Capítulo 63: Perguntar Novamente
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Quando Lu Ran acordou, ainda estava no carro.
Ele acordou meio atordoado e imediatamente foi procurar o celular, achando que tinha se atrasado.
Viu o interior escuro do carro e, embaixo do assento, o grande cão amarelo enrolado, mas ainda não tinha percebido onde estava.
“Despertou?”
Ao seu lado, veio a voz de Ji Min.
Lu Ran levantou a cabeça e viu que o carro já estava parado.
Seu chefe estava abrindo a porta, aparentemente prestes a descer.
Confuso sobre por que Ji Min estava saindo, ele perguntou: “Chegamos na casa dos Shen?”
O homem não respondeu; apenas virou-se para ele e disse: “Vista o casaco.”
Quando acabava de acordar, Lu Ran sempre ficava especialmente obediente.
O que mandavam fazer, ele fazia.
Por isso, na infância, era muito querido pelos professores e tias do orfanato.
Agora, ele murmurou um “Hmm” abafado, esticando a mão para pegar o casaco grande demais pendurado no encosto do assento e o vestiu.
Depois de colocar o casaco, sentou-se comportadamente no mesmo lugar.
Só então Ji Min lançou-lhe mais um olhar e disse: “Desça do carro.”
Lu Ran assentiu devagar e saiu lentamente do banco traseiro.
Ao descer, uma rajada de vento frio o atingiu.
Ele acordou completamente e, olhando para a mansão desconhecida à sua frente, ficou atônito por uns bons dois ou três minutos antes de perguntar: “Onde estamos?”
“Na minha casa.” Ji Min respondeu apenas com duas palavras, enquanto acionava a cadeira de rodas com o controle remoto e entrava diretamente na mansão.
Lu Ran permaneceu parado no mesmo lugar.
Ainda não tinha entendido por que Ji Min o trouxera de repente para sua própria casa.
Ele olhou para o cão ao lado de seus pés, depois pegou o celular e, só então, compreendeu.
Já passava da meia-noite.
A essa hora, seria um transtorno para Ji Min levá-lo até a casa dos Shen.
Poderia fazer Ji Min parecer menos eficiente.
Afinal, se isso acontecesse, tudo o que ele havia dito no evento de mais cedo perderia o valor!
A alma de assalariado de Lu Ran imediatamente entrou em ação.
Ele se agachou, notou que havia restos de bolo no canto da boca do cão, e os limpou com a mão enquanto suspirava: “Vamos, filho, o chefe fez uma festa tão grandiosa para você, então fazer hora extra à noite é o mínimo.”
Lu Ran era realmente grato a Ji Min.
A festa de aniversário daquela noite foi muito maior do que Lu Ran poderia imaginar.
E, de alguma forma, também era exatamente o tipo de aniversário com o qual ele sonhava na infância.
Nunca imaginou que, aos dezenove anos, ainda teria esse tipo de experiência em sua vida.
Além disso, Ji Min realmente era muito bom com o grande cão amarelo.
Por isso, qualquer ressentimento que Lu Ran ainda tivesse por seu chefe não lhe dar um aumento simplesmente desapareceu.
De certa forma, Ji Min era um chefe irretocável.
Lu Ran segurou o cão pela coleira e, com cuidado, entrou na mansão de Ji Min.
A experiência era parecida com a de entrar na empresa de Ji Min pela primeira vez.
Parecia uma aventura em uma caverna de dragão.
Mas assim que entrou na mansão, Lu Ran percebeu uma diferença em relação ao escritório.
Embora o escritório do presidente da Ji Corporation também fosse exclusivamente de Ji Min,
Afinal, eles estavam na empresa, no ambiente de trabalho.
O escritório era simples, como o de qualquer funcionário comum. Mas aquela mansão era diferente. Claramente, este era o território pessoal de Ji Min. A estrutura do primeiro andar era distinta da casa dos Shen.
Não havia sofá na sala para receber convidados, nem mesa de centro. A única mobília era algumas estantes, uma mesinha próxima à varanda e uma mesa de go. O ambiente era exageradamente amplo, permitindo que a cadeira de rodas de Ji Min circulasse livremente.
Em todos os lugares da casa onde havia degraus, havia também rampas largas e de inclinação suave para facilitar o acesso.
