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Entre Espadas

Capítulo 5

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  4. Capítulo 5 - O habitante desta floresta
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🟡 Em breve

Assim que se deu conta de que Ryo não estava mais em seus ombros, Leonardo se viu desorientado. Afinal, isso não fazia sentido. Como poderia ser, se há alguns segundos ele tinha certeza de que estava com Ryo? Quando ele sumiu? Ele o deixou cair? Não, ele teria notado a súbita mudança de peso e escutado o som do garoto caindo. Ele tinha certeza de que não o soltou em momento algum. Então, como ele sumiu? “Não, ele não pode ter sumido assim, sem nenhum som. Não faria nenhum sentido,” foi a conclusão a que chegou naquele momento. Então, se ele não havia sumido, se não havia caído, quem… não, melhor dizendo, o que pegou Ryo? Só a ideia de que algo pudesse ter machucado Ryo o deixou irritado, mesmo sem saber por que se sentia assim.

Leonardo então optou por fazer a única coisa possível naquele momento: seguir aquele caminho repleto de ossos de animais, com a pequena esperança de que o quer que tivesse pegado Ryo o tivesse levado para o lugar onde esse caminho leva. Assim ele fez. Esticou as pernas, se alongou um pouco e pensou para si mesmo: “É melhor esse corpo ter mais algumas habilidades além de me deixar enxergar melhor.” Por fim, impulsionou seu corpo para frente com toda a velocidade possível, o que fez uma breve nuvem de fumaça subir onde estavam seus pés anteriormente.

Enquanto isso, em um ambiente um tanto mal iluminado e repleto de água, Ryo acordava aos poucos com um pouco de dor de cabeça e com um cheiro horrível de algo podre invadindo seu nariz, o que, mesmo sendo desconfortável, o ajudou a recobrar seus sentidos. O garoto então se levantou devagar, olhando em volta e apoiando uma mão na cabeça. — Mas… o que… que merda… onde eu estou? Leonardo, você tá bem? — Ryo disse, ainda tentando discernir as sombras naquele lugar escuro e mal iluminado. Quando não recebeu resposta, ficou um pouco preocupado. Talvez o outro realmente não estivesse naquele lugar, o que ele confirmou assim que sua visão se adaptou ao ambiente. Tudo que via era um corredor adiante com ossos de animais e sangue pingando por todos os lados… bom, pelo menos agora ele sabia de onde vinha aquele cheiro insuportável. Enquanto analisava a situação sobre onde estava, alguns pensamentos passavam pela mente dele: “Como eu vim parar aqui… e onde é aqui? Há alguns minutos, eu poderia jurar que estava sendo carregado pelo Leo… aí eu ouvi aquele farfalhar e, quando abri os olhos de novo… isso não pode ser bom…”

 

Ryo, por fim, começou a andar por aquele ambiente um tanto quanto escuro, com seus passos ecoando pelo local. Ele não podia negar que estava com muito nojo de andar naquela água lamacenta com ossos e restos de carne e sangue, com um cheiro pungente que o fazia sentir náuseas, no fim, ele não poderia fazer nada sobre isso. Com certeza tomaria um bom banho assim que saíssem daquela maldita floresta. Talvez essa situação se tornasse até mais engraçada quando estivessem em um momento menos caótico. Ele sabia que, em uma situação diferente, como em um jogo, Leonardo com certeza acharia engraçado tudo o que estava acontecendo. Pensar nisso o ajudou a se acalmar enquanto andava por aquele corredor. Era um pouco irônico pensar no outro rindo junto a ele… era estranho pensar atualmente… mas, há alguns anos, isso era bem comum… então, quando foi que tudo isso mudou mesmo? Ah, sim… foi depois daquilo.

 

Ao pensar sobre isso, o passo de Ryo diminuiu bastante e sua feição se fechou ainda mais. O garoto, que outrora já parecia um tanto quanto sério, agora parecia que havia acabado de voltar de um velório, com todos aqueles pensamentos intrusivos em sua cabeça sobre o passado. “Afinal, do que adianta pensar sobre o que já se foi, Toyosaki?” Era o que ele dizia a si mesmo, tentando se convencer a não pensar demais. Do que adianta se convencer a não pensar também? Sinceramente, tudo o que ele queria naquele momento era encontrar logo Leonardo, sair daquele ambiente bizarro e achar seja lá o que precisavam para “pertencerem a esse lugar”.

