Capítulo 70: Discussão
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Ji Min: “……”
Ele pensou que esse assunto já havia passado.
Não esperava que o aguardasse exatamente ali.
Um constrangimento instantâneo voltou a dominá-lo.
Misturava-se a uma espécie de culpa familiar, porém indefinível, que o deixou sem palavras por um momento.
Aquela reação imediata simplesmente não parecia com ele.
Como um jovem envergonhado e irritado.
Se Ji Min fosse dez anos mais jovem, tudo seria fácil de explicar.
Jovens, afinal, sempre fazem coisas impulsivas e inexplicáveis.
Mas Ji Min não era jovem.
Ele apertou os lábios, sua mente um caos de pensamentos.
Lu Ran, sem ouvir uma resposta, inclinou a cabeça com certa curiosidade e o observou.
Então, perguntou diretamente: “Você não gostou do que eu disse?”
Ji Min parou e olhou para ele.
Lu Ran mexeu no apoio de braço da cadeira de rodas atrás de si, mas logo ergueu a cabeça e perguntou: “Meu trabalho tem algum problema, chefe?”
Por um instante, Ji Min não sabia o que sentir.
Ele descobriu que realmente era difícil definir Lu Ran como pessoa.
Apesar da pouca idade, o garoto tinha um talento nato para provocar.
Na maior parte do tempo, ele fazia as pessoas subirem pelas paredes, a ponto de quererem fugir para bem longe.
Mas, de vez em quando, surgiam certos momentos.
Ele conseguia amolecer o coração de qualquer um, de tal forma que ninguém conseguia ser duro com ele.
Como agora. Enquanto brincava com a almofada do apoio de braço, levantava os olhos e perguntava: “Será que fiz algo errado?”
Ji Min abriu a boca, sentindo-se dividido internamente.
Será que fez algo errado?
Claro que fez!
Qualquer pessoa normal saberia que certas coisas não fazem parte das obrigações do trabalho e jamais discutiria isso com o chefe, questionando se “fez bem ou não”.
Quem gosta de ser constantemente questionado sobre sua “capacidade”?
Mesmo que seja para receber elogios, é estranho.
Mas, ao encarar os olhos do garoto, Ji Min não conseguiu dizer nada.
O discurso ensaiado sobre “tirar satisfação” sumiu para um canto qualquer de sua mente.
Por fim, Ji Min desviou o olhar dos olhos claros e diretos de Lu Ran.
Ele pigarreou e disse: “No geral, está tudo bem, só há alguns pontos que podem ser melhorados.”
Ao ouvir isso, o garoto, que antes parecia desanimado, instantaneamente se animou.
Lu Ran saiu de trás da cadeira de rodas e se posicionou ao lado de Ji Min.
Abaixando-se e segurando com as duas mãos a cadeira, assentiu com seriedade: “Certo, me diga.”
A postura dele era como a de um aluno esperando a avaliação do professor sobre um projeto.
Ji Min novamente desviou o olhar.
“É só que…”
Ele disse “só que” várias vezes, mas não conseguiu completar a frase.
Então Lu Ran, olhando-o de soslaio, parecia cauteloso, como se temesse ferir o orgulho dele, e perguntou cuidadosamente: “Foi porque exagerei nas palavras?”
Ji Min hesitou, mas assentiu.
Exagerado não era bem o conteúdo.
Claro, uma noite inteira era algo que desafiava a lógica humana, mas a “Eringii” nem era o problema.
Com a força de seus braços, se ele quisesse, até poderia fazer alguém passar o dia seguinte de cama…
Ao perceber que seus pensamentos estavam tomando outro rumo, Ji Min parou imediatamente.
O exagero era a forma como o garoto anunciava tudo e a frequência com que fazia insinuações sobre a relação deles!
Mas ele sequer teve a chance de dizer isso.
Logo viu Lu Ran assentindo, pensativo: “É verdade, exagerar demais foge da realidade.”
Ji Min estava prestes a concordar, mas congelou e virou-se lentamente para olhar o garoto encostado em suas pernas.
Espera, o que ele quis dizer com isso?
Lu Ran não percebeu o humor de seu chefe.
