Capítulo 31
Após certo tempo sentados ali no corredor dos dormitórios, Masaru finalmente tomou a iniciativa de se levantar primeiro, apoiando-se no cabo de Seiryuu para se levantar com maior facilidade e, logo após, ajudou Ryo a se levantar.
— Mestra, se me permite, para onde está indo agora? — Ryo perguntou enquanto era levantado com facilidade por sua mestra.
Masaru, por sua vez, olhou confusa para Ryo, olhando-o de baixo para cima — Liming-san¹ não o avisou? — A mulher perguntou ligeiramente preocupada.
E, notando a preocupação na voz de sua mestra, o garoto não soube exatamente como deveria responder à pergunta. A única opção que ele via era a que ele mesmo continuava a repetir para si mesmo em sua mente. — Sobre o que exatamente… eu dev… Oh! — Ele então parou no meio de sua fala, lembrando-se minimamente sobre ele ter que estar arrumado. Por que… os outros?
Olhando para sua mestra, que aparentava estar confusa com a reação de Ryo, ele logo se apressou em perguntar para ter certeza de que sua mente não estava pregando uma peça. — Os generais estão vindo?! — Ele perguntou apressadamente.
— Sim… Não me diga que só se deu conta disso agora? Toyosaki! — Masaru advertiu, quase incrédula com a surpresa de seu discípulo.
— Bom… eu estive adormecido nos últimos dias, não imaginei que os outros aos quais Liming-sama estava se referindo seriam os outros generais, sensei! Estão todos vindo?! — O garoto perguntou entre risadas nervosas, quase como para controlar um possível desespero por poder aparecer de maneira desleixada na frente de pessoas que admira. Em meio o que poderia se tornar uma crise histérica, suas perguntas foram respondidas por uma voz familiar ao seu lado.
— Alguns de nós até mesmo já chegaram há uns dias, na verdade, Ryo. Não se desespere tanto. Além de mim, os únicos que já estão aqui são: Shihei, ainda em recuperação e dormindo, o dono do templo, obviamente, e a decima general. Até o momento, além de Huo e minha querida irmã, sou o único a vê-lo no estado atual. — Olhando para o lado, lá estava, com lindos cabelos loiros, uma máscara cobrindo seu rosto e um quimono dourado, Gonkuro, o qual Ryo não via há meses. Instintivamente, a presença de Gonkuro desviou a atenção de Ryo de suas preocupações com os outros generais.
Quase instantaneamente ao notar a presença do terceiro general, ele já havia o puxado para um apertado abraço. — Gonkuro-sama, há quanto tempo… Como você está? Tem comido? E… sobre aquele assunto, tivemos algum avanço? — Ele perguntava de maneira quase frenética, sem pretensão de se afastar do general, o qual, para ele, era o mais próximo de um amigo na capital que poderia ter.
E, notando tal demonstração de afeto por parte de seu discípulo, Masaru colocou uma mão em frente à boca e tossiu para chamar a atenção de ambos. — Tais demonstrações de afeto podem ser consideradas inadequadas entre um general e um soldado, Ryo. — Masaru advertiu, e automaticamente ele se afastou do abraço, fazendo Gonkuro rir abafadamente por trás de sua máscara.
— Não ligue para o que ela está dizendo, Toyosaki. Minha imouto-chan² pode ser meio ciumenta às vezes. Ela é assim desde pequena. — Gonkuro respondeu com uma risada sincera.
O que, por sua vez, fez Masaru suspirar antes de falar novamente: — Chega, eu vou indo, e ani-ue³, pare de me envergonhar para meu discípulo. Em vez disso, deveria estar indo para a sala que Liming preparou para nós… Os outros já estão se aproximando… Então ande logo e, Ryo, vá se arrumar. — A Xogum dizia em alto e bom tom, advertindo tanto seu irmão mais velho quanto seu discípulo, enquanto se afastava com passos pesados até enfim bater à porta.
Com Masaru finalmente longe o bastante, Gonkuro se virou, olhando mais uma vez para ter certeza de sua partida antes de se virar para Ryo, tirando sua máscara e revelando um rosto pálido, com olheiras nos olhos e visivelmente esgotado. Finalmente, voltou a falar: — Agora que ela já foi, não estou muito bem, mas tenho comido. Não se preocupe com isso, minha força ainda é o suficiente para conseguir me alimentar… mas admito que está cada vez mais difícil sustentar o corpo de Kishin e o meu ao mesmo tempo… — O youkai suspirava ao falar, buscando apoio na parede atrás de si.
