Capítulo 3

Duas semanas depois.

– Alex, segure minha mão, okay ? – Ian fala ao pegar as sacolas de compras, em seguida estende sua mão livre para ele e juntos caminham para fora do supermercado, indo para casa. Ao chegarem no local se deparam com um caminhão de mudanças parado em frente a casa ao lado.

– Um vizinho ? – Ian sussurra para si mesmo, surpreso com a ideia de ter um novo vizinho. A casa ao lado estava fechada desde que se mudou.

– Papai! – Alex solta a mão do ômega e corre até o alfa, que se abaixa e o abraça. Havia criado algum carinho pelo garoto.

– Alex, não o chame assim! – Ian fala envergonhado.

– Tudo bem, não me incomoda. Talvez eu me pareça com o seu pai. – ele sorri e põe o garoto em seu colo. Ian sente uma onda de ansiedade, odiava falar sobre o pai do garoto.

– O que está fazendo aqui ? – Ian questiona e nota que Ethan parecia um pouco diferente, estava usando roupas causais e não tinha mais todo aquele ar de senhor importante.

– Eu sou o novo vizinho! – o alfa lhe dá um largo sorriso, mas Ian não parece muito receptivo.

– Se sente incomodado com a minha presença ?

– O que ? Não! Não é isso! – o ômega se apavora. Às vezes podia ser muito expressivo.

– Então que tal um jantar de boas-vindas ? Eu pago! – o alfa desvia seu olhar para Alex, que está empolgado com a ideia.

– Qual sua comida preferida, Alex ? Vamos comer o que você quiser!

– Pizza!

– Se quer um jantar, então me deixe fazê-lo! – as palavras saem de sua boca por impulso e Ian só se dá conta quando já é tarde demais.

– Eu adoraria. – Ethan sorri com suas bochechas levemente avermelhadas. Seu plano estava dando certo.

– Mas eu quero pizza! Eu pedi primeiro! – o garoto esbraveja e cruza seus braços.

– Nós podemos comer os dois! – Ethan dá risada e faz cócegas no garoto para que ele se acalme.

– Nada disso, apenas um. – Ian os encara com uma expressão séria e ameaçadora que apenas os pais têm.

– Bom, já que não temos escolha… – o alfa faz uma cara triste e finge estar decepcionado, mas logo depois cochicha algo no ouvido de Alex que faz o garoto dar risada.

– O que estão conversando ?

– Nada! – eles respondem em um unisom.
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19:47 horas da noite.

Ethan bate à porta e respira fundo, estava ansioso para vê-lo

– Ethan! – Alex grita ao abrir a porta e o abraça.

– Oi, Alex, onde está seu pai ? – o alfa se abaixa e acaricia seus cabelos, que são da mesma cor dos cabelos do ômega.

– Estou aqui! – Ian fala da cozinha, enquanto termina de preparar o jantar.

– Entra! Entra! – Alex o puxa pela mão para dentro e Ethan o segue um pouco envergonhado.

– Poderia esperar um pouco ? Preciso de um banho! – o ômega se aproxima e está um pouco nervoso, já fazia algum tempo desde que cozinhou para alguém que não fosse Alex ou Michael.

– Tudo bem, eu espero! – Ethan sorri e Ian se apressa em tomar banho, logo o jantar estaria pronto e ele não queria deixá-lo esperando.

– Senta aqui! – Alex se senta no sofá e o alfa faz o mesmo. O garoto começa a mostrá-lo vários desenhos que ele mesmo coloriu e alguns desenhos que fez. Havia herdado do ômega o gosto pelos desenhos.

– São lindos! Parabéns, Alex! – Ethan acaricia seus cabelos novamente e lhe dá um sorriso gentil, demonstrando interesse em seus desenhos.

– Sério, papai ? – seus olhos brilham e Alex está feliz pelos elogios. Adorava mostrar seus desenhos.

– Alex, por que sempre me chama de papai ?

– Porquê você é. – ele desce do sofá e se senta no chão, pega alguns lápis de colorir e começa a desenhar em uma folha em branco. O alfa o encara boquiaberto com sua resposta, Alex não mentiria sobre algo assim, mas poderia estar enganado.

– Alex, vá lavar as mãos para jantar! – o ômega sai do quarto e vai direito para a cozinha, tirar o jantar do forno e pôr a mesa.

– Sim! – o garoto se levanta e vai para o banheiro.

– Posso ajudar ? – Ethan se levanta e vai para a cozinha, tentando ajudá-lo, mas o cheiro que Ian exala o deixa desnorteado. Era um floral suave, como um campo de flores.

– Claro, pode pegar os pratos naquele armário ? – o ômega aponta para o armário e o alfa rapidamente volta a si. Não queria estragar o jantar e perder aquela preciosa chance de se aproximar.

Ethan põe os pratos e Ian pega os copos e talheres, em seguida tira uma deliciosa lasanha do forno, que deixa o alfa ainda mais faminto apenas em olhar.

– Nossa! Parece delicioso!

– Pai! Pai! – Alex corre em sua direção e mostra suas mãos recém lavadas.

