Capítulo 30
Três dias após os acontecimentos em Kumo-rui, distrito Huo.
Três dias. Esse era o exato tempo desde que Uroborosu, dominando o corpo de Ryo, havia chegado ao Templo Huo, e também era o exato tempo desde que Leonardo e Kaede derrotaram a marionete de Hana, e Kaede foi envenenada. Nesse meio tempo, para Ryo, a situação era quase igualmente preocupante.
No dia em que chegaram ao Templo Huo, assim que pisaram na entrada do templo, como se já soubessem que ele estava vindo, Huo Liming estava lá parado à sua frente, olhando para Uroborosu de cima a baixo, com uma grande quantidade de pessoas. E antes que ele falasse algo, ela veio a falar:
— Quem é você? E o que deseja aqui? — Ele perguntou, se aproximando de Uroborosu, que em resposta, apenas devolveu o controle para Ryo, saindo de dentro de seu abdômen em sua forma de Katana.
Assim que Uroborosu caiu no chão, Huo Liming não pôde deixar de fazer uma expressão de surpresa em seu rosto enquanto olhava para a Katana. A expressão apenas se intensificou ao olhar novamente para o rosto da pessoa à sua frente. Aquele rosto… ele já o viu muitas vezes em desenhos feitos por Leonardo. Aquele era o garoto que ele estava procurando, Toyosaki Ryo, mas diferente das expressões calmas contidas nos diversos desenhos anteriormente, o garoto estava pálido e completamente sujo de sangue.
— Meu no… meu nome é Ryo. Venho em nome de Masaru-dono, te-tenho uma mensagem para o segundo general. — Ele respondeu entre longos suspiros, enquanto parecia ter dificuldade para ficar de pé.
E, notando a fraqueza em que o jovem estava, Huo Liming logo deixou sua postura defensiva e se prostou a ajudar o jovem a se manter de pé. Até mesmo sua voz se tornou mais suave ao falar com ele. — Eu sei quem você é, não se preocupe. Irei ajudá-lo. Me diga, o que ela quer me dizer? — Huo perguntou enquanto passava o braço de Ryo por trás de seus ombros.
— Oh… cer-certo, é o quinto general. F-fomos atacados, e ele possivelmente está em um estado crítico… por favor… salve-o. — A cada palavra, Ryo parecia oscilar entre a consciência e a inconsciência. O cansaço do qual havia se recuperado anteriormente com a ajuda de Leonardo parecia voltar agora. Ele poderia não estar mais ferido, mas o cansaço e a dor de usar de maneira tão excessiva suas habilidades finalmente chegaram ao limite. Olhando agora para suas mãos, suas unhas ainda estavam afiadas e suas mãos escurecidas. Em segundos, o cansaço finalmente o venceu, fazendo-o desmaiar.
— Mas que… — A expressão de Huo escureceu no momento em que ouviu o que Ryo estava falando, mas não havia tempo para ficar em pânico. Com ele desmaiando, Huo Liming o pegou em seus braços e se virou para dentro do templo, olhando para as pessoas que se reuniam ali agora para ver o que estava acontecendo.
— Soldados! — Huo Liming gritou, assumindo uma posição mais firme. Rapidamente, homens e mulheres, tanto youkai quanto humanos, utilizando vestes vermelhas, saíram do meio do povo e se prostaram em posição de descanso em frente a Huo, e em uníssono: — Às suas ordens general!!
— QUERO UM GRUPO PARA PREPARAR UM QUARTO E MEDICAMENTOS, E O OUTRO DEVE GUARDAR CONSTANTEMENTE A ENTRADA DO TEMPLO ATÉ A SEGUNDA ORDEM. NOSSA XOGUM ESTÁ VINDO, UM GENERAL ESTÁ FERIDO, PROTEJAM ESTE TEMPLO!! — Liming continuou a falar, surpreendendo até mesmo os atuais moradores no templo. Ele estava totalmente sério, de uma maneira totalmente diferente da qual todos ali costumavam ver, mas mesmo assim em nenhum momento a voz de Huo parecia ameaçadora para eles. Pelo contrário, o transmitia a mesma segurança desde que ele lhes deu um lugar para morar.
Tempo depois, quando Ryo finalmente acordou, já haviam se passado ao todo três dias. Era manhã, bem cedo, e ele não possuía realmente a vontade de se levantar. Estava finalmente descansando, mas mesmo assim, se forçou a abrir os olhos, se deparando com um teto de madeira. Haviam-no levado para um quarto, aparentemente… e então o som de um chilrear.