 

Afinal, o que eles precisam encontrar? E como assim pertencer a esse mundo… eles já não pertencem? Afinal, eles já possuem corpos aqui e tudo mais. Seria então algo simbólico? Não, se fosse algo simbólico, eles não precisariam encontrar nada. Mas o que vai acontecer se eles não acharem… será que existe algum tipo de prazo para fazerem isso? Sinceramente, aquela voz foi muito vaga em informações quando se tratou de explicar o que eles teriam que fazer nesse novo mundo. Bom, pelo menos teve um lado bom nisso tudo: quando morreram naquela vida pela primeira vez, o coração de Ryo se acalmou sobre algo que o incomodava há anos… era bobagem pensar nisso agora, afinal ele nem se lembra do que havia pedido a ele.

Enquanto pensava sobre essas coisas, um tanto quanto bobas, ele sentiu aquele cheiro de podridão ficando cada vez mais forte em seu nariz. Vendo agora que o número de ossos pelo corredor aumentava significativamente, com até algumas carcaças em decomposição entre os ossos, fez Ryo arrepiar. Agora sim ele estava começando a sentir o medo real de seja lá o que estivesse ali. Em certo ponto do caminho, era perceptível carcaças de animais de diferentes portes. Alguns deles Ryo pôde reconhecer como animais que também existiam em seu mundo, mas outros… eram meio diferentes… difíceis de entender vendo somente aquelas carcaças.

 

Ele já não sabia há quanto tempo exatamente estava andando por aquele corredor, mas a fadiga de andar durante quase todo o tempo desde que acordou com Leonardo no meio dessa floresta e o cheiro de carne podre eram fortes demais, ao ponto de sentir que estava prestes a vomitar o que mal restava no seu estômago… e, pensando em comida, ele estava começando a sentir fome. Já fazia horas desde que acordou e, no meio dessa floresta, ele não acharia comida tão facilmente, já que no tempo em que estavam por lá não haviam visto nenhum ser vivo e, andando por esse corredor, ele conseguiu entender melhor o porquê. Alguns pensamentos vieram à cabeça do garoto: “Que tipo de animal faria isso… alguns desses animais só foram destroçados… seja lá o que fez isso, por que matar se não vai nem comer? É impossível ser somente por diversão.”

 

[…]

 

Enquanto isso, em um ponto um pouco mais distante de onde Ryo estava, Leonardo continuava correndo naquela mata onde começou a ver que a quantidade de ossos pelo caminho já havia aumentado de uma maneira grotesca, mas ele não chegava a se importar tanto com isso, o que o preocupava nesse momento era achar logo seja lá o que tivesse pego Ryo e dar um jeito de saírem daquela floresta bem rápido.

 

[…]

 

Ryo já estava cansado demais de andar naquele corredor, segurando a ânsia de vômito, quando algo estranho começou a acontecer. Os corpos estavam diminuindo ao longo daquele caminho e as paredes começaram a se alargar até chegar a um ponto onde as paredes que o seguiam naquele corredor desapareceram e aquilo que outrora era um corredor se tornou um caminho para uma enorme gruta com um lago. Ryo agora entendeu o porquê de o caminho até ali estar com água no chão: o corredor em si estava dentro do próprio lago. Olhando mais à frente, com a ajuda do sol que agora iluminava o local, o garoto viu que o ambiente em si não era sombrio e morto, mas era igual àquele caminho que ele seguiu junto com Leonardo horas mais cedo, com um silêncio que chegava a ser insuportável. Nem sequer uma brisa de vento passava por ali, pelo menos foi isso que ele percebeu com uma olhada rápida.

