Capítulo 23: Arte da Espada Nebulosa
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No terceiro andar da biblioteca da Seita Liu Yun,
Ming He fitava o livrinho fino à sua frente, tomada por uma onda de dúvida. Será que aquilo realmente era a Arte da Espada Nebulosa de que o Mestre da Seita falara, a técnica que a ajudaria a compreender a verdadeira intenção da espada?
Pela aparência, parecia ter no máximo dez páginas. Como um volume tão fino poderia custar mil pontos de contribuição?
Mas onde ela conseguiria reunir mil pontos de contribuição agora?
Depois de trocar pela técnica Luz Tremeluzente, ela só tinha dois pontos sobrando. O Irmão Sênior Qing Feng mencionara que os discípulos herdados recebiam cem pontos por mês. Sendo discípula há apenas quatro meses, ainda não tinha nem metade do que precisava.
Ming He olhou ao redor, para a coleção cintilante de técnicas marciais e habilidades, resignada ao fato de ainda estar pobre. Então, onde conseguir uma quantidade tão grande de pontos?
Esperar mais seis meses estava fora de cogitação; no caminho da cultivação, cada momento era precioso — quanto mais meio ano!
Com um estalo de ideia, Ming He encontrou uma solução:
— O Salão de Tarefas!
Era ali que se aceitavam as missões. Ela já tivera que realizar tarefas quando era discípula da seita externa. Naquela época, havia trabalhado por três meses para ganhar poucos pontos, devido à sua baixa posição e privilégios limitados. Agora, como discípula herdada, as tarefas disponíveis deveriam ser de outro nível.
— Exatamente, o Salão de Tarefas — uma voz clara soou atrás dela. — Aceitar tarefas não é só para ganhar pontos de contribuição, mas também uma forma de treinamento para os discípulos herdados.
— Segunda Irmã Sênior? — Ming He virou-se para ver a mulher elegante de roxo. — Que coincidência, você também está na biblioteca?
— Não é coincidência — respondeu Lou Qing Shang com um sorriso radiante. — Vim especialmente para te encontrar.
— Como sabia que eu estaria aqui? — Ming He perguntou, percebendo que coincidências assim eram raras.
— A Arte da Espada Nebulosa é obrigatória para todo discípulo herdado que pratica a espada. Seja para compreender a verdadeira intenção da espada ou não, ela deve ser trocada — explicou Lou Qing Shang, pegando o livrinho fino e agitanto-o suavemente, seu semblante escurecendo momentaneamente.
— Trocar por essa técnica exige mil pontos de contribuição — continuou —, esse é o requisito mínimo. Depois de dominar o básico, será preciso adquirir as específicas Pedras Nebulosas para aprofundar o entendimento. Cada Pedra Nebulosa é cara e só pode ser obtida com pontos de contribuição.
— Para cultivar essa técnica, você deve ir ao Salão de Tarefas e escolher as mais difíceis. Quanto mais difícil a tarefa, maior a recompensa.
— É mesmo? — Ming He refletiu. — Isso seria um teste para os discípulos herdados?
— Exatamente. Caso contrário, os discípulos herdados receberiam cem pontos todo mês sem mover um dedo, sem nunca precisar aceitar tarefas.
— Mas o caminho da cultivação é uma luta contra tudo. Um cultivador da espada que nunca mancha sua lâmina dificilmente pode ser chamado de verdadeiro — disse Lou Qing Shang, o sorriso permanecendo, porém o olhar ficando mais frio.
— Por que você me conta tudo isso, Segunda Irmã Sênior? — perguntou Ming He, lembrando-se do olhar de desdém de Yun Zhao Feng. O sorriso de Lou Qing Shang parecia acolhedor, mas alguém que mal conhecia poderia ser tão aberto apenas por causa de uma Pequena Irmã Júnior?
Ming He sentiu uma pontada de ceticismo, suspeitando haver algo por trás.
