Capítulo 97: Vigilância Rigorosa
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A criança na foto tinha cerca de três ou quatro anos, vestindo uma malha amarela clara e um macacão jeans azul.
As alças do macacão estavam um pouco frouxas, escorregando dos ombros e caindo desajeitadamente sobre os cotovelos.
Mas o que mais chamava atenção eram os olhos do garoto. Grandes e escuros, olhavam para a câmera como os de um cachorrinho dócil, despertando em quem olhava uma sensação de ternura. Isso… se ignorasse as minhocas escuras que ele segurava em cada uma das mãozinhas.
Ji Min ficou surpreso, observando a foto em suas mãos por um bom tempo, antes de erguer o olhar para o jovem sentado na cama.
Nesse momento, Lu Ran já havia saltado da cama descalço, agachando-se para pegar as fotos que caíram no chão. Ao ver que Ji Min já segurava uma delas, não se apressou, mas esfregou a bochecha com um leve desconforto e resmungou: “Por que você entrou de repente?”
“Quem mandou você deixar a porta aberta.”
Ji Min respondeu casualmente, ainda com os olhos fixos na foto, quase relutante em devolvê-la.
Lu Ran esperou por um tempo antes de estender a mão, impaciente: “Ainda não terminou de olhar?”
Ji Min olhou da foto para o rosto do jovem, e seus olhos se detiveram especialmente naquele par de olhos escuros.
“Como você encontrou uma foto de quando era pequeno?” perguntou ele.
Lu Ran puxou a foto de sua mão, saltou de volta para a cama e, com um toque de desconforto típico dos adolescentes ao ver fotos antigas, pegou outra da pilha e a examinou.
Ele olhou para a criança fofa e rechonchuda na foto, colocou-a ao lado do próprio rosto e perguntou a Ji Min, meio incrédulo: “Chefe, essa criança sou eu mesmo?”
Ji Min não conteve uma risada.
Ele levou sua cadeira de rodas até a beira da cama e perguntou em tom de brincadeira: “Se não é você, quem mais seria?”
Lu Ran recolheu a foto, baixou o olhar e murmurou: “Eu achei que fosse Shen Xingran.”
Quando cresceu, Lu Ran havia visto algumas de suas fotos de infância no orfanato. Naquela época, sua saúde era frágil, e todas as suas fotos mostravam uma criança pálida e magra. Embora os cuidadores se dedicassem aos órfãos, era impossível atender a todos com perfeição. Por isso, Lu Ran nunca imaginou que teria sido uma criança assim, cheia de vitalidade.
Ji Min arqueou as sobrancelhas. Parecido com Shen Xingran? Esse garoto deve ser daltônico.
Lu Ran examinou cuidadosamente cada foto da caixa e, fazendo pouco caso, empurrou-as para o lado da cama.
Segurando a caixa vazia, resmungou: “Shen Hongyuan escondeu isso tão bem que achei que fosse algo valioso. E são só fotos?”
“E o que você esperava?” perguntou Ji Min.
Lu Ran segurou a caixa por um momento, refletindo, antes de responder com sinceridade: “Um cheque gordo.”
Ji Min: “…”
Ele segurou a testa e riu por um bom tempo antes de pegar as fotos na cama.
Havia apenas uma dúzia delas, mas para Ji Min, essas eram mais preciosas que qualquer cheque.
Sentado na cadeira de rodas, Ji Min folheava as fotos uma a uma. Embora Lu Ran tivesse dito que não tinha interesse, logo se aproximou, deitando-se de bruços na cama e esticando o pescoço para ver as fotos na mão de Ji Min.
Até o cachorro Da Huang, curioso, se aproximou.
Os três – dois humanos e um cachorro – olhavam atentamente para as fotos da criança.
Enquanto Ji Min virava as fotos, percebeu que a maioria eram fotos espontâneas da criança sozinha. Mas nas bordas da imagem, ocasionalmente, uma mão envelhecida ou uma bengala aparecia.
Quando chegou às últimas fotos, Ji Min viu uma em que a criança estava acompanhada.
A foto mostrava um senhor de uns sessenta ou setenta anos, com uma expressão séria, quase severa.
Havia apenas duas fotos juntos.
Em uma delas, o senhor e a criança estavam parados lado a lado, ambos olhando sérios para a câmera. A criança estava parada ao lado do idoso, tão rígida como um soldadinho em posição de sentido.
Na outra, o idoso estava sentado majestosamente em uma cadeira de madeira nobre. A criança estava sentada em seu joelho direito, mas sem se aninhar ao seu corpo, apenas esforçando-se para ficar ereta e olhar para a câmera.
Essas duas fotos não transmitiam proximidade.
