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Entre Espadas

Capítulo 37

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🟡 Em breve

Vendo os quatros jovens se aproximarem, Seiryuu rapidamente os levou para um local mais afastado do local em que as outras pessoas estavam para só então falar o que desejava.

— Seiryuu-Sama, agora que estamos todos aqui, que tipo de missão exatamente precisa que realizemos os quatros juntos? — Ryo perguntou no momento em que parou de andar.

— É, na verdade eu também estava me perguntando isso, desde que o Toyosaki veio nos comunicar. Claro, é uma grande honra o servir diretamente Heika, mas honestamente, após voltar da morte em menos de algumas horas, eu gostaria de ter um pouco mais de tempo… antes de sair em uma missão. Além disso, estou sem minhas katanas… — Kishin reclamava de maneira calma, tentando não deixar sua insatisfação muito evidente com o fato de ter que se despedir de Gonkuro no mesmo dia em quem voltou dos mortos.

Seiryuu, escutou ambos os homens e suspirou antes de responder: — Entendo que possam estar curiosos ou frustrados, mas a missão que deixarei a mão de vocês ajudará a manter a segurança daqueles que são importantes para vocês. Sei que todos aqui estão cansados e abatidos pelo desastre ocorrido, além de outras coisas, mas nesse momento vocês devem colocar o dever em primeiro lugar.

Após um tempo ouvindo Seiryuu falar, Keiko esperou até que ele enfim terminasse para expressar suas dúvidas. — Certo… eu compreendo isso, mas Heika,  que missão exatamente precisa que realizemos?

Só então, com a atenção chamada pela jovem youkai, o dragão pareceu se lembrar de explicar o que eles deveriam fazer. Com uma risada sem graça, se desculpou rapidamente. — Acompanhem Ryo até o distrito Sakuma. Há alguém que preciso que encontrem no caminho até lá. As últimas notícias que tive dele são de que está se disfarçando como um velho sacerdote vagando entre os distritos. Se minha fonte estiver correta, acredito que vão encontrá-lo no caminho para o distrito Sakuma. A única informação precisa que posso dar a vocês é que, há muito tempo, seus olhos não funcionam mais.

— Mas, Seiryuu-sama, essa… essa é uma descrição muito vaga. Como encontraremos alguém somente com isso? — Ryo perguntou ligeiramente confuso enquanto acompanhava o raciocínio dele.

— Acredite em mim, Ryo, vocês vão saber quem é assim que o encontrarem. Duvido que ele se mantenha discreto após a lua de ontem; isso deve tê-lo animado… Ao encontrá-lo, digam que eu os enviei. Esse homem é o único ser capaz de libertar um pactuado da arma em que sua alma foi presa… Tenham cuidado em sua jornada, não usem suas habilidades, não chamem atenção, não vão pelos caminhos utilizados pelos youkais… Devem partir ainda esta noite o quanto antes. Posso contar com vocês?

— Sim, Seiryuu-sama. — Os quatros responderam em uníssono.

[…]

Mais tarde naquela noite, na entrada de onde um dia foi o Templo Huo:

Naquela noite, Seiryuu começou a organizar a retirada das pessoas que viviam no templo, junto aos guardas, para partir em direção ao primeiro distrito. Enquanto Seiryuu se responsabilizava por isso, os jovens que partiriam para outra jornada se despediam daqueles que lhes eram importantes, enquanto Sora e Keiko os esperavam ao longe.

Kishin estava bem afastado da multidão junto de Gonkuro, arrumando uma pequena mochila de pano com algumas roupas. Sentado no chão, Gonkuro estava à sua frente em silêncio, com os braços cruzados, andando de um lado para o outro.

— Haha, eu não acredito que você trouxe até minhas katanas para cá e essas roupas… você comprou roupas para mim enquanto eu estava morto?! Eu sou realmente um discípulo mimado pelo meu Shishou. — Kishin comentou em meio a risadas, sem olhar para cima, enquanto se certificava de guardar bem suas coisas.

No entanto, percebendo o silêncio  mesmo entre suas brincadeiras, o rapaz suspirou. — Gon, se está preocupado, deveria expressar isso. Eu sei que acabei de voltar dos mortos e imagino que se preocupe com a possibilidade de deixar o reino dos vivos de novo… mas… — Kishin mal teve chance de falar quando Gonkuro enfim começou a despejar suas preocupações.

