Capítulo 119 - Caixa Jaula - 07

Li Yuan não entendeu o que Ye Huairui queria dizer com ‘intrigante’ e não se atreveu a perguntar. Apenas o encarou timidamente, esperando uma explicação.

Ye Huairui, no entanto, permaneceu em silêncio, perdido em seus próprios pensamentos.

“Se possível, Srta. Li…”

Depois de um momento, ele de repente olhou para Li Yuan:

“Você poderia, por favor, relembrar em detalhes o que a Srta. Shi fez hoje?”

Li Yuan, é claro, obedeceu.

“Hoje, todos os hóspedes tiveram que gravar vídeos promocionais, fotos oficiais e entrevistas… A equipe de produção reservou o lado leste do lobby do hotel como local de filmagem, assim como o pequeno jardim atrás do hotel para cenas externas.”

Ela se virou para olhar para a recepcionista sentada ao seu lado, aparentemente buscando confirmação:

“Certo?”

A recepcionista assentiu rapidamente.

Ela e Li Yuan eram da mesma cidade natal e tinham algumas conexões familiares distantes.

Embora não mantivessem contato por muitos anos, esse encontro casual rapidamente os aproximou.

Quando Li Yuan de repente se deparou com um problema e não sabia o que fazer, seu primeiro pensamento foi pedir conselho a sua amiga de infância.

A recepcionista imediatamente pensou nos dois hóspedes excepcionalmente bonitos que fizeram o check-in naquela tarde.

Ela se lembrava claramente que, quando ela os registrou, Ye Huairui entregou todo o seu cartão.

Abaixo do cartão de identificação dele estava sua identidade de trabalho e, por curiosidade, ela deu uma olhada mais de perto e se lembrou da rara e especial profissão de ‘patologista forense’.

A recepcionista não tinha muita certeza sobre o escopo das funções de um patologista forense, mas imaginou que estivessem definitivamente relacionadas à resolução de casos. Somado à sua primeira impressão positiva, ela instintivamente sentiu que Ye Huairui era confiável.

Então, depois de ouvir sobre a situação difícil da amiga, a recepcionista sugeriu sem hesitar que ela consultasse o patologista forense.

Quanto à própria Li Yuan, ela testemunhou os esforços do patologista forense para salvar Shi Lanlan, sentindo sete partes de gratidão e três partes de admiração, o que deixou uma profunda impressão nela.

Após cuidadosa consideração, Li Yuan cerrou os dentes e decidiu seguir o conselho da amiga e buscar a opinião de um ‘profissional’.

Neste momento, ela ouviu Ye Huairui perguntar:

“Srta. Li, você pode detalhar a programação de hoje?”

“Sim, sim sim! Claro!”

Como assistente de Shi Lanlan, Li Yuan era responsável por gerenciar sua agenda.

Ela rapidamente pegou o telefone e leu as notas em voz alta para Ye Huairui e Yin Jiaming, ocasionalmente acrescentando detalhes dos quais se lembrava.

“Por volta das 8h30, levei o café da manhã para o quarto de Lanlan jie e a acordei. Depois que ela terminou o café da manhã, começou a trocar de roupa e se maquiar…”

Nesse ponto, Li Yuan fez uma pausa:

“Ah, certo, eu a vi tomando o remédio depois do café da manhã…”

Ela apontou para o pequeno frasco de remédio na mesa: “Aquele”.

Ye Huairui fez um gesto de ‘pausa’:

“Tem certeza de que ela tomou o remédio depois do café da manhã? Só uma vez por dia?”

Li Yuan assentiu:

“Ela tomava o medicamento todos os dias depois do café da manhã, e apenas uma vez ao dia.”

Afinal, medicamentos psiquiátricos não são como gomas de colágeno que podem ser tomadas a qualquer momento sem grandes consequências. Dos dois anos de experiência de Li Yuan observando Shi Lanlan, sua empregadora era muito cuidadosa com sua condição. Ela tomava seus medicamentos no mesmo horário todos os dias e na mesma dosagem, e ia discretamente ao hospital para exames de rotina de vez em quando, prestando muita atenção a quaisquer potenciais efeitos adversos da medicação.

