Capítulo 13
– Já vou, já vou! – Alec fala um pouco alto enquanto caminha em direção a porta.
– Daniel, você… – ele para de repente ao abrir a porta e ver que não era Daniel do outro lado. Seu sorriso some no mesmo instante e uma estranha ansiedade se espalha pelo seu corpo.
– É assim que recebe o seu irmão ? Você é um péssimo anfitrião! – Julian sorri e fala em um tom sarcástico, o provocando.
– Por que você…? – ele questiona confuso. Era a última pessoa que esperava ver.
– Vim te ver. Mamãe está preocupada.
– Ah, certo… então entra. – Alec se afasta e ainda se sente um pouco nervoso.
– Estou atrapalhando alguma coisa ? Você não parece feliz em me ver.
– Não! Não é isso! Eu só fiquei surpreso. Nunca imaginei que viria, mas é bom te ver, Julian. Como estão as coisas em casa ? – Alec força um sorriso e tenta parecer o mais natural possível.
– O mesmo de sempre. O pai não para em casa e a mamãe está com os nervos à flor da pele de tanta preocupação. E você ? Como está ? – ele se senta no sofá e cruza as pernas, o observando com um olhar curioso, alisando tudo ao seu redor.
– Melhor do que esperava. Não é tão ruim depois que se acostuma. – Alec fecha a porta e se aproxima.
– Quer beber alguma coisa ? Tem suco.
– Eu adoraria um café, como a vovó fazia.
– Isso seria bom! – ele sorri, lembrando do cheiro do café, que tomava conta da casa.
– Vem, eu faço o café. – Julian se levanta e segue em direção a cozinha. Alec suspira e sente uma estranha sensação de déjà vu.
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– Ugh… é bem forte! – Alec resmunga e faz careta ao provar.
– Ela gostava assim. Se lembra que ela odiava quando a gente colocava muito açúcar ou leite ? A vovó sempre dizia que tirava o gosto característico do café e dava uma longa aula sobre grãos e torras! – Julian sorri, nostálgico com as lembranças e bebe um gole do líquido preto.
– Eu me lembro. Nunca aprendi nada sobre café, acho que ela ficaria decepcionada!
– Você aprendeu sobre muitas outras coisas, Alec. Se tornou um bom homem.
– Qual é ?! Esse papo furado de irmão mais velho não combina com você!
– Estou falando sério, Alec. Ela ficaria orgulhosa e você continuaria sendo o seu preferido.
– Obrigado, Julian… – Alec murmura envergonhado e seu rosto ganha um leve tom avermelhado.
– Já pensou no que fazer quando voltar ? – Julian questiona tentando parecer despreocupado e limpa a garganta, em seguida volta sua atenção para ele e o observa fixamente.
– Na verdade, eu pensei.
– Isso é bom… – ele fala surpreendido e bebe mais um gole de café.
– Você só veio até aqui para perguntar isso ? Poderia ter ligado, o dono da conveniência anotaria o seu recado.
– Se eu tivesse ligado, teria me retornado ? – Julian ergue suas sobrancelhas, o fazendo rir.
– Não, eu não teria.
– Alec, não entenda mal. Eu sou seu irmão mais velho e estou preocupado, é meu dever te proteger e te ajudar.
– Eu sei, mas dessa vez eu quero fazer isso sozinho. Sinto que preciso. – Alec suspira.
– Você sempre pode voltar para casa, okay ? – Julian lhe mostra um sorriso gentil, algo que um irmão mostraria. O que deixa Alec mais tranquilo e confiante.
– Eu sei. Obrigado.
– Bom, eu deveria ir. – Julian fala ao conferir as horas em seu relógio e deixa sua xícara vazia sobre a mesa, se levantando logo depois.
– Tem certeza ? Pode passar a noite se quiser.
– Não, tudo bem. Só vim para ver como você estava.
– Certo, eu te acompanho até a porta. – Alec deixa a xícara sobre a mesa e se levanta. Ele o guia até o portão da propriedade, que dá acesso a rua e ao chegarem, Alec se depara com Daniel, que estava prestes a entrar.
– Essa é uma propriedade privada. Quem é você ? – Julian toma a frente e o questiona em um tom ameaçador.
– Julian, tudo bem. Daniel é meu vizinho, mora aqui perto.