Continuou murmurando para si mesmo: “E se um dia você arranjar alguém e essa pessoa perceber que não corresponde às expectativas, será problemático.”
Ji Min: “……?”
Não corresponde às expectativas?
Lu Ran continuou analisando com seriedade: “Por isso, não devemos exagerar no aspecto físico, mas focar na habilidade. Afinal, a habilidade pode decair com o tempo.”
Ji Min: “……”
Ele cerrou os dentes: “Que besteiras você está falando!”
Esforçando-se para respirar fundo, lembrou a si mesmo de que não era tão impulsivo como Gu Ningqi, não se irritaria com uma coisa dessas.
Mas Lu Ran percebeu que ele estava irritado e recuou ligeiramente.
O garoto o observou por um longo tempo.
Por fim, soltou um profundo suspiro, não resistindo em reclamar: “Se eu digo que você é bom, você se irrita. Se digo que não é, também. Chefe, você é complicado demais!”
Ji Min ficou sem palavras.
De repente, percebeu algo, e ao se virar, viu o mordomo Chen e o motorista olhando curiosos para eles.
O mordomo mantinha o rosto impassível, mas era claro que se esforçava para conter o riso.
O motorista, por outro lado, era bem mais evidente.
Abaixou o vidro da janela e espiava para fora, com uma expressão de quem assistia a um espetáculo.
Ao perceber que Ji Min os observava, até parecia um pouco decepcionado, como se pensasse “por que pararam de falar?”.
Ji Min: “……”
Ele calou-se imediatamente, entrou rapidamente na van pela rampa de acesso.
Ainda virou-se para dizer ao garoto do lado de fora: “Suba logo!”
Até que o carro começou a andar, Lu Ran ainda estava um pouco irritado.
Afinal, se ele era o problema, para que dizer que exagerou?
No meio do trajeto, incapaz de se conter, ele puxou a manga de Ji Min e, franzindo a testa, disse:
“A ‘Eringii’ nem é tão exagerada assim.”
Enquanto falava, pegou o celular: “Eu vi na internet que outros presidentes de novela têm…”
Ele parou, levantou o próprio braço e o flexionou: “Disseram que é do tamanho do braço!”
Ji Min: “……”
Mas Ji Min, afinal, não era Gu Ningqi.
Embora estivesse profundamente irritado, ao se acalmar, aquele sentimento de frustração começou a desaparecer.
A sensação de querer provar algo já não lhe interessava, e ele recuperou sua expressão fria e impassível de sempre. Lançando um olhar indiferente a Lu Ran, Ji Min subitamente questionou:
“E você? Por que não compara o que encontrou com você mesmo?”
Ao ouvir isso, Lu Ran ficou completamente perplexo.
Então, Ji Min viu o garoto que, momentos antes, discutia com ele como se estivesse em uma apresentação acadêmica, ter o rosto lentamente — muito lentamente — se tingindo de vermelho.
Até se transformar em um verdadeiro tomate.
“Eu!” Lu Ran, com o rosto em chamas, ficou em silêncio por um momento antes de exclamar: “Eu só tenho dezenove anos!”
Ainda tenho tempo para crescer!
Depois de dizer isso, ele encolheu-se no banco traseiro, um pouco envergonhado. Encolheu as pernas e abraçou os joelhos, tentando se esconder como uma bolinha, irritado com o fato de ainda não ter o “tamanho de um braço”.
A cena era realmente divertida, mas Ji Min desviou o olhar e não continuou a provocá-lo.
Na verdade, desde que fizera aquela pergunta, um leve arrependimento surgira em sua mente.
Aquilo foi demais.
Como ele poderia…
Perguntar uma coisa dessas?
A cabine ficou subitamente silenciosa.
Ji Min, que agira impulsivamente, apertou os lábios com força, sem ousar olhar para trás.
Durante o restante do trajeto, ninguém mais falou.
Aquela frase deixou Ji Min desconfortável por vários dias.
Foi só quando Lu Ran voltou às aulas na segunda-feira que ele finalmente sentiu um leve alívio, tentando apagar aquela pergunta inadequada da mente.
No entanto, na segunda-feira, Ji Min recebeu uma notícia inesperada.