— Mais nada. Você acabou de acordar, Kishin, e ainda vai sair a campo depois de quatro anos sem manusear uma espada?! Você está louco, não está?! Como seu mestre, eu… argh… Kishin. — O loiro chamou após falar incessantemente e se agachou, buscando a mão do Oni e a segurando fortemente. Ele continuou: — Não vá, Kishin… só dessa vez, não seja teimoso e não vá…

Kishin, percebendo a melancolia na voz de seu mestre, trouxe sua mão aos lábios e a beijou com ternura. — Sabe que não posso ficar, Gon… dessa vez, prometo voltar. Sei que tem medo de que eu morra novamente, mas agora estou pensando por mim mesmo, não estou sendo controlado… não há mais sombra, apenas eu… e você me ensinou bem, loirinho… Eu não vou morrer de novo… então espere por mim mais um pouco.

Gonkuro suspirou enquanto suas emoções se acalmavam. — Você está certo… Mas deve me escrever, preciso saber como está, e tome cuidado. O youkai que colocou aquela sombra dentro de você ainda está por aí…. — Gonkuro se levantou com a ajuda de Kishin e parecia prestes a dizer algo. Parecendo até mesmo prever o que seria dito, Kishin o impediu, o puxando para um rápido beijo.

E, após certo tempo com seus lábios entrelaçados, Kishin se afastou e riu.

— Guarde essas palavras para quando nos vermos novamente. Vai ser minha carta contra você caso eu volte machucado. — Kishin disse rindo, enquanto enfim partia em direção ao lado de fora do templo.

[…]

Em outra parte, Ryo já estava praticamente pronto para sair, indo em direção aos seus amigos quando a voz de Huo chamou sua atenção, fazendo-o voltar até o local onde a segunda general estava carregando alguns cadernos em suas mãos.

— Precisa de algo, general?

— Oh, não, apenas o chamei porque quero que leve isso. — Huo explicou, entregando os cadernos de couro para Ryo, que rapidamente os colocou em sua mochila.

E um pouco confuso com o presente, ele perguntou: — O que exatamente são esses cadernos? Parecem estar todos escritos à mão, Huo-sama.

— Bom, alguns são receitas de medicamentos com ervas medicinais que eu mesma criei; podem ser úteis para você; Masaru me contou que você tem habilidades de cura muito boas, e os outros são diários do meu discípulo. Como ele não está aqui e também não se deu ao trabalho de conversar com você de maneira adequada, imaginei que gostaria de ter um jeito de conhecer melhor o idiota que lhe pediu em casamento. — Huo respondeu, rindo com certa preocupação evidente na voz.

— Oh… obrigado, certamente irei querer saber mais. Agora que estou pensando melhor, ele realmente precisa me explicar algumas coisas.

Os dois então se entre olharam e riram de maneira descontraída, até que Huo se afastou para acompanhar os moradores do templo na retirada, deixando apenas Ryo ali.

[…]

Após um breve silêncio, Masaru ao longe se aproximou, parando na frente dele.

— Então, quarto general… Mal eu te vejo e parece que você cresce mais ainda, uau… estou começando a me sentir velha. — A mulher brincou em alguns risos.

— Não diga isso, sensei! Qualquer um pensaria que temos pouco tempo de diferença; a senhora ainda é uma bela dama! — Ele disse apressadamente, um pouco sem graça. — Mas a senhora está certa, mal vejo você ou o Gon, ou se quer volto para casa a um bom tempo e tanta coisa aconteceu… Me preocupa que, quando eu sair, algum de vocês ainda precisem de mim aqui caso algo aconteça enquanto estiver longe…

Masaru riu, colocando a mão no rosto de Ryo de maneira gentil.

— Ei, não fique para baixo. Sua mestra aqui ainda aguenta uma boa briga mesmo sem a força do Seiryuu. Além disso, em algum momento todos sabíamos que você sairia aos poucos de casa, seja em missões ou até para herdar o título de quarto general oficialmente quando voltar. Mesmo longe, lembre-se que sempre terá um lar para qual voltar ao meu lado. Afinal, você é meu discípulo e o mais próximo que já tive de um filho. — Masaru disse rindo para aliviar o clima.

