Capítulo 121: Fome
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A luz da manhã já iluminava o quarto.
Lu Ran abriu os olhos, ainda sonolento, e viu a mesma luz branca e radiante do dia anterior.
O abrir e fechar dos olhos, e ele ainda estava na cama.
Como se o dia anterior tivesse desaparecido em um piscar de olhos.
Ergueu a mão para cobrir os olhos e permaneceu deitado, imóvel.
Sentia os braços e pernas pesados, como se estivessem presos por pedras, difíceis de levantar.
Desviou o olhar e observou as cortinas leves balançando ao lado.
As cortinas do quarto de Ji Min, não o quarto de hospital sem janelas que ainda surgia em sua memória.
Mesmo tendo renascido há algum tempo, Lu Ran às vezes acordava com a sensação de que o mundo diante dele era incerto.
Ele se perguntava se o que chamava de “renascimento” não seria apenas um sonho prolongado, um devaneio seu enquanto estava preso a uma cama de hospital.
Um devaneio que incluía até Ji Min e Da Huang.
Talvez por isso, Lu Ran detestava prolongar o tempo na cama.
Também evitava se perder em especulações inúteis.
Com esforço, mexeu os membros rígidos e virou-se para se levantar.
Ao apoiar-se nos braços, pronto para descer, hesitou por um momento.
É isso.
Agora ele tinha certeza de que aquilo não era um sonho.
Em sua vida passada, nunca tivera uma experiência como aquela, e nem em sonhos algo tão estranho e real.
Ji Min retornou ao quarto, para ver se Lu Ran já estava acordado.
Ao abrir a porta do quarto, viu o jovem tentando sair da cama, curvando o corpo para levantar-se.
Seu olhar captou de relance a clavícula dele, e estava prestes a fazer um comentário irônico quando…
Lu Ran tentou apoiar-se, mas suas pernas cederam, e ele caiu direto no tapete.
“Ei!” Ji Min apressou-se a segurá-lo, ajudando-o a se levantar.
Ele estava visivelmente surpreso e, após hesitar, não resistiu:
“Nem é para tanto, né? Eu juro que não exagerei…”
Mas, ao perceber o quanto aquilo soava como uma desculpa, perguntou de modo mais gentil:
“…Tá doendo?”
“Doendo?”
Lu Ran segurou o braço de Ji Min com uma das mãos e, com a outra, apoiou a cabeça, com uma voz exausta:
“Esquece a dor por enquanto, a questão mais urgente agora é… você tem comida?”
Ji Min: “…?”
Lu Ran pressionou a mão na testa, sentindo uma tontura e uma fraqueza extrema.
Fez um esforço para sentir o corpo e afirmou com convicção:
“É fome, eu tô morrendo de fome, me dá comida agora!”
Ji Min: “…”
Na verdade, Lu Ran tinha acordado tarde no dia anterior e perdido o café da manhã.
O almoço? Nem teve tempo.
Depois, veio uma “atividade” exaustiva que durou toda a tarde.
Quando tudo terminou, ele estava tão esgotado que só pensava em dormir e nem lembrava mais de comer.
E dormiu até o amanhecer.
Depois de um dia inteiro sem comer, Lu Ran sentia que sua barriga estava encostando nas costas, a ponto de desfalecer.
Ainda exausto, Lu Ran insistiu que desceria sozinho para tomar o café da manhã.
Ji Min tentou carregá-lo, mas foi afastado com um gesto impaciente.
“Se você me carregar, vai demorar muito!” protestou ele.
Ji Min: “…”
Finalmente, chegaram à mesa de jantar, onde Lu Ran se sentou e tomou duas tigelas de mingau num gole.
Depois, pegou a travessa de camarões fritos e devorou tudo.
Ji Min, que acabava de estender os hashis para pegar um: “…”
Depois do prato de camarões, ele ainda devorou uma cesta de pãezinhos recheados, dois guiozas e um pedaço de bolo de queijo.
Quando terminou, Lu Ran sentiu a energia voltar.
Serviu-se de uma sopa e tomou tudo.
Assim que terminou, notou Ji Min com uma tigela na mão, olhando-o em silêncio.
“…O que foi?” perguntou ele, com a boca cheia.
“…Nada,” Ji Min respondeu.
Ele só pensava que, realmente, Lu Ran era único.
Passar uma manhã dessas devorando tanto, até mais do que ele, que havia se esforçado mais no dia anterior.
Ji Min suspirou.
Ao ver Lu Ran prestes a comer mais, ele estendeu a mão para impedir:
“Se continuar comendo, seu estômago vai doer.”
