Capítulo 125: Respostas
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Shen Xingzhuo vagava sozinho pelas ruas.
Desde a partida de Shen Xingran, ele também saíra da mansão Shen.
Não voltou ao seu apartamento, tampouco ao estúdio, que agora estava em completa desordem.
Era como se sua vida tivesse, de repente, se tornado caótica, um peso inesperado que o esmagava, sem saber por onde começar a lidar com tudo.
Shen Xingzhuo odiava essa sensação.
Quando surgiam situações assim, seu primeiro impulso era se afastar, procurar um lugar vazio, longe de todos, onde pudesse respirar.
Depois, quando tudo se acalmasse, ele voltaria, como se nada tivesse acontecido.
Mas, desta vez, não importava o quão longe fosse, a confusão em sua mente continuava, sem cessar.
Sem precisar fechar os olhos, ouvia as palavras de Shen Xingran ecoando em sua cabeça.
“De todos na família Shen, você é o mais inútil.”
“Você não supera Shen Xingyu em nada. Só tenta desesperadamente ser um bom irmão.”
Cada vez que aquelas frases ressoavam, Shen Xingzhuo parava, como se tentando resistir, buscando desesperadamente alguma prova de que não era tão medíocre.
Tentava, também, confirmar que realmente fizera o possível para ser um bom irmão.
Mas as palavras de Shen Xingran eram afiadas demais, e qualquer evidência que Shen Xingzhuo encontrava parecia apenas reforçar a verdade nelas.
Cada vez que Shen Xingran pedia sua ajuda, ele mencionava Shen Xingyu.
E, ao ouvir o nome de Shen Xingyu, sua cabeça fervia, e ele acabava concordando com tudo, sem questionar.
Quando via Lu Ran trabalhando em subempregos, curvando-se e sendo submisso aos outros, ficava furioso.
Mas era porque genuinamente se importava com Lu Ran? Ou porque não suportava ver seu “irmão” abaixando a cabeça?
Se realmente tivesse empatia por Lu Ran, por que não mudara a situação dele de forma concreta?
Ele poderia ter patrocinado os estudos de Lu Ran, arranjado um lugar para ele morar, dado a ele uma vida universitária mais comum.
Mas não o fez.
Em vez disso, limitava-se a se indignar quando via Lu Ran trabalhando, mas nunca tomava nenhuma atitude para mudar aquilo.
Não fizera nada e, ainda assim, guardava ressentimento pelo fato de Lu Ran não querer chamá-lo de “irmão”.
Ele parou em frente a uma lanchonete de fast food.
Através da porta de vidro, ficou observando a figura do atendente por algum tempo.
Finalmente, abriu a porta e entrou.
“Bem-vindo!” cumprimentou o atendente ao erguer os olhos.
Mas não era o rosto do jovem que Shen Xingzhuo esperava ver.
Ele pediu um sorvete de morango.
Já fazia um ou dois dias que mal comia, então consumiu o sorvete rapidamente.
O sabor doce e azedo de morango lhe trazia uma vaga sensação de familiaridade.
Seguiu seu caminho sem rumo pelas ruas, até parar diante de um gramado cercado por uma grade.
Uma figura amarelada conhecida chamou sua atenção.
Um cãozinho já idoso farejava o gramado calmamente.
Os olhos de Shen Xingzhuo brilharam.
Naquele instante, a escuridão em sua vida pareceu se dissipar, e a visão do cão trouxe uma esperança inesperada.
Abaixando-se, ele bateu palmas e chamou: “Dahuang!”
O cãozinho ouviu o chamado e, ao vê-lo, pareceu reconhecê-lo como alguém familiar.
Balançou o rabo e começou a correr em sua direção, embora mais devagar do que antigamente.
Agora, seus pelos ao redor do focinho estavam esbranquiçados, mas ele ainda era saudável.
Mesmo assim, movia-se devagar.
Uma de suas patas traseiras estava mancando.
Arrastando a perna ferida, o cãozinho se aproximava lentamente de Shen Xingzhuo, que o observava com uma mistura de felicidade e apreensão.
Quando percebeu o estado da pata do cachorro, o entusiasmo em seu rosto foi se desvanecendo, dando lugar a uma expressão de desolação.
Do outro lado do gramado, um velho caseiro notou o cão e o chamou: “Dahuang, venha.”
O cão parou e olhou uma última vez para Shen Xingzhuo, mas acabou virando-se e trotando de volta, mancando com sua pata machucada.
A mão de Shen Xingzhuo ficou suspensa no ar.
Talvez por estar agachado por muito tempo, ou pela falta de alimento, ele sentiu uma leve tontura.
Não se lembrava bem de como se levantou ou de como acabou no meio da rua.
O som estridente de freios o despertou, junto com a voz aflita do motorista:
“Você está bem? Se machucou?”