Ryo então sorriu e abraçou sua mestra, em um gesto de carinho antes de uma longa jornada com um destino incerto. — Você escutou ontem, não foi? — Ele perguntou, envergonhado, afundando o rosto no ombro de Masaru.

E, rindo carinhosamente, a samurai acariciou seus cabelos e o respondeu:

— Claro que ouvi, foi a única coisa que ouvi após aquela reunião estressante. Não se preocupe, o sentimento é recíproco, já o aceitei como filho há muito tempo. Agora vá, Ryo, tome cuidado; essas coisas provavelmente ainda continuarão atrás de você, meu menino. Eu o treinei bem, então o proíbo de perder para outra pessoa que não seja eu.

Após longas despedidas, com a lua já em seu ápice, os quatro jovens guerreiros, desceram a principal montanha do segundo distrito pelo caminho mais íngreme até chegar ao sopé da montanha. Enquanto conversavam um pouco entre si sobre que tipo de destino os aguardava nessa missão e quem era a pessoa misteriosa que precisariam encontrar, o assunto também se desviava para coisas bobas.

Como, por exemplo, a corujinha que ficava sentada no alto da cabeça de Ryo, observando-os descer quase como se os estivesse julgando, principalmente Sora, que tudo o que queria era poder descer utilizando suas asas, mas foi proibido pelos outros três.

Depois de chegarem ao sopé da montanha, todos já estavam relativamente cansados e suados, se perguntando como um humano normal aguenta andar assim por tanto tempo… Era cansativo, desgastantes, pobres criaturas indefesas…

— Certo… ah, agora que estamos no sopé da montanha, Seiryuu-sama nos disse para pegar o caminho dos youkais, ou seja, as estradas de Tsukuyomi… Todos sabem como acessar o caminho? — Keiko perguntou enquanto se apoiava nos joelhos, meio ofegante e cansada.

— Bom, eu obviamente sei… o Gon me ensinou há muito tempo como acessar os caminhos. E Sora, seu mestre, também o ensinou, não ensinou? — Kishin perguntou enquanto se alongava, tentando se livrar um pouco da dor nas pernas.

— Claro que sim, mas imagino que o Ryo não tenha nem ideia do que estamos falando… — O rapaz que lutava para desamarrar o nó feito com a corda que o impedia de usar suas asas para voar se virou para falar com Ryo, que estranhamente era o menos cansado ali. — Você conhece o caminho?

— Nunca ouvi falar até hoje.

Com a resposta, Keiko e Sora falaram quase ao mesmo tempo:

— Kishin, explica.

O oni olhou incrédulo para a coelho e para o tengu.

— Impressionante, eu acabo de voltar dos mortos e os dois já me fazem de pergaminho falante novamente…

— Mas resumidamente, segundo as lendas, a passagem de Tsukuyomi, foram estradas que o antigo Deus da Lua criou em seu reinado para que apenas youkais pudessem se locomover de um local para o outro de maneira segura. É impossível lutar dentro das estradas e usar nossas habilidades youkais também; nos tornamos quase humanos. Segundo a lenda, essas estradas são ligadas por todo o país, e para entrar nelas, precisamos fazer uma oração à atual Deusa e oferecer algo em troca, seja um pouco de sangue ou algum alimento para o guardião da estrada. Então, poderemos andar por ela livremente.

— Ok, me parece algo aceitável. Pelo menos eu não tenho que enfiar minha katana no meu peito, como certo alguém me faz ter que fazer. — Ryo respondeu com certo sarcasmo.

— Moleque ingrato, cala-te. — A voz de Uroborosu soou na mesma hora em sua mente.

— Sim é algo aceitável. Então vamos para perto das árvores. Lembre-se: durante a oração, digam exatamente para onde querem ir. Não sabemos se nos encontraremos no caminho ou somente no final dele. No destino de hoje, vamos para a Cidade de Okada no terceiro distrito. O caminho é longo, então certifiquem-se de estar levando comida agora. Eu irei na frente. Ryo, aconselho que seja o último. Não sei como o caminho vai responder a você. Caso ele não o deixe entrar, vá até a próxima vila e pegue carona com uma velha ave que mora na casa de madeira na entrada. Imagino que ela ainda esteja viva… Tudo bem para você? — Kishin finalmente terminou de falar enquanto se aproximava da entrada para a floresta.

