Capítulo 79: Um Pequeno Problema
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Na mansão Shen, o terceiro andar finalmente estava em silêncio.
A Senhora Shen agarrava-se a uma prateleira, chorando baixinho. Shen Xingran ainda estava vomitando, tendo expelido até bile. Mesmo assim, ele ainda tentava agarrar qualquer motivo para acusar Lu Ran, apontando para ele e reclamando:
“Você… você prometeu que iria embora se meu irmão comesse uma mordida!”
Lu Ran, com as mãos na cintura, soltou uma gargalhada: “Ingênuo, acha mesmo que eu cumpro minhas promessas?”
Shen Xingran ficou tão pasmo que até esqueceu de continuar vomitando.
Só Shen Xingyu foi rápido o bastante para garantir o banheiro do terceiro andar e, agora, estava apoiado na privada, vomitando.
Lu Ran olhou calmamente a cena caótica no terceiro andar, conferiu as horas e, deixando para trás uma quantidade de insetos voando e se contorcendo, desceu as escadas tranquilamente. Assobiando, voltou ao seu quarto, guardou o restante das “lições” em sua mochila, pegou a guia de Dahuang e saiu feliz da vila.
Ao sair, olhou para trás, bem a tempo de ver Shen Xingyu saindo do quarto no terceiro andar. Seu irmão estava com uma expressão indecifrável, coberto de gotas de água e apressado para voltar ao quarto e trocar de roupa.
Lu Ran balançou a guia, chamando a atenção dele.
Ao vê-lo, Shen Xingyu congelou na hora, hesitando entre voltar ou correr para o quarto.
Lu Ran então levantou uma sacola de “doces” e sorriu radiante: “Sr. Shen, fico à disposição para quando quiser me defender de novo.”
Shen Xingyu: “…”
Sem conseguir conter o enjoo, ele correu para o quarto, tapando a boca.
Enquanto isso, Ji Min também já havia recebido notícias sobre o que acontecera na casa dos Shen.
Quando estava prestes a sair para o trabalho, o mordomo Chen veio ao seu encontro, curvando-se levemente: “Algo aconteceu na casa dos Shen.”
“O que houve? Tem a ver com Lu Ran?” Ji Min franziu levemente a testa, seu tom sério, mas com uma pitada de preocupação.
Ao ouvir a pergunta, o mordomo Chen hesitou, seu rosto expressando uma dificuldade em resumir a situação: “Sim, está relacionado.”
Ji Min franziu ainda mais o cenho. “Shen Xingyu foi incomodá-lo de novo?”
O mordomo Chen novamente hesitou: “Hm… podemos colocar dessa forma.”
Ji Min suspirou e se preparou para sair. Perguntou: “Afinal, o que aconteceu?”
O mordomo Chen ficou em silêncio por alguns segundos, escolhendo cuidadosamente as palavras: “O jovem mestre Shen comeu a lição de casa do aluno Lu Ran.”
Apesar de estar ciente das confusões em que Lu Ran costumava se meter, Ji Min ficou boquiaberto. Sua expressão foi de total surpresa, até mais do que se tivesse ouvido que Shen Xingyu havia sido arrastado para um banheiro.
“Eu… lembro que a matéria de Lu Ran era Nutrição de Animais de Estimação?”
O mordomo Chen confirmou com um leve aceno de cabeça.
A expressão de Ji Min se tornou tão indescritível quanto a do mordomo Chen. Ele recordava que, recentemente, Lu Ran mencionara o progresso de seu experimento, incluindo ingredientes e técnicas.
Se alguém tivesse realmente comido aquilo…
Sim, a situação na casa dos Shen provavelmente estava “ótima”.
Ji Min e o mordomo Chen trocaram um olhar de compreensão mútua e, silenciosamente, ambos decidiram não discutir mais o assunto.
Ji Min comentou: “Hoje tenho uma agenda cheia.”
O mordomo Chen: “Compreendo.”
Foi só quando Ji Min já estava a caminho do trabalho que os dois finalmente conseguiram digerir o impacto da notícia.
O mordomo Chen então comentou, com um leve sorriso:
“Antes o senhor se preocupava que Lu Ran sofresse lá e queria trazê-lo para cá…”
Ele olhou para Ji Min, que estava absorto olhando pela janela do carro, sem responder.
Depois de mais um longo silêncio, já no estacionamento da empresa, o mordomo ouviu Ji Min murmurar para si mesmo, como se pensasse em voz alta:
“Ele trabalhou tanto nessa lição. Agora que foi comida, provavelmente isso vai prejudicar seu desempenho acadêmico.”
