Capítulo 76: O Quarto
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Lu Ran permaneceu em silêncio por um momento.
Ele falou em um tom muito baixo: “Qualquer pessoa que tenha sido trancada em um hospital por dez anos não vai querer voltar para aquele maldito lugar.”
Ji Min não entendeu direito e franziu o cenho: “O quê?”
“Eu disse, e se você decidir me vender para um hospital?” Lu Ran disse em voz alta.
Ji Min: “…”
Ele olhou para Lu Ran e deu um leve toque na testa do garoto.
“Tenha um pouco de bom senso, quem iria querer vender você para um hospital?”
Ji Min deu uma risada cínica e zombou: “O diretor do hospital provavelmente choraria e imploraria, em plena madrugada, para me devolver você, perguntando o que fiz de errado para enviar um causador de problemas para lá.”
Lu Ran: “…”
“De qualquer forma, eu não quero ir.” Ele disse, abraçando firmemente Da Huang.
Ji Min suspirou: “E se eu disser que é uma necessidade do trabalho?”
Lu Ran o encarou, chocado.
Esse homem realmente sabe como manipular um trabalhador. Não é à toa que é um capitalista sem escrúpulos. Ele visivelmente começou a lutar consigo mesmo.
Mas, no final, declarou: “Então eu desisto desse emprego.”
Ji Min o observou atentamente por um momento, e, sem insistir mais, levantou a mão e sinalizou para o motorista mudar de direção.
Em seu íntimo, já pensava em chamar o Dr. Kaimiller em breve.
Quando o carro virou na esquina, Lu Ran finalmente soltou um suspiro de alívio.
Ele perguntou: “E agora, para onde estamos indo?”
“Vamos comer.” Ji Min suspirou novamente.
Lu Ran, no banco de trás, olhou em silêncio para Ji Min, sem dizer nada.
Ji Min deveria ser uma pessoa muito fria.
Não era algo expresso em palavras ou expressão, mas uma indiferença que emanava em sua postura, como se nada nem ninguém despertasse seu interesse.
Agora, com o rosto meio sombreado pela luz fraca do carro, ele parecia estranhamente suave.
Depois de um momento observando, Lu Ran disse: “Chefe, não se preocupe. Vou me dedicar ao máximo no trabalho.”
“Hm?” Ji Min ficou surpreso.
Então ele viu o jovem à sua frente cerrar o punho: “Vou garantir que sua reputação se espalhe por toda Pequim!”
Ji Min: “…”
É melhor ficar quieto.
O carro parou em frente ao restaurante que Ji Min frequentava.
Ao pensar na refeição que o aguardava, Lu Ran ficou muito prestativo.
Parecia uma pequena sombra, postando-se atrás da cadeira de rodas de Ji Min, empurrando-a com entusiasmo.
Ele o levou pela rampa de acesso, mas de repente parou.
Ji Min estava relaxado, aproveitando o raro momento de docilidade do garoto.
Sentindo a cadeira de rodas parar, ficou confuso e perguntou: “Por que parou de empurrar?”
Antes que terminasse de perguntar, sentiu um peso na parte de trás da cadeira.
Quando se virou, viu que Lu Ran havia apoiado os pés na barra traseira da cadeira e se deitara sobre o encosto.
Com a maior naturalidade, ele disse: “Chefe, estou meio cansado. Você não tem um controle remoto? Esta é a hora de economizar mão de obra…”
Ji Min quase riu de indignação.
“Você acha que eu sou seu chefe ou seu motorista?” Ele perguntou, irritado.
Ao que Lu Ran deu um tapinha em seu ombro e incentivou: “Anda logo, anda logo, a comida vai esfriar!”
Ji Min: “…”
Definitivamente, ele está ficando mal-acostumado.
No começo, quando não queria que Lu Ran empurrasse a cadeira, o garoto insistia.
E o fazia com uma velocidade impressionante.
Agora, não só não colocava esforço, como ainda queria ser carregado.
O gerente do restaurante veio recebê-los.
