Capítulo 6
O rapaz não conseguia entender o porquê aquela coisa continuava a gritar com ele, afinal, não é como se Ryo tivesse o prendido naquela pedra. E agora que ele sabia que aquela coisa estava preso no meio daquele lago em uma distância um tanto quanto segura de onde ele estava, aquela coisa com certeza não o pegaria nem mesmo se tentasse, e isso fez o medo do garoto se dissipar aos poucos e ficar mais relaxado sobre onde estava e agora invés de se sentir medo daquela coisa gritando, ele começou a se sentir irritado cada vez mais até que ele respondeu sem sair do lugar.
— Com licença, mas poderia parar de gritar? Sua voz é aguda o que, com todo respeito, é irritante! — O garoto disse levantando a mão acenando para a coisa tentando manter uma compostura calma, mas por dentro ele não podia deixar de temer que aquela coisa ficasse mais estressada e se soltasse.
— SUA DESGRA- — A coisa parou de gritar parando no meio da frase, ficando pasmo com a coragem de Ryo de querer dar uma ordem a ele e, após um tempo encarando o garoto, ele realmente começou a falar um pouco mais baixo, mas mantendo a atitude rude — Quem você pensa ser? Como se um mortal qualquer pudesse me pedir alguma coisa, especialmente de uma sacerdotisa sem ligação a um templo como você!
Ele sentiu uma pontada de irritação em seu peito a ser chamado de sacerdotisa, ele conseguiu ouvir no fundo de sua cabeça Leonardo zoando-o mais ceda o chamando de sacerdotisa e então ele falou irritado — EU SOU UM HOMEM SUA COBRA CEGA.
— QUEM VOCÊ TÁ CHAMANDO DE COBRA CEGA? QUEM SE VESTE COMO UMA SACERDOTISA É VOCÊ MORTAL¹ — A coisa respondeu, aumentando a voz para o garoto assim que ele começou a aumentar a sua também — CHEGA MAIS PERTO E EU TE MOSTRO QUEM É A COBRA CEGA.
cogitando por alguns segundos ir realmente até o local onde aquela coisa estava presa, mas ele não seria tolo o suficiente de cair em uma provocação tão boba, então respirou fundo e olhou de novo para ele, disse: — Eu não sou tolo o bastante de me aproximar de você, principalmente com todas aqueles animais mortos pelo caminho…
— Tsk…vocês humanos adoram fingir saber de tudo, se eu quisesse te matar teria feito isso assim que senti sua presença. — O homem-metade-cobra vociferou em um tom debochado ao responder.
— Quando apareci, você ameaçou me matar. Se não o fez naquele momento, então isso deve significar que não consegue, ou estou errado? — Observando a expressão de desapontamento da criatura ao ouvir o que ele acabara de dizer isso o fez ter certeza de que estava certo.
— AGH… Não importa, se você não é quem eu pensei então desapareça, você não me interessa. — A criatura agora estava com um olhar desinteressado para Ryo e virou seu rosto para olhar para o céu.
— Bem, senão eu não lhe sou de interesse, irei me aproximar. — Ryo esperou alguma reação da criatura com sua fala por um tempo, mas se deu conta que não obteria uma resposta. Se aproximou lentamente de onde a criatura, a água já estava praticamente na altura de sua cintura e por fim ele olhou bem para a espada, finalmente conseguindo ler o que estava entalhado nela “Gramr”. Ele encarou o entalhamento por alguns segundos com um estranhamento visível em seu rosto, só então disse — Gramr? quem daria um nome tão… estranho a uma espada?
Somente quando ele disse isso a criatura teve uma reação, olhando para ele boquiaberto — Os mortais estão cada vez mais sem conhecimento ao longo dos anos?! Gramr não é uma espada comum! Nenhuma espada comum poderia me manter aqui, ela é algo do antigo mundo!! — Ele pôr fim voltou a olhar para Ryo e vendo que o garoto não demonstrou nenhuma reação ele suspirou fundo e disse — O antigo mundo, garoto! Aquele que veio antes da criação deste de onde os primeiros pertenciam!
