CAPA ALMAS EM CINZAS

Falhas Eternas 02 – Almas em Cinzas

59. O príncipe que foi salvo pelo monge

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A cidade do porto, Shucheng, estava muito agitada após uma grande horda de fantasmas cobrir a cidade e destruir boa parte das construções, assim como vitimar mais de vinte mil pessoas dos onze milhões naquele grande centro.

Felizmente, a situação por ali estava muito melhor que em Chengdu, pois a cidade estava próxima ao território principal da seita Yang Wu. O que facilitou a chegada rápida dos cultivadores antes que uma tragédia maior sucumbisse.

O uniforme amarelo representava o luxo e as nuvens, a altivez e nobreza intocáveis. Diz-se serem discípulos e anciãos muito arrogantes, mas que são quase imbatíveis na tomada contra fantasmas e há excelentes especialistas no núcleo dourado e um ancião da alma nascente, que conseguiriam se segurar muito bem contra os representantes de Tian Cang.

Especialmente, aquele que estava sendo o alvo dos agradecimentos da população comum.

— O imortal salvou a vida da minha criança. Quando minha casa estiver reconstruída, lhe convidarei para um chá. — Uma jovem senhorita rica, que havia acabado de perder o marido, estufou os seios em direção ao cultivador.

Mal sabia essa mulher que esse imortal era praticamente um eunuco e o instrumento dele não subiria nem mesmo com um afrodisíaco potente. Yong She deu um sorriso falso e cumprimentou a puta, como ele pensou, cordialmente.

— Será uma honra, senhorita.

Após mais alguns cumprimentos, Yong She finalmente conseguiu sair do meio daquela multidão. De imediato, ele avistou alguns de seus irmãos discípulos mais novos comendo palitos, frutas cristalizadas enquanto tudo ainda estava caótico. Eles tinham uma reputação a zelar e precisavam ajudar essas pessoas para mantê-la.

— Ei, seus vermes! — Chamou enquanto colocava a mão no punhal de sua espada.

Os dois jovens discípulos, que se achavam muito superiores, pularam assustados. Eles sabiam que se tratava de alguém com posição elevada, já que o broche dourado em formato de sol, tão extravagante em seu hanfu identificava sua origem: ele era um discípulo interno.

— O que é isso, sênior Yong? — Um deles já se apressou para cumprimentá-lo.

Yong She olhou para os dois com desdém, seus olhos frios como o gelo das terras ao norte. Não era a primeira vez que flagrava esses dois discípulos insolentes se banqueteando enquanto o trabalho duro era feito pelos outros.

— O nosso propósito em Shucheng é auxiliar a população e manter a reputação de nossa seita. O que raios estão fazendo? — Sua expressão obscureceu ainda mais — Mostrem ao menos estar fazendo o mínimo, seus imbecis!

Ele observou suas reações atentamente antes de continuar:

— Há feridos precisando de ajuda, e ruas a serem limpas e corpos para serem identificados para serem levados para a vala.

— Sênior, nós estávamos apenas descansando um pouco após ajudar com a limpeza… — O mais corajoso dentre eles ousou falar aquelas palavras em voz alta.

Yong She bufou com raiva e bastante insatisfeito com essa atitude e ergueu o indicador, um vento forte passou por eles e uma força invisível fez com que os doces explodissem em suas mãos.

— Agora que finalizaram, voltem a trabalhar, seus imbecis!

Vendo a fortaleza em sua frente, ambos os discípulos trataram de desaparecer rapidamente. Eles poderiam ser arrogantes, mas não eram estúpidos para ficarem contra esse Jovem Mestre.

Yong She não era alguém comum, visto que sua mãe foi uma grande cultivadora de renome, mas deixou infelizmente o mundo do cultivo para viver uma vida simples com o pai de Yong She.

A cultivadora Yong foi uma líder importante no final da derrubada das seitas do mal, mas depois disso, não houve mais aparições dela até que o filho surgisse no mundo marcial. Desde esse momento, apenas por ser filho dela, Yong She se tornou um homem honrado.

Felizmente, ele também criou seu nome e se tornou um cultivador poderoso. Por outro lado, seu nome é bastante ofuscado devido à Shen Zhengyi. Embora não sejam da mesma geração, era uma tragédia ser ofuscado por uma geração mais nova.

Aparentemente, Yong She não se importava com isso, mas era difícil não ligar quando, a todo momento, comparassem suas conquistas com as do pirralho Shen. E certamente, ele tentava, mas não conseguia se comparar com aquela pessoa.

Também não existia inveja por sua parte, pois sabia que existiam pessoas escolhidas pelos céus e Yong She não foi escolhido. Porém, havia algum ressentimento. Veja bem, não apenas Shen Zhengyi, mas seus discípulos também eram aqueles escolhidos pelos céus. Xie Yan era extraordinário! Foi uma pena ele ter se machucado e seu cultivo ter sido reduzido.