Shen Xingzhuo estava sentado no chão, com o rosto coberto de suor frio.
Ele ergueu o olhar para as rodas do carro, que pararam a poucos centímetros de si, e um pensamento inoportuno lhe veio à mente:
“Então, é assim que é estar em um acidente.”
No mesmo momento, os oficiais do tribunal chegaram à casa dos Shen para confiscar os bens de Shen Hongyuan.
Nem a mansão onde eles moravam foi poupada; a ordem era para que desocupassem a propriedade.
A Sra. Shen jamais imaginou que um dia seria expulsa daquela mansão.
Em outras circunstâncias, ela certamente não aceitaria, provavelmente discutiria com os funcionários do governo, armando um escândalo.
Mas, desta vez, ela parecia ter perdido toda a vitalidade.
Quando o tribunal chegou, ela estava sozinha na mansão.
Os empregados já tinham ido embora.
Shen Xingzhuo e Shen Xingyu ainda não haviam voltado.
Ao ouvir a notificação, ela apenas assentiu e se dirigiu ao quarto para começar a empacotar suas coisas.
Por hábito, a primeira coisa que fez foi procurar suas joias.
Mas logo se deu conta de que tudo aquilo seria leiloado para pagar as dívidas de Shen Hongyuan.
Por um momento, ela ficou sem saber o que fazer.
Vasculhando as gavetas, encontrou alguns itens antigos no fundo de uma delas.
Havia uma caixa e, por cima, um porta-retratos, virado para baixo.
Ao pegar o porta-retratos, viu que era uma foto.
Uma foto de família.
Aparentemente, tirada em um parque de diversões, com uma enorme roda-gigante ao fundo.
Na foto, ela era jovem, com a silhueta esbelta e o rosto cheio de vitalidade.
Shen Hongyuan também parecia diferente, com o braço ao redor dela, sorrindo para a câmera.
Eles estavam na parte de trás da foto.
À frente, estavam três garotos de idades diferentes.
O mais velho, com cerca de doze ou treze anos, usava camisa e calça social, com uma expressão séria que parecia um aviso para que ninguém se aproximasse.
O menino do meio, um pouco mais novo, provavelmente seis ou sete anos, estava na fase de ser travesso, usava um boné ao contrário e tinha as calças cobertas de areia.
O mais novo, com três ou quatro anos, era uma bolinha rechonchuda, alegre e sorridente.
Ele estava radiante, segurando com uma mão a barra do vestido da Sra. Shen, enquanto apontava com a outra mão para a câmera, exibindo um sorriso enorme.
Pelo que vestiam, parecia ser verão.
Todos seguravam um sorvete.
A Sra. Shen e Shen Hongyuan tinham sorvetes de baunilha.
Shen Xingyu, o mais velho, segurava um de casquinha amarelo-limão.
Shen Xingzhuo não olhava para a câmera; estava concentrado em seu sorvete de morango.
O menorzinho estava com o sorvete fora do enquadramento, então não dava para ver o sabor.
O que mais surpreendia a Sra. Shen era a expressão de cada um na foto.
Todos pareciam relaxados, verdadeiramente felizes, pelo menos naquele instante capturado.
Segurando o porta-retratos, ela se sentou na beira da cama.
Esforçou-se para recordar aquele momento e, aos poucos, lembrou-se de que fora em um verão durante as férias escolares.
Naquele período, o filho caçula, que normalmente ficava com o velho Shen, estava com eles.
A família, finalmente reunida, decidiu ir ao parque de diversões para se divertir.
Naquela época, o velho Shen já apresentava problemas de saúde, e Shen Hongyuan estava sempre ocupado.
Foi uma rara oportunidade de descanso.
Os dois meninos mais novos brincaram tanto que ficaram exaustos.
Engatinhavam na caixa de areia, quase passaram mal no pula-pula, e até o sério Shen Xingyu não resistiu e passou um bom tempo tentando acertar os alvos com um rifle de brinquedo.
A Sra. Shen ainda se lembrava de que, quando ela e Shen Hongyuan se cansaram, sentaram-se para descansar.
Shen Hongyuan, com o braço ao redor dela, comentou, observando os filhos: “Eles estão tão felizes… Quem sabe compramos um terreno e construímos um parque para eles brincarem sempre que quiserem.”
Esse era um dos poucos momentos felizes daquela família.
Mas logo, esses momentos acabariam.
A saúde do velho Shen deteriorou-se repentinamente, com oscilações perigosas de glicose e vários desmaios.
A tensão de Shen Hongyuan aumentou.
Com a piora do estado do avô, o caçula foi enviado de volta para casa por um breve período, mas em um único dia, ele foi levado de volta.
Algum tempo depois, Shen Hongyuan finalmente teve uma pausa no trabalho, mas estava cada vez mais irritado, e as brigas com a Sra. Shen tornaram-se frequentes.
