Capítulo 1: O Enredo se Desenha

“Swish—”

A garota de azul segurava a espada com firmeza, a lembrança ainda vívida em sua mente enquanto a lançava com toda a força. A luz da lâmina cintilou, e a ponta cravou-se firme no crânio da besta.

A criatura rugiu de dor, sua respiração pesada e irregular como trovões. Após uma breve luta, arrastando os membros pelo chão, fechou os olhos em derrota e tombou, sem vida.

— Eu consegui! — exclamou Ming He, puxando a espada longa e olhando para a lâmina com um brilho de empolgação nos olhos.

Após três meses ali, finalmente havia compreendido a energia da espada — seu primeiro passo rumo ao mundo da esgrima. A garota de azul embainhou a espada, sentindo o coração antes apertado relaxar um pouco.

Ao aliviar-se, uma dor aguda no ombro direito lembrou-lhe do ferimento sofrido na luta contra a besta. Sem tempo para cuidar da ferida, deixou que o sangue manchasse suas roupas.

Ming He suspirou com um sorriso irônico, retirando um pequeno frasco de porcelana da bolsa de armazenamento. Derramou uma pílula na mão e a engoliu.

Estava ferida, mas viva. Não apenas havia compreendido a energia da espada, como também derrotado a besta.

Ela só pretendia colher uma erva espiritual, mas a criatura a perseguiu por três dias e três noites, quase ceifando sua vida.

Ming He olhou para a erva espiritual em seus braços, os olhos brilhando ao fitar o cadáver da besta. Apesar de estar ali há apenas três meses, já sabia que aquelas feras eram verdadeiros tesouros.

Iria extrair os materiais da criatura e trocá-los no salão de tarefas por pedras espirituais, aumentando seus recursos.

Com um sorriso, a garota de azul se agachou e puxou uma lâmina afiada, começando a desmontar a criatura de maneira desajeitada.

A besta que a perseguiu parecia imponente, mas isso era apenas reflexo de sua inexperiência. Na verdade, apenas o couro e os chifres da criatura tinham valor.

Mesmo assim, Ming He acreditava em não desperdiçar nada. Cortou a criatura em pedaços, enchendo sua pequena bolsa de armazenamento até o limite.

Pronto! Ming He bateu as palmas das mãos, limpando o sangue, e se virou para ir embora.

— Pare aí! — uma voz autoritária soou atrás dela.

Ming He hesitou por um instante, mas logo disparou para frente com ainda mais velocidade.

Se você manda eu parar, por que eu obedeceria? Que vergonha seria essa!

— Ousada, hein? — a voz atrás dela fervilhava de raiva.

“Whoosh—”

O som de algo cortando o ar chegou aos seus ouvidos. Antes que pudesse reagir, uma pedra roçou seu joelho direito, causando uma leve ardência.

Apesar de não ferida, a distração a fez perder velocidade, e os perseguidores rapidamente a cercaram.

Ming He recolheu sua energia espiritual e pousou no chão, erguendo o olhar para cerca de dez pessoas. À frente delas estava um garoto de cinza, exalando arrogância.

Ao seu lado havia um jovem com uma cicatriz em forma de lâmina no rosto, sua expressão feroz e ameaçadora, ainda segurando a pedra que a atingira.

Foi ele quem a acertou.

Um brilho gélido passou pelos olhos de Ming He.

— Por que estão bloqueando meu caminho?

— Entregue sua bolsa de armazenamento — exigiu o garoto de cinza, com um tom presunçoso.

— Heh! — Ming He riu friamente, achando graça da situação. — Vieram me roubar? Que infantilidade.

— Como se atreve a falar assim com o Irmão Sênior Wang?! — latiu o homem da cicatriz, voltando-se para o garoto de cinza com respeito exagerado.

— Irmão Sênior Wang? — repetiu Ming He com um leve sorriso, os olhos afiados. Ela não sentia nenhuma força superior no garoto de cinza.

Na verdade, entre todos ali, ele parecia o mais fraco.

— Não entendeu? O irmão do Irmão Sênior Wang, aquele do setor externo? — O Homem da Cicatriz se vangloriava com orgulho. — Pelo seu traje, você deve ser discípula do setor externo da Seita Liu Yun. O quê? Nem reconhece o status do Irmão Sênior Wang?

O Irmão Sênior Wang a que ele se referia não era o mesmo de antes.

Falava depressa, sem notar o olhar cada vez mais frio do garoto de cinza atrás dele.