Olhando para o lado, havia uma mesa de madeira e Fuyu estava lá, sentada, olhando para Ryo constantemente. Em resposta, Ryo se sentou e estendeu sua mão aberta para ela, notando agora que ambas as suas mãos estavam enfaixadas, mas mesmo assim isso não o impediria de pegar a pequena coruja. — Venha, pequenina, não se preocupe, não vai me machucar. — A coruja, parecendo entender o que ele dizia, se postou nas mãos de Ryo, que a levou para seu colo enquanto continuava sentado, acariciando a cabeça do filhote.
Enquanto a acariciava, Ryo continuava a olhar ao redor no quarto. Havia a mesa onde Fuyu estava, com alguns cadernos de couro, uma cadeira onde um haori¹ de cor preta estava pendurado, além de um guarda-roupa cujas portas estavam cobertas por diversos papéis com… desenhos. Isso chamou a atenção de Ryo, que sentiu uma vontade súbita de se levantar e ver mais de perto. No entanto, quando estava prestes a pegar Fuyu para tentar se levantar, a porta de seu quarto se abriu e um homem de cabelos castanhos, vestindo um hanfu de cor branca misturado ao rosa em uma tonalidade pastel, entrou no quarto e ambos se encararam fixamente.
— Q-quem é você? — Perguntou desconfortavelmente.
Huo Liming, por sua vez, não o respondeu de imediato. Ele primeiro fechou a porta e, pegando a cadeira que estava na mesa, se sentou diante da cama onde Ryo estava sentado. De dentro de sua roupa, tirou uma pequena bolsa de pano de onde retirou um anel de rubi, o estendendo com sua mão aberta para Ryo. — Segundo general, Huo Liming. Imagino que isso é seu, certo? — Ele perguntou com um sorriso estampado no rosto.
E, sem mesmo respondê-lo, Ryo pegou o anel da mão de Huo, colocou-o por cima de seu dedo enfaixado e respirou profundamente. Somente então ele respondeu:
— Sim, é meu. Obrigado por guardar. Foi um presente de alguém… alguém importante. — Havia um certo receio em Ryo enquanto falava. Tudo o que ele podia dizer era isso? Um presente de alguém importante? Maldito salvador… “Se lembre do meu nome” que piada sem graça!
Mas isso não era algo com o que deveria se preocupar agora… Havia preocupações maiores que interceptaram a mente de Ryo, que, em um reflexo, segurou a mão de Huo Liming, surpreendendo-o. — Liming-sama, o quinto general… ele…como… — Ele continuava a tentar reunir coragem para perguntar, mas Huo já havia entendido o que o jovem ansiava descobrir.
Apertando a mão de Ryo com gentileza, ele o respondeu: — Se acalme, ele está bem. Vocês tiveram sorte, os dois. Se não fosse pelo espírito de Seiryuu transferindo constantemente energia para o corpo do ‘Shishi’… bom, eu não poderia tê-lo ajudado. — Liming continua a falar com um anseio claro em sua voz, mas rapidamente o substituiu por um sorriso amigável. — Mas, felizmente, esse não foi o caso, e ele está se recuperando. Ainda está dormindo desde que chegou aqui e sua mestra não saiu do lado dele desde então. Não se preocupe mais, ok?
O coração de Ryo se acalmava ao saber que Shihei estava bem. De maneira sincera, ele não conseguiria se perdoar se o quinto tivesse partido, mas felizmente, dessa vez, tudo correu bem. — Liming-sama, se me permite perguntar, por que minhas mãos estão enfaixadas? Achei que só estivesse com fadiga.
A pergunta de Ryo fez Huo Liming se lembrar do motivo inicial de ter vindo ao quarto onde o jovem estava, então logo se prostou a respondê-lo: — Ah, é mesmo, Toyosaki, suas mãos estavam em um estado realmente preocupante. Seu sangue não estava circulando normalmente e elas estavam completamente pretas, quase ao ponto de necrosarem. Você tem alguma noção do quão perigoso isso foi? Estava óbvio que havia a forçado suas habilidades, mas no estado em que chegou… mesmo se estivesse bem antes, isso não era uma desculpa para usar a pouca energia que ainda tinha de maneira excessiva, garoto! — Liming continuava seu alerta, que mais se assemelhava a um adulto brigando com uma criança teimosa, enquanto desenfaixava a mão direita de Ryo, que agora aparentava estar retornando à cor normal, com apenas as pontas de seus dedos pretas.