Quando Lu Ran finalmente entrou na mansão, ele percebeu de forma incontestável – Ji Min, o chefe da família Ji e o jovem presidente da empresa, era um homem com deficiência física.
Lu Ran não ficou olhando em volta, nem soltou a guia de Da Huang. Ainda lembrava que estava ali para trabalhar, então manteve os olhos fixos em seu chefe. Ji Min estava com sua cadeira de rodas parada na sala de estar, de costas para a porta, observando o tabuleiro de go à sua frente.
Naquele espaço vazio e de tonalidades frias, a cadeira de rodas preta e pesada destacava-se de maneira solitária, irradiando uma aura de isolamento que ninguém parecia capaz de romper.
Lu Ran de repente entendeu por que Ji Min ficava até onze, meia-noite no escritório, sem vontade de voltar para casa.
Naquela mansão, não parecia haver qualquer estrutura para receber visitas.
Por um instante, Lu Ran hesitou. Estava cansado, mas ainda assim perguntou: “Onde vou dormir à noite?”
Acostumado à casa dos Shen, ele lançou um olhar automático aos cômodos do primeiro andar ao fazer a pergunta.
Ji Min olhou para ele e chamou o mordomo Chen.
O mordomo Chen apareceu, sorrindo para Lu Ran: “Venha comigo.”
Lu Ran o seguiu e se surpreendeu ao ser levado até o elevador. Mansões de grandes famílias costumam ter elevador, mas o da casa dos Shen era raramente usado, apenas em ocasiões especiais para facilitar a locomoção de idosos e crianças.
Na casa de Ji Min, porém, o elevador estava em uma posição de destaque.
Lu Ran entrou com Da Huang e viu o mordomo apertar o botão para o segundo andar.
Ele ficou surpreso.
Perguntou: “Vou ficar no segundo andar?”
O mordomo Chen assentiu: “Claro.”
Lu Ran permaneceu em silêncio.
Na casa dos Shen, ele ficava no primeiro andar. A estrutura da mansão dos Shen era bem definida; o primeiro andar era para os empregados, e o segundo e terceiro eram reservados para os membros da família, cada qual com quartos para hóspedes.
Lu Ran sempre teve a opção de ficar no segundo ou terceiro andar. Houve uma vez, depois de ser expulso de casa, em que ele dormiu com um saco de dormir na porta dos Shen. Shen Hongyuan o recebeu com reverências e, mesmo quando o pai de Shen Xingran anunciou publicamente que o reconheceria como parte da família Shen, Lu Ran poderia ter exigido um quarto no segundo ou terceiro andar.
Mas a ideia de viver no mesmo andar que os Shen, ou de ficar em um quarto que Shen Xingran havia usado, o incomodava inexplicavelmente.
Mesmo sendo sua própria escolha, a separação dos andares ainda marcava a divisão clara entre ele e os Shen.
Agora, Lu Ran estava surpreso.
Não esperava que, na casa de Ji Min, ele fosse ficar no segundo andar.
Olhou para Da Huang, lembrando que o cão havia brincado no gramado e ainda estava com as patas sujas. Abaixou-se e, tirando um lenço umedecido da mochila, limpou cuidadosamente as patas de Da Huang antes de sair do elevador.
O mordomo Chen observava, com um brilho de afeição nos olhos.
Lu Ran pensou que, já que Ji Min o havia permitido ficar no segundo andar, provavelmente esse seria o espaço de hóspedes da mansão. Mas, ao sair do elevador, percebeu que estava enganado.
Diferente do primeiro andar, o segundo era bem mais personalizado. A decoração no corredor refletia o gosto pessoal de Ji Min, com recursos de acessibilidade em todo lugar. Assim que saiu do elevador, Lu Ran sentiu-se entrando no território privado de uma criatura feroz.
Outra coisa que o intrigou foi que grande parte do chão e dos cantos do corredor era coberta por um tapete cinza macio. Esse tipo de revestimento normalmente só aparecia em quartos mais íntimos, como se o corredor fosse uma extensão do quarto principal.
Lu Ran ainda usava o casaco de Ji Min. A gola levantada roçava em seu rosto, e o cheiro de Ji Min impregnava o tecido. Apesar da pele pálida e do ar gélido, que lembravam uma escultura de gelo, Lu Ran sabia que a aura de Ji Min não era fria e neutra. O homem exalava uma energia perigosa e intensamente dominante.