— Ah, você está falando de Wang Feilong? — Ming He lançou um olhar ao redor, calculando secretamente rotas de fuga.

— Chega. Entregue sua bolsa de armazenamento — interrompeu o garoto de cinza, impaciente. — Não quero seus pertences nem suas pedras espirituais. Só quero verificar se a erva espiritual roubada da Irmã Sênior Liu está com você.

Erva espiritual?

Os olhos de Ming He brilharam. Então a erva que ela obteve também interessava a outros?

Mesmo assim — quem pega primeiro, é o dono! Agora que estava em suas mãos, ninguém a tiraria.

— Isso é impossível! — recusou-se firmemente, canalizando sua energia espiritual e atacando o garoto de cinza sem hesitar, olhos resolutos e coração decidido.

Se ele era irmão de Wang Feilong, os outros não ousariam deixá-lo morrer. Além disso, com sua cultivação muito superior à dele, o crédito por salvá-lo seria maior do que o de capturá-la.

Como Ming He previra, ao vê-la atacar com ferocidade, os cultivadores que a cercavam recuaram e se posicionaram ao lado do garoto de cinza, deixando amplo espaço livre ao redor dela.

— Vai! — sussurrou Ming He, reunindo toda sua força para lançar sua espada longa na direção do garoto de cinza. Seu corpo recuou vários metros com o impulso.

A garota de azul concentrou sua energia espiritual e saltou para as copas das árvores, movendo-se rapidamente entre os galhos e desaparecendo num piscar de olhos.

— Irmão Sênior Wang, está bem?

— Está ferido?

— Irmão Sênior Wang…

Cerca de dez pessoas cercaram o garoto de cinza, aparentando tensão, mas os olhos permaneciam calmos e indiferentes.

— Por que estão me cercando? — rugiu o garoto de cinza. — Tragam-na de volta!

— Não, matem-na! — O garoto estava profundamente abalado.

Como ela ousa me atacar? Está pedindo para morrer! Hmph, e daí se todos fossem discípulos do setor externo da Seita Liu Yun?

Havia tantos discípulos no setor externo… Se um morresse, ninguém notaria. E mesmo que notassem, quem o puniria?

— Entendido — o Homem da Cicatriz foi o primeiro a concordar, desaparecendo num piscar de olhos em perseguição a Ming He.

— Vamos também — disseram os outros, sem querer demonstrar fraqueza.

Região externa das Montanhas Liu Yun.

Ming He avançava veloz, sentindo várias presenças poderosas atrás dela, ficando cada vez mais irritada.

É tão difícil despistá-los! O nível de cultivação deles era mais alto; ela só conseguira escapar até então graças à astúcia e sorte.

Mas se fosse capturada de novo, não teria uma segunda chance.

Dessa vez… poderia morrer.

Esse mundo de cultivação é mesmo cruel, pensou Ming He, lembrando dos romances de sua vida passada, cheios de mortes por tesouros, onde os fracos eram devorados pelos fortes. O coração pulsava entre ansiedade e excitação.

Mas seria bem mais emocionante se minha cultivação fosse mais alta! Dançar na beira de uma espada era divertido, mas morrer no processo… seria trágico.

A garota de azul praguejou mentalmente, os pés não parando enquanto mergulhava numa floresta densa, pisando suavemente nos galhos em direção à seita.

— Te encontrei! — O Homem da Cicatriz surgiu por trás de uma árvore imensa, o olhar fixo nela como um predador faminto, misto de fervor e frieza.

Ming He se assustou e virou para fugir.

— Você não vai escapar — sussurrou o Homem da Cicatriz, sem querer chamar atenção dos outros. Estava determinado a obter esse mérito sozinho.

Com esse pensamento, ergueu sua enorme faca e a brandiu com força e velocidade assustadoras.

Ming He rapidamente se escondeu atrás de uma árvore, a mente girando em busca de estratégias.

Sua espada fora lançada no garoto de cinza antes — agora estava desarmada e vulnerável.

A garota de azul observou a faca ensanguentada cortar a árvore ao meio, e um lampejo de medo passou por seus olhos.

O Homem da Cicatriz percebeu e se encheu de confiança, acreditando que a vitória estava garantida.

Sem querer fazer alarde, olhou para Ming He com evidente orgulho e disse:

— O Irmão Sênior Wang mandou tirar sua vida. Se quiser culpar alguém, culpe ele.