Ela achava que Shi Lanlan não tinha motivo nem necessidade de mudar repentinamente sua rotina de medicação.

Ye Huairui assentiu, indicando para ela continuar.

“Depois de terminar a maquiagem, por volta das dez para as dez, fui com Lanlan jie para o lado leste do saguão, e então começamos as filmagens do dia.”

Li Yuan continuou:

“As tarefas da manhã eram bem pesadas. Lanlan jie ficou ocupada até 13h30. Levei uma marmita para ela, e ela só comeu um pouquinho na sala de descanso…”

Nesse momento, Yin Jiaming, que estava ouvindo em silêncio, interrompeu:

“A sala de descanso é separada para cada hóspede?”

Li Yuan ficou surpreso por um momento.

“Bem, estritamente falando, não é um quarto por pessoa.”

A recepcionista respondeu rapidamente:

“Transformamos temporariamente várias pequenas salas de reunião em áreas de descanso para os diretores e convidados, mas não havia quartos suficientes, então cada quarto teve que ser compartilhado por duas pessoas.”

Ela fez uma pausa e acrescentou:

“Mas para garantir que os hóspedes pudessem descansar bem, também colocamos telas e cortinas!”

Ao ouvir isso, os olhos de Ye Huairui se aguçaram.

Ele se levantou.

“Vamos, leve-me para a sala de descanso!”

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25 de fevereiro, sexta-feira, 22h45

Já haviam se passado mais de duas horas desde que o corpo de Shi Lanlan foi descoberto, e os carros da polícia ainda estavam parados no meio do caminho devido ao mau tempo e às péssimas condições da estrada, não podendo chegar tão cedo.

Li Yuan usou o cartão do seu quarto para destrancar a porta da Sala de Reuniões 4. Ela entrou rapidamente para pegar uma bolsa de maquiagem e saiu rapidamente do quarto.

Talvez devido à sua extrema ansiedade, ela esqueceu de trancar a porta depois de sair da sala de descanso.

A porta foi deixada entreaberta, com uma fresta do tamanho de uma palma revelando o interior escuro, como se estivesse pronta para devorar qualquer um que entrasse.

O ambiente estava silencioso.

Dois minutos depois, uma figura atravessou rapidamente o corredor no lado leste do saguão do hotel, empurrou a porta da Sala de Reuniões 4 e entrou sem fazer barulho.

O quarto estava escuro como breu, com as persianas bem fechadas, não permitindo a entrada de luz.

Incapaz de enxergar, a pessoa tateou a parede por um momento antes de acender a luz do teto com um ‘clic’.

A potência da luz do teto era alta, e a sala de reuniões ficou repentinamente ofuscante.

Instintivamente, a pessoa levantou a mão para proteger os olhos.

Depois de alguns segundos, quando seus olhos se ajustaram à claridade, eles começaram a olhar ao redor freneticamente, como se estivessem procurando por algo.

Logo, seus olhares pousaram em uma mesa de centro no canto da sala de reuniões.

Em poucos passos rápidos, eles correram, pegaram um copo da mesa de centro e tentaram o colocar na bolsa.

Entretanto, no segundo seguinte, ela ouviu o som de algo duro raspando o chão atrás dela.

Assustada, ela se virou abruptamente, com o corpo todo tremendo. O copo escorregou de sua mão, caindo no carpete com um baque surdo, mas sem se quebrar.

Ela viu alguém surgindo de trás da tela.

Liderando o caminho estava o médico desconhecido que ela viu no local das filmagens, aquele que tentou salvar Shi Lanlan.

Atrás do médico estavam outras duas pessoas, uma delas uma jovem mulher uniformizada, provavelmente funcionária do hotel.

A outra pessoa era um jovem alto e bonito. O alarmante era que ele segurava uma câmera DV, claramente gravando por trás da tela há algum tempo, capturando tudo o que tinha acontecido na sala.

“Srta. Diana.”

Ye Huairui suspirou: “Então foi você.”

O rosto de Diana ficou branco como papel, seu corpo enrijeceu como se ela tivesse caído em um abismo de gelo.

-Acabou…

Ela pensou:

-Eles viram tudo…