A criança parecia bem menos animada do que nas outras fotos.
Lu Ran espiou a imagem e não resistiu a apontar para o idoso, perguntando:
“Quem é esse? O avô de Gu Ningqi?”
Ji Min o olhou surpreso e depois examinou a foto do idoso mais atentamente.
Depois de refletir um pouco, disse: “Deve ser o velho Shen.”
Ji Min tinha cerca de quatorze ou quinze anos quando o patriarca Shen faleceu. A família Ji não tinha muito contato com os Shen, então Ji Min não guardava muitas lembranças do velho.
Lu Ran olhou mais um pouco e assentiu: “Provavelmente é. Shen Xingyu deve ficar assim quando envelhecer.”
“Tantas fotos e você não tem nenhuma lembrança delas?” perguntou Ji Min.
Lu Ran balançou a cabeça: “Nenhuma!”
“Você e essa cabeça…” Ji Min suspirou, mas, ao pensar melhor, percebeu que talvez fosse melhor assim para Lu Ran.
Ele apontou para o fundo das fotos, esforçando-se para lembrar de suas próprias memórias de dez anos atrás:
“Foram enviadas pela família Gu? Parece que foram tiradas nos jardins deles.”
Ao ouvir isso, Lu Ran ficou olhando para Ji Min por um momento antes de dizer:
“Chefe, me passa o contato do tio Gu no WeChat!”
Ji Min ficou surpreso.
Ao olhar para as fotos em sua mão, algo pareceu estranho.
Essas fotos não pareciam ser tiradas por um fotógrafo profissional; davam a impressão de terem sido capturadas casualmente por um amigo ou parente.
E, pensando bem, na família Gu, apenas Gu Zhi gostava de fotografia.
Então…
Ji Min só podia observar a doçura da criança por meio dessas fotos. Mas Gu Zhi, dez anos atrás, não só o conhecera como o acompanhara, brincara com ele e até tirara fotos?
Lentamente, Ji Min acariciou o rosto da criança na foto.
Ele disse, com um ar indiferente: “Que tio Gu? O velho Gu tem três filhos.”
“O que veio no seu aniversário!” respondeu Lu Ran.
Ji Min pousou as fotos devagar.
“Naquele dia, alguém da família Gu veio? Eu realmente não me lembro,” disse Ji Min.
Lu Ran lançou-lhe um olhar estranho, pensando que tipo de memória de peixe dourado ele tinha.
“Foi aquele… aquele…” Ele se esforçou para lembrar o nome e, finalmente, disse: “Gu Zhi ou Gu… alguma coisa?”
Ao perceber que Lu Ran nem sabia o nome corretamente, Ji Min finalmente se sentiu satisfeito e corrigiu: “Gu Zhi, isso mesmo. Por que chamá-lo de ‘Tio Gu’?”
“Isso, esse mesmo!” Lu Ran concordou, impaciente.
Vendo tanta pressa, Ji Min, de repente, não se sentiu tão disposto a ajudar.
“Hoje está tarde. Além disso, acho que esqueci meu celular quando vim para cá.”
Mal terminou de falar e Lu Ran já havia se inclinado para mais perto, batendo na altura do bolso de Ji Min.
“Você trouxe, sim!”
Ji Min estremeceu ao toque e, resignado, tirou o celular do bolso, pensando que certos garotos realmente não mantêm suas promessas. Naquele dia, Lu Ran havia dito que não pediria o contato de ninguém tão casualmente.
Ji Min desbloqueou o telefone e abriu a lista de contatos, deslizando pela tela devagar.
Era seu celular de trabalho, então os contatos eram inúmeros.
Ele demorava de propósito, e Lu Ran estava cada vez mais ansioso, agitando os braços para apontar: “Procura! Usa a função de busca!”
Depois de muita enrolação, Ji Min finalmente encontrou o contato de Gu Zhi.
Lu Ran continuou a instruir: “Agora, envie o contato dele para mim.”
Ansioso, o garoto já estava meio pendurado na cadeira de rodas.
Ji Min arqueou uma sobrancelha, e então, como se estivesse jogando a toalha, disse: “Enviar contato? Não sei fazer isso.”
Lu Ran: “???”
Ele ficou boquiaberto. “Você não sabe?”
“Isso mesmo,” Ji Min respondeu tranquilamente. “Estou ficando velho, não acompanho essas coisas.”
“Mas…” Lu Ran piscou, percebendo algo estranho.
Franziu a testa e disse: “Espera, mas naquele dia você disse que me enviaria o contato, e fui eu quem recusou.”
“…Você deve ter entendido errado,” Ji Min respondeu.
Lu Ran sentou-se de volta na cama e ficou observando Ji Min em silêncio.
