiração lenta.
A porta do quarto estava fechada.
O horário de almoço já havia passado, mas ninguém os interrompeu.
O sol ainda alto e o fim de semana trouxeram uma sensação de paz e preguiça.
Como se qualquer tensão ou preocupação tivesse ficado para trás.
Só restava a tranquilidade da luz do dia.
O quarto estava inundado de luz.
Com Lu Ran nos braços, Ji Min aproximou-se de seu ouvido e sussurrou, em um tom baixo:
“Posso?”
Lu Ran hesitou por um momento, então, saiu do abraço dele.
Vestia-se com simplicidade, mas, após ser abraçado, a camiseta estava toda amassada e parcialmente levantada.
Ji Min pensou que ele estava recusando.
Mas, com uma expressão séria, o jovem disse: “Espere um pouco, eu já estava preparado.”
Ji Min arqueou uma sobrancelha, surpreso.
Viu Lu Ran virar-se e esticar o braço para o criado-mudo, de onde pegou uma pequena caixa.
O jovem não parecia nem um pouco envergonhado, exibindo uma expressão de satisfação, como se dissesse “Viu só o quanto eu sou esperto?”
A expressão, combinada com os olhos ainda vermelhos, era involuntariamente engraçada.
Ji Min pegou a caixa, uma das marcas populares de qualquer farmácia.
Ao observar a embalagem, notou um pequeno “M” impresso.
“Tamanho M,” ele comentou.
Lu Ran olhou com uma expressão de choque; esses produtos vinham em tamanhos?
Então ele viu Ji Min sorrir, fazendo uma piada:
“Você comprou isso para você?”
Com apenas essa frase, Lu Ran sentiu o rosto esquentar de vergonha.
O rosto corado, ele tomou a caixa de volta, zangado:
“Então hoje não vai ter nada!”
Ji Min riu e segurou sua mão.
Quando Lu Ran o olhou, carrancudo, Ji Min esticou o braço e pegou um pequeno estojo preto familiar em sua própria mesa de cabeceira.
Lu Ran ficou em silêncio.
A lembrança do incidente no banheiro veio à mente.
Mas agora, diante da situação real, Lu Ran sentiu-se um pouco desconfortável.
Ele olhou para a janela, inundada de luz, e virou-se para sair da cama.
Mas, no meio do movimento, foi contido.
“Aonde vai?” Ji Min perguntou, a voz rouca.
“Vou fechar as cortinas,” ele respondeu.
Ji Min, sem deixá-lo levantar, pegou um controle remoto e fechou as cortinas de gaze que suavizavam a luz.
A luz ainda entrava, mas agora com um tom mais difuso.
Lu Ran começou a corar mais intensamente.
Com o braço, ele tentou cobrir o rosto, mas, em poucos momentos, não conseguiu se conter e tentou levantar de novo:
“Vou fechar mais uma camada!”
Ji Min o segurou, sorrindo:
“Está nervoso?”
“Não estou!” Lu Ran resmungou, tirando o braço do rosto, e acrescentou: “Eu… eu já vi isso antes.”
“Ah, é mesmo? Viu o quê?” Ji Min perguntou, intrigado.
“Vi… os coelhos do laboratório!” Lu Ran respondeu com sinceridade. “Uma vez, estávamos dividindo a bancada com outro grupo, e, de repente, o coelho deles veio correndo até o nosso e tentou… sabe, montar no nosso coelho!”
Ambos os coelhos eram machos.
Na época, Lu Ran e os colegas ficaram pasmos, observando as criaturas em pleno experimento, agindo de maneira inesperada.
Ele ainda pensou que estavam brigando e tentou separá-los para que não se machucassem.
A seriedade com que ele contou a história parecia alheia ao momento.
Ji Min olhou para ele e, de repente, soltou uma risada baixa e profunda.
O riso suave vibrava contra o peito de Lu Ran.
O jovem ia dizer mais alguma coisa, mas Ji Min o interrompeu, com um sussurro:
“Shhh.”
E quando o calor subiu, fazendo os olhos de Lu Ran ficarem turvos, ele percebeu que Ji Min também sabia guardar ressentimentos.
Quando Lu Ran pediu para fechar as cortinas, Ji Min sussurrou ao seu ouvido:
“Não era você que gostava de acender as luzes de surpresa?”
E, num momento em que Lu Ran mal conseguia responder, Ji Min parou, sorrindo calmamente:
“Por que não está me chamando de ‘tio Ji’?”
Lu Ran ficou em silêncio, respirando com dificuldade, até que, com os lábios entreabertos e o rosto irritado, disse:
“Se concentra, e para de falar.”
Ji Min levantou as sobrancelhas e, de propósito, continuou sussurrando coisas ao seu ouvido.
A luz solar suave do lado de fora tingiu-se, enfim, de uma cor intensa.
Camadas de sombras quentes e brilhantes cobriram o quarto, mergulhando-o em um tom romântico e quase etéreo.
Comentários no capítulo "Capítulo 120: Luz do Sol"
COMENTÁRIOS
Capítulo 120: Luz do Sol
Fonts
Text size
Background
A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
Lu Ran é o filho biológico negligenciado de uma família rica.
Quando ele tinha quatro anos, se perdeu. Ao retornar para casa, sua família favoreceu o filho adotivo, Shen Xingran,...