O mordomo Chen: “…”
Perfeito. O senhor sabe mesmo focar nos pontos mais importantes.
No entanto, a preocupação de Ji Min revelou-se desnecessária. Lu Ran havia feito várias porções de sua lição de casa.
No final, ele entregou uma das versões para o professor. O professor, que sempre parecia gostar de dificultar as coisas para os alunos, olhou a fórmula com uma expressão silenciosa.
Depois de alguns segundos de reflexão, deu a Lu Ran uma nota máxima.
Essa situação, no entanto, teve um grande impacto em Shen Xingyu. Inicialmente, ele só queria encerrar o assunto o mais rápido possível, lavar-se e ir para o trabalho. Mas, após o incidente armado por Lu Ran, ele sequer conseguiu ir ao escritório.
Primeiro, passou um bom tempo lutando com os insetos no terceiro andar, depois precisou consolar a Senhora Shen, que estava profundamente abalada. Em seguida, levou mais de uma hora no banho e perdeu a conta de quantas vezes escovou os dentes, tentando se livrar daquele persistente… sabor de barata.
Por fim, depois de trocar de roupa e pegar os documentos, entrou no carro e ordenou ao motorista que seguisse para a empresa. No meio do trajeto, porém, ele hesitou e mandou o motorista parar:
“Primeiro… vá para o hospital.”
Pela primeira vez desde que entrou para a empresa, o jovem Sr. Shen, conhecido por trabalhar mesmo doente, solicitou um atestado médico.
Quando finalmente se sentou no consultório, ainda estava atordoado. O médico o examinou de longe e perguntou:
“Qual o problema?”
Shen Xingyu ficou em silêncio.
O médico o olhou, sem compreender por que o paciente estava hesitando tanto em responder, mas, como já tinha experiência com situações assim, suspirou e tentou orientar:
“Se o seu caso é… algo difícil de falar, deveria ir para o setor de urologia. Esta é a gastroenterologia.”
Shen Xingyu: “…”
Ele finalmente murmurou: “Não… é que eu…”
Vendo-o tão confuso, o médico suspirou outra vez. Esse tipo de coisa, quase ninguém admitia sem resistência.
“Vou encaminhá-lo para o setor correto. Pegue o RG e vá para o térreo. Não se preocupe, os especialistas são bem preparados para lidar com essas questões.”
Shen Xingyu: “…”
Esfregando a testa, ele finalmente soltou, entre os dentes: “Não, estou aqui porque… comi algo… estranho.”
“Ah?” O médico se mostrou surpreso. “O que você comeu?”
Shen Xingyu voltou a se calar.
Impaciente com a demora, o médico o pressionou até que, sem saída, Shen Xingyu acabou admitindo: “Uma barata…”
“Ah?” O médico ficou atônito.
Depois que começou, foi mais fácil para Shen Xingyu descrever o incidente: “Era um doce, só que a cobertura era feita com pó de bactérias liofilizadas, e o recheio… continha baratas e uns vermes vermelhos, chamados tenébrios.”
Ele acrescentou: “Dei uma mordida e comi metade de uma barata.”
Shen Xingyu lembrava-se vagamente de que, no momento, seu cérebro estava em choque, mas sabia que, no mínimo, havia engolido uma parte. Ao pensar nisso, sentiu-se enjoado novamente.
“Quero saber se isso pode causar algum problema… Preciso fazer exames?” perguntou Shen Xingyu.
O médico o olhou fixamente e, após um breve silêncio, apenas abanou a mão e disse: “Acompanhe os sintomas e, caso apareça algo, volte para uma consulta.”
“Não é melhor tomar algum remédio?” perguntou Shen Xingyu, ainda preocupado.
“Medicamento não é algo que se toma como doce,” respondeu o médico, chamando o próximo paciente.
Desconcertado e ainda cheio de dúvidas, Shen Xingyu saiu do consultório. O médico o observou partir e suspirou, pensando em como os jovens hoje em dia inventavam desculpas mirabolantes para esconder problemas de outra natureza.
Shen Xingyu mal se lembrava de como deixou o hospital. Passou dias mentalmente abalado até que o enjoo se dissipou um pouco, mas o trauma de ter mordido uma barata continuava presente. Para a Senhora Shen e Shen Xingran, a experiência também havia sido inesquecível.
O resultado foi que, recentemente, a casa dos Shen estava incrivelmente silenciosa. Qualquer lugar onde Lu Ran aparecia era rapidamente esvaziado num raio de cinco metros.
No fim de semana, Lu Ran orgulhosamente relatou seu “feito” a Ji Min, suspirando:
“Passei tanto tempo preparando esses doces. Foram três para eles, e ainda fiquei com dó.”