Ryo, por sua vez, não respondeu e apenas concordou com um aceno de cabeça.

Ótimo, prestem atenção então. Vou entoar a oração; devem fazer exatamente como eu farei para entrarem. — Kishin falou seriamente enquanto levava a mão direita à boca e a mordeu para que o sangue começasse a fluir.

Com o sangue fluindo em sua mão, o Oni se ajoelhou, abaixando a cabeça e deixando sua mão em contato com a terra.

— Hoshi-sama, herdeira de Tsukuyomi, a última dos Grandes Deuses, peço humildemente que permita a este servo da noite caminhar pelas estradas de seu antecessor, em direção a uma caminhada segura e acolhedora como a luz de suas estrelas. Ofereço o meu sangue em prova de minha sincera intenção; permita a seu servo ir para Okada.

À medida que Kishin entoava sua oração, uma luz roxa brilhou abaixo de seus pés e uma leve brisa veio em sua direção. Uma voz feminina soou do além:

— Viaje em segurança oni.

No segundo seguinte, Kishin havia desaparecido em um piscar de olhos. Após isso, um após o outro seguiu o mesmo processo de Kishin com sucesso, até que apenas restassem Ryo e Fuyu ali, ainda em sua cabeça.

— Certo, vamos lá, Fuyu.

Com isso, Ryo se preparou, cortou a palma de sua mão com Uroborosu, se ajoelhou e fez a oração, mas sem resposta. Estranhando a situação, Ryo olhou em volta e ainda estava no mesmo lugar, nada havia mudado. Ele então fechou os olhos e rezou mais uma vez, e sem sentir nada de diferente, abriu seus olhos, se vendo ainda no mesmo lugar, sentado  no chão, sem uma resposta, o que obviamente o irritou.

O rapaz então se levantou, se preparando para sair, mas antes ele tentaria uma última vez.

— Hoshi-sama, herdeira de Tsukuyomi, a última dos Grandes Deuses, peço humildemente que permita a este servo da noite a caminhar pelas estradas de seu antecessor, em direção a uma caminhada segura e acolhedora como a luz de suas estrelas. Ofereço o meu sangue em prova de minha sincera intenção; permita a seu servo ir para Okada.

Mas ao abrir os olhos, nada havia mudado. Ele ainda estava em pé no mesmo lugar e, suspirando alto, cada vez mais irritado, apenas gritou irritado com certa inconformação óbvia:

— DROGA, APENAS ME DEIXE ENTRAR LOGO, HOSHI!!! POR QUE SÓ NA MINHA VEZ VOCÊ DECIDE NÃO ESCUTAR?!

O rapaz gritava, claramente inconformado, andando de um lado para o outro com os olhos fechados e sua palma ainda sangrando. E, em meio ao estresse e à inconformação clara do rapaz, uma risada masculina soou ao seu lado, o fazendo parar de andar enquanto sentia gotas de água caírem em contato com sua pele.

— Seu temperamento continua adorável, Toyo. — A voz disse agora muito mais próxima.

Ao abrir os olhos, o rapaz se viu olhando para uma paisagem diferente dessa vez. Era uma alta floresta de bambus, com uma leve neblina no ar e uma chuva calma caindo incessantemente. Olhando então para o lado, lá estava ele: pele morena, vestindo roupas simples, mas extremamente detalhadas de cor preta, segurando um guarda-chuva de papel branco acima de suas cabeças, com um sorriso gentil e olhos vermelhos vibrantes. Mas havia algo diferente: seus longos e ondulados cabelos castanhos, que estavam presos em alto rabo de cavalo, estavam com mechas de um tom tão preto quanto as noites sem lua, e no alto de seu braço havia agora uma cicatriz.

E Ryo, que agora o olhava confuso, depois de finalmente se calar, falou mais uma vez: — Você…

— Eu?

Ryo estava confuso. Ele estava diferente desde a última vez que o viu, mas era obviamente ele, o sem moral que o salvou e desapareceu logo após pedir sua mão. —  O que faz aqui, Leonardo? Não, como chegou aqui?