Essa presença se fazia ainda mais forte em seu território particular, a ponto de Lu Ran hesitar em dar um passo adiante.
Olhou rapidamente para o mordomo Chen, que também parou e sorriu para ele: “Seu quarto é a primeira porta à esquerda, com banheiro privativo. No banheiro, há itens de higiene pessoal novos e no armário, roupas limpas. Aproveite para tomar um bom banho e descansar.”
Depois de dizer isso, o mordomo acenou com a cabeça e foi embora, sem conduzi-lo até a porta.
Lu Ran ficou momentaneamente confuso.
Felizmente, a porta do quarto que o mordomo mencionara estava aberta, e duas pessoas com uniforme de empregados saíam de lá.
Eles cumprimentaram Lu Ran com respeito e relataram ao mordomo Chen: “Os itens estão todos no lugar.”
Depois que o mordomo Chen e os empregados saíram, Lu Ran trocou um olhar com Da Huang e, desviando do tapete macio, entrou cuidadosamente no quarto.
Ao entrar, não pôde deixar de pensar:
É como explorar uma caverna de dragão.
O quarto era grande para os padrões de Lu Ran. Lá fora, Ji Min estava em silêncio; ele nem sabia se o homem já estava dormindo. Mas não deu muita importância a isso, pois o cansaço o dominava.
Depois de passar a tarde em sessões de estilo e de enfrentar tantas pessoas na festa, ele ainda havia corrido com Da Huang no gramado no meio da noite. Agora, com Da Huang já limpo, fez uma rápida higiene pessoal e se jogou na cama.
A cama era enorme, e o colchão, incrivelmente macio.
Lu Ran pensou em deixar Da Huang experimentar a cama, mas lembrou que o cachorro não havia tomado banho, então o deixou deitar no tapete.
Ele nunca havia dormido em uma cama tão macia. O colchão parecia uma nuvem, como a cobertura de chantilly que derretia na boca no bolo que ele comera naquela noite.
Sentia-se quase entorpecido, como se o colchão suavemente embalasse todos os seus músculos e ossos…
De repente, Lu Ran, quase adormecido, deu um salto da cama macia.
Descalço no tapete, ele começou a apertar seus próprios braços e pernas e a dar leves batidas nos joelhos. Deu um pequeno pulo para se certificar de que ainda tinha controle dos movimentos.
Só então soltou um suspiro de alívio, enxugando o suor da testa.
Da Huang, que já estava adormecido, acordou assustado e olhou para ele, curioso.
Lu Ran se abaixou e pegou o cãozinho no colo: “Você me assustou até a morte.”
Achei que tinha ficado paralisado de novo.
O jovem ajoelhou-se no tapete e pressionou a mão sobre o colchão macio, os olhos mostrando uma mistura de desejo e receio.
Depois de hesitar um bom tempo, desistiu da cama e resolveu dormir com Da Huang no tapete.
Já passava da meia-noite.
Talvez pelo cansaço da noite anterior e pelo silêncio absoluto do quarto, quando Lu Ran acordou, já eram quase nove da manhã.
Da Huang, com fome, tentava puxar seu cabelo.
Lu Ran se espreguiçou no tapete macio e se levantou de um pulo.
Deu um pouco de ração para Da Huang e foi ao banheiro lavar o rosto, mas ao procurar uma roupa para vestir, percebeu o problema.
Na noite anterior, usara um traje sofisticado ao lado de Ji Min. Essa roupa, além de nada prática, estava toda amarrotada depois da correria da noite.
Não queria vestir roupas sujas, então lembrou-se das palavras do mordomo Chen e olhou devagar para o guarda-roupa.
Apesar de não ser muito grande, o guarda-roupa estava cheio de roupas penduradas.
Primeiro pensou que fossem de Ji Min, mas, ao examinar melhor, percebeu que as cores e os estilos eram diferentes dos que Ji Min usava normalmente. Eram roupas para alguém de dezoito, dezenove anos.
As roupas estavam impecáveis, nunca usadas, mas também sem etiquetas.
Lu Ran escolheu uma blusa de moletom discreta e, para sua surpresa, ela vestiu como uma luva. Caía tão bem que parecia ter sido feita especialmente para ele.
Ele puxou um pouco a blusa, olhando para o guarda-roupa cheio, e franziu a testa, sentindo que havia algo estranho.
Resolveu abrir o armário de sapatos ao lado.