— Olha, eu realmente não faço ideia do que você esteja falando e também isso não me interessa no momento, essa espada que te prende é especial certo? Se eu a tirar de dentro de você, eu e meu colega poderíamos sair desse lugar sem você atrapalhar? — Ryo foi o mais direto possível e se direcionou a subir na pedra onde aquela coisa estava e ficando em pé acima dele segurando o cabo da espada enquanto encarava aquela coisa, a roupa do garoto estava ensopada, por sorte seu cabelo não havia se molhado por estar trançado.
A criatura olhou para o garoto surpreso com a audácia que o jovem possuía, havia tempos que já não havia visto outro humano e o primeiro que encontra ser tão audacioso ao ponto de ter certeza o suficiente que tiraria a espada de seu corpo era um divertido para ele e sorrindo ele voltou a falar — Sinceramente os mortais sempre me impressionam, toda essa certeza de que o mundo está em suas mãos, até que ponto o ego humano pode ir? — Ele olhava diretamente nos olhos de Ryo enquanto falava e sem ver o olhar do garoto vacilar por nenhum segundo sequer ele voltou a falar — Antes de dar minha resposta ao que pede, quero fazer algumas perguntas a você mortal.
O homem engoliu a seco com a resposta que havia recebido, com certeza não era isso que desejava ouvir neste momento — Certo, o que quer saber? — Disse encarando a coisa.
— Minha primeira pergunta a você mortal é, por que se aproximou tanto? Não tem medo de que eu lhe mate? Eu poderia afogá-lo bem aqui. — Ele indagou, esperando uma resposta que o agradasse.
— Se não tenho medo…? Estou tremendo de medo neste exato momento, mas eu tenho alguém a quem acompanhar e isso é mais importante para mim do que temer a morte, a morte ainda é um medo claro…, Mas existem coisas pelas quais valeria a pena arriscar minha vida. — O garoto disse sem nenhuma hesitação que agradou aquele ser.
— Minha segunda pergunta, esse companheiro pelo qual se dispõem a arriscar a vida, como pode falar tão decididamente sobre isso sem saber se ele faria o mesmo por você? Esse alguém é alguém a quem você ama, estou correto? — A criatura disse de maneira curiosa, ele demonstrava interesse em entende-lo.
— Se ele faria o mesmo por mim…? Sim, faria, mas não definiria o que sinto no momento como amor, nossa atual situação é por conveniência, eu sou tudo que ele conhece enquanto para mim ele… Isso não importa. — disse apressadamente e enquanto a coisa se punha para fazer mais uma pergunta, ele cortou sua fala — Quais os significados dessas malditas perguntas? Só me diga se temos um acordo ou não, merda…
A criatura riu da reação dele e por fim disse a Ryo — Certo, certo, teremos um acordo com uma condição somente, terá que aceitar o que lhe for pedido pela espada independentemente do quanto significa para você.
Olhando confuso para a serpente sem entender sobre o que ele estava falando, tanto faz ele aceitaria seja lá o que fosse contanto que ele e Leonardo pudessem sair daquela maldita floresta e achar algo para comer e irem atrás do que precisam para pertencerem a esse mundo, então sem pensar muito ele começou a puxar a espada para retirá-la do corpo da criatura e naquele momento ele sentiu uma enorme onda de calor passando pela palma de sua mão para o resto de seu corpo, os olhos da criatura brilharam quando viu que o humano conseguiria retirar a espada, ele estava incrédulo e ao mesmo tempo achando tudo isso divertido de se assistir e enquanto Ryo usava força para retirar a espada um enorme brilho dourado saindo da espada envolveu seu corpo indo em direção ao céu.
Naquele momento em outro ponto daquela floresta, naquele caminho repleto de água e cheirando a podridão Leonardo parou de correr ao sentir uma sensação estranha percorrendo seu corpo e ao olhar para cima ele viu aquele enorme raio dourado mais a frente e algo dentro dele sabia que era para lá que ele deveria ir, sabia que se fosse para lá encontraria quem estava procurando, esse mundo é estranho e ele ainda não entende bem como vieram para cá muito menos o por que vieram mas independente de tudo isso ele quer entender e aprender sobre esse lugar com aquele que tanto discute e com isso em mente ele voltou a correr e enquanto corria ele notou durante todo aquele caminho que aquelas carcaças ao redor começaram a desaparecer em pequenas esferas douradas para o céu e que o mal cheiro que tanto rondava aquela área desaparecia cada vez mais, junto com toda a névoa envolvendo aquela floresta.