Ela confiava só no que era concreto e duvidava da existência de sentimentos genuínos no mundo da cultivação, especialmente quando se tratava dela.
Então, o que Lou Qing Shang queria?
— Como você me chama? — Lou Qing Shang perguntou sorrindo, aproximando-se. Enquanto Ming He se distraía, ela deslizou os dedos pelos cabelos escuros de Ming He, encantada com a maciez, os olhos curvando-se em deleite. — Já que me chama de Segunda Irmã Sênior, então aja como uma Pequena Irmã Júnior. Não cansa pensar demais?
— Quanto ao motivo de eu te contar isso, não é sem razão — continuou, virando as costas para Ming He, com um tom cheio de complexidade que Ming He não compreendia totalmente. — O Mestre deve ter dito que, para compreender a verdadeira intenção da espada, você deve praticar a Arte da Espada Nebulosa. Ele não estava errado. Se alguém na Seita Liu Yun puder compreendê-la, será por meio dela.
— Eu também pratiquei a Arte da Espada Nebulosa, mas parei num muro após o nível introdutório — admitiu Lou Qing Shang, rindo suavemente, meio de si mesma. — Porque meu coração não é puro o suficiente. Uma mente cheia de distrações não consegue se entregar verdadeiramente à espada. Para mim, a espada é só uma ferramenta externa, mas você é diferente.
Lou Qing Shang voltou-se para Ming He, o olhar sincero ao encarar a garota de azul.
— Aquele dia na competição da seita externa, durante sua luta com Liu Rui, eu vi o momento em que você compreendeu a intenção da espada!
— Ming He, eu acredito que você pode compreender a verdadeira intenção da espada. Por isso estou aqui.
Era um anseio que ela tivera, uma paixão pelo caminho da espada que a levara ao limite de sacrificar sua cultivação, mas que acabou cedendo à realidade.
Lou Qing Shang abaixou a cabeça, escondendo o desamparo interno, mas ao olhar de novo para frente, seus olhos estavam calmos, sem revelar nada.
— Antes de me tornar discípula, também passei um tempo na seita externa da Liu Yun. — Seu status era ainda mais baixo que o de Ming He, e suas condições, mais precárias.
— Qing Feng me disse que, durante minha ausência, o Mestre acolheu uma Pequena Irmã Júnior que dizia parecer comigo. Mas depois de te conhecer hoje, vejo que não somos parecidas.
Lou Qing Shang pousou o livrinho e caminhou até a escadaria.
— Ir ao Salão de Tarefas para aceitar missões não é só sobre pontos de contribuição e treinamento.
Ela abriu a boca e lançou outra pergunta, sem intenção de respondê-la.
— Pega!
A mulher chamou suavemente, tirando algo do decote e jogando em direção a Ming He.
Ming He estendeu a mão instintivamente e agarrou uma bolsa roxa que brilhava com uma luz misteriosa, surpresa ao olhar para a mulher.
Lou Qing Shang descia os degraus com a túnica levantada, virando a cabeça com um sorriso radiante que iluminava seus olhos. O grampo roxo no cabelo balançava, traçando um belo arco nos fios.
— Um presente pelo nosso primeiro encontro!
— Pequena Irmã Júnior, nem precisa me agradecer tanto! — Lou Qing Shang ergueu a sobrancelha de forma brincalhona, a voz cheia de expectativa. Depois disse isso e sumiu da vista de Ming He.
O que isso significava? Ela falou tanto, mas Ming He mal conseguia captar o sentido completo. As primeiras partes foram só explicações e noções básicas da Arte da Espada Nebulosa, mas o final claramente trazia intenções ocultas.
Ming He guardou a bolsa e preferiu não comentar. Depois de guardar o livrinho, saiu da biblioteca e ficou na encruzilhada, pensando no próximo passo.
Com seiscentos pontos de contribuição, levaria meses para cumprir tarefas, especialmente as difíceis que Lou Qing Shang mencionara.