Ji Min e o mordomo Chen, que ouviam a história, ficaram sem palavras.
Pensativo, Ji Min comentou: “Realmente, um desperdício.” Afinal, Lu Ran havia faltado ao trabalho duas ou três vezes e até aceitado uma redução de salário para conseguir produzir o tal “trabalho”.
“Não é?” respondeu Lu Ran.
Ji Min assentiu em concordância e, vendo a empolgação de Lu Ran, aproveitou a oportunidade para lançar uma ideia:
“Eles sempre arranjam confusão. E seus estudos? Não cansa ter que proteger seus trabalhos toda vez? Isso não é um incômodo?”
Ele esperava que Lu Ran concordasse para então fazer o convite de vir morar com ele.
Porém, ao invés disso, Lu Ran o olhou com olhos brilhantes e disse, animado: “Nem um pouco! Eu me divirto muito!”
Ji Min: “…”
Ótimo, claramente ele havia entendido errado.
Mas Ji Min não desistia facilmente de uma “negociação”. Então, acrescentou: “Mas isso atrapalha seu trabalho extra. Quantas vezes você já precisou se ausentar este mês?”
“Hum…” Dessa vez, Lu Ran respondeu com uma leve hesitação, lançando um olhar furtivo para Ji Min, seu chefe. Na semana passada, ele tinha até dito que espalharia a “excelente reputação” de Ji Min pela cidade. Mas, com os experimentos recentes, acabara esquecendo.
“Talvez tenha atrapalhado um pouco,” Lu Ran admitiu, sentindo-se mal pelo salário perdido.
Vendo isso, Ji Min soltou um suspiro discreto de alívio. Preparava-se para continuar quando percebeu que Lu Ran estava calculando algo nos dedos, e logo disse:
“Mas, morando na casa dos Shen, eu economizo o aluguel. No fim das contas, nem é um prejuízo tão grande.”
Ele sorriu: “Além disso, sempre tem alguma diversão. E o Dahuang até ganhou um quarto só para ele.”
Ji Min ficou atônito: “Um quarto para o Dahuang?”
“Sim! Peguei o antigo quarto do Shen Xingyu para ele.” Lu Ran respondeu, rindo.
Ji Min: “…”
O “negócio” da vez havia sido um desastre completo para Ji Min.
Ao chegar em casa, a primeira coisa que ele disse ao mordomo foi: “Peça para a equipe preparar mais um quarto.”
O mordomo Chen hesitou, mas antes que pudesse responder, Ji Min fez um adendo:
“Não, melhor preparar as duas suítes interligadas no canto do segundo andar. Assim, o Dahuang pode encontrá-lo à noite.”
O mordomo, ao ouvir isso, não conseguiu se conter e observou:
“Mas o jovem Lu Ran nem aceitou a proposta. Para ser mais exato, o senhor sequer fez o convite.”
Agora foi Ji Min quem ficou em silêncio.
Ele olhou para os quartos no segundo andar e murmurou:
“Como posso deixar ele morando na casa dos Shen? O filho adotivo de Shen Hongyuan é estranho, e Shen Hongyuan deve estar tramando alguma coisa. Agora, com Shen Xingyu naquele estado… e ele ainda…”
Ji Min suspirou, sem conseguir terminar.
Ao erguer o olhar, encontrou o mordomo Chen sorrindo, com uma expressão serena e perspicaz, como se visse tudo com absoluta clareza.
Ji Min engoliu em seco e, como que para justificar sua preocupação excessiva, ou talvez para se convencer, acrescentou:
“O Shen Xingyu ainda comeu a lição dele. Isso afeta seus estudos.”
Como se, de repente, tudo pudesse ser justificado com o pretexto de “ajudá-lo a estudar.”
O mordomo Chen: “…”
Ele pensou que usar o incidente da “lição de casa” dessa maneira era uma verdadeira obra de engenharia retórica.
“Mas o jovem Lu Ran não parece se importar com isso,” o mordomo apontou.
Ji Min, impassível, apertou levemente os lábios, e então adotou um tom paternal:
“Ele é muito jovem. Se se arrepender mais tarde, já será tarde demais.”
O mordomo Chen: “…”
Uma vez mais, ele se perguntava sobre o modelo de educação familiar dos Ji.
No fim, Ji Min só queria proteger Lu Ran, mas tecia tantos argumentos tortuosos para si mesmo.
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A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
Lu Ran é o filho biológico negligenciado de uma família rica.
Quando ele tinha quatro anos, se perdeu. Ao retornar para casa, sua família favoreceu o filho adotivo, Shen Xingran,...