Capítulo 2

Sexta-feira, 11 de junho. 4 anos após o nascimento de Alex.

– Ian querido, seja mais razoável, por favor…

– Eu já te disse que não vou fazer isso! – Ian grita irritado.

– Ian, você não pode viver assim pelo resto da vida!

– Você não pode mais me dizer o que fazer! – o ômega bate na mesa, assustando a mulher a sua frente, que recua.

– Você ainda é nosso filho, deveria assumir suas responsabilidades. – ela resmunga, irritada com sua atitude.

– Deixei de ser seu filho a muito tempo!

– Você vive do nosso dinheiro, Ian. Lembre-se disso!

– Eu nunca pedi sua ajuda!

– Pense nisso mais um pouco e me ligue se mudar de ideia… – a mulher suspira e deixa um papel sobre a mesa com seu número de telefone.

– Não espere por isso! – Ian a responde imediatamente com um tom frio e sarcástico. A mulher se levanta e caminha em direção a porta, o ômega a observa enquanto ela sai e ao ver a porta se fechar, ele suspira e franze a testa, sua dor de cabeça estava piorando.

– Que merda! – ele cerra seu punho e tenta manter sua cabeça no lugar. Não queria ser consumido pela raiva.

– Alex, venha aqui. – ele o chama enquanto caminha até o quarto, mas logo nota que a criança não está lá.

– Alex, onde você está ? – Ian o procura em cada cômodo da casa, mas não consegue achá-lo. Então acaba saindo pela rua, desesperado para encontrar seu filho.
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A caminho do seu bar preferido, o alfa sempre passa por uma praça que à noite costuma ser deserta, mas naquele dia ele nota que havia uma criança sentada em um dos bancos, sozinha e com um olhar vago para o horizonte.

– Oi, está perdido ? – o alfa se aproxima de Alex, se abaixa e tenta conversar com o garoto, que recua assustado.

– Onde está sua mãe ? – ele continua tentando conversar, mas Alex mantém sua cabeça baixa e não o responde.

– Tudo bem, vou esperar aqui até que decida falar. – o alfa sorri e se senta no banco ao seu lado. Ao fazer isso, ele nota um cheiro familiar vindo do garoto, o cheiro dos feromônios de um ômega.

– Não quero voltar… – Alex sussurra e funga, tentando segurar o choro.

– Sua mãe deve estar preocupada. Não sente falta dela ? – Alex o encara com os olhos cheios de lágrimas e acena com a cabeça afirmando que sim. O alfa sente um nó se formar em sua garganta, como se sentisse mais do que pena pelo garoto.

– Você mora aqui perto ? Posso te acompanhar até sua casa. – o homem estende sua mão e mesmo sabendo que não deveria falar com estranhos, Alex aceita. Se sentia seguro ao seu lado.

– Ali, moro ali! – o garoto aponta para uma casa que está um pouco mais à frente e ele o pega no colo. Enquanto seguiam para lá, um homem corre em direção a eles, com seus braços estendidos e lágrimas escorrendo por seu rosto.

– Alex! – o ômega grita em um misto de alívio e preocupação. Ethan põe o garoto no chão e ele corre em sua direção, eles se abraçam e Ian beija sua bochecha. Sua criança estava a salvo.

– Eu o encontrei sentado na praça e decidi… – o alfa para ao se dar conta de que realmente conhece aquele cheiro. Era o mesmo ômega daquela noite.

– Você… – ele sussurra.

– Eu conheço o senhor ? – Ian o questiona, um pouco confuso.

– Não! Me desculpe! Eu devo ter me confundido. – o alfa sabia exatamente quem ele era, mas por alguma razão, não queria revelar isso.

– Obrigado por ajudar o Alex, eu agradeço muito! – Ian pega o garoto no colo e sorri para o homem.

– Não precisa agradecer, só queria ajudar!

– Tenha uma boa noite, senhor. – o ômega se despede, mas antes de que pudesse ir embora, Alex estende suas mãos em direção ao alfa, não queria se separar dele.

– Casa! – o garoto começa a chorar, deixando Ian desesperado. Ele nunca havia agido assim antes.

– Eu sinto muito, ele não costuma ser assim! – notando seu desespero, o alfa o pega no colo e decide acompanhá-los.

– Shh, tudo bem, não chore. Vamos para casa, okay ? – ele acaricia o rosto de Alex, enxugando suas lágrimas. No mesmo instante o garoto para de chorar e sorri.

– Sim! – ele fala entusiasmado.
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Enquanto Alex dorme após uma longa noite, Ian compartilha uma xícara de café com o homem.

– Me desculpe, eu não sei o porquê ele está agindo assim. Geralmente o Alex não se aproxima de ninguém que não seja da família. – o ômega suspira e deixa a xícara de café sobre a mesa.

– Tudo bem, ele é só uma criança, deve ter seus próprios motivos! – o homem sorri.

– Ah! Eu nem perguntei seu nome!

– Sou Ethan, e você ?