Quando mais jovem, Shen Hongyuan se sentia culpado após suas explosões de raiva.
Para compensá-la e relaxar, sugeriu passarem uns dias na casa de campo.
Mas, durante a viagem, eles discutiram.
Foi aquela discussão que mudou tudo.
Naquela ocasião, o filho caçula desapareceu.
A Sra. Shen ainda recordava o desespero daqueles dias escuros.
Era verão e chovia muito.
O céu permanecia nublado e sufocante.
A viagem até a casa de campo era longa, então eles organizaram uma pequena caravana de trailers para maior conforto e lazer ao longo do trajeto.
Mas, na época, a Sra. Shen estava descontente.
Era Shen Hongyuan quem deveria alegrá-la com a viagem, mas, ao contrário, passava a maior parte do tempo isolado em seu próprio carro, envolvido sabe-se lá com o quê.
Quando conversavam, ele parecia distante, e ela acabou perdendo a paciência e reclamou com ele.
Shen Hongyuan reagiu com uma explosão de raiva.
Furiosa, a Sra. Shen se trancou no trailer, chorando.
Foi quando o filho caçula veio até ela, mas, irritada, ela o empurrou para fora.
Ainda assim, não se preocupou.
Havia três trailers na caravana, e Shen Hongyuan trouxera um SUV extra.
O filho mais velho, com tarefas escolares, estava sozinho em um dos trailers.
O segundo e o terceiro filhos, por serem briguentos, estavam em outro trailer, acompanhados de uma cuidadora.
Havia também os motoristas.
Mas, tragicamente, ao chegarem à casa de campo, cada um saiu de seu respectivo veículo e se deram conta de que o caçula não estava com eles.
A Sra. Shen ficou paralisada de pânico e organizou imediatamente uma busca.
Mas o acesso à montanha era difícil, e logo uma tempestade atingiu a região, provocando uma pequena enchente nos arredores.
A família ficou ilhada.
Na época, a Sra. Shen pensou que aquele era seu momento mais sombrio.
Até que retornaram à mansão Shen.
O desaparecimento do caçula não pôde ser mantido em segredo, e os conhecidos vieram oferecer apoio.
Mas, de forma estranha, a cada visita, ouviu reprovações disfarçadas de condolências:
“Como uma mãe adulta perde um filho assim?”
“Uma boa mãe não manteria os olhos abertos? Não esperava que o pai cuidasse da criança, né?”
“Ah, contratou uma babá? Ora, babás não são como as mães.”
“Ele era tão pequeno… Como você deixou ele sozinho?”
As acusações eram incessantes.
Como mãe, ela foi responsabilizada, e sua figura materna parecia ser a única culpada.
De repente, a Sra. Shen era vista como a única responsável, e tudo parecia comprovar sua incompetência como mãe.
A única identidade que possuía desde o casamento, como “Sra. Shen”, fora despedaçada.
Até que um dia, Shen Hongyuan trouxe para casa um menino.
Ele era alguns meses mais novo que seu caçula.
Criado em um orfanato, magro, sem boas maneiras, sem conhecer o amor verdadeiro.
Ao ver o menino, a Sra. Shen não enxergou o filho perdido.
Mas viu uma nova “folha em branco”, um espaço para ela se redimir como mãe.
Ela se comprometeu a preencher essa “prova” com todo o amor, cuidado e proteção possíveis.
Nada a faria desistir desse papel de mãe, nem mesmo Shen Hongyuan ou os outros filhos.
Quando finalmente levou o filho adotivo ao círculo social, o primeiro elogio que recebeu lhe trouxe grande satisfação.
Através desse novo “Shen Xingran”, ela recuperou seu papel de mãe exemplar.
“Creeek.”
O som da porta a arrancou de seus pensamentos.
Ela olhou e viu Shen Xingyu entrando.
“E então? Você foi falar com… Lu Ran, o que ele disse?” perguntou rapidamente.
Shen Xingyu não respondeu diretamente e disse apenas: “Minhas propriedades também foram confiscadas. Um amigo nos ofereceu abrigo temporário; podemos nos mudar para lá.”
Aproximando-se, ele viu o porta-retratos nas mãos dela.
Hesitou, mas pegou a foto, examinando-a brevemente antes de devolvê-la com cuidado.
“Essas coisas não são pesadas. Podemos levar tudo,” sugeriu ele.
Enquanto os dois empacotavam o que restava, Shen Xingyu recebeu uma ligação do hospital.
Do outro lado da linha, informaram que Shen Xingzhuo havia sofrido um acidente de carro.
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A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
Lu Ran é o filho biológico negligenciado de uma família rica.
Quando ele tinha quatro anos, se perdeu. Ao retornar para casa, sua família favoreceu o filho adotivo, Shen Xingran,...