Seu assistente, que confirmava a agenda, disse: “Presidente Ji, o presidente da Shen Corporation gostaria de agendar uma reunião com o senhor. Perguntou quando teria disponibilidade.”
Ao ouvir isso, Ji Min franziu ligeiramente as sobrancelhas e perguntou: “Shen Hongyuan?”
O assistente assentiu.
Embora o pedido de reunião tenha sido feito de maneira formal, sendo Shen Hongyuan quem buscava o encontro, era provável que o assunto não fosse comercial.
Os membros da família Shen sabiam que Shen Xingyu e Ji Min eram ex-colegas e mantinham uma amizade.
Dado esse vínculo, qualquer interação comercial entre a Shen Corporation e a Ji Corporation seria geralmente tratada por Shen Xingyu.
Portanto, se Shen Hongyuan queria vê-lo, provavelmente só poderia ser por um motivo.
E esse motivo era Lu Ran.
Ji Min apertou a caneta por um instante.
Uma vaga sensação de desconforto passou por sua mente.
Ele acabara de fazer uma “indelicadeza” com certo jovem no fim de semana, e hoje o pai do garoto já vinha procurá-lo.
Se a relação entre pai e filho na família Shen fosse normal, pareceria que o pai estava ali para confrontar o “pretendente” poderoso e desavergonhado.
Mas Shen Hongyuan claramente não era um bom pai.
Não viria por algo assim.
Naquele instante, a voz mordaz de Lu Ran ecoou em sua mente:
“Senhor Ji, se você quiser me levar para a cama, acha que meu pai não vai me embalar e enviar diretamente para o seu quarto?”
A caneta em sua mão deixou um longo rastro na última linha do caractere “Min”.
Ji Min largou a caneta na mesa e esfregou a têmpora com os dedos longos.
Será que estava dormindo mal ultimamente?
Para que sua mente estivesse tão sobrecarregada com esses pensamentos inúteis.
Ele acenou com a mão e disse: “Não o verei.”
Mas, depois de dizer isso, franziu as sobrancelhas e chamou o assistente de volta: “Hoje à tarde.”
Ao receber a confirmação, Shen Hongyuan quase não acreditou.
Não esperava que Ji Min aceitasse tão prontamente.
Dessa vez, Shen Hongyuan havia seguido o protocolo oficial da empresa para agendar a reunião, em vez de uma abordagem pessoal.
Ele realmente se esforçara.
Chegou cedo ao local indicado por Ji Min.
Ao abrir a porta da sala privativa, exibiu um sorriso apropriado.
Mas, naquele instante, um suspiro de lamento escapou de seu coração.
A conexão com a família Ji era realmente rara e valiosa.
Seu filho mais velho, Shen Xingyu, não tinha uma relação tão estreita com Ji Min. Se Ji Min realmente se apaixonasse por um de seus filhos, Shen Hongyuan ficaria em êxtase.
Mas, infelizmente, por que tinha que ser Lu Ran?
Shen Hongyuan reprimiu o desconforto interno.
No fim, depois de hoje, tudo estaria resolvido.
“O senhor Ji tem bom gosto ao escolher locais. Não esperava que se desse ao trabalho desta vez”, começou Shen Hongyuan, com uma cortesia exagerada. Antes de abordar o verdadeiro motivo, ele seguiu o habitual caminho de cumprimentos e trivialidades, típico de pessoas como ele.
Mas Ji Min, que estava sentado calmamente à mesa com uma revista de finanças à mão, parecia muito mais interessado na revista do que na conversa.
Ele não estava com vontade de rodeios.
Levantou o pulso, olhou para o relógio e, com uma voz fria, lembrou: “Senhor Shen, meu tempo é limitado.”
Shen Hongyuan engasgou.
Olhou para Ji Min, e, resignado, aos poucos deixou de lado sua postura habitual de homem de negócios, suspirando como um homem de meia-idade comum.
“Senhor Ji, por favor, não me julgue por enrolar tanto. É que… realmente não sei como abordar o assunto.”
Uma expressão de angústia apareceu em seu rosto no momento certo.
Ji Min permaneceu impassível, sem expressar opinião.
“Cada família tem suas próprias dificuldades”, Shen Hongyuan murmurou, como se estivesse apenas compartilhando suas aflições.