Assim que saiu, viu o jovem encostado na cadeira de rodas do Sr. Ji, que, inacreditavelmente, o levava para dentro, nessa postura inusitada.
Após subir os degraus, Ji Min nem pediu para ele descer e continuou levando-o até a sala de jantar privativa, como se não fosse nada.
De longe, aquele sempre distante e impessoal Sr. Ji parecia uma mula de carga, pacientemente carregando o garoto que observava a paisagem.
Somente ao chegarem à porta da sala privativa, Ji Min disse com uma expressão séria: “Desça.”
Antes que precisasse repetir, Lu Ran saltou e, animado, foi abrir a porta.
Ele empurrou a grande porta do salão.
Alguns pratos já estavam sobre a mesa.
Como eram apenas os dois, a quantidade de comida não era exagerada.
Havia apenas alguns pratos típicos da casa.
Mas ao lado da mesa, havia um bolo redondo de chocolate com cerejas.
“Ainda não vai entrar?”
Ji Min deu um leve empurrão no garoto pelas costas.
Lu Ran soltou um “Uh” e então entrou.
Ele olhou para Ji Min.
A cadeira de rodas de Ji Min parou ao lado oposto da mesa.
Lu Ran olhou novamente e, devagar, sentou-se diante do bolo de cereja.
Ele perguntou: “Você não vai comer?”
Ji Min ergueu os olhos e observou o garoto, que babava só de olhar para o bolo.
Não pôde evitar um suspiro:
“Depois daquela cena que você armou, nem todos conseguem manter o apetite por um bolo dessa cor.”
Ele ainda conseguia visualizar a imagem de Shen Xingyu com o rosto sujo de chantilly e farelos.
“Sério?” Lu Ran ficou encantado, e sem cerimônia, pegou uma colher e enfiou um pedaço na boca.
A satisfação interrompida anteriormente finalmente retornou.
A cada garfada, parecia mais feliz.
Suas bochechas inflavam, parecendo um hamster furtivo.
Mas isso fazia as marcas vermelhas em seu rosto se tornarem ainda mais evidentes.
Ji Min o observou por um momento, depois desviou o olhar para os detalhes do prato.
Ele mal tocou na comida.
Quando Lu Ran já havia devorado metade do bolo, Ji Min finalmente falou em um tom casual: “Já pensou em morar fora?”
“Hã?” Lu Ran pensou um pouco e disse: “Eu até considerei o alojamento, mas não posso levar Da Huang para lá.”
“Alugar um lugar também é muito caro, e além disso…” Lu Ran estreitou os olhos e deu uma mordida no bolo. “Por que eu deveria sair?”
Ji Min apertou levemente os hashis, ponderando como convidá-lo para ficar em sua casa.
Ele também considerava se essa sugestão seria um exagero.
Mas, enquanto ele refletia, Lu Ran lançou um sorriso confiante e frio:
“Hah, é só o Shen Xingyu. Ele não é nada.”
Ji Min arqueou a sobrancelha.
“Oh? Então por que não o empurrou para dentro da piscina?”
Lu Ran parou com a colher no ar.
“Ele estava longe demais. Não consegui alcançar.”
Ji Min lançou-lhe um olhar, sem mais comentários.
Depois de terminarem a refeição, a pedido de Lu Ran, Ji Min o levou de volta à casa dos Shen.
Normalmente, ele o deixava próximo, sem se preocupar.
Mas desta vez, parou o carro bem em frente à mansão dos Shen.
Ele observou Lu Ran descer e permaneceu ali por mais um momento.
Abaixando a janela, olhou para o jovem que parecia estar indo para uma batalha.
Depois de uma pausa, ele disse: “Se precisar de algo, me ligue.”
Lu Ran o olhou de forma estranha.
Mas, ao tocar suas bochechas ainda avermelhadas, finalmente entendeu e fez um gesto de “OK” para Ji Min.
“Entendi, não vou deixar que meu rosto seja desfigurado!”
Como um ex-namorado de um CEO poderoso, eu jamais poderia ficar com o rosto deformado!
Ji Min não entendeu exatamente o que ele tinha compreendido.