– Sou Daniel Diaz. – ele estende sua mão para cumprimentá-lo, mas Julian o ignora.
– Daniel, esse é o meu irmão mais velho, Julian. – Alec fala um pouco sem graça, constrangido com a sua grosseria.
– Já que você tem visita, eu deveria mesmo ir. Te vejo logo, Alec. – Julian beija sua testa e sorri.
– Se cuida, okay ? E não trabalha demais, deveria tirar férias também!
– Sabe que não posso me dar esse luxo! – ele ri.
– Eu venho te buscar no próximo mês. Esteja pronto. – Julian acaricia seu rosto e caminha em direção ao seu carro.
– Você vai embora ? – Daniel o questiona de repente.
– É… no final do verão. Eu só estou aqui de férias. – Alec hesita e desvia seu olhar para o lado. Não queria que ele descobrisse dessa forma.
– E por que não me disse nada ?
– Eu só não tinha achado o momento certo e… você está chateado ?
– Não, tudo bem. – Daniel suspira e se aproxima, ele acaricia seu rosto e beija o canto de sua boca.
– Vai ficar hoje ?
– Não, só vim te convidar para o aniversário da minha mãe amanhã. Ela vai fazer um jantar e pediu para te chamar.
– Sério ?! – Alec o questiona animado.
– Sim. – Daniel ri, feliz com sua reação. Por algum motivo, isso sempre o deixava feliz.
– Eu deveria levar algum presente ? Acho que não tem nenhuma loja por aqui que eu possa comprar… – Alec começa a divagar, perdido nas milhares de ideias e dúvidas que surgiam na sua mente.
– Alec, leve apenas o seu corpinho lindo, entendeu ? – ele agarra o seus ombros e beija sua testa, o fazendo calar a boca.
– Sim, mas você tem certeza ?
– Absoluta.
– E tem certeza de que não quer ficar ?
– Não posso, tem uma coisa que preciso fazer. – Daniel suspira e usa sua mão esquerda para acariciar o seu rosto. Queria ficar, mas realmente não podia.
– Tudo bem, então te vejo amanhã… – Alec se aproxima e o beija.
– Te vejo amanhã. – Daniel aperta sua bochecha e se despede. Realmente precisava ir.
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– Agradeço a todos que estão aqui. Por favor aproveitem e comam bastante! – Amélia fala animada e visivelmente emocionada para o pequeno grupo de pessoas.
– Amélia, feliz aniversário! – Alec a felicita enquanto abre seus braços, a convidando para um abraço.
– Obrigada, querido! – ela lhe dá um abraço apertado.
– Pegue, para você! – Alec entrega a pequena sacola de papel.
– É bem simples, mas espero que goste.
– Não precisava, de verdade. Mas obrigada! – ela sorri emocionada.
– Aproveite sua festa. – Alec acena com a cabeça e vai para junto de Daniel, que está conversando com o seu irmão.
– Acha que ele vai melhorar algum dia ? – Carlos questiona ansioso e com uma expressão triste.
– Eu não sei… – Daniel hesita e deixa um longo suspiro sair, mas ao ver Alec se aproximando, tenta mudar de assunto rapidamente.
– Carlos, por que não vai ajudar a mãe com a comida ? Alec e eu vamos daqui a pouco. – ele ergue suas sobrancelhas e o encara fixamente. O garoto rapidamente entende o recado e sai.
– Algum problema ? Eu não queria atrapalhar… – Alec questiona confuso e com medo de ter interrompido uma conversa importante.
– Não! Não, tudo bem. – Daniel acaricia seu rosto e sorri.
– Tem certeza ? Seu irmão parecia chateado.
– Tenho sim, relaxa.
– Okay… – ele concorda, mas não pensa em deixar aquele assunto de lado.
– Vem, vamos comer. Gosta de churrasco ? – Daniel estende sua mão direita e acena com a cabeça em direção ao interior da casa.
– Sim! – Alec agarra sua mão sem hesitar. Por enquanto, pensava em aproveitar ao máximo aquela noite.
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Capítulo 13
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Amor de Verão
Alec, um jovem homem trans, que vive sem preocupações enquanto gasta o dinheiro dos seus pais, é obrigado a passar o verão no interior, na casa da sua falecida...