Leonardo então riu, com um sorriso um pouco cansado, como alguém que havia acabado de sair de seu descanso. — O que parece? Vim acompanhá-lo. Um passarinho me contou onde você estava e o que estava fazendo… Então, decidi sair de meu repouso para vê-lo… Vejo que agora sabe meu nome… Minha sensei, o fofocou ou você se lembrou meu amor? — Leonardo perguntou enquanto oferecia seu braço para Ryo segurar para caminharem juntos debaixo do guarda-chuva.

Ryo então suspirou enquanto se apoiar ao braço do outro.

— Sua mestra me contou, já que aparentemente você vai se recusar a me explicar as coisas. Sabe, você me pediu em casamento, e eu aceitei sem ao menos conhecê-lo. No mínimo, deveria me contar um pouco mais sobre o passado. Você disse que nós nos conhecíamos antes, mas em toda minha vida nunca tinha o visto. Acredite, eu me lembraria.

Leonardo então riu, dando o primeiro passo na longa estrada de pedras. A cada passo que ambos davam, camélias vermelhas brotavam nas pedras em que pisavam, sem que Ryo sequer reparasse. — Eu entendo que está curioso, mas se eu te contasse, duvido que acreditasse em mim. Além disso é divertido vê-lo quebrar a cabeça para descobrir mais sobre mim, enquanto eu já sei cada pequena coisa sobre você.

— Não fale com tanta certeza… Duvido que saiba tanto quanto diz. Me prove, diga algo sobre mim que nunca contei a ninguém! — Ryo o provocou, com uma dúvida sincera sobre o que o outro diria.

— Peixes.

— O que…? — Ryo perguntou, confuso com a resposta.

— Você tem pavor de peixes, na verdade de animais com escamas em geral, mas principalmente peixes. Ao ponto de, quando sai para tomar banho em rios, você inventa desculpas para não entrar na água. A única vez que entrou, se agarrou em mim como se sua vida estivesse em perigo. — Leonardo disse, olhando para Ryo, claramente o provocando com as informações. — Tinha medo até mesmo de encostar os pés no chão, então ficava sempre grudado com as pernas em volta da minha cintura.

A resposta de Leonardo deixou Ryo previamente incrédulo. Não havia como alguém saber disso. Ele estava mais do que certo, ele odiava entrar em rios, o tempo que passou no quinto distrito foi uma tortura para ele, mas para saber de maneira tão detalhada… não, poderia ser apenas um chute de sorte.

— Está… você pode até ter acertado dessa vez, mas isso não prova na…

— Sua marca de nascença fica nas costas e tem o formato de uma meia-lua. Além disso, você também prefere comidas doces a salgadas, seu animal favorito é uma coruja, e, para te deixar boquiaberto sobre quanto eu o conheço… — Leonardo se calou e, passando o guarda-chuva para a outra mão, tirou o braço em que Ryo estava se apoiando, o que fez Ryo estranhar o ato repentino, mas continuou a andar. E então, sem que Ryo esperasse, ele passou sua mão por sua nuca, apertando levemente, fazendo Ryo ter leves arrepios e parar de andar. — Você gosta quando te toco aqui. — Ele enfim completou, rindo.

Leonardo então voltou a segurar o guarda-chuva e, com a mão livre, pegou a mão de Ryo, a colocando sobre seu braço. O jovem Toyosaki permaneceu parado, olhando e suspirou profundamente.

— Certo, eu acredito em você….

— Obrigado, meu amor. — Leonardo respondeu com um sorriso largo enquanto voltavam a caminhar lentamente.

— Posso perguntar uma coisa? — Ryo perguntou, olhando-o de cima a baixo.

— Qualquer coisa, responderei de acordo com o que achar adequado. — Leonardo respondeu, mantendo seu olhar para frente.

— Eu estou me perguntando agora… Por que me pediu em casamento? Por que vem atrás de mim, mas se recusa a me contar sobre seu passado… sobre como nos conhecemos? Eu não sou tão especial assim, sou? — Ryo perguntava de maneira ansiosa e apressada, com a mente e o coração cobertos de dúvidas intermináveis.

— Ryo, você sabia que a lua é a grande musa de grandes poetas, músicos e artistas por toda a história? Que a sua luz e sua beleza inspiravam até o ser mais infeliz que a olhasse no céu noturno. Você sabia disso?

— Hm… sim, eu sei disso, mas isso não responde minha pergunta, Leonardo… — Ele advertiu, um pouco irritado.