— Sinceramente, é um milagre que não morreu… Você podia não apresentar ferimentos, mas quando o analisei, havia ferimentos recém-curados na região da sua caixa torácica. Se não fosse pela cura do Leonardo, você estaria morto. Mas é inacreditável que ele não o trouxe para cá imediatamente depois de perceber essas feridas. Eu vou matar esse garoto! — À medida que Huo Liming falava, ele ficava cada vez mais indignado, exatamente como uma mãe.
Mas, estranhamente para Huo Liming, Ryo parecia estar confuso com o que ele estava falando, como se estivesse raciocinando o que ele havia acabado de falar.
— Desculpe… pode repetir esse nome? — Ryo perguntou ansiosamente.
Huo Liming, ainda estranhando o comportamento de Ryo, fez como pedido. — Leonardo…? O que tem ele? Não foi ele quem lhe deu esse anel? Ele disse uma vez que lhe daria assim que te encontrasse…
E, surpreendendo ainda mais Huo, Ryo começou a rir com o que ele havia falado, até mesmo caindo de cabeça no travesseiro novamente com um sorriso bobo no rosto e dizendo para si mesmo em voz alta, se esquecendo de que não estava sozinho. — Então é esse seu nome, senhor noivo e salvador misterioso… não esperava descobrir tão rapidamente. — O garoto então suspirou e voltou a olhar para Huo. — Desculpe-me, senhor, mas poderia me contar quem afinal é esse maluco? — Ele perguntou com um sorriso fraco.
— Como assim… você não sabe quem ele é? Então realmente não se lembra? — Liming perguntou genuinamente curiosa.
— Me lembrar… Ele disse a mesma coisa, sabia? Que eu deveria me lembrar do nome dele. Mas sabe o mais estranho nisso tudo? É que, mesmo sem saber quem esse maluco é, eu quero vê-lo e acreditar que realmente nos conhecemos, seja nessa ou em outra vida. Eu quero vê-lo, então por favor, me fale sobre ele. — Ryo falava cada vez mais animadamente.
— Ei, ei, calma, muita informação de uma vez, garotinho. Como assim ele não te disse o nome dele? E NOIVOS?! Você aceitou um pedido de casamento de uma pessoa quem nem ao menos se lembra? Você… não, vocês dois são loucos. — Era quase inacreditável. Vendo agora, Huo entendeu por que Leonardo se importa tanto com esse garoto. Se casar com alguém que nem se lembra? Ele é louco.
— Olha, ok, não vou julgar sua decisão. Sim, eu o conheço. Leonardo é um dos meus discípulos, mas não deve dizer isso a ninguém. Ele é… como posso dizer? Uma pessoa gentil. Todos no templo gostam dele. Ele também é alguém divertido, sempre com brincadeiras novas e estranhas, o que fez dele um ídolo para as crianças, que desde que ele saiu perguntam quando vai voltar e… — Tudo o que Liming falava lhe trazia uma sensação de nostalgia. Não havia tanto tempo desde que Leonardo e Akiko haviam saído, mas ele sentia mais do que nunca a falta de suas crianças…
Ryo pôde notar o carinho nas palavras do segundo general, da mesma forma que notou a saudade refletida em seu rosto, mas permaneceu em silêncio. Após refletir um pouco, Huo voltou a falar: — E ele também é uma pessoa que constantemente está sofrendo, por mais que não admita… Em dias chuvosos, eu o via em cima do telhado, olhando constantemente em direção ao primeiro distrito, tentando, mesmo de longe, ter ao menos um único vislumbre…
Mesmo talvez já sabendo, o que ele diria, Ryo perguntou: — Um único vislumbre… de mim, não é? — E com a pergunta, Huo apenas sorriu e se levantou da cadeira, indo em direção à porta.
— Sim… Ele ansiava dia após dia ver o seu rosto novamente. Ele dizia que, mesmo que não se lembrasse mais dele, ele o faria se apaixonar novamente… E tudo o que eu pensava era o quão maravilhosa era essa pessoa pelo qual minha criança se apaixonou. E devo admitir… você parece ser realmente uma pessoa maravilhosa, Ryo. — Liming respondeu, se virando com um sorriso no rosto, e então delicadamente voltou a olhar para a porta, a abrindo para sair.