Ele correu durante algum tempo sem saber ao certo o quanto tempo mas isso não importava quando ele parou ele estava a beira de um lago e olhando para ele, viu ao centro aquele a quem tanto procurava nas últimas horas, sentado adormecido abaixo de um enorme salgueiro com uma espada em seu colo, ele estava com um rosto claramente abatido, mas ao longe não havia como saber que ele estava dormindo então vê-lo desacordado fez Leonardo adentrar aquele lago e nadar até ele desajeitadamente errando a respiração, mas isso não importava ele só precisava chegar até Ryo, e assim fez ele chegou ao outro lado tossindo, com a sua roupa marcando todo seu corpo e se pôs a se aproximar dele, chegando a respiração do garoto colocando a mão abaixo do nariz do mesmo e ao sentir o ar saindo de seu nariz ele relaxou e se sentou ao lado dele o trazendo para seu peito o deixando deitar ali sem que soubesse por fim dizendo em voz baixa, afinal ele tinha aquele pressentimento de que o garoto não acordaria tão cedo.
— Quando tira seu tempo para me fazer estar preocupado contigo fica cada vez mais difícil manter minha raiva…,mas é melhor que não saiba disso. — O moreno desfez as tranças de Ryo e colocou o cabelo do mesmo para trás e o acariciou por alguns segundos — Afinal não queremos que tudo se repita…então vou continuar a fingir odiá-lo maldito mentiroso… — Leonardo sorriu colocando uma mão na parte de trás na cabeça de Ryo com a outra colocando a espada amarrada a corda que antes estava no cabelo do outro e a amarrando a um dos pulsos de Ryo a deixando no colo dele — Mal chegamos a um novo mundo e já arrumou uma espada? típico. — Por fim ele dirigiu a outra mão para a parte de trás do joelho do garoto e o pegou no colo e agora estando mais calmo ele tinha uma certa noção da profundidade daquele lago, ele deveria conseguir passar devagar caminhando com o outro em seus braços.
Enquanto atravessavam o garoto levantava um pouco Ryo para que ele molhasse o mínimo possível afinal não seria bom se ele adoece agora, eles não tinham nenhum remédio com eles, e então assim ele seguiu após saírem do lago o garoto continuo a andar de maneira cuidadosa mesmo com a névoa agora dispersa ele não queria que a cabeça daquele que estava em seu colo esbarrasse em algo pela floresta e assim ele continuou andando já era fim de tarde quase quando finalmente saíram e assim que estavam fora daquela floresta Leonardo parou com Ryo ainda adormecido em seu colo e seus olhos brilharam ao olhar ao redor, eles estavam no alto de uma colina o pôr do sol estava lindo e no céu ele pode ver pássaros que pareciam refletir um arco íris voar para longe enquanto mais a ele via algo como um vilarejo, mas sua visão desviou para o garoto em seus braços quando ele ouviu um bocejo.
— Leo?…onde? onde estamos?… — O japonês disse enquanto abria os olhos aos poucos ainda meio sonolento sem se dar conta de que estava nos braços do outro.
— Finalmente acordou idiota? saímos da floresta…eu imagino que você tenha algo a ver com isso. — Leonardo pontuou calmamente enquanto olhava para o garoto.
Ryo riu fracamente com o que ele havia dito e com os olhos cansados encarou ele — Eu fiz uma coisa idiota Leonardo…me desculpa… — Ele parecia abatido enquanto falava, com a voz rouca e isso fez Leonardo se preocupar.
— Quando você não faz algo idiota Ryo?…olha você pode me contar depois ok? não vamos discutir agora…volte a dormir — Ele começou a andar em direção a vila que estava vendo sem pressa no andar, mesmo que quisesse chegar rápido devido a fome, ele também queria que o outro descansasse.
Antes de pegar no sono novamente enquanto estava prestes a adormecer, Ryo disse baixo, mas ainda o suficiente para que Leonardo ouvisse — Obrigado…por cuidar de mim de novo…
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Capítulo 6
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Entre Espadas
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