“Eu desconhecia os problemas da Shen Corporation”, respondeu Ji Min com indiferença.
Shen Hongyuan abanou a mão:
“Não se trata disso. Embora eu tenha vindo por meio de canais comerciais, o assunto é pessoal.”
Sem esperar a reação de Ji Min, ele passou a mão pelo rosto, como se estivesse profundamente aflito, e disse, relutante:
“Eu sei que assuntos de família não devem ser expostos, mas… minha consciência não me permite que meu filho cause problemas ao senhor.”
Ji Min levantou ligeiramente as sobrancelhas.
Shen Hongyuan, com o ar de um pai desamparado, continuou: “Mas… não posso ignorar. Lu Ran é… um garoto problemático!”
Problemático.
Ji Min ficou levemente surpreso.
Não pelo que Shen Hongyuan dizia sobre Lu Ran, mas pelo fato de que um pai pudesse descrever seu próprio filho dessa maneira.
Antes deste encontro, embora soubesse que os pais biológicos de Lu Ran eram peculiares, ao falar de Shen Hongyuan, ele ainda usava o termo “pai de Lu Ran”.
Mas agora, Ji Min achava engraçado associar esse título a ele.
Ele riu com desprezo: “O senhor realmente tem um ponto de vista interessante. Nunca percebi que Lu Ran tivesse algum problema. Mas é curioso ouvir um pai falar do próprio filho assim.”
A reação de Ji Min não surpreendeu Shen Hongyuan.
Sem se abalar, ele suspirou: “Senhor Ji, o senhor não entende!”
Com ansiedade crescente, Shen Hongyuan disse: “Você deve me ver como um pai negligente.”
“Mas ele é meu próprio filho!”
“Se ele realmente fosse normal, por que eu o manteria afastado e não o aceitaria de volta?”
“Por que eu diria isso a você?”
Ao ouvir isso, Ji Min se permitiu levar um pouco a sério.
De fato, ele também achava tudo aquilo estranho.
Ao perceber a mudança de atitude, Shen Hongyuan mordeu os lábios, preparando-se para o que viria.
Mesmo tendo se preparado mentalmente, Shen Hongyuan ainda sentiu seu rosto tremer com o que estava prestes a dizer.
Ele pensara que jamais tocaria nesse assunto vergonhoso em sua vida.
Muito menos divulgá-lo.
Mas grandes realizações requerem sacrifícios!
Respirando fundo, ele finalmente reuniu coragem e disse, com dificuldade:
“Você não faz ideia do que Lu Ran fez!”
“Ele… ele jogou fezes de cachorro na mesa de jantar e nos ameaçou com isso!”
A voz de Shen Hongyuan transbordava de indignação.
Talvez fosse o único momento autêntico desde que ele entrara na sala.
Foi o momento mais humilhante de sua vida!
Tendo exposto o ocorrido, Shen Hongyuan estava certo de que Ji Min ficaria indignado.
Já imaginava a expressão de desgosto e repulsa que surgiria no rosto de Ji Min.
Quem sabe até… que Ji Min, por conta disso, se afastaria da família Shen para sempre.
Mas o que isso importava?
Shen Hongyuan olhava fixamente para Ji Min, esperando sua reação.
Ele viu o homem na cadeira de rodas à sua frente estreitar os olhos, visivelmente surpreso.
Um lampejo de satisfação começou a brotar em Shen Hongyuan.
Mas, em questão de segundos, a surpresa desapareceu dos olhos de Ji Min.
E foi substituída por uma calma quase apática, como se ele já esperasse por aquilo.
Ji Min olhou para ele e disse: “Ah, e então?”
A voz soou neutra.
Até com um tom de “só isso?” de quem não entendeu o drama.
Shen Hongyuan ficou sem ação.
Antes que pudesse reagir, viu Ji Min franzir a testa, questionando:
“Ele normalmente não agiria assim. Como vocês o provocaram?”
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A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
Lu Ran é o filho biológico negligenciado de uma família rica.
Quando ele tinha quatro anos, se perdeu. Ao retornar para casa, sua família favoreceu o filho adotivo, Shen Xingran,...