Capítulo 119: É verdade
Mais tarde, Wu Ruo e Wu Qianqing se dirigiram para os arredores da capital com vários guardas. Wu Bufang, Shao Shuyuan e Wu Yu, junto com cinco anciãos, já estavam esperando há algum tempo.
Estavam visivelmente incomodados ao ver Wu Ruo e Wu Qianqing.
Wu Qianqing deu um passo à frente para cumprimentá-los como costumava fazer. No entanto, ao contrário de antes, já não havia mais intimidade entre eles. Após a saudação, ele e Wu Ruo afastaram-se um pouco e permaneceram ali em silêncio.
Wu Bufang e Yao Shuyuan continuaram a encará-los, como se tentassem justificar o que havia ocorrido no banquete de aniversário do Primeiro-Ministro. Mas, no fim, não disseram nada — estavam orgulhosos demais para se desculpar.
Cerca de meia hora depois, centenas de carruagens avançaram em direção ao portão da Capital Imperial.
Yao Shuyuan reconheceu alguns guardas e gritou, empolgada:
— Olhem! São eles! Eles estão vindo!
Wu Bufang e Wu Yu, animados, correram na direção das carruagens.
O guarda principal passou por Wu Bufang e parou a carruagem bem diante de Wu Ruo.
— Saudações, minha senhora.
— Como está tudo? — perguntou Wu Ruo.
— Fomos atacados por bandidos, mas lidamos com eles — respondeu o guarda, com desdém ao mencionar os agressores.
Wu Ruo sabia exatamente de quais bandidos ele estava falando.
— Desde que estejam a salvo, é o que importa.
Wu Bufang foi verificar uma carruagem assim que a comitiva parou. Dentro, estavam seu filho mais velho e sua nora. Comovido, disse:
— Xuanyun!
Wu Xuanyun, que estava deitado no interior da carruagem devido às dores intensas, abriu lentamente os olhos ao ouvir a voz do pai. Ao ver os pais, seus olhos se encheram de lágrimas.
— Mamãe… papai…
Saiu debaixo das mantas e, emocionado, arrastou-se para fora da carruagem, finalmente encontrando alguém em quem confiar.
Os demais também olharam pelas janelas ao ouvir a voz de Wu Bufang. Quando o viram, seus olhos brilharam de emoção.
— Vovô!
— Vovó!
— Bisa!
— Biso!
— Chefe…!
Os olhos de Wu Bufang marejaram. Sua família ainda estava viva.
— Está tudo bem, desde que vocês estejam bem.
Wu Ruo aproximou-se e disse:
— Bisa, vamos acalmá-los primeiro e conversar depois. Agora estamos parando o fluxo de entrada e saída da capital, e os cidadãos podem se incomodar.
Wu Qiantong, numa carruagem mais atrás, ficou furioso ao ver Wu Ruo e Wu Qianqing de pé, ilesos.
— Wu Ruo, quem diabos você pensa que é para nos dizer onde deveríamos estar?
— Quem eu sou? — Wu Ruo zombou. — Se não fosse por minha gente que os salvou, acha mesmo que ainda estariam vivos? Se não fosse por minha gente que os trouxe até aqui, acha que estariam aqui agora? Pense antes de falar.
— Besteira! — retrucou Wu Qiantong, descrente. — Quem você pensa que é para nos salvar?
Wu Ruo ergueu uma sobrancelha.
— Se não fui eu, então quem foi que os salvou e os enviou até aqui?
— Foi o vovô, é claro!
Wu Bufang ficou visivelmente envergonhado.
Wu Ruo zombou.
— Então pergunte a ele se isso é verdade.
O Ancião Rong, que havia vindo há tempos com Wu Bufang, interveio:
— Mestre Qiantong do Pátio Sul, contenha-se. Se não fosse pelo Mestre Wu Ruo, você já teria morrido há muito tempo. Foi ele quem providenciou os guardas para escoltá-los até aqui. Sem ele, vocês não teriam nem onde ficar na capital.