— Gonkuro-sama, se continuar assim, mesmo que se alimente dos sonhos e pesadelos de todo o primeiro distrito, sua forma física pode acabar se esvaindo e… — O garoto olhou para os lados antes de falar. — Nós dois sabemos que você não possui mais uma forma youkai à qual retroceder. — Ryo buscava relembrá-lo de tal fato, falando da maneira mais baixa que podia.
Em resposta, o general suspirou, fechou os olhos e veio a falar após um longo bocejar: — Eu sei disso, mas… isso não importa. Eu só quero trazê-lo de volta e agora… acredito que possa estar mais perto disso. Quando cheguei ao templo, o segundo pediu para falarmos em particular após a reunião de hoje… — À medida que falava, um sorriso esperançoso e nostálgico surgia no rosto do homem, um sorriso ao qual Ryo já estava acostumado a ver.
Afinal, durante todos os quatro anos que se passaram desde que a morte de Kishin, sempre que pensavam ter uma possibilidade de trazê-lo de volta, Gonkuro começava a sorrir desta mesma maneira. Entretanto, para Ryo, isso era apenas um motivo para se preocupar, afinal ele sabia o que acontecia após cada falha… e que um sorriso esperançoso às vezes era pior que as lágrimas deixadas pelo luto. Mas, mesmo assim, ele tentaria disfarçar, e sorrindo, Ryo riu pegando a mão de Gonkuro.
— Meu amigo… sabe o quanto fico feliz por te ver esperançoso, mas… caso esse método não funcione… bem, isso não é importante agora. — Terminando de falar, o garoto levou a mão do general aos seus lábios, depositando um beijo. Em uma fração de segundos, sua energia outrora invisível tornava-se visível em uma cor mista entre o prata e o lilás, que em uma grande quantidade era levada ao corpo do terceiro general, assumindo uma tonalidade dourada.
E, aos poucos, a pele outrora pálida de Gonkuro voltava a possuir cor. Quando Ryo finalmente soltou a mão do general, seu rosto havia ficado rapidamente pálido e logo retomado sua cor. Gonkuro, por sua vez, continuava a olhar para Ryo com certa curiosidade até enfim começar a falar: — Ryo, se me permite perguntar… por que seu ki tem essa mistura de cor? Sabe, em todos os anos que vivi, nunca vi algo assim… é como se não fosse apenas a sua envolvendo seu corpo. Eu reparei nisso durante esses anos, então… me perdoe por perguntar isso… em um momento como esse.
Ryo, por sua vez, parecia confuso com a pergunta, mas respondeu mesmo assim: — Minha…o quê? — Ryo perguntava, olhando com certa confusão para seu amigo.
— Oh, perdão, ki é um termo que costumavam usar para se referir à energia espiritual… acho mais prático se referir dessa maneira. — Gonkuro explicava, voltando a pôr sua máscara em seu rosto.
— Entendo, realmente parece mais simples. E bem, talvez possa ser por causa do Uroborosu. Afinal, nós meio que dividimos meu corpo sempre e talvez uma parte de, como você disse, o ki dele tenha se prendido a mim. — Ele falava enquanto tomava a frente para começar a andar ao lado de Gonkuro em direção de onde sua mestra havia ido.
— Impossível, a única vez em que ouvi falar sobre uma mistura na cor de ki de alguém foi em histórias sobre casais que durante… — Gonkuro parou de falar instantaneamente e virou-se para Ryo, que conseguia sentir a incredulidade do homem mesmo por baixo de uma máscara.
— Durante o quê? — Ele perguntou com um suspiro seguido de um riso nervoso.
— Sabe, durante o ato… liberam além do que os prazeres da carne impondo o ki sob seu parceiro… dominado… Toyosaki, se for isso, pode ficar calmo eu não vou contar à ninguém e, poucos sabem sobre o significado dessa combinação.
A cada palavra de Gonkuro, a expressão no rosto de Ryo se tornava complexa, sem saber como responder a tamanho… tamanho absurdo. Então, ele apenas se virou para trás e começou a andar de volta para seu quarto. — Vou fingir que não escutei o que você disse, senhor, se me der licença. — Ele respondeu rapidamente, apressando seus passos para evitar ouvir mais absurdos.
[…]
Mais tarde, na sala preparada por Huo Liming.
Havia um certo tempo desde que Masaru e Gonkuro chegaram e se sentaram lado a lado, à espera dos outros generais que estavam a caminho do Templo Huo. A primeira a chegar, como o esperado, foi a própria anfitriã da casa, Huo Liming, que se sentando ao lado de Gonkuro. Logo após, Yanagi adentrou a sala, curvando-se levemente para a Xogum e sentando-se ao seu lado. Então, Sakuma, a décima general usando um quimono vermelho e um penteado alto em seu cabelo, chegou e se sentou ao lado da segunda general. Durante um tempo, apenas eles ficaram ali conversando entre si.
E após mais um tempo, mais duas figuras se juntaram a sala, o primeiro a entrar foi o sexto general Ito Hokusai vestindo vestes leves da cor branca, com seu cabelo para frente mas estranhamente mantendo suas vestes secas e logo o general se sentou ao lado de Yanagi, assim que se sentou, a próxima a entrar foi a sétima general Miyazaki Koharu, uma mulher negra com longos cabelos pretos cacheados, sempre usando um marcante batom vermelho, além de um par de olhos dourados misturados ao verde que parecem brilhar nas noites de lua cheia, vestindo um quimono de cor vermelha parecida com a coloração do vinho e logo ela foi a se sentar ao lado do sexto trocando comprimentos gentis. Após um momento de espera ninguém mais veio ao salão.
E então, depois de um longo tempo de espera, Masaru se levantou e todos na sala, que antes conversavam entre si, se calaram e olharam em sua direção. Colocando suas mãos nas costas, a Xogum começou a falar:
— Muito bem, agora que todos os que conseguiram comparecer já estão aqui, iremos iniciar a reunião sobre o atentado sofrido ao quinto general e ao meu discípulo. Antes de tudo, devo explicar que o nono e o oitavo general não compareceram pois estão cumprindo minhas ordens em seus determinados distritos. Sobre a décima primeira até a décima terceira general, recebi uma carta está manhã da Hana e, aparentemente, suas irmãs estão doentes sob seus cuidados. E, como sabem, a quarta general está se aposentando. Dito isso, que se inicie a reunião! — E assim, após o breve aviso, a Xogum se sentou mais uma vez e os generais começaram a falar.
[…]
Enquanto isso, no Distrito Kumo-rui.
Fazia três dias desde que Leonardo havia se encontrado com Byakuya e Oliver, o qual, nos últimos dois dias, estava tratando constantemente do veneno que estava dentro do corpo de Kaede. Oliver trabalhou sem descanso durante esses dias, utilizando ervas medicinais e no alinhamento da energia espiritual de Kaede. Pelo cansaço, a energia que tomava emprestado da Deusa aos poucos se esgotava, até o dia de hoje, onde, com a administração do tratamento do veneno, transformando-o lentamente em um agente imunizante, a luz prateada que Oliver costumava usar para cura tomava a cor rosa, como a de sua energia espiritual. Isso chamou a atenção de Byakuya, que o observava enquanto estava sentado ao lado da porta.
— Rosa? Pensei que sua energia fosse prata. — Byakuya falava de maneira despreocupada, observando-o.
Oliver riu, enquanto limpava o suor em sua testa com o braço. — Sim, minha energia sempre se manifestou da cor rosa quando se tornava visível. A cor prata é apenas momentânea, não é realmente minha. Eu só fui permitido a canalizá-la em quantidades limitadas da lua, foi um presente da Deusa… — Ele explicou, forçando-se a entoar a Deusa novamente em sua mente, mas logo sendo distraído pela voz de Leonardo atrás de si.
— Talvez eu possa ajudar se me ensinar como está sendo o processo… — Ele sugeriu, levantando-se e sentando-se ao lado de Oliver, olhando fixamente para sua cunhada desmaiada.
— Sem querer ofender, mas a única maneira de me ajudar seria se sua energia espiritual fosse prateada, mas isso é im…— Ele parou repentinamente de falar e olhou para Leonardo, que o observava com um sorriso exibido enquanto sua energia se tornava visível, esbanjando a cor prateada.
E, sem perceber, Oliver se excedeu por um segundo e xingou em francês, sem ao menos notar que estava falando na sua língua materna. — Va te faire foutre!4 Como isso é possível?! — Ele exclamou, claramente indignado, e Leonardo apenas riu, enquanto Byakuya ao fundo tentava identificar em sua mente o que Oliver havia falado.
— Bem, a minha energia espiritual sempre foi dessa cor… E então, como posso ajudar? — Leonardo perguntou mais uma vez com um largo sorriso.
Oliver, por sua vez, suspirou e pegou a mão de Leonardo, colocando-a aberta em direção ao corpo de Kaede. — Certo… Depois você vai me contar direitinho porque sua energia é dessa cor, mas agora se concentre nela. Você precisa sentir o veneno. Imagine como se o sangue fosse um córrego correndo nas veias da sua amiga e o veneno que ainda resta fossem como barreiras para o fluxo desse sangue. Você precisa desfazê-las. Eu desfiz a maioria, então não deve ser tão difícil… — Oliver explicou lentamente, enquanto se direcionava até onde Byakuya estava e se sentava ao seu lado.
E então, Leonardo se manteve em silêncio e, aos poucos visualizando exatamente da maneira que havia sido explicado, o córrego, e assim, sem que percebesse, ele apenas se imaginou destruindo cada uma das barreiras que visualizou e rapidamente cumprindo o processo. Em resposta, Kaede pulou da cama, sentando-se com um longo e puxado suspiro, assustando todos que estavam na cabana.
A garota estava respirando desajeitadamente, como se estivesse tentando puxar o ar, mas sem conseguir adequadamente, o que fez Oliver, que havia acabado de se sentar, se levantar com pressa, sair da cabana e retornar rapidamente com uma cabaça de água. Enquanto isso, Leonardo, sem entender o que estava acontecendo, apenas apoiou sua amiga, segurando-a e a ajudando a se sentar corretamente.
Quando Oliver se aproximou com a cabaça e a levou para perto do rosto de Kaede, a garota a afastou com um tapa, derrubando por completo a água recém-pega, Com pressa colocou seu rosto para fora da cama e, com um grunhido atordoante, vomitou uma enorme quantidade de sangue misturada a um líquido esverdeado. Enfim, tossiu, conseguindo respirar lentamente enquanto continuava olhando para baixo.
— Mas que… Leonardo?! Você quebrou todas de uma vez, não foi?! — Oliver perguntou claramente irritado.
— Bem… eu apenas, eu achei que seria mais prático e melhor para ele se eu fizesse isso!! — Ele argumentou enquanto se recuperava do que havia acabado de ver.
— O quê?! Por que não me perguntou antes de fazer isso?! Ela poderia ter piorado se tivesse feito algo minimamente errado! Sorte sua que o veneno já estava praticamente inteiramente convertido ao formato de um antidoto!! — Oliver continuava a brigar com Leonardo sobre sua ação claramente impulsiva. Em meio à bronca, o som de passos veio de trás de si e, mesmo enquanto falava, duas mãos o ergueram pela cintura e o colocaram para trás para conseguir passar. Byakuya então se aproximou de Kaede com Mayuzu ao seu lado, com uma pequena tigela de água, e a entregou para Byakuya.
— Pare de gritar, a humana está claramente bem… então parem de fazer tanto barulho. — Byakuya advertiu enquanto levava a água à boca de Kaede com uma expressão ruim no rosto. E, enquanto Kaede bebia a água, mesmo claramente irritado, ele ainda falou com ela: — Não engula, apenas limpe a boca para garantir que não há mais veneno e cuspa na tigela.
E assim ela fez, apenas usou a água para limpar sua boca e a cuspiu na tigela. Enfim, começou a respirar com mais calma, sem precisar se utilizar de sua boca para isso. Antes mesmo que pudesse falar algo para agradecer Byakuya, o youkai cachorro se levantou, caminhou lentamente até a porta e, após abri-la, jogou a água no chão e a tigela longe, limpando sua mão nas vestes. — Agora que a humana está curada, podemos ir? — Ele perguntou, olhando fixamente para Oliver, que o olhava boquiaberto e confuso, se perguntando como uma pessoa pode ser tão… tão assim…
— Não, Byakuya, você me deve. Eu vou ajudar eles e vou ajudar você também. Caso não tenha percebido, todos vocês aqui têm o mesmo objetivo de derrotar essa maldita aranha! — Oliver respondeu, claramente ainda irritado, mas se controlando para manter sua voz em um tom razoável.
— Eu não quero trabalhar com mais humanos… só vão atrapalhar. — O youkai respondeu, se mantendo ignorante ao que o outro estava falando, o deixando ainda mais irritado.
— E então, o que você vai fazer? Vai sozinho enfrentar aquela aranha de novo? Me poupe, nós dois sabemos que isso é suicídio! Pare de ser tão… mente fechada apenas por um momento, seu cachorro idiota. — A esse ponto, Oliver não estava mais contendo sua língua, falando o que realmente estava pensando. Atrás dele, Kaede olhava para Leonardo, confusa sobre quem são essas pessoas e o que estava acontecendo, mas para sua infelicidade Leonado apenas fez um gesto com a mão para que ela esperasse um pouco.
— Cachorro idiota? Olhe como fala, coisinha. Eu já estou tolerando seu comportamento desrespeitoso a tempo demais. Pare de agir como se fosse meu dono somente porque me ajudou, ser inferior. — Byakuya começava a brigar, levantando sua voz.
— Não gosta de como estou falando com você?! Então por que você não aproveita para parar de agir como se fosse um Deus apenas por um segundo?! Porque advinha, VOCÊ NÃO É UM DEUS, BYAKUYA! — Oliver enfim gritou, perdendo o que lhe restava de paciência com o youkai.
E assim, os dois se calaram enquanto Oliver respirava pesadamente, ainda com raiva em seu olhar. Então, em meio ao rápido silêncio, a voz de Mayuzu, que permaneceu calado durante toda a discussão, preencheu o ambiente:
— Byakuya-sama, eu… eu aconselho que escute o Santo. Se for sozinho… eu não irei me perdoar se deixá-lo ter o mesmo destino que seus pais… Jovem Mestre, este servo o implora que deixe o orgulho de lado, apenas por hoje… aceite a ajuda dos humanos e se desculpe pela maneira como está agindo… — Mayuzu falava entre tristes piados e se ajoelhava perante seu senhor, claramente parecendo estar chorando.
— Mayuzu o qu…— Quando estava prestes a expressar sua confusão e indignação pelo que Mayuzu estava fazendo, mais uma vez o servo voltou a falar.
Com a voz ondulando entre piados e falas roucas, Mayuzu implorou: — Por favor… eu o imploro meu senhor… não haja sozinho… eu não quero ter que enterrar mais um caixão vazio de sua família, meu senhor… este servo o implora, apenas dessa vez… eu não pude impedir a morte de minha senhora quando o jovem mestre era pequeno… e não há um dia que não me culpe por isso… mas agora… eu posso ajudar a manter meu mestre vivo, então por favor… aceite a ajuda!! — E mesmo após terminar de falar, ele não fez pretensão de sair de onde estava, ainda ajoelhado e com sua pequena cabeça prostada no chão.
Para Byakuya, uma cena como essa era minimamente perturbadora. Ele nunca sequer cogitou ver seu fiel chorando à sua frente, implorando… ou se quer pedindo algo. E mesmo assim, o único pedido feito por esse servo que o acompanha desde sua infância era para ele, para Byakuya. Ver tal situação, o fez pesar em sua decisão, e antes mesmo que se desse conta, ele fechou a porta permanecendo na cabana e se sentando no chão.
— Certo, farei isso… — O youkai respondeu, abaixando seu rosto em silêncio, como se tentasse esconder o terror em seus olhos em ver Mayuzu chorar.
A cena em questão não foi apenas impactante para eles, mas até mesmo Leonardo e Kaede, recém-recuperada, observavam com incredulidade e confusão no rosto. Já Oliver, cansado de brigar e de tudo o que estava acontecendo, voltou a falar roucamente: — Vamos… descansar… partiremos ao anoitecer… não precisa limpar o sangue e o veneno do chão… já não tem mais cheiro e nem é letal… — O garoto enfim suspirou, caminhou até onde estava Mayuzu, o pegou em seus braços ainda chorando e se sentou ao lado de Byakuya.
E com uma delicadeza que Byakuya há muito não sentia, Oliver colocou a mão em seu rosto, sentindo as lágrimas do youkai que chorava em silêncio, e o escondeu em seu ombro. Ele sussurrou: — Me perdoe por gritar… sei que deve ter doído… sei que é difícil para você… acredite em mim, eu lhe conheço melhor do que pensa… mas precisa parar de agir assim… pelo menos um pouco… mas agora apenas descanse… se apoie em mim, não deixarei ninguém vê-lo chorar… sei que não gosta… — Oliver dizia com gentileza na voz enquanto acariciava o rosto do youkai.
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Entre Espadas
Um relacionamento que acabou de maneira conturbada e um acidente que causa a morte de ambos, foi assim assim que Ryo e Leonardo se viram em um mundo feudal durante um xogunato, onde aparentemente...