— Se acalme. O que quero dizer é que, se um dia já parou para pensar, o que no mundo daria inspiração a essa grande musa a qual é a lua? Se algum dia seu brilho se tornaria maior e mais brilhante devido a alguém, fazendo-a iluminar até a mais tristes, um único ser em todo o universo, que se um dia deixasse de existir, a lua perderia sua luz? Um ser que, ao sangrar, fizesse a lua sangrar para que seu amado não sofresse sozinho? O único ser que mereceu a real atenção do Deus solitário que criou está bela musa? O que quero dizer, meu amor, é que se eu fosse esse Deus, a minha Lua só brilharia nas noites em que estivesse comigo, e que se um dia eu o perdesse, a humanidade perderia a lua que tanto os inspira… porque, para mim, um mundo sem você nunca será perfeito.

Quando Leonardo terminou de falar, já havia um tempo em que estavam andando pela estrada. Sem perceber, Ryo havia começado a chorar e se agarrar mais a ele, ansiando por conhecer este homem que, em poucas palavras, parecia colocar seu coração em suas mãos. Sem que nenhum deles notasse, haviam parado de andar pela estrada e, notando pelo canto de olho as lágrimas de Ryo, Leonado fingiu deixar o guarda-chuva cair de suas mãos e o puxou para um abraço.

— Eu… droga, como pode dizer coisas assim e se recusar a me contar como nós nos conhecemos? Isso é cruel… Eu sinto essa dor no peito quando falo com você, primeiro quando me salvou e agora nessa estrada… Eu… como eu posso amar você se eu ao menos me lembro de você?! — Ryo perguntava enquanto se agarrava a ele, afundando o rosto em seu peito. — Minhas memórias… por que isso não faz sentido? O que é você?

Leonardo então o apertou em seu abraço, trazendo o conforto e, com uma voz calma, começou a sussurrar: — Para que está buscando sentido? Aproveite o mistério, garoto birrento… Apenas aceite como se tivesse se apaixonado à primeira vista devido meu jeito sedutor, meu lindo rosto… E aos poucos, talvez você se lembre do que se esqueceu…

— Pare de se achar… Você está diferente, tem cicatrizes e seu cabelo tem mechas de outra cor… Pode ao menos como me contar como isso aconteceu ou devo aproveitar o mistério também? — A voz de Ryo era abafada enquanto perguntava em um tom claramente sarcástico.

— Tive problemas com uma aranha, ela tentou me matar, mas eu e meu amigo a matamos primeiro. Viu? Eu posso te contar algumas coisas também. — Leonardo respondeu, levando suas mãos para segurar o rosto de Ryo, o fazendo olhar em seus olhos. — Eu não sou mais bonito para você agora que estou com cicatrizes?

Ryo, olhando com olhos marejados e um pouco avermelhados, o respondeu irritado: — Não seja ridículo… você é muito bonito e atraente, qualquer um diria o mesmo se o visse.

— Me acha atraente? — Leonardo perguntou com um sorriso repleto de segundas intenções.

— Humph. Esqueça, você já está se achando de novo, me solte. —  Ryo evitou responder à pergunta, tentando afastar-se do toque do homem.

— Responda à pergunta e eu solto…

A cada provocação, o rosto de Ryo ficava cada vez mais vermelho, até ele enfim ceder e responder com pressa. — Claro que sim, droga, já se olhou no espelho? Seu rosto, seu peito, abdômen, porra, quando me tirou da água eu achei que era uma visão do reino celestial e eu havia morrido. — Ele falava tão rapidamente que se tornava quase incompreensível, mas Leonardo o soltou, satisfeito com a resposta.

Ryo então se virou para frente, irritado, prestes a caminhar mais rápido e com uma pressa evidente. Mas antes mesmo que pudesse seguir, Leonardo o puxou pelo braço de volta para ele. Ele agarrou sua cintura com uma mão, e com a outra segurou seu queixo, o beijando ferozmente, como se fosse devorá-lo ali mesmo, seu beijo era apressado e certamente marcante. Mal houve tempo de reação para Ryo, antes de sentir a língua de Leonardo dentro de sua boca, a entrelaçando com a dele, enquanto suas mãos se moviam de sua cintura para suas pernas o levantando no ar, colocando-o em seu colo, agarrando sua bunda enquanto continuava a explorar seus lábios e sua boca, no momento em que parou para permitir que Ryo recuperasse o fôlego, seus lábios e língua desciam explorando cada parte de seu pescoço, entre chupões e mordidas. Ele sentia que mais um pouco e teria suas roupas arrancadas bem ali, mas após uma longa série de beijos, mordidas e chupões, Leonardo colocou sua cabeça encostada sobre o peito de Ryo e suspirou.