Concentrando energia espiritual para abafar qualquer som, ele balançou a faca na direção de Ming He mais uma vez, com expressão despreocupada.

É agora!

Os olhos de Ming He se aguçaram. Ela desviou com agilidade, mas em vez de fugir, abaixou-se e correu direto para os braços do Homem da Cicatriz, sem deixar espaço para recuo.

Ele se desesperou. Havia previsto que ela fugiria para um ponto específico e atacou aquele local, mas a reação inesperada a deixou fora de alcance.

Ming He não pensava em nada além de sua chance única — e ela desapareceria num piscar de olhos, então precisava agarrá-la.

Aproveitando-se de um pequeno punhal que havia pegado sem ser notada, ela cravou-o no peito do homem, atingindo o ponto vital com precisão.

A lâmina podia cortar ossos de bestas — era mais afiada que sua espada, mais que suficiente para matar um cultivador que ainda não dominava energia de proteção.

— V-você… — O Homem da Cicatriz arregalou os olhos, inconformado, e tombou, logo perdendo a vida.

— Ha… — Ming He respirou fundo, encarando as próprias mãos ensanguentadas, o coração em tumulto.

Em suas duas vidas, era a primeira vez que matava alguém. Uma vida tão vívida se extinguir num instante… ela realmente não conseguia permanecer indiferente.

Mesmo num mundo onde vidas valiam menos que capim e matar por tesouro era comum, ela… ainda não conseguia aceitar.

O que acabara de fazer foi instintivo, um reflexo de sobrevivência em meio à morte iminente. Mas agora que o perigo passou, olhar para o corpo no chão a fez sentir dor e conflito.

“Ele queria me matar primeiro. Se ele não morresse, eu morreria.” Ming He tentou se consolar, mas o peso continuava.

Ela sabia, porém, que não era hora para sentimentos profundos. O garoto de cinza tinha cerca de dez seguidores. Um estava morto, mas os outros continuavam vivos.

Ela não podia derrotar nenhum deles; nem todos cairiam no mesmo truque. Algumas estratégias só funcionavam uma vez — Ming He sabia disso muito bem.

Assim, a garota de azul se abaixou para pegar a bolsa de armazenamento e a faca do Homem da Cicatriz. Pensou que agora poderia retornar à seita com mais facilidade, sem ser notada. Decidiu ir para o interior das montanhas, esconder-se por um tempo antes de voltar.

Bestas eram muito mais fáceis de lidar do que humanos!

Satisfeita com a decisão, a garota de azul virou-se e seguiu para as profundezas das montanhas.

Quinze minutos após sua partida, várias presenças se aproximaram e logo chegaram ao local onde Ming He estivera.

— Devemos continuar procurando? — perguntou um deles, olhando para o corpo do Homem da Cicatriz e a cintura vazia, hesitante.

— Vamos voltar e relatar ao Irmão Sênior Wang primeiro — respondeu outro.

Diante da vida e da morte, é claro, a vida própria vinha primeiro.

— Bando de inúteis! — rosnou o garoto de cinza. — Vou falar com a Irmã Sênior Liu. — Virou-se e saiu, sem notar o desprezo gelado nos olhos dos que ficaram para trás.

Na região interna das Montanhas Liu Yun,

Ming He caminhava com cautela, evitando as bestas, sentindo que não havia mais presenças a persegui-la. Esperou mais um pouco e escolheu um caminho diferente para retornar à seita.

Hmm? O que é aquilo?

Olhando ao redor, Ming He avistou uma bandeira antiga flutuando no ar, balançando ao vento com um som suave. Curiosa, escondeu-se atrás de uma pedra quebrada e espiou, usando galhos retorcidos para ter melhor visão.

Diante dela havia um vale baixo; a bandeira pendia sobre ele, e abaixo dela estavam algumas pessoas, aparentemente dispostas em uma formação.

No centro estava… uma mulher de branco?

A distância era grande, então Ming He não conseguia ver claramente. A curiosidade a impulsionava, e ela esticou o pescoço tentando vislumbrar o rosto da mulher.

O ar estava estranhamente silencioso, quando de repente o som de cigarras ecoou. Ming He se assustou, sentindo o coração acelerar.

No instante seguinte, a realidade a atingiu —

Seu pescoço esfriou de repente. Algo gélido pressionava seu ponto vital: uma espada encostada à sua garganta.

— Venha comigo — ordenou uma voz rouca e profunda atrás dela.