Ficou por alguns instantes entre o querer dizer algo e o silêncio, mas por fim baixou o vidro da janela.
Acenou para o motorista seguir.
O carro havia rodado apenas alguns metros quando ele subitamente ordenou: “Volte.”
O motorista, sem dizer nada, engatou a marcha à ré.
Ao retornarem para a entrada da casa dos Shen, Lu Ran e Da Huang já haviam entrado.
Ji Min suspirou, passando a mão pela testa.
Ele não desceu do carro; apenas chamou o mordomo Chen, que estava no banco da frente, e deu algumas instruções.
Já era bem tarde quando Lu Ran voltou à mansão dos Shen.
Coincidentemente, ele se deparou com Shen Xingyu, que acabara de retornar.
Shen Xingyu já havia se recomposto e, apesar da hora avançada, vestia-se com elegância impecável, trajando terno e gravata.
Era impossível imaginar o estado caótico em que ele se encontrava há não muito tempo.
Ao ver Lu Ran, Shen Xingyu franziu levemente o cenho.
Ele deu uma olhada rápida para fora e perguntou: “Você e o senhor Ji…”
Mas, antes que Lu Ran pudesse responder, ele notou as marcas vermelhas no rosto do garoto, olhou o relógio e suspirou: “Deixa pra lá, vá descansar.”
Lu Ran lançou-lhe um olhar e, em silêncio, seguiu para o quarto com o cachorro.
Assim que entrou no corredor do primeiro andar, ouviu a voz de Shen Xingyu novamente: “Volte aqui. Para onde está indo?”
Lu Ran revirou os olhos dramaticamente: “Para o meu quarto, claro. Ou você acha que eu vou descansar aqui?”
Shen Xingyu franziu o cenho mais uma vez.
“Você está morando no primeiro andar?”
Diante do silêncio de Lu Ran, ele suspirou e massageou as têmporas, num gesto de desaprovação.
“Que tipo de comportamento é esse?”
Voltando ao tom firme de sempre, disse a Lu Ran: “Vá para um quarto no segundo andar.”
Sem lhe dar chance de recusar, chamou uma empregada que passava e ordenou:
“Arrume o quarto ao lado do meu, no lado leste do segundo andar, e leve as coisas dele para lá.”
A empregada olhou para Shen Xingyu e depois para Lu Ran, hesitando: “E quanto ao senhor e à senhora…”
“Não importa. Ele não pode ficar no primeiro andar.”
Sem sequer olhar para Lu Ran, Shen Xingyu ajustou a gravata e subiu as escadas.
Mas, de repente, Lu Ran falou: “Não vou para o segundo andar.”
Shen Xingyu parou, virando-se para encará-lo.
Lu Ran bocejou, dizendo com desdém: “Vocês todos moram no segundo andar. Acho isso irritante.”
Shen Xingyu franziu o cenho, agora ainda mais.
“Vai se mudar. Deixar você morando no andar de baixo passa uma impressão ruim para os outros.”
Lu Ran revirou os olhos novamente.
Então, uma ideia pareceu iluminá-lo e ele bateu palmas, animado:
“E se você mandar Shen Xingran descer para o quarto dos empregados no primeiro andar? Organize o quarto dele no terceiro andar para mim, bem arrumado, e eu me mudo para lá.”
Shen Xingyu virou-se para ele, respondendo em tom sério: “Não estou com paciência para as suas gracinhas.”
Mas Lu Ran apenas riu:
“Primeiro você diz que eu tenho que me mudar. Agora que eu digo que vou, acha que estou brincando? O senhor Shen é realmente divertido.”
“Senhor Shen” era a forma como os outros se referiam a Shen Xingyu.
Shen Xingyu finalmente olhou para o garoto à sua frente com atenção.
Ele fixou o olhar nos olhos escuros e inclinados de Lu Ran, como se não conseguisse entender algo.
“Por que você…”
Mas, como de costume, Shen Xingyu não terminou a frase.
Ele não gostava de perder tempo com palavras sem propósito.
Percebeu que Lu Ran não estava brincando, mas realmente negociando com ele.