— Porra, eu não consegui me controlar, perdão, eu prometi a mim mesmo que não faria nada até que pedisse. Porra… a quem estou engano… você me deixa parecendo um animal no cio, acho que estamos quites agora, ambos envergonhados… — Leonardo respondeu, enquanto voltava a beijar seu pescoço, arrancando leves gemidos do rapaz antes de colocá-lo de volta ao chão e se afastar um pouco.

A esse ponto, Ryo estava vermelho como um pimentão, seus lábios doíam, e seu pescoço estava quente e cheio de marcas, até mesmo sua bunda não havia escapado, ele conseguia sentir ainda um pouco do aperto das mãos de Leonardo ali. — Nunca… nunca mais faça isso… — Ele respondeu sem fôlego voltando a andar.

— Você não gostou?

Ryo então se manteve em silêncio por um tempo enquanto andava à frente de Leonardo. — Não seja idiota, é claro que gostei, mas não é maneira de agir na nossa primeira saída juntos… seu depravado… Pare de andar atrás de mim, eu consigo sentir você tirando minhas roupas com os olhos.

Leonardo então riu, permanecendo andando um pouco atrás, e mordeu os lábios antes de responder em tom provocativo. — Se eu me aproximar mais, não tirarei suas roupas apenas com os olhos, Ryo.

— Cachorro depravado! — Ryo respondeu, andando com ainda mais pressa.

E com o grito de Ryo, Leonardo riu ainda mais alto. — Au au.

E assim, os dois continuaram a andar juntos por quase quatro horas, trocando conversas  bobas um pouco afastados e alguns gritos irritados. Mas, em certo ponto do caminho, Leonardo apenas parou, olhando para Ryo.

— Toyo.

— O que foi? — Ele perguntou sem se virar.

Leonardo sorriu e se aproximou, beijando sua bochecha. — Só vou poder acompanhá-lo até aqui. Logo se encontrará com seus amigos na estrada. Logo nos veremos de novo, então não fique com muitas saudades e não beije outros homens, somente eu.

Ryo então se virou para o lado, olhando confuso. — O que? Acha que está em posição de exigir algo, seu depravado sem moral? Vai sumir de novo? E agora, depois de me deixar todo cheio de marcas?!

— É a graça da nossa relação, não se irrite tanto. Da próxima vez que nos encontrarmos, se pedir com jeitinho, posso te contar um pouco sobre o passado. Ah, e da próxima vez, levarei uma surpresa para você, alguém quem você ama, além de mim claro.

No segundo seguinte, em um piscar de olhos, Leonardo havia desaparecido e ele estava sozinho no caminho, após uma companhia um tanto quanto… irritante. Por algum motivo, aquilo lhe dava um sentimento estranho de nostalgia.

— Maldito depravado, estou começando a ficar louco como você… droga… Se não fosse aquele maldito rosto perfeito, eu… argh, quem é você afinal, Leonardo…

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Entre Espadas

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Um relacionamento que acabou de maneira conturbada e um acidente que causa a morte de ambos, foi assim assim que Ryo e Leonardo se viram em um mundo feudal durante um xogunato, onde aparentemente...

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        Capítulo 12 Deixe os queimar.
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        Capítulo 11 Enunciação de morte
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        Capítulo 10 Entardecer
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        Capítulo 9 Toyosaki Ryo
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        Capítulo 8 Sacerdotisa...
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        Capítulo 7 Xogum
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        Capítulo 6 A cobra, a espada e o salgueiro
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        Capítulo 5 O habitante desta floresta
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        Capítulo 4 Um caminho de ossos a nossa frente
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        Capítulo 3 gosto amargo para Ryo
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        Capítulo 2 O vazio perante um novo começo
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        Capítulo 1 Um novo mundo, com você?!
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        Capítulo 0 Notas iniciais

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Entre Espadas

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