Capítulo 18: Mau-humor

Cheguei em casa, já de madrugada e entrei de fininho para não acordar o meu marido. Contudo, ao passar perto da cama em direção ao closet para trocar de roupa, fui pego de surpresa e jogado na cama.

— Ah! Que susto Dario! 

(Risos)

— Você tá uma graça com essa roupa. 

Ruborizei. Ainda não tinha me acostumado a receber elogios.

— O-Obrigado?

— Me dá vontade de rasgar ela todinha no dente. — Disse sussurrando em meu ouvido, me fazendo eriçar.

— N-não pode! É alugada! — Exclamei alarmado.

— Dinheiro não é problema, Tesoro. 

A selvageria queimava em seu olhar. Não seria fácil convencê-lo do contrário.

— Para! Não é… essa… questão…

Foi ficando difícil expor meus argumentos conforme aquela mão boba caminhava por debaixo do meu quíton enquanto eu era mordido no pescoço.

— E qual é? Me convença a mantê-la inteira. 

E conforme me beijou intensamente mal me dando brecha sequer para respirar, fui esquecendo de argumentar e cedi aos seus caprichos completamente e me deixei levar.

Ao acordar por volta do horário do almoço com o corpo pesado e as costas doloridas, a primeira coisa que eu vi foi a minha fantasia em frangalhos esparramada pelo chão e coberta de fluidos. Fui imediatamente dominado pela raiva.

“Dario sua besta selvagem! Arg!”

Após tomar um bom banho, desci para almoçar, ainda emburrado.

— Boa tarde, Tesoro. — Disse ele, com um raro sorriso maroto.

“Boa só se for para você!”

Ao invés de responder, lhe lancei um olhar mortal que expressava muito melhor do que palavras.

— Alguém tá de mau-humor… Que bicho te mordeu? — Zombou.

— Um cão louco! Minha túnica está destruída! Com que cara eu vou chegar no senhorzinho da loja agora? 

— Desculpa. Não resisti. — Falou sorrindo sem parecer nem um pouco arrependido.

— S-seu… seu-

Fui interrompido durante meu ataque de fúria pela vibração do celular em minha mão. Dario me olhou com uma expressão livre de empolgação, pois sabia quem provavelmente deveria estar me enviando mensagens.

[Estou aqui fora. ]

[Vim devolver os livros que me emprestou. ]

[(˶ˆ꒳ˆ˵)]

— Você tem algum compromisso hoje? 

— Não.

— (…)

Quando encontrei com Troy, até tentei disfarçar mas ele rapidamente percebeu o meu humor incomum.

— Problemas no paraíso?

— Sem comentários.

— Entendido, general! 

Não resisti soltar um risinho com aquela pose boba mas procurei não me demorar e entrei logo para dentro. Só para encontrar um Dario nitidamente enciumado.

— O mau-humor já passou? Você tava todo sorridente com aquele… rapaz. 

— Não fala comigo. Ainda não te perdoei. — Afirmei sério enquanto começava a comer.

— (…)

Terminei rapidamente meu almoço e subi direto para a sacada para ler, já que eu estava de férias e ainda não tinha me reconciliado com meu esposo.

Toc-toc (Batida na porta)

— Posso entrar?

Ignorei.

— Você ainda tá bravo? — Perguntou se aproximando cautelosamente.

— Me desculpa, vai. Prometo não fazer de novo. 

“Não terá uma próxima vez!”

— Não quero ir trabalhar com você bravo comigo.

Vendo que eu não tirava os olhos do livro, ele ficou lá parado, me devorando com seu olhar. Tentei me esforçar para focar na leitura, em vão.

— Seus olhos ficam tão lindos no sol. Esse brilho roxo, é bem único. 

Não pude evitar corar pois ainda não tinha me acostumado com elogios, contudo permaneci quieto.

— Preciso mesmo ir…

Seville olhou o relógio e passou a mão no pescoço, em preocupação.

— Quando eu voltar, prometo te compensar.

Como um animal sorrateiro que dá o bote em sua presa, só me dei conta da proximidade que ele se encontrava de mim quando um beijo ardente pousou em meus lábios. Antes que eu pudesse esboçar qualquer outra reação, minha resistência caiu toda por terra.

— Te vejo à noite. — Disse sorrindo.

— Hum! 

Respondi rápido demais, ruborizando intensamente. Ele já conhecia as fraquezas do meu corpo, não dava mais para ficar bravo com ele por muito tempo.

— Lián, seu molenga! Arrrggg! — Sufoquei um grito de raiva após ele ter saído.