Seu maior ressentimento, no entanto, era Luo Hang. Não era inveja ou cobiça pelo que havia conquistado, mas um ódio profundo da maneira como as coisas se desenrolaram para ele! Antes, como um irmão discípulo, seu primo marcial para se tornar quase um verme e depois ressurgir como discípulo justamente de Shen Zongshi?

Ah, era verdade, por ser de uma posição mais alta, Yong She precisava ser formal e respeitoso ao se dirigir a ele. Como ele não sentiria ódio? Teria que se rebaixar para falar com alguém tão insolente!

— Xiao She está bem?

O — relativamente — jovem de hanfu amarelo se virou apenas para ver seu amigo careca se aproximar.

Hao Jianjian, o monge careca, saltou de cima do telhado da casa. Suas roupas estavam, como sempre, de aparência velha e tipicamente em tons de branco e dourado. Em seu rosto, uma faixa que cobria seus olhos na cor branca enrolava-se abaixo da careca. Na cintura, um sino dourado. E segurava na mão o seu colar de contas preferido, o único de cor diferente, o branco.

Seu sorriso melhorou o humor de Yong She. Gostava muito da amizade desse alquimista, algo que o beneficiava muito.

— A-Jian! — Ao cumprimentá-lo, também sorriu.

— Amitabha! — Olhou para a cidade atrás de seu amigo — Fiz bem em vir até aqui!

O cultivador fez uma expressão desconsertada. Não apenas havia cadáveres, mas também começava a surgir uma doença estranha entre aqueles que ainda permaneceram vivos.

— Vamos até o centro da cidade. Vou lhe contar o que se passa, meu amigo.

O de amarelo deu-lhe passagem e ambos começaram a caminhar lado a lado.

— A-Jian passou por Cheng Du? Tentamos contato para pedir ajuda de Sua Alteza Imperial, o príncipe herdeiro, mas não conseguimos falar com ele. Ele não parece estar por perto!

O monge balançou a cabeça, negando algo.

— Amithaba. Recebi uma carta urgente da capital: a cidade foi dizimada pelos fantasmas. Ele estava mantendo uma barreira para afastar forasteiros. — Huo Jianjian ficou abalado. — O mundo está em desastre! Meu shifu está preocupado com o submundo.

— Submundo? — Perguntou confuso.

Yong She ficou perturbado, não havia uma lógica entre as palavras desse monge.

— Há alguns rumores. Um dos reis do submundo esteve neste reino… — Yong She o esperou terminar — o que achamos ser impossível, mas também seria impossível um ataque desses em larga escala. Em todo o continente, tudo ocorreu ao mesmo tempo.

O cultivador do núcleo dourado se perguntou como monges praticamente reclusos tinham acesso a tanta informação que nem mesmo aqueles mais ativos no mundo marcial. Mesmo que eles fossem capazes de canalizar espíritos para poderem lhe dar respostas, essa prática era considerada herética entre os monges budistas!

— Mas, Xiao She falava sobre uma doença? Conte-me sobre isso.

O cultivador deu um longo suspiro e iria começar a falar quando foi interrompido. Três badaladas eclodiram instantaneamente. O som reverberou primeiro pelas paredes das casas, fazendo a madeira tremer, em seguida refletiu-se pelo ar, impulsionando a força invisível. Os cadáveres que andavam decrepitamente pelas ruas próximas pararam de se mover.

O monge quebrou uma conta e uma luz dourada emergiu, cobrindo os arredores numa formação. O ar pareceu mais limpo e uma redoma de tranquilidade se espalhou na formação.

Yong She ficou, por alguns segundos, atordoado. Eles eram amigos de muitos anos, mas ficou surpreso com essa habilidade. Foi sua primeira vez observando esse poder vindo dele. Ele havia avançado em seu cultivo! Porém, de qualquer maneira, isso não tinha algo a ver com ele, então ele continuou a conversa normalmente.

— Algumas pessoas estão sendo infectadas pela energia demoníaca e não de uma forma comum. — Cruzou os braços — Assim que são infectadas, essas pessoas ficam agitadas e com o temperamento ruim, além de se tornarem maníacos sexuais. — O monge o escutava atentamente. Em seguida, veias escuras aparecem por todo o corpo e, a maioria delas, morre.

— Sinto que há algo mais obscuro nas palavras de Xiao She. — O monge tinha razão, o futuro não era distante e o verdadeiro desastre estava próximo.

— A-Jian, é difícil dizer… essas pessoas ficam com pupilas duplas! Se tornam fantasmas ainda vivos! Como é possível isso!?

O monge não parecia surpreso, mas também sua expressão era incomum. Mesmo no desespero, Huo Jianjian sempre tentava manter uma atitude otimista. Só que, em tal situação, sentia que era impossível ser otimista.

— Amitabha! — Não conseguia ao menos esconder sua apreensