capa_ee_c_logo

Entre Espadas

Capítulo 23

  1. Home
  2. All Mangas
  3. Entre Espadas
  4. Capítulo 23 - Em direção a Kumo-rui.
Anterior
🟡 Em breve

Leonardo acordou quando uma sensação estranha percorreu ambas as suas pernas. Ele sentia como se suas pernas estivessem cobertas de água. Essa sensação fez com que, aos poucos, ele abrisse os olhos para ver o motivo de ter água em contato com partes de seu corpo.

 

“Akiko…” Ele chamou com certa sonolência, enquanto levava as mãos aos olhos para despertar definitivamente.

 

“Oh, senpai¹, você acordou. Dormiu bem?” A jovem perguntou ao seu amigo, sem tirar os olhos do horizonte, enquanto acariciava a cabeça do grande tigre.

 

“Sim, dormi, mas…” Leonardo interrompeu sua própria fala ainda no início, quando olhou em volta. “Por acaso este local é o quinto distrito? Só tem água para todo lado, quase como um pântano.”

 

Ouvindo o que Leonardo havia acabado de falar, Akiko rapidamente respondeu: “Sim, aqui é o quinto distrito, Leo, e é um pântano. Na verdade, é até estranho que você não saiba. O distrito Jo é conhecido justamente por ser uma área pantanosa que se estende por quilômetros. Os poucos locais onde há terra são onde a população de humanos e youkais terrestres se reúne para formar pequenos vilarejos.”

 

Enquanto explicava para Leonardo sobre o quinto distrito, um pensamento veio à mente de Akiko, que a fez parar de explicar e virar-se levemente para olhar para seu amigo. “Senpai, por favor, me diga, você não estudou sobre os treze distritos da nação e seus generais em nenhum momento durante esses quatro anos?!”

 

A pergunta feita por Akiko fez com que o rosto de Leonardo ficasse levemente vermelho. Ela estava certa; em nenhum momento dos quatro anos em que estava morando no templo Huo, ele havia estudado sobre o país em que estava. Dando-se conta disso, ele respondeu a Akiko de maneira sem graça: “Bem… eu, posso ter… digamos que eu estava ocupado demais treinando a manipulação do meu sangue para criar minha katana.”

 

“Que desculpa esfarrapada é essa? Tenho certeza de que Liming-Shishou² lhe entregou diversos livros sobre a nação para que você aprendesse, e você apenas os deixou de lado por achar que não precisaria saber de coisas ‘básicas’. Não foi isso?” As palavras ditas por Akiko foram certeiras em todos os sentidos. Leonardo realmente havia deixado deliberadamente de estudar coisas consideradas básicas por aqueles dessa nação, pensando que não seriam relevantes para o caminho que estava seguindo agora.

 

“Tá, tá, você tem razão. Eu só deixei de lado por não achar necessário… talvez pela raiva que tenho envolvendo esses generais”, Leonardo falava enquanto se arrumava, sentando-se totalmente de lado nas costas de Tora, que continuava andando pântano adentro. Leonardo movia os pés na água, percebendo somente agora que estava descalço. “Akiko, onde estão meus sapatos?”

 

“Estão na minha bolsa. Você estava dormindo, então tomei a liberdade de tirá-los antes de entrarmos na água, mas não mude de assunto”, Akiko o advertiu, tomando um tom mais sério. “Leo, se vamos passar por todos os distritos e duelar com seus generais, você deveria ao menos saber como é a região de cada um dos distritos e quais desvantagens podem nos proporcionar por isso.”

 

“Por exemplo, você sabia que cada distrito carrega o sobrenome de seu respectivo general? O quinto distrito é chamado distrito Jo, com seu general sendo um garoto chamado Jo Shihei. Já o terceiro distrito, onde nasci, se chama distrito Katsura, em homenagem a Katsura Gonkuro, o terceiro general, e se me permite dizer, o melhor entre todos os 13!” Em algum momento, quando Akiko começou a falar sobre o distrito Katsura e seu general, a voz da menina pareceu tomar um tom mais animado, quase como uma fã falando do seu ídolo favorito.

 

Aquele comportamento de Akiko fez Leonardo rir devido à empolgação de sua amiga, e quando ela se calou para respirar, ele não lhe deu tempo para voltar a falar e tomou a palavra: “Kiko, você sabe que estamos em uma missão para subjugar todos eles, certo?”

 

“Bem, eu sei, mas… por que devemos subjugar todos? Quero dizer, não é porque um general ou seu líder agiu de maneira maligna uma vez que todos os outros se encaixam nisso…” Akiko pareceu um pouco receosa ao falar. Ela sabia que talvez Leonardo não gostasse do que ela estava dizendo, mas também não gostava da ideia de machucar alguém que admira.

 

“Kiko, pense comigo, se uma grande árvore apresenta frutos podres, quem te dará a garantia de que os outros frutos dessa árvore são maduros e não prejudicarão sua saúde?” Leonardo perguntou enquanto esperava uma resposta da jovem para voltar a falar.

 

“Leo, eu entendo o que quer dizer. Claro, onde há um fruto podre, existe uma grande chance de haver mais deles, mas isso não significa que todos os frutos dessa árvore estão podres. Alguns deles podem ser tão maduros ao ponto de expurgar os frutos podres”, a garota argumentou enquanto continuava a olhar para o horizonte.

 

“Você está certa nisso, Akiko, mas há um porém. E se a causa da podridão desses frutos não vier de maneira externa, como por exemplo insetos, mas sim das proteínas fornecidas pela grande árvore aparentemente saudável, que aos poucos torna esses frutos maduros e saudáveis que você menciona em frutos podres e caídos, tornando-se apenas uma questão de tempo para que todos os frutos dessa árvore se tornem prejudiciais para a saúde?” Leonardo concluiu enfim sua explicação, virando-se para Akiko para ter certeza de que ela havia entendido o que ele queria dizer.

 

A expressão de Akiko era um tanto quanto controversa; a garota não havia entendido completamente o que Leonardo queria dizer. Percebendo isso, ele tentou pensar em como explicar de maneira mais simples e, somente então, voltou a falar: “Kiko, vire-se e me dê uma adaga, vou desenhar para você.”

 

Ela então se sentou de costas para a cabeça de Tora e olhou para trás. “Desculpe me virar assim do nada, Tora. Quando chegarmos ao distrito Kumo-rui, deixarei que descanse enquanto estivermos lá.” O tigre apenas acenou rapidamente com a cabeça e suspirou, voltando a focar em sua tarefa.

 

Akiko então o acariciou mais uma vez, o que a fez parecer como uma velhinha se preocupando com seu gatinho. Somente depois disso, a garota se voltou para Leonardo, tirando uma pequena adaga de sua mochila e entregando-a a ele. “Se cair sangue no pelo do Tora, eu te faço dar banho nele.”

 

“Eu sei controlar minha habilidade…” Ele disse, pegando a adaga e fazendo um pequeno corte na palma de sua mão. Assim que o sangue começou a emergir, os olhos violetas de Leonardo se tornaram vermelhos, e o sangue em sua mão começou a tomar forma no ar.

 

Aos poucos, o desenho de uma grande árvore, com frutos e longas raízes, apareceu acima da mão de Leonardo. No total, a árvore apresentava treze frutos numerados de 1 a 13, e no tronco da grande árvore estava escrito o título: “Xogum”. Em suas raízes, a frase “Causador da podridão” começava a se formar.

 

Vendo o desenho, Akiko pareceu entender o que Leonardo estava tentando explicar e então tomou a palavra: “Acho que entendi agora. Na sua percepção, o verdadeiro problema não são os generais, mas também não a nossa Xogum, mas algo mais profundo que isso, talvez alguém que possa influenciar todas essas pessoas importantes de uma vez?”

 

“Isso mesmo, minha Kohai³ é realmente uma menina muito esperta.” Leonardo falou de maneira carinhosa, utilizando sua mão limpa para dar dois pequenos tapinhas na cabeça de Akiko, quase como um irmão mais velho orgulhoso.

 

“Mas Leo, posso perguntar por que a Xogum não foi colocada como a fonte do problema? Pensei que, para você, ela era a principal culpada pela destruição da nossa vila”, Akiko perguntou, ainda confusa, enquanto analisava a árvore.

 

“Bem, você tem razão. Eu inicialmente pensava dessa maneira, mas, devido a diversas conversas com os sobreviventes mais velhos de nossa vila, passei a considerar a possibilidade de que a Xogum seria mais algo puro sendo corrompido pela fonte desse problema.” Leonardo falou de maneira calma, enquanto a ferida em sua mão desaparecia aos poucos.

 

“O que você descobriu que o fez pensar assim, senpai?” Akiko perguntou, um pouco incrédula com a mudança de ponto de vista de Leonardo, que não havia percebido.

 

“Muitas coisas. Das diversas pessoas que consultei entre os sobreviventes da nossa vila, por mais que não entendessem por que a Xogum fez o que fez, todos assumiram um pensamento em comum: que ela estava fazendo algo em prol da nação. E claro, eu perguntei por que achavam isso. Foi aí que me contaram a história daquela mulher.” Leonardo falou com certa admiração em sua voz.

 

“A história da Furukawa-dono⁴? Como você descobriu isso e por que não me contou?!” Akiko perguntou incrédula, dando um leve soco no ombro de Leonardo.

 

“Porque pensei que poderia ser algo a se falar durante a viagem. Está vendo, posso não saber o básico, mas sei bastante coisa sobre sua Xogum, e olhe que nem sou deste país.” Leonardo disse com certa arrogância na voz, quase como se fosse uma vingança pelo comentário sobre conhecimentos que Akiko havia lhe dito.

 

“Tá bom, já entendi que você sabe muito, agora abre o bico e me conta sobre!” Akiko disse de maneira entusiasmada.

 

“Certo, certo, muito bem. O que eu descobri em meio à minha pesquisa de campo, conversando com os idosos, foi que, aparentemente, há cinquenta anos, quando o atual Imperador ainda era jovem, a nação vivia em uma completa guerra interna entre diferentes tribos de youkais e humanos, principalmente aqueles pertencentes aos antigos clãs nobres.” Enquanto Leonardo começava a explicar, o sangue que flutuava em sua mão se solidificou quase instantaneamente, e seus olhos voltaram à cor original. Após isso, ele apenas pegou a imagem da árvore, quebrou-a em diferentes pedaços e jogou-os na água.

 

“Clãs nobres? Mas não temos clãs nobres na nossa nação, Leo.” Akiko perguntou, confusa, ao rapaz.

 

Leonardo riu levemente e então voltou a falar: “Não mais. Se acalme, Akiko, chegarei a essa parte logo. Pois bem, continuando, nessa época de guerras constantes, aparentemente humanos e youkais nunca haviam conseguido chegar a um acordo entre si, mas também não é como se tivessem realmente tentado. Os clãs queriam expandir suas terras para os territórios que originalmente pertenciam aos youkais, que tinham até mesmo seus próprios governantes. Em resposta, os youkais invadiram as terras que pertenciam a esses clãs, e aos poucos essa grande guerra realmente começou. No total, 7 dos 8 clãs principais do país lutavam contra as tribos youkais para reivindicar suas terras, com o apoio do Imperador.”

 

“Leo, perdoe-me interrompê-lo novamente, mas como havia oito clãs principais, por que um deles ainda não estava envolvido na guerra? Estou curiosa, qual era o clã que ficou de fora e por que ficou?” Akiko perguntou de maneira realmente interessada. Havia muitos dias que haviam iniciado a viagem e, de maneira sincera, ela estava começando a ficar entediada.

 

Ele então sorriu em resposta e Akiko rapidamente entendeu que havia feito uma pergunta certeira. “Bem, Akiko, esse clã que ficou de fora desta guerra não foi nada menos que o Clã Furukawa, o clã da nossa estimada Xogum. Eles eram conhecidos por dois motivos: primeiro, porque os samurais do Clã Furukawa eram reconhecidos como os melhores guerreiros de toda a nação; e segundo, pela cor distinta dos cabelos de seus integrantes, que possuíam a cor vermelha como o vermelho dos lírios, o que fez com que seus samurais fossem conhecidos como “Chi o abita-sha-tachi⁵”. O motivo deste renomado clã se negar a entrar nesta guerra é devido ao primeiro filho adotivo do patriarca e da matriarca do clã, um Baku, que você deve conhecer como seu terceiro general atualmente, Katsura Gonkuro. O clã se negou a lutar contra aqueles semelhantes ao seu amado filho, e em resposta, os outros clãs, aparentemente sem o conhecimento do Imperador, queimaram suas casas durante a noite e os emboscaram em seu próprio lar. Somente o primeiro filho conseguiu fugir, levando sua irmã mais nova de oito anos em seus braços e desaparecendo por doze anos.” O jovem então parou de falar para recuperar o fôlego e tomar um pouco de água do cantil em sua mochila. Após um bom gole, ele continuou: “Muito bem… onde parei?”

 

“Você estava dizendo sobre Katsura-sama ter escapado e desaparecido por doze anos com a nossa xogum”, Akiko respondeu rapidamente.

 

“Certo, enfim, quando eles finalmente reapareceram depois de doze anos, a irmã mais nova do primeiro filho já era uma mulher formada e, aparentemente, uma guerreira ainda mais formidável. Ela apareceu utilizando uma habilidade há muito tempo não vista, com escamas azuis cobrindo sua pele e com uma galhada como a de cervos. Ela surgiu no campo de batalha em um grande pilar de madeira envolvido em água corrente que tomava a forma de um dragão. Os guerreiros ali presentes juraram ouvir o grande rugido do dragão, que fez tanto humanos quanto youkais caírem aos pés da mulher. Ela tomou uma postura firme e então gritou do topo algo como: ‘Se mais uma gota de sangue youkai ou humano cair neste campo de batalha, aqueles que a causarem, independente de quem sejam, sentirão a ira vinda do leste.’ Dizem até mesmo que ela desceu com um sorriso no rosto e os generais humanos e youkais ali presentes foram ao seu encontro para confrontá-la sobre suas intenções com aquele ato. Em resposta, a mulher cortou a cabeça dos generais humanos ali presentes, que eram os mesmos que haviam matado sua família. Então, ela se virou, ajoelhou-se e colocou a cabeça ao chão, dizendo as seguintes palavras aos youkais ali presentes: ‘Peço perdão a todos vocês por tudo que minha espécie lhes causou, todas as perdas e aflições. Acabo de ser declarada como Xogum pelo atual Imperador e, como meu primeiro ato, gostaria de implorar que perdoem minha espécie e que me aceitem como sua Xogum para que eu possa lhes proporcionar anos de paz para ambos. Para demonstrar minha sinceridade, priorizarei entre meus generais todo aquele youkai que tiver força e verdadeira bondade em seu coração para proteger tanto humanos quanto youkais em uma nova era.’ Dizem que, além de essas palavras terem sido gravadas na história, os generais youkais decidiram aceitar o que foi proposto pela Xogum e, naquele ano, os treze distritos e os treze generais começaram a se formar. Desde então, nossa Xogum sempre viaja pela nação quando o tempo permite, para conferir o bem-estar do seu povo e garantir que os anos de paz continuem por muito tempo.”

 

Quando Leonardo finalmente se calou e Akiko percebeu que ele havia terminado de contar sua história, já havia se passado muito tempo, cerca de três horas, e de trás dela a voz de Tora soou.

 

“Mestra, aparentemente daqui para frente o caminho não apresenta mais água. Ainda estamos no distrito Jo, mas agora que estamos em terra firme, levarei cerca de quatro dias para chegarmos ao distrito Kumo-rui se não fizermos paradas”, o tigre falou calmamente enquanto subia para terra firme.

 

“Certo, siga o ritmo que achar preferível, Tora. Pararemos no distrito Sakuma para comprar mais suprimentos. Em quanto tempo acha que poderemos chegar lá?” Akiko perguntou, sem se virar para olhar para frente.

 

“Dois dias, mestra”, Tora respondeu calmamente enquanto começava a tomar velocidade.

 

“Está ótimo, descansaremos no distrito Sakuma durante três dias para que recupere suas energias”, Akiko respondeu calmamente. Então, voltou a falar com Leonardo, que ainda estava em silêncio. “Bem, Leo, ouvindo o que me disse, entendo por que acha que alguém está manipulando nossa Xogum ou a influenciando a tomar ações tão extremas que ferem o próprio povo… mas ainda assim, me diga, você realmente pretende subjugar todos os generais?”

 

Leonardo suspirou com a pergunta feita por Akiko e olhou para o céu nublado acima de sua cabeça. Somente após alguns segundos encarando o tempo nublado, ele enfim voltou a falar: “Sinceramente, eu não sei mais. Quero me convencer de que o certo seria matar todos eles, mas ao mesmo tempo, eles são símbolos da união de youkai e humanos. Destruí-los… poderia ser como trazer essa nação de volta ao caos… e também a Xogum parece cuidar bem do meu Ryo… não quero magoá-lo.”

 

Quando Leonardo abaixou a cabeça, olhando para baixo mais uma vez, Akiko pôde ver que ele realmente estava confuso sobre o que seria o certo a se fazer. “Sabe, essa missão… é difícil. Eu gostaria de não ter dúvidas. Talvez eu subjugue somente aqueles que ferem seu povo… Sei que talvez possam existir alguns poucos que realmente querem o melhor para seu povo, mas não posso deixá-los se safarem pelo que fizeram à Vila Katsura. Talvez eu mate aqueles que abusam de seu poder e derrote os que não fizeram nada, como um aviso, que estarei lá para matá-los se passarem da linha… Eu acho que ele me perdoaria, se eu explicasse o porquê disso.”

 

Ouvindo o que Leonardo falava, Akiko reparou algo estranho em suas palavras e então olhou nos fundos dos olhos de Leonardo, perguntando curiosa: “Leo, por que está falando sobre como ele se sentiria, como se soubesse exatamente como ele está?”

 

A pergunta de Akiko fez Leonardo sentir seu coração na palma da mão, mas por fora seu rosto continuava calmo. Ele apenas sorriu e respondeu de maneira leviana: “Eu… apenas sinto isso no meu coração.”

 

“Oh, bom, pelo menos esse sentimento está lhe fazendo tomar uma atitude mais razoável. Claro, atacar um general ainda nos tornará criminosos, mas…” A garota enfim se levantou nas costas de Tora, se equilibrando com cuidado enquanto se virava para frente e se sentava novamente.

 

“Mas? Por favor, Akiko, sabe que pode falar o que quiser comigo. Somos amigos há um bom tempo”, Leonardo dizia, parecendo um pouco mais calmo por ela não ter duvidado da veracidade de suas palavras anteriores.

 

Akiko suspirou e então voltou a falar: “Eu estive pensando, sabe, desde que decidimos seguir esse caminho, se existiria uma maneira de seguirmos este caminho sem que fôssemos reconhecidos, para que pudéssemos ter a liberdade de continuar vivendo em sociedade pelo máximo de tempo possível.”

 

“E qual foi a conclusão a que chegou enquanto pensava sobre isso, Kiko? Você acha que existe um meio que torne tal façanha possível?” Leonardo perguntou com um interesse genuíno sobre o que a menina falava.

 

Akiko ficou receosa por um momento, mas então voltou a falar: “Bem, eu e Shishou conversamos bastante sobre isso, durante um bom tempo em segredo, para ser uma surpresa para você. Particularmente, não sei se aceitará, mas acho que é um bom momento para lhe contar. Shishou pediu para que confeccionassem roupas que cobrem praticamente todo o nosso corpo. São pretas e de um tecido especial para que não sejam muito quentes e nem impossibilitem nossa movimentação, e também duas máscaras para cobrir nossos rostos por completo. Se as utilizarmos, pelo menos por um tempo, talvez possamos aproveitar um pouco mais da vida como pessoas normais…” Após terminar de contar, Akiko olhou para trás, vendo uma expressão que não esperava.

 

Leonardo estava sorrindo após ouvir aquilo. Por algum motivo, tal presente o agradou de maneira que Akiko não entendeu de início, e logo ele veio a falar com ela novamente: “Kiko, você e Shishou… obrigado por tudo que fazem por mim. Essa ideia é realmente boa, afinal, se não souberem quem sou, ainda poderei sair para um encontro com o Ryo na cidade.” Ele disse com um grande sorriso no rosto.

 

Ouvir a frase dita por Leonardo fez com que Akiko risse de uma maneira muito doce e, por fim, completasse: “Pela Deusa, você realmente só pensa nesse garoto o tempo todo. Quando nos encontrarmos, espero poder me tornar uma boa amiga dele!”

 

O que Akiko disse fez Leonardo sorrir de maneira sincera e carinhosa. É claro que eles se dariam bem, ele tinha essa certeza de uma maneira que Akiko nunca entenderia. É claro que ela e Ryo vão se dar bem, afinal, ele é o irmão dela, por mais que ela não se lembre. Leonardo tinha essa certeza porque nunca conheceu dois irmãos que cuidassem tanto um do outro. Mesmo tendo um, ele nunca conseguiu ter com seu irmão mais velho o carinho e o amor que Ryo e Kaede possuíam um pelo outro.