–— Antes que eu me esqueça, se arrume. Agora que acordou, sua mestra deve querer vê-lo antes que os outros cheguem. Há algumas roupas no armário, talvez fiquem largas. São as roupas do Leo, então imagino que goste… Nos vemos mais tarde, pequeno samurai. — E então, assim, Huo Liming finalmente deixou o quarto, fechando a porta atrás de si, deixando Ryo imerso em seus pensamentos. Mais uma vez, o chilrear de Fuyu o puxou para a realidade, olhando-o no fundo de seus olhos, que mais uma vez de cor vermelha.
— Sabe… Eu poderia jurar que sempre que olho para você, seus olhos estão mudando de cor, Fuyu… Talvez seja por você ser pequena ainda… Tenho que tirar um tempo para estudar sobre corujas. — O garoto dizia, colocando a corujinha de volta na mesa e finalmente se levantando da cama.
Somente agora notando que durante toda a conversa estava somente com suas calças, e seu abdômen, por outro lado, completamente enfaixado, mas, de maneira sincera, não havia por que se incomodar com tal coisa agora. A conversa havia sido muito proveitosa. Leo… essa pessoa, o homem que o salvou, discípulo secreto de um general, seu noivo. — A cada coisa que descubro sobre você… você se torna ainda mais atrativo para mim, Leonardo. Esse nome, com toda a certeza, é de outra nação… — Ele continuava a falar sozinho, pegando o haori de Leonardo na cadeira e o vestindo despreocupadamente, até mesmo o levando ao nariz para sentir seu perfume. — Até suas roupas cheiram bem… devo ter finalmente enlouquecido.
E então, olhando mais uma vez ao redor do quarto, agora de perto, os desenhos na porta do velho guarda-roupa de madeira eram desenhos dele, de uma maneira diferente, mas Ryo sabia certamente que era a si mesmo nesses desenhos, o que o fez rir rapidamente e olhar para Fuyu, que continuava a observar atentamente tudo o que ele fazia. — Fuyu, quando acha que poderei vê-lo de novo? — O garoto perguntou, estendendo as mãos abertas para a corujinha, que voou desajeitadamente para suas mãos, e enfim a colocou em seu ombro. Após prender seu cabelo em um coque alto, a colocou em sua cabeça.
— Não me suje, ok? — Ele pediu, enquanto finalmente saía do quarto.
[…]
Uma hora mais tarde, no pátio interior dos dormitórios do Templo Huo.
Masaru andava de um lado para o outro constantemente, seus olhos estavam roxos de tanto chorar. Os últimos três dias, além de estressantes, haviam sidos os dias em que mais se preocupou por um longo tempo. O que havia acontecido com Shihei e com Ryo? Se ela tivesse sido mais atenta, mais cuidadosa… se não o tivesse mandado sozinho para o quinto distrito, talvez nada disso tivesse acontecido. Talvez, só talvez…
— Mestra…? — A voz de Ryo soou ao lado de Masaru, o que a fez parar de andar em círculos instantaneamente e olhar em direção ao garoto, com sua mão e abdômen enfaixados, usando apenas calças e um largo haori. Ao vê-lo, por mais que tentasse, ela não conseguiu se conter e foi até ele, dando-lhe um apertado abraço.
— Garoto idiota… Como pode não me falar que estava machucado? Eu teria o trazido com Shihei. Sabe o quão preocupada você me deixou?! Nunca mais faça isso, Ryo, entendeu? Se estiver machucado deve me falar… E se algo pior acontecesse?! Se Uroborosu não conseguisse trazê-lo… o que teria acontecido com você, meu menino… — A voz de Masaru estava rouca, e Ryo podia sentir suas mãos tremerem em suas costas. Ela não estava bem e ele sabia disso. Então, devolvendo o abraço, ele respondeu:
— Perdoe-me, mestra… Não farei isso de novo, então por favor, não se preocupe. Eu estou bem, Shihei está bem, você não precisa mais se culpar assim. Não carregue esse peso, mestra. — Ryo respondia de maneira carinhosa, tentando ao máximo confortá-la, afastando-se somente quando Masaru finalmente se acalmou.
E ali, Mestra e discípulo se viam após um longo tempo, e Ryo então falou:
— Sobre o que aconteceu… Eu sinto muito ter demorado a informá-la. Se meu aviso não tivesse sido tão tardio, talvez a situação de Shihei fosse melhor… — O garoto afirmava com pesar.
— Se não devo me culpar, não quero que se culpe também. O importante, como você disse, é que vocês estão bem e seguros. Mesmo assim, essa situação me preocupa. Uma droga capaz de inibir a energia espiritual no corpo de um ser vivo… Uma coisa letal assim, na mão de pessoas com intenções malignas… é um risco que não deveria existir. E tudo isso… somente por quererem a volta de um imperador. Isso é frustrante… Talvez eu devesse somente atender aos pedidos… — A Xogum exclamava, enquanto se sentava no chão, se encostando na parede, enquanto Ryo se sentava ao seu lado.