Mais cedo, Su Cheng Feng falara que em cinco meses ocorreria a reunião anual do Clã Su. Subtraindo os três meses de sua cultivação e um mês desde o retorno da caverna antiga, sobrava apenas um mês.
Um mês. Deveria voltar?
Afinal, aquele era o Clã Su, que realmente pouco a dizia respeito.
No entanto, ela usava o corpo de Su Ming He, e embora essa pouco se importasse com a família, ainda havia laços de sangue; ser muito indiferente não seria bom.
Ming He entendia bem o poder dos boatos maldosos. Embora o mundo da cultivação não ligue para essas coisas, se pudesse evitá-las, por que não?
Ela era naturalmente alguém que considerava os benefícios em tudo, e não via problema nisso.
Ming He olhou para o Salão de Tarefas, decidindo voltar primeiro ao pátio Chang Ming, embora não soubesse exatamente por quê.
Por que voltar só porque sentia vontade? Pensava isso enquanto seus passos se tornavam mais leves.
Ao se aproximar do pátio Chang Ming, olhou inconscientemente para o portão fechado e silencioso do pátio Yun Xiao, ainda sem ver Qin Chu Yi.
Pensou por um momento e empurrou o portão do pátio Chang Ming com força, e então viu — Qin Chu Yi!
Qin Chu Yi estava sentada numa cadeira de pedra ao redor da mesa de pedra no pátio. Ao ouvir o barulho, levantou o olhar, o mesmo frio calmo nos olhos de sempre.
— Irmã Qin? — Ming He se surpreendeu um pouco, o tom denunciando o espanto. — O que está fazendo aqui?
— Vi que você não estava, não quis voltar direto, então escalei a parede — explicou Qin Chu Yi de forma leve, o rosto sem cordialidade, fazendo sinal para Ming He sentar e conversar, mantendo a calma como se fosse dona do lugar.
Ming He sentou-se obediente em frente, com a expressão séria.
— Irmã Qin, aquele dia na escuridão… Eu já havia conseguido aquele artefato espiritual em forma de estrela.
— Eu sei — Qin Chu Yi a interrompeu, com um leve bater de cílios, as mãos escondidas nas mangas brancas apertando-se inquietas, embora o rosto permanecesse impassível. — O Ancião Lin já me contou os detalhes daquele dia na caverna.
O Ancião Lin era mestre das formações, e o surgimento repentino da morada na caverna fora obra dele. Naturalmente, tudo o que aconteceu lá estava sob seu conhecimento; embora não pudesse intervir, sabia de tudo o que se passava.
Su Ming He.
Qin Chu Yi olhou para a garota de azul à sua frente, com um rosto sereno, porém jovem, sentindo pela primeira vez que a subestimara.
Apesar da cultivação baixa, ela conseguia brilhar como uma espada apontada para o gato preto; claramente escapando da morte, mas disposta a voltar atrás; fraca como parecia, possuía um coração poderoso.
— Então por que veio aqui hoje, Irmã Qin? — o coração de Ming He pulou uma batida ao encontrar o olhar multifacetado de Qin Chu Yi, interrompendo instintivamente seu olhar.
— Na verdade, não é nada demais. — Qin Chu Yi desviou o olhar para o chão. — Só tenho algo para você.
Ela baixou a cabeça e tirou um anel de armazenamento do decote, entregando-o com uma expressão neutra, sem emoção. Após uma pausa, quando Ming He não estendeu a mão para pegá-lo, Qin Chu Yi levantou o olhar, confusa. Foi quando viu a garota de azul, em quem acreditava ter um coração forte, com uma expressão atordoada, claramente sem saber o que fazer.
— Hmm? — perguntou Qin Chu Yi, confusa.
Ming He ficou surpresa. Pensando bem, já havia recebido vários anéis naquele dia — a sorte estava do seu lado!
Ela fitou o anel de armazenamento por um instante, e ao cruzar os olhos com Qin Chu Yi, de repente clareou a mente, aceitou o anel e o guardou no decote.
— Então, muito obrigada, Irmã Qin.