Depois de um momento sob aquele olhar, Ji Min suspirou, adotando um tom sério: “Esse é o contato profissional de Gu Zhi. Não sei se ele se sentiria à vontade em compartilhar com você. Se quiser perguntar algo, use meu celular.”
Então, ele não perdeu a oportunidade de difamar o outro: “A vida pessoal dele é bem confusa, sabe? Não acho uma boa ideia você adicioná-lo.”
“Mas o que tem a ver a vida pessoal dele com a minha?” Lu Ran perguntou, confuso.
Ji Min não respondeu, apenas entregou o celular.
Em seus pensamentos, porém, ele sabia que isso tinha tudo a ver.
Lu Ran chamava Gu Zhi de “Tio Gu” corretamente. Ao contrário de Ji Min, que se tornara um “parente” de última hora, as famílias Shen e Gu eram velhas aliadas. De fato, Gu Zhi poderia ser considerado um verdadeiro “tio” de Lu Ran.
Se desconsiderassem o parentesco, pela idade, Gu Zhi também poderia facilmente cumprir o antigo acordo de casamento entre as famílias Gu e Shen.
Com o celular em mãos, Lu Ran se deitou no travesseiro e começou a digitar uma mensagem para Gu Zhi, as pernas balançando de leve.
Pelo canto do olho, Ji Min observava o movimento do garoto, seus dedos acariciando distraidamente o pequeno cachorro metálico no controle da cadeira.
Depois de um tempo, não se conteve e segurou o tornozelo de Lu Ran, impedindo-o de balançar as pernas.
Ele se conteve para não deslizar os dedos, apenas segurou firmemente o pé do garoto e o empurrou de volta sob a colcha.
Lu Ran deu um pequeno sobressalto e virou-se para olhar, instintivamente empurrando a colcha com o pé: “Não estou com frio.”
“Mesmo assim, pare de balançar as pernas,” Ji Min disse baixinho.
Lu Ran o encarou por um momento.
Então, de repente, largou o celular e sentou-se.
“O que foi? Não vai continuar sua conversa?” Ji Min perguntou.
“Ah, sim,” respondeu Lu Ran, voltando a se deitar, mas em um ritmo visivelmente mais lento.
Ji Min permaneceu ao lado da janela, ouvindo, mas não ouviu nenhuma notificação de mensagem.
Foi então que se lembrou de que havia deixado o celular no modo silencioso após o trabalho.
Ele se perguntou o que os dois poderiam estar conversando.
Olhando de relance para Da Huang, que estava deitado no tapete, Ji Min levantou o dedo, dando um comando para o cachorro latir.
Da Huang se animou e imediatamente sentou-se, soltando um “au!”
Ao ouvir o latido, Lu Ran largou o celular e se virou para olhar para Da Huang.
“O que foi, Da Huang?” ele perguntou ao cachorro.
Como Da Huang não podia responder, Ji Min o fez.
“Não sei por que ele latiu. Talvez queira dar uma volta?”
“Isso é estranho.” Lu Ran pegou Da Huang no colo e o examinou. “Nessa hora, ele costuma estar dormindo.”
“Pode ser que precise sair para o banheiro,” sugeriu Ji Min.
“Mas ele acabou de sair há pouco,” Lu Ran disse, acariciando a cabeça de Da Huang, desconfiado.
O cachorro apenas olhou para Ji Min em silêncio.
Ji Min pigarreou e finalmente perguntou: “Por que você quer falar com Gu Zhi?”
“Ah, passei meu contato para ele. Pedi que ele me adicionasse,” Lu Ran disse.
Ji Min, que tentava manter Gu Zhi à distância, ficou sem palavras.
“Então, já que vocês estão se falando, conversem direto.”
Esforçando-se para manter a compostura, Ji Min apertou os dentes, pegou o celular e se virou para sair.
Mas, ao olhar para a tela, percebeu que a janela de conversa com Gu Zhi estava vazia, sem nenhuma mensagem.
Ele parou, olhando de volta para Lu Ran.
O garoto estava abraçando o cachorro, sorrindo de maneira astuta.
Então perguntou: “Chefe, você estava com ciúmes?”
Ji Min não esperava ser pego dessa forma.
Ele ficou em silêncio por um longo momento antes de virar-se, olhando diretamente para Lu Ran, e respondeu:
“E se eu disser que sim?”
Lu Ran: “…Hã?”
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A BUCHA DE CANHÃO DA FAMÍLIA RICA ENLOUQUECEU
Lu Ran é o filho biológico negligenciado de uma família rica.
Quando ele tinha quatro anos, se perdeu. Ao retornar para casa, sua família favoreceu o filho adotivo, Shen Xingran,...