 

Foram diversas as vezes em que Leonardo presenciou a cena de Kaede tomando a frente para defender Ryo de valentões ou até mesmo assumindo a culpa pelos erros dele, para que os pais não o repreendessem. Ela era uma irmã tão boa, e tudo o que Leonardo pôde verbalizar sobre o desejo de uma irmã reencarnada se tornar amiga de seu irmão foi um sorriso seguido de palavras gentis: “Eu tenho certeza de que serão os melhores amigos de toda essa nação!”

 

Notas de rodapé:

 

1 – Senpai (先輩) – É o sufixo para tratar colegas mais velhos ou figuras mentoras. Aplica-se a estudantes mais velhos de escolas, a atletas mais experientes, etc.

 

2 – -Shishou – Termo mais ou menos equivalente a sensei, mas é menos usado e refere-se a uma relação mais pessoal. Por outras palavras, seria equivalente a mestre na relação de mestre e aprendiz.

 

3 – Kohai (後輩) – É o contrário de senpai, usado para referir-se aos mais jovens.

 

4 – dono (殿/どの) – Este sufixo é muito raro nos dias de hoje e é usado para demonstrar um grau de respeito muito grande (ainda mais do que “-sama”). Era usado para falar de guerreiros samurais, na época de Edo. Desde então “-dono” ficou só usado para falar de guerreiros, mas é perfeitamente possível usar em pessoas comuns, se elas forem muito importantes.

 

5- Chi o abita-sha-tachi – tradução: Aqueles que se banharam em sangue

Comentários no capítulo "Capítulo 23"

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*

*

Capítulo 23
Fonts
Text size
AA
Background

Entre Espadas

3.4K Views 3 Subscribers

Um relacionamento que acabou de maneira conturbada e um acidente que causa a morte de ambos, foi assim assim que Ryo e Leonardo se viram em um mundo feudal durante um xogunato, onde aparentemente...

Chapters

  • Volume 1
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 45 Um Conto de Dois Irmãos (4): Sobre suas asas.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 44 Um Conto de Dois Irmãos (3): Nasce o Lírio.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 43 Um Conto de Dois Irmãos (2)
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 42 Um Conto de Dois Irmãos (1)
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 41 Você e Eu, Até o Fim.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 40 Treze Soldados, Quatorze Corações que Batem em um Único Som.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 39 O Doce Som da Biwa
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 38 Histórias de um Velho Tanuki.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 37 Camélias Vermelhas
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 36 O imperador selado
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 35 A Samurai de Cabelos Vermelhos
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 34 Bons sonhos, Tsukuyomi.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 33 A teia da aranha
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 32 O quarto general.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 31 Antidoto & Veneno
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 30 A prova de seu amor.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 29 A queda de Kumo-rui Parte 2
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 28 A queda de Kumo-rui Parte 1
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 27 Lembre-se do meu nome
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 26 Um lótus banhado a sangue
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 25 Kumo no Su, uma vila de tecelãs
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 24 O príncipe youkai e o santo de outra terra.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 23 Em direção a Kumo-rui.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 22 Um noivado inusitado.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 21 Quem devo ser nesta história?
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 20 As noites em Iwasakiyama
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 19 O príncipe de lugar nenhum
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 18 A flor de lotus que desabrocha entre os treze
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 17 O treinamento se inicia, dias chuvosos chegam à capital.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 16 Toyosaki Kaede
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 15 A lua e seu pecador
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 14 Lírios Aranha
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 13 Esquecer
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 12 Deixe os queimar.
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 11 Enunciação de morte
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 10 Entardecer
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 9 Toyosaki Ryo
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 8 Sacerdotisa...
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 7 Xogum
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 6 A cobra, a espada e o salgueiro
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 5 O habitante desta floresta
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 4 Um caminho de ossos a nossa frente
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 3 gosto amargo para Ryo
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 2 O vazio perante um novo começo
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 1 Um novo mundo, com você?!
      • capa_ee_c_logo
        Capítulo 0 Notas iniciais

Login

Perdeu sua senha?

← Voltar BL Novels

Assinar

Registre-Se Para Este Site.

De registo em | Perdeu sua senha?

← Voltar BL Novels

Perdeu sua senha?

Por favor, digite seu nome de usuário ou endereço de e-mail. Você receberá um link para criar uma nova senha via e-mail.

← VoltarBL Novels

Atenção! Indicado para Maiores

Entre Espadas

contém temas ou cenas que podem não ser adequadas para muito jovens leitores, portanto, é bloqueado para a sua protecção.

Você é maior de 18?