Qin Chu Yi claramente não esperava que ela fosse tão direta e objetiva. Seu coração sentiu uma reação persistente, momentaneamente incapaz de processá-la.
— Você não quer perguntar por que eu te dei este anel?
— Não é um presente de boas-vindas? — Ming He disparou instintivamente, percebendo logo depois que, além do título de discípula chefe, não havia muito vínculo entre elas.
Hum… meio constrangedor.
Mas fazia sentido, afinal; ela seria futura cunhada!
Ming He pensou assim, justificando-se:
— Como discípula chefe da seita, não é apropriado dar um presente de boas-vindas a uma Irmã Júnior?
— De fato, é apropriado. — Qin Chu Yi olhou para a expressão confiante dela e sentiu vontade de sorrir. O peso que pesava em seu coração desde que despertara do torpor na caverna havia aliviado um pouco. Em vez de refutar, concordou, o sorriso trazendo um toque de indulgência.
O anel de armazenamento era, na verdade, um símbolo de gratidão — agradecendo por ajudar a obter o artefato espiritual naquele lugar perigoso, por retornar corajosamente para salvar sua vida, e por brandir a espada desafiadoramente na escuridão.
Mas dizer que era um presente de boas-vindas também não estava errado. Afinal, era mesmo o primeiro encontro.
— Como está sua ferida, Irmã Qin? — Ming He percebeu que Qin Chu Yi não demonstrava vontade de ir embora e perguntou com cuidado.
— Não é nada. — Qin Chu Yi respondeu suavemente, mas sua mente não conseguiu evitar voltar ao momento em que o artefato espiritual fora arrancado num instante crítico. Lembrar-se da sensação de controle e constrição, até mesmo o sangue parecia congelar. A obsessão que carregava por tantos anos permanecia sem solução, enchendo seu coração de desolação e desespero extremos. No momento seguinte, cuspiu um bocado de sangue vermelho vivo.
O vermelho intenso manchou a mesa branca de pedra, criando uma cena chocante que perfurou os olhos de Qin Chu Yi e assustou o coração de Ming He.
— Irmã Qin! — exclamou Ming He, levantando-se com a intenção de infundi-la com energia espiritual.
Qin Chu Yi acenou com a mão para recusar a aproximação, levantando-se devagar e se afastando, com um olhar auto depreciativo. Seu pai e irmão frequentemente a alertavam que cultivadores deveriam sempre manter a paz de espírito, evitando orgulho e impaciência — especialmente ela.
Mas, no fim, ela não conseguia alcançar isso.
A raiva por ter ficado imóvel antes de desmaiar, e o desespero por saber que o artefato espiritual havia mudado de mãos; ela passou quase um mês acalmando as emoções, acreditando poder encarar ganhos e perdas com equilíbrio, mas uma pequena pergunta a fez desmoronar.
Só que ela não conseguia ver assim!
Qin Chu Yi virou-se para esconder as emoções, orgulhosa e relutante em que alguém as visse.
Ming He observou suas costas — alguém que antes era tão orgulhosa, fria, distante e indiferente agora se mostrava de um jeito particularmente comovente.
Debaixo dos galhos extensos dos pinheiros, o branco e verde misturados criavam uma cena pálida e solitária aos olhos de Ming He.
As nuvens no céu rolavam e a luz do sol aquecia o pátio, mas só faziam Qin Chu Yi parecer ainda mais desolada e fria, como se estivesse isolada do calor, envolta no amargo frio da neve que cai, branca como a neve.
Ming He olhou mais uma vez para a mancha vermelha na mesa de pedra, a mente evocando de novo o brilho da luz da espada.
Um sentimento impulsivo surgiu dentro dela, e naquele instante, sentiu uma injustiça, talvez também empatia…
Ming He endireitou a postura, sabendo que não podia ser vista por Qin Chu Yi, mas mantendo a expressão séria e o olhar focado.
— Eu vou te ajudar a recuperar isso!
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