– Bom trabalho, Alex. Agora se sente. – todos se sentam e Ian serve um pedaço para cada um.

– Está gostoso, Alex ? – o ômega o observa enquanto ele come, com suas bochechas coradas e um sorrisinho de satisfação.

– Sim! – ele o responde ainda com a boca cheia.

– Ian, está delicioso. Acho que nunca comi uma lasanha tão boa quanto essa! – Ethan ataca seu prato e parece tão feliz quanto Alex.

– Não exagere, mas fico feliz que tenha gostado. – o ômega fica corado e por alguma razão se sente bem em vê-los comer.
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21:56 horas da noite.

– Me desculpe por deixá-lo esperando, precisava pôr o Alex para dormir. – Ian caminha até o alfa e se senta ao seu lado no sofá.

– Tudo bem, não me incomoda! – Ethan sorri e mantém seus olhos fixos no rosto do ômega. Não se cansava de olhar.

– Quer beber alguma coisa ? Acho que ainda tenho cerveja na geladeira.

– Sim! Seria ótimo! – o ômega se levanta e vai até a cozinha, pega duas latas de cerveja na geladeira e volta para a sala.

– Obrigado, estava precisando! – Ethan pega a lata de sua mão.

– Mudança cansativa ?

– Muito! Espero não precisar fazer isso novamente tão cedo. – ele dá risada e bebe um gole.

– Por que se mudou para esse bairro ?

– Fica mais perto do meu trabalho. – o alfa sorri e imagina como seria sua reação ao saber que ele se mudou apenas para ficar mais perto dele.

– E com o que você trabalha ?

– Sou advogado.

– Uau! É bom saber disso! – Ian dá risada.

– Não está pensando em cometer nenhum crime, não é ?

– Não, mas nunca se sabe… – ambos dão risada e começam a se sentir confortáveis com a presença um do outro. Talvez tenha sido pelo álcool ou pela vida solitária que levam, mas sentiam como se de alguma forma existisse uma conexão.

– Estou curioso sobre uma coisa… tudo bem se eu perguntar ?

– Claro, pode falar!

– Você tem um parceiro ? – o coração de Ethan palpita e a ansiedade percorre seu corpo.

– Não tenho.

– Entendo. – o alfa finalmente solta o ar e um sorrisinho se forma em seu rosto, ele tenta escondê-lo, mas não consegue se conter.

– Está sorrindo ? – Ian franze as sobrancelhas e o encara confuso.

– Não… – o seu rosto cora e Ethan se sente envergonhado.

– O que foi ? Está afim de mim ? – o ômega deixa sua lata de cerveja sobre a mesa de centro e se aproxima do alfa, o encarando com o seu olhar mais sedutor e sorri.

– Talvez ? – Ethan dá de ombros e também deixa sua lata de cerveja sobre a mesa.

– Não tente jogar comigo. Você está me devorando com os olhos desde que entrou por aquela porta!

– E você está liberando feromônios desde o jantar… – Ethan sussurra próximo ao seu ouvido e sorri ao notar que sua respiração havia acelerado.

– Você gosta ?

– Sim… – o alfa aproxima o rosto de seu pescoço e respira fundo, sentindo o cheiro de seus feromônios que estão impregnados em sua camisa. Era delicioso, como ele se lembrava.

– Ethan! – Ian sussurra e arfa, aquele alfa sabia bem como bagunçar sua mente.

– Shh, tudo bem. – o alfa agarra sua nuca com a mão esquerda e o puxa para mais perto, ele beija seu pescoço devagar e com cuidado para não deixar nenhuma marca, apesar de que sua vontade é mordê-lo. Ian fecha seus olhos e se deixa ser tocado, aproveitando a sensação de seu toque delicado e ao mesmo tempo firme, que o deixa excitado.

– Sua pele é tão macia… – com sua mão direita ele acaricia o seu antebraço e desliza seus dedos em direção ao seu ombro, onde o segura com força. Mantendo seu corpo próximo ao dele.

– Quero te tocar mais! – Ethan o encara com os olhos dourados e o rosto levemente corado. O ômega sorri ao vê-lo tão excitado quanto ele e logo nota o volume que se formou em sua calça.

– Você pode… – Ian para ao ver a porta do quarto de Alex se abrir, deixando sua frase inacabada.

– Pai ? – o garoto murmura enquanto esfrega o olho direto, ainda estava meio dormido.

– Alex! – o ômega se levanta atordoado e o pega no colo.

– Tive um pesadelo! – ele se agarra ao seu corpo e Ian sabe que sua noite de diversão acaba ali.

– Tudo bem, vamos dormir juntos, okay ? – o ômega acaricia seu rosto.

– Eu sinto muito, deveria ir para casa! – Ethan se levanta e caminha em direção a porta.

– Obrigado pelo jantar! – ele evita contato visual e sai o mais rápido possível. Não queria que Alex o visse daquele jeito.

– Merda! – Ian sussurra ao vê-lo sair e suspira, não queria que acabasse daquele jeito.