– Sou o Ian. É um prazer te conhecer. – o ômega sorri e Ethan se lembra de como ele sorria naquela noite. Não havia mudado.

– Eu preciso ir agora, mas obrigado pelo café. – ele confere as horas e se levanta. Ian também se levanta e o acompanha até a porta.

– Eu que agradeço, se não fosse por você, nem imagino o que poderia ter acontecido com o Alex! – o ômega sorri e Ethan sente seu coração palpitar, pela primeira vez em muito tempo.

– Espero vê-lo de novo, Ian. – o alfa sorri e se despede. O ômega fica corado e se sente estranhamente feliz com suas palavras.
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Alguns dias depois, Bar xxx, 20:15 horas da noite.

– Eu o achei. – Ethan sorri e bebe um gole de cerveja.

– O que ? Está falando sério ? – o barman o questiona surpreso com suas palavras.

– Sim, o encontrei por acaso.

– Como isso aconteceu ?

– Estava indo para casa quando encontrei um garoto sozinho na praça, resolvi acompanhá-lo até sua casa e durante o caminho ele veio até nós. O reconheci no mesmo instante, mas ele não se lembra de mim. – o alfa sorri com uma expressão triste.

– Então ele está casado ?

– Não vi nenhuma marca ou sinal de que tem um parceiro. Talvez seja um pai solteiro.

– Quantos anos tem o garoto ?

– Uns quatro ou cinco anos. – ele fala despreocupado. O barman arregala seus olhos e nota que Ethan nem mesmo desconfia da possibilidade.

– Você está procurando por esse ômega a quatro anos e ele tem um filho com a mesma idade. Que coincidência, não é mesmo ? – o barman fala em um tom sarcástico e o encara esperando que ele entenda.

– Verdade… – Ethan o responde um pouco hesitante, ainda não havia processado todas as informações.

– Falando nisso, o garoto parece ter se apegado a mim… – Ethan para por um momento e nota que tudo parecia se encaixar.

– Talvez eu tenha um filho… – ele murmura e se sente animado, mas ao mesmo tempo apavorado.

– É, talvez. – o barman sorri e dá de ombros.
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No dia seguinte.

– Ian, é bom te ver! – Michael o abraça com força, deixando o ômega quase sem ar.

– Tudo bem, já entendi! – Ian respira fundo e sorri um pouco sem graça. Michael era sempre grudento.

– Tio Mik! – Alex sai de dentro do quarto e corre em sua direção, sempre ficava feliz em vê-lo.

– Que saudade! – Michael o abraça com força, mas ao contrário de Ian, o garoto dá risada e parece adorar.

– Trouxe um presente para você! – ele põe o garoto no chão e abre sua bolsa, de dentro dela tira um urso de pelúcia e entrega a Alex, que fica muito animado com o presente.

– Gostou do presente ?

– Sim!

– Agradeça ao tio Mik e depois vá brincar no seu quarto. Precisamos trabalhar. – Ian se abaixa e beija a bochecha de Alex. Estava feliz por vê-lo animado.

– Obrigado, tio Mik! – ele agradece com um largo sorriso em seu rosto e logo depois vai para o seu quarto, queria brincar com seu brinquedo novo o mais rápido possível.

– Minha nossa, ele é tão fofo! Nem parece que saiu de dentro de você! – Michael dá risada e Ian lhe dá um tapa em seu braço como resposta.

– Me mostre logo o projeto e pare de falar merda! – Ian esbraveja e Michael não consegue conter a risada.

– Tão chato… – ele choraminga.

– Michael! – o ômega o encara com um olhar furioso, odiava suas brincadeiras idiotas.

– Okay, tudo bem! Aqui está o projeto. – Michael abre seu notebook e mostra a planta de um novo apartamento.

– O que acha ?

– É bom… – Ian observa a planta e está realmente focado. Sempre foi o primeiro da turma, era o melhor entre todos eles.

– Você melhorou bastante, mas acho que precisa mudar algumas coisas na cozinha, não combina bem com o resto. – Michael sorri ao ouvi-lo e se lembra de como era quando estudavam juntos na faculdade.

– Não pensa em terminar a faculdade ? O Alex está bem grandinho agora…

– Eu sei, mas o Alex ainda precisa de mim, além disso um ômega sem parceiro e com um filho não deveria perder seu tempo estudando. Preciso dar um jeito de ganhar a vida! – Ian suspira e encara o projeto com um olhar triste. Ele também queria ter seguido o seu sonho, talvez pudesse ter se tornado um arquiteto famoso, mas agora tudo aquilo estava no passado e antes de qualquer coisa, era o pai de uma criança que não tinha ninguém além dele.

– É uma pena que pense assim, você era o melhor entre todos nós.

– O que ? Isso não é verdade!

– Por que acha que sempre peço sua opinião em meus projetos ? – ele dá risada, deixando o ômega corado.

– Se algum dia quiser voltar, quero que trabalhe comigo. Como meu parceiro, okay ? – Michael acaricia seus cabelos, bagunçando um pouco os fios.

– Certo…