 

Até que, entre todo aquele silêncio, o garoto pôde ouvir uma movimentação na água mais adiante. Era o som de algo batendo na água e isso fez com que seu olhar se voltasse naquela direção, de onde veio aquele som. Ali, ao ver aquela coisa, sua visão travou e, sem perceber, ele até mesmo ficou boquiaberto… foi a primeira vez que ele entendeu o motivo pelo qual aquela voz falou sobre este mundo ser perigoso… diante dele, não muito distante, havia uma criatura com a parte de baixo do corpo como a cauda de uma serpente de coloração verde e, da cintura para cima, uma aparência humana de pele acinzentada. Aquela criatura olhava diretamente para ele, como se visse um fantasma diante de si… ao ver a criatura tão bem e o encarando, Ryo recuou um pouco para trás… afinal, era essa a coisa que deveria ter matado todos aqueles animais, era a única explicação plausível naquele momento. O sol estava diretamente sobre o corpo daquele ser, o que melhorava bastante a visão dele por completo, fazendo com que a pele daquela coisa brilhasse de uma maneira estranha… ele era bonito de um jeito medonho… contudo, Ryo não teve tempo de reparar nisso, ele estava mais preocupado se aquele ser que o encarava decidiria vir para cima dele ou não… seus pensamentos acabaram sendo interrompidos ao ouvir aquela coisa falar de maneira rouca e meio animalesca.

 

— Como… como ainda está vivo? E-eu tinha certeza… eu tinha certeza de que tinha te envenenado… se você está vivo… eu perdi? — Aquela coisa tinha um olhar um tanto quanto furioso enquanto olhava para Ryo, e sua cauda se debatia, mas sem conseguir sair do lugar onde se encontrava deitada. Ele começou a gritar: — EU NÃO POSSO TER PERDIDO! EU DEGOLEI VOCÊ, EU ENVENENEI OS DOIS! NÃO. NÃO, NÃO, EU NÃO POSSO TER PERDIDO, EU TE MATEI!!!

 

O garoto não entendia sobre o que aquela coisa estava falando… como ele poderia ter morrido se ele acabara de renascer? Ele nem sequer sabia o que era aquela coisa, mas mesmo assim ele não se atreveria a responder, isso poderia fazer com que ela viesse em sua direção. Então, ele permaneceu ali parado, tremendo, escutando aquela coisa falar: — ISSO NÃO É JUSTO! EU TE MATEI, ENTÃO POR QUE AINDA VIVE?! HUMANO DESPREZÍVEL, SE NÃO F– TSC, SE NÃO FOSSE ESSA MALDITA ESPADA, EU ARRANCARIA SEU CORAÇÃO E COMERIA!!

 

Ryo tremia toda vez que aquela coisa metade cobra gritava em sua direção, mas, involuntariamente, sua mente se focou em somente uma coisa: “Uma espada? Aquela coisa… por que não se mexeu ainda? Não me diga que…” Olhando atentamente agora para aquela criatura, o garoto viu o que antes não tinha visto devido ao sol: um florete com o pomo entalhado em vermelho, o punho dourado e um corpo que parecia ser feito de penas ao longe, mas que se mantinha firme como metal. Mesmo com o movimento daquele ser, a lâmina de uma coloração azul translúcida, atravessava o corpo daquela criatura, o prendendo no local onde estava, com algo entalhado em sua lâmina, não deixava a criatura sair do lugar. Ryo tentou focar no que estava gravado na lâmina, mas, estando longe, o garoto não conseguiu ver. Logo, o momento de admiração passou assim que aquela coisa voltou a gritar:

 

— ESSA MALDITA ESPADA, POR SUA CULPA E DESSA COISA EU ESTOU PRESO NESSA MALDITA PEDRA. ESSA COISA NÃO ME MATA, NÃO DEIXA COM QUE EU ME MATE, MAS TAMBÉM NÃO CONSIGO TIRAR. ISSO É TUDO CULPA SUA, SEU SER INFERIOR! BASTARDO NOJENTO!!! SE EU ME SOLTAR, EU JURO PELA DEUSA QUE VOU ARRANCAR SUAS TRIPAS!!!

 

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Um relacionamento que acabou de maneira conturbada e um acidente que causa a morte de ambos, foi assim assim que Ryo e Leonardo se viram em um mundo feudal durante um xogunato, onde aparentemente...

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