O armário estava cheio, com uma coleção de sapatos. Qualquer jovem na mesma idade de Lu Ran ficaria empolgado diante daquela coleção de marcas renomadas e modelos exclusivos, incluindo alguns tênis de edição limitada.
A maioria dos rapazes tinha uma paixão natural por sapatos e carros. E, para um jovem de dezoito ou dezenove anos, uma coleção dessas seria um sonho.
Mas Lu Ran apenas observou, sem muita reação.
Ele não conhecia nada daquilo.
Nos tempos de escola, enquanto seus colegas competiam entre si com seus tênis de grife e se impressionavam uns com os outros, a mente de Lu Ran estava ocupada em como pagar o próximo mês de despesas, taxas escolares e como conseguir outro trabalho temporário quando perdesse um.
Para ele, sapatos e roupas tinham apenas a função básica.
Agora, só pegou um dos sapatos para ver se servia no seu pé e confirmou que era exatamente seu número.
Mas acabou colocando o sapato de volta, escolhendo apenas um par de meias.
Afinal, ele já tinha usado sapatos no dia anterior, então não havia necessidade de tocar naqueles.
Quando saiu do quarto, o corredor do segundo andar ainda estava silencioso.
Descendo para o primeiro andar, ele encontrou Ji Min já tomando café da manhã na sala de jantar.
Ao vê-lo se aproximar, Ji Min colocou a colher de sopa de lado e apontou com o queixo para o assento ao lado: “Venha comer.”
Lu Ran, faminto, sentou-se à mesa, os olhos brilhando ao ver o café da manhã.
Essa reação era bem mais empolgada do que a que tivera ao ver as roupas.
“Obrigado, chefe!”
Lu Ran agradeceu e começou a comer, sem hesitar.
Ji Min arqueou as sobrancelhas ao ouvir o “chefe” que Lu Ran usou.
Já quase terminando, ele recostou-se na cadeira e ficou observando o garoto comer.
O garoto não era exigente com a comida; qualquer coisa que colocasse na boca, ele comia com uma expressão de pura satisfação. Ficava evidente que não daria muito trabalho para ser alimentado. Ele comia com seriedade, as bochechas estufadas como as de um hamster.
Ji Min observou-o por um tempo e, quando percebeu, estava comendo um pouco mais também, sem notar. Ele silenciosamente largou os hashis e empurrou o prato um pouco para longe.
Lu Ran comia rápido, mas ao ficar quase satisfeito, diminuiu o ritmo. Lembrou-se de algo, tomou um gole de leite e comentou com Ji Min: “Usei as roupas do armário.”
Ji Min já havia notado.
O garoto estava vestindo um moletom grosso de um tom suave de rosa pêssego, que ressaltava sua pele clara, deixando-o com uma aparência absurdamente delicada. A roupa caía como uma luva.
Ainda bem que, ontem à noite, enquanto ele dormia, conferi o tamanho da gola, pensou Ji Min.
Seus olhos deslizaram pelo garoto, da cabeça aos pés, vendo-o ali, usando as roupas que escolhera, sentado à sua mesa e comendo a comida que preparara. Por algum motivo, a cena o deixava extremamente satisfeito. Muito satisfeito.
Mas, ao notar que Lu Ran ainda estava com os próprios sapatos, Ji Min franziu as sobrancelhas e perguntou: “Por que não trocou pelos sapatos do armário? Não servem?”
“Eu já tenho sapatos. Por que usaria aqueles?” Lu Ran respondeu.
Ji Min, sem saber o que responder, ficou por um instante sem palavras.
Não podia simplesmente dizer que queria ver o garoto completamente envolto em coisas que ele havia escolhido – até o xampu e o sabonete precisavam ser os que ele selecionara.
Ji Min, com um raro lampejo de autocrítica, percebeu que expressar isso em voz alta soaria um tanto… obsessivo. Emudecido, ele ficou um bom tempo sem conseguir dizer nada.
Lu Ran, no entanto, começou a encará-lo de um jeito diferente. Depois de olhá-lo por alguns segundos, suspirou, largou os hashis e, com um semblante sério, perguntou:
“Ji Min, você está apaixonado por mim, não está?”
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A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
Lu Ran é o filho biológico negligenciado de uma família rica.
Quando ele tinha quatro anos, se perdeu. Ao retornar para casa, sua família favoreceu o filho adotivo, Shen Xingran,...