E, sem resistir, riu:
“Ontem à noite, quem foi que dormiu como uma pedra quando ofereci um lanche?”
Lu Ran revirou os olhos, mas ainda pegou mais um pão antes de parar.
Aquele dia ainda era de descanso.
Depois do café da manhã, Ji Min também estava livre.
Na casa, não havia empregados, e o mordomo Chen havia saído para jogar xadrez com um amigo.
Estavam apenas Ji Min e Lu Ran.
Lu Ran continuava parecendo meio mole.
Estava deitado no sofá, transferindo arquivos pelo celular, mas não parava quieto, trocando de posição a cada pouco.
Ji Min observou por um instante, então o puxou para seu colo.
“Espera aí, estou enviando arquivos para o orientador,” Lu Ran disse.
Ji Min, com o rosto um pouco áspero, esfregou o queixo em seu pescoço:
“Tem que ser agora?”
Assim que o garoto apertou “enviar,” Ji Min tomou o celular de sua mão e o colocou de lado, girando-o em seus braços.
“Ei, para com isso,” Lu Ran protestou, empurrando-o pelo ombro. “Acabei de comer muito, se apertar eu posso vomitar em você.”
Ji Min: “…”
“Será que você é alérgico a romance?” perguntou ele, cerrando os dentes.
Lu Ran não resistiu e riu, sentando-se sobre os joelhos de Ji Min.
Riu tanto que acabou escorregando e fazendo um espaguete com as pernas, esticando o músculo da coxa que já estava dolorido.
Lu Ran: “…”
Parou de rir na mesma hora.
Ji Min o puxou de volta para o colo.
Massageou o pulso de Lu Ran, subindo até o cotovelo e o ombro, com expressão séria:
“Está sentindo alguma dor?”
Lu Ran olhou para ele, com um olhar irônico:
“O que você quer que eu diga, Tio Ji?”
Ji Min suspirou e deu um tapinha na cintura dele:
“Estou perguntando sério, dói nas articulações?”
“Não dói,” disse Lu Ran, desviando o olhar.
Mas, ao levantar os olhos, viu Ji Min olhando-o com uma expressão escura.
Com as mãos firmes segurando sua cintura, ele se recostou no sofá e comentou, em um tom seco e provocador:
“Engraçado. Certas pessoas dizem que não se deve esconder nada… mas parecem esconder tudo de mim.”
A ironia era óbvia.
Lu Ran, subitamente sem graça, coçou a cabeça.
Vendo-o assim, Ji Min ergueu uma sobrancelha:
“Tem algo que não quer me contar?”
Lu Ran: “…”
“Então você estava tentando me enganar?”
“Estou falando sério,” Ji Min endireitou-se, encarando-o de novo. “Agora seja honesto. Sente dor nas articulações?”
Lu Ran permaneceu em silêncio por um momento e respondeu, sem muita convicção:
“Não é nada demais, e já sinto isso há tanto tempo que nem faz diferença.”
A expressão de Ji Min escureceu, mas, no final, apenas suspirou e apertou sua cintura, sem dizer mais nada.
Naquela tarde, enquanto Lu Ran cochilava na cama, Ji Min o pegou e o colocou no carro.
Já estavam na estrada há algum tempo quando ele finalmente acordou completamente.
Abrindo a janela, olhou para Ji Min e perguntou:
“Para onde estamos indo?”
“Para você ver um médico,” Ji Min respondeu.
“Eu não vou para o hospital,” ele replicou na hora.
Ji Min suspirou:
“Não é um hospital. É um consultório de psicologia.”
Lu Ran permaneceu em silêncio.
Ele já tinha lido a carta de Ji Min.
Sabia que, apesar da aparência calma, Ji Min lembrava das palavras do médico desde o acidente.
E, antes da cirurgia, ele já havia escolhido alguns especialistas renomados.
Inclusive mencionou isso na carta, incentivando Lu Ran a fazer um acompanhamento.
Dessa vez, ele não tentou persuadir; apenas o arrastou até lá.
Lu Ran não resistiu.
Estava cansado da dor constante.
Mas tinha plena consciência de que não era algo que um médico pudesse resolver.
Já na sala de consultas, Lu Ran sentou-se no sofá.
Ji Min entrou com ele, mas ficou de pé ao lado.
A psicóloga, sentada na diagonal, observou Lu Ran atentamente e, então, sorriu:
“Ah, é você?”
“Hã?” Lu Ran ficou surpreso.
Ele ergueu o olhar, encarando-a.
Ela era uma mulher de feições amáveis, parecendo mais jovem que a senhora Shen.