Após ponderar por um momento, disse: “Posso deixar você morar no terceiro andar, mas ele não vai para o primeiro.”
A porta no terceiro andar estava aberta.
A Sra. Shen estava sentada na sala de estar, confortando Shen Xingran.
Quando ouviu a conversa entre Lu Ran e Shen Xingyu no andar de baixo, ficou animada, segurando a mão de Shen Xingran e dizendo: “Seu irmão mais velho precisa mesmo dar uma lição nele, para ele saber o lugar dele.”
No entanto, ao ouvir que Shen Xingyu realmente planejava transferir Shen Xingran do terceiro andar, ela não conseguiu mais ficar parada.
Arrastando os chinelos, saiu para o corredor e gritou: “Eu não concordo!”
Ao ouvir sua voz, uma veia latejou na testa de Shen Xingyu.
Ultimamente, talvez por ele ter retornado à mansão e estar sendo mais frio com Shen Xingran, a Sra. Shen sentia-se especialmente protetora.
Achava que, sem a proteção dela, Xingran seria expulso da casa.
“Mãe, por que ainda está acordada?” Shen Xingyu perguntou, exausto.
“Com tudo que aconteceu hoje, como eu poderia dormir?” Ela desceu as escadas passo a passo, com uma expressão severa.
“Xingyu, o que deu em você? Como pode querer expulsar Xingran?”
Shen Xingyu respirou fundo, tentando manter a calma: “Mãe, eu não estou expulsando ninguém, apenas sugeri que ele fosse para o segundo andar.”
“Xingran sempre morou no terceiro andar. E agora, de repente, você quer que ele se mude? Já pensou em como ele se sentiria?” Ela argumentou.
Shen Xingyu pressionou as têmporas e olhou pela janela, onde o céu começava a clarear.
“Mas vocês não podem deixá-lo no quarto dos empregados no primeiro andar.”
Shen Xingyu raramente mencionava diretamente os nomes de Shen Xingran ou Lu Ran.
Foi só então que a Sra. Shen percebeu que ele se referia a Lu Ran.
“O que quer dizer com isso?”
A Sra. Shen, que ainda tentava argumentar calmamente, de repente mudou o tom: “Está me acusando? Acusando sua mãe de ser negligente?”
Shen Xingyu abriu a boca para responder, mas nada disse.
Ela olhou para o filho mais velho, e lágrimas começaram a brotar em seus olhos:
“Você não tem coração, Shen Xingyu!”
“Lembra-se de quando seu avô o levou para viver com ele? Ele era tão rígido com você que, toda vez que me via, você chorava, perguntando quando poderia voltar para casa!”
“Você sabe muito bem como seu avô é. Mesmo correndo o risco de ofendê-lo, eu o trouxe de volta para criá-lo comigo. Que direito você tem de me julgar?”
“Mãe, eu não…” Shen Xingyu começou, agora com um tom mais suave.
“Vá embora! Eu não preciso de um filho tão ingrato!”
Desde o início da discussão, Lu Ran já havia ido para o quarto com Da Huang.
Ele nunca esperou que Shen Xingyu realmente arranjasse um quarto para ele e não estava nem um pouco interessado na discussão entre mãe e filho.
Agora, já tinha separado as roupas que gostaria de usar e pegado o xampu para o cachorro.
Com uma cesta nas mãos e o cãozinho, foi até o banheiro compartilhado no primeiro andar.
Após um banho para ele e Da Huang, saiu e encontrou a mansão finalmente em silêncio.
Ao voltar para seu quarto, encontrou uma empregada aguardando na porta.
Ela segurava um bolo de chocolate com cerejas e olhava para ele com uma expressão curiosa, como se estivesse reconsiderando o valor daquele jovem.
Quando Lu Ran se aproximou, ela disse com reverência: “Este bolo foi enviado pelo Jovem Mestre para o senhor. E esta pomada também.”
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A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
Lu Ran é o filho biológico negligenciado de uma família rica.
Quando ele tinha quatro anos, se perdeu. Ao retornar para casa, sua família favoreceu o filho adotivo, Shen Xingran,...