— Mas… mestra, a volta de um imperador ativo… significaria o fim do xogunato e a volta do imperialismo. E, além do mais, quem eles aceitariam como novo imperador? O velho morreu há muito tempo sem que ninguém soubesse… Nomear um estranho como imperador… não me parece atrativo, muito menos seguro de que manterá a paz entre as raças… — Ryo continuava a falar com uma preocupação evidente.
— Bem… teoricamente isso é verdade, mas há um jeito de colocar alguém quem confiamos no trono e que ninguém nessa nação possa negar seu direito ao trono. — Masaru continuava a falar, parecendo até mesmo voar em seus pensamentos.
— Se realmente possuímos uma pessoa assim entre nós, o que exatamente estamos esperando para pôr no trono? — Ele perguntou, com curiosidade genuína.
Masaru, por sua vez, riu e estendeu sua mão para frente. Rapidamente, Seiryuu parou em suas mãos e ela enfim respondeu à pergunta de seu discípulo: — Estamos esperando uma maneira de tirar meu marido dessa maldita arma… — Ela respondeu, repousando a kamayari em seu colo.
— O senhor Seiryuu? Tem certeza de que o aceitariam como imperador? — Ryo parecia confuso ao perguntar, tentando reafirmar o que Masaru estava dizendo.
— Sim, Seiryuu não é apenas um dragão protetor. Ele originalmente era o imperador do reino celestial… por isso é tão poderoso, entende? Ele está até mesmo acima dos antigos Deuses, mas de algum modo que sempre se recusa a me contar… ele acabou preso nessa lança. — O que Masaru disse fez que Ryo realmente ficasse boquiaberto. Sem perceber, o esposo de sua mestra, a arma que ela empunhava, era um imperador? Mas não só isso, mas ‘O imperador’ dos deuses?
— Certo… Eu realmente não estava esperando por essa… Isso é loucura demais até para mim… Quer dizer que minha mestra é casada com… um imperador… o que faz de você uma imperatriz, certo? — Ele perguntou, não porque não havia entendido, mas sim porque deseja reafirmar o que escutou, e tal ato fez Masaru rir, dando dois tapinhas no ombro de Ryo.
— Ryo, você está fazendo muitas perguntas. Se vai ser assim, vou lhe fazer algumas também… Como por que há um filhote de coruja em sua cabeça? E por que tem uma aliança de noivado na sua mão? Quer me contar algo, mocinho? — Masaru perguntou, obviamente na intenção de mudar o rumo da conversa que estavam prestes a ter. E, por mais que tivesse percebido tal fato, Ryo não pôde deixar de corar ao ponto de ficar vermelho ao escutar as perguntas de sua mestra.
— Erh…. Bem… vejamos, a coruja se apegou a mim… o nome dela é Fuyu… E sobre a aliança… bem… é… é complicado. — Ryo respondeu desajeitadamente enquanto continuava a gesticular com a mão para tentar explicar, fazendo sua mestra rir.
— Complicado, você diz. Ryo, se tiver se apaixonado por alguém, deveria me contar… Quem foi o rapaz ou moça sortuda a roubar o estimado coração do meu puritano discípulo ao ponto de fazê-lo usar uma aliança de noivado sem ao menos possuir minha benção? Essa pessoa deve ter muitas qualidades realmente… — O tom em que Masaru falava era obviamente intencional para deixá-lo envergonhado, e estava funcionando com uma maestria espetacular.
— M-Mestra… a aliança… eu desisto. Sim, ele tem qualidades incríveis, ok? Você venceu… E a aliança não é realmente para um noivado, eu acho… Eu comecei a ver mais como… a prova do amor que ele possui… É algo… que inexplicavelmente eu quero me agarrar a isso… — Ryo respondeu, escondendo seu rosto de sua mestra, sua voz envolvida em timidez e ternura ao falar sobre seu amado… Amado, seria esse o jeito de se referir a alguém que nem ao menos conhece direito? Sinceramente, ele não se importava, era assim que pensava afinal.
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Entre Espadas
Um relacionamento que acabou de maneira conturbada e um acidente que causa a morte de ambos, foi assim assim que Ryo e Leonardo se viram em um mundo feudal durante um xogunato, onde aparentemente...