Mas ele não se lembrava de tê-la visto antes.
A psicóloga sorriu, explicando:
“Certa vez, durante minhas férias, passei por um bairro onde você estava deitado e ouvi um pouco de sua história.”
Lu Ran então se recordou.
Era na época em que havia sido expulso de casa pelos Shen.
Naquela ocasião, havia muitos ouvintes, então ele não reconheceu todos.
“História?” Ji Min perguntou. “Você estava deitado e contando histórias?”
Lu Ran tossiu:
“História inventada.”
Mas, pensando bem, naquela vez ele só falou de sua própria vida.
Assim, respondeu sem rodeios:
“Era uma autobiografia.”
Quando a consulta realmente começou, Ji Min foi “gentilmente” convidado a sair.
Lu Ran não tinha o hábito de compartilhar seus sentimentos.
E nem achava que precisava.
Ele apenas acompanhava o que a psicóloga pedia, fazendo alguns exercícios e participando dos métodos terapêuticos.
Não esperava muito.
Ia regularmente ao consultório, mais para tranquilizar Ji Min.
Afinal, nas férias ele tinha tempo.
Enquanto isso, o círculo de negócios da cidade estava agitado.
A cerimônia de assinatura do projeto HZ estava próxima.
Agora, todos sabiam que o projeto estava praticamente garantido para os Shen.
Além disso, com os recentes avanços tecnológicos da família Shen, muitos estavam ansiosos para se associar a eles.
A senhora Shen, mais sociável do que nunca, estava sempre em eventos e reuniões.
E Shen Xingzhuo também era cercado por pessoas.
Lu Ran, absorto no laboratório, não se importava com nada disso.
Apenas ouvia alguns rumores trazidos por Fang Chen de vez em quando.
Essas coisas não o incomodavam.
Até que, no laboratório, um veterano começou a abordá-lo com frequência.
Fosse durante experimentos ou reuniões de grupo, ele sempre aparecia, oferecendo ajuda.
Certa vez, até o acompanhou até o portão da escola sob o pretexto de discutir o experimento.
E foi exatamente nesse momento que Ji Min chegou para buscá-lo.
O homem ficou visivelmente enciumado.
Lu Ran, sem saber se ria ou se suspirava, encarou o veterano e perguntou diretamente o que ele queria.
O jovem, assustado pela presença de Ji Min, acabou revelando seu motivo.
Aparentemente, havia rumores de que Lu Ran era da família Shen, e o veterano queria se aproximar dele para, quem sabe, ganhar algum favor com a família.
Lu Ran ficou sem palavras, surpreso com o quanto o status da família Shen havia crescido.
Shen Xingzhuo, por exemplo, vivia como uma celebridade.
Até nas férias, ao voltar para a escola para entregar documentos, era seguido por um grupo de amigos.
Certa vez, ao sair do consultório, Lu Ran avistou Shen Xingzhuo a certa distância.
Os dois estavam próximos, mas após algumas palavras se separaram.
Ao se virar, Shen Xingzhuo viu Lu Ran a certa distância e, por um momento, ficou surpreso.
Logo, ele sorriu e comentou:
“Que coincidência.”
“Pois é, coincidência mesmo.” Lu Ran respondeu, lançando um olhar em direção a Jin, que já se afastava.
Com o queixo erguido, Shen Xingzhuo sorriu de maneira orgulhosa:
“E aí? Como se sente vendo que seu pretendente agora está atrás de mim?”
Lu Ran: “…”
Ele ficou em silêncio por um instante, mas não resistiu e perguntou com sinceridade:
“Quando você o beijou, sabia que ele já bebeu água do vaso sanitário?”
O rosto de Shen Xingzhuo se contorceu de imediato.
Não havia muito mais para conversar.
Shen Xingzhuo virou-se e começou a ir embora.
Parou a meio caminho e, olhando de volta para Lu Ran com um sorriso provocador, disse:
“Agora que a família Shen está em ascensão, até antigos rivais, como a família Lenoir, estão atrás de mim. Você, que saiu da família Shen, será que não vai se arrepender?”
Lu Ran apenas sorriu, sem responder.
Quando voltou ao carro, Ji Min o puxou para perto e perguntou:
“Hoje você está de ótimo humor, hein?”
“Sim, estou,” respondeu Lu Ran, com os olhos fixos em Shen Xingzhuo, que se afastava pela janela.
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A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
Lu Ran é o filho biológico negligenciado de uma família rica.
Quando ele tinha quatro anos, se perdeu. Ao retornar para casa, sua família favoreceu o filho adotivo, Shen Xingran,...