— Não podemos ficar na casa do vovô? — retrucou Wu Qiantong, indignado.
O Ancião Rong franziu o cenho.
— Deveria saber que cada centímetro de chão aqui custa uma fortuna. Mesmo com dinheiro, é difícil comprar uma casa, quanto mais uma mansão grande o suficiente para toda a Família Wu. O chefe levou dias para conseguir comprar uma casa — e pagou caro — e ainda assim ela tem metade do tamanho do Pátio Sul. Só cabe ele e nós. Não há espaço para mais ninguém.
— O vovô pode construir uma casa grande fora da capital?
Wu Bufang respondeu sério:
— Você acha mesmo que é fácil assim comprar um terreno na Capital Imperial? Ou construir uma casa como bem entender? Acha que posso fazer o que quiser? Wu Qiantong, aqui não é a Cidade de Gaoling. Cuidado com sua língua. Qualquer um aqui pode te matar se quiser.
Wu Qiantong ficou calado.
Wu Ruo olhou para ele e disse:
— Se não quiser vir conosco, então saia e ache alguém que o leve de volta para Gaoling. Já fiz tudo o que podia.
— Seu…! — rugiu Wu Qiantong.
Wu Yu, que estava calado até então, o segurou:
— Tio, Ruo já solicitou um decreto imperial para que fiquem com a Família Wu da Capital. O Primeiro-Ministro garantiu que cuidaria de vocês até se recuperarem.
— Sério? — Todos se animaram.
Desde que foram feridos, tomaram quase todos os remédios que tinham, mas não melhoraram. Já estavam começando a perder as esperanças de se curar. Mas agora o Primeiro-Ministro estava disposto a cuidar deles?
— É verdade. Tenho o decreto imperial — disse Wu Ruo.
Wu Yu permaneceu em silêncio.
Então o decreto imperial era mesmo verdadeiro.
Todos aplaudiram de alegria.
Wu Ruo zombou em pensamento enquanto os via rir.
— Ei! Vocês vão sair da frente ou não?! Abram caminho! — gritou alguém atrás da comitiva.
— Vamos — disse Wu Ruo, voltando para sua carruagem com Wu Qianqing.
— São ingênuos demais — suspirou Wu Qianqing.
Quão ingênuos eram por achar que teriam uma vida feliz na Família Wu…
Wu Ruo sorriu e nada respondeu.
Quando a comitiva chegou ao portão sul da Família Wu, um dos guardas de Hei Xuanyi informou aos guardas locais sobre a mudança. No entanto, foram enxotados como se fossem mendigos:
— Vão embora. Ainda não recebemos nenhuma ordem sobre membros da linha colateral se mudando pra cá.
Como Wu Ruo já esperava que Wu Chenzi colocasse dificuldades antes de receberem o decreto imperial, ele avançou com o documento em mãos.
— Está dizendo que vai desobedecer a ordem do imperador?
O guarda empalideceu e ajoelhou-se imediatamente. A governanta correu para avisar o chefe.
Sabendo que Wu Ruo vinha com um decreto imperial, o chefe apareceu com um sorriso no rosto.
— Bufang, me perdoe. Minhas sinceras desculpas. Estava tão ocupado que não avisei os guardas sobre a mudança de vocês.
Como também era chefe, Wu Bufang sabia bem o que ele estava fazendo.
— Entendo. Imagino o quão atarefado esteja, já que também sou chefe.
— Vá preparar o alojamento deles agora — ordenou o chefe à governanta.
— Sim, senhor.
— Podem ir entrando — disse Wu Bufang aos demais.
Wu Qiantong e os outros desceram das carruagens, animados.
Mas o que viram depois chocou profundamente Wu Bufang e os anciãos. Não tinham visto claramente o estado dos ocupantes das carruagens. Agora que todos haviam descido, tudo se revelou. Alguns haviam perdido braços ou pernas, olhos ou ouvidos. Ninguém estava completamente inteiro.
Yao Shuyuan não podia acreditar no que via.
— Você… você…
Sabiam que a Família Wu estava ferida, mas nunca imaginaram que estariam tão danificados.
Todos pareciam carregados de dor, como se tentassem esquecer o dia horrível em que tudo aconteceu. E não queriam jamais que aquilo se repetisse.
Wu Ruo os consolou:
— Não se preocupem. Sua Majestade ordenou que o Primeiro-Ministro os cure o quanto antes. Se precisarem de remédios, avisem o chefe da linha direta. Ele providenciará tudo que pedirem.
O chefe ficou constrangido com aquelas palavras. Quantos remédios seriam necessários até se recuperarem?
Wu Ruo disse a Wu Bufang:
— Bisa, como já estão todos aqui, cumpri minha parte. Se me der licença, tenho outros assuntos para resolver. Até logo.
Wu Bufang assentiu.
— Esperem! — gritou uma voz da casa.
Uma mulher em trajes extravagantes saiu pela porta com a ajuda de uma serva e parou diante de Wu Ruo.
— Guardas, prendam-no!
Antes que os guardas dela se movessem, Wu Qianqing e centenas de guardas Hei que haviam escoltado a Família Wu se posicionaram imediatamente entre ela e Wu Ruo, chegando até a empurrá-la alguns passos para trás. A mulher tremia de tanta raiva.
— Vo-vocês…!
— Zhirong, o que pensa que está fazendo? — perguntou o chefe, com voz grave.
Wu Bufang olhou para Shang Zhirong e depois para Wu Ruo. Por fim, optou pelo silêncio.
Shang Zhirong rugiu:
— Chefe, machucaram minha filha Weixue, e ela ainda está em coma! Estou apenas buscando vingança!
Então ela era a mãe de Wu Weixue. Wu Ruo zombou:
— Senhora Wu, sua filha invadiu nossa casa, e os guardas a feriram por engano, pensando que fosse uma assassina. E ela não foi a única a se machucar. Eu mesmo fiquei desacordado por dois dias. Devo buscar vingança também?
— Mas você está aí, de pé! Minha filha continua em coma!
— Está dizendo que se eu também estivesse na cama, doente, isso estaria resolvido? — Wu Ruo riu. — É assim que agradecem a quem lhes prestou ajuda?
— Quem você ajudou?
— A família do meu marido salvou o pai do Chefe de Estado. Vai negar isso? Ou sua família tem o hábito de se vingar daqueles que um dia os ajudaram? — Wu Ruo falou em voz alta, para que todos ao redor ouvissem.
O chefe interveio, sério, ao ver que os curiosos começavam a se aglomerar:
— Shang Zhirong, o Primeiro-Ministro cuidará da situação de Weixue. Você, entre agora mesmo.
Shang Zhirong fez um esforço enorme para conter o temperamento e, após lançar um olhar feroz a Wu Ruo, entrou na casa.
Wu Ruo se virou e disse a Wu Qianqing:
— Pai, pode ir pra casa sem mim. Ainda preciso fazer umas compras.
— Eu vou com você — disse Wu Qianqing, preocupado.
Wu Ruo assentiu.
Quando estavam dentro da carruagem, Wu Qianqing comentou:
— Com tudo que está acontecendo, está claro que você e o Primeiro-Ministro têm desavenças. Melhor levar mais guarda-costas com você toda vez que sair. Tenho receio de que possam emboscá-lo.
— Tomarei cuidado. — Mesmo que não fizesse isso, Hei Xuanyi nunca o deixaria sair sozinho.
— Pra onde vamos? — perguntou Wu Qianqing.
— À farmácia.
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Capítulo 119: É verdade
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Comeback of the Abandoned Wife
Depois que Wu Ruo morreu, ele renasceu naqueles dias sombrios em que era o mais inútil e o mais gordo — justamente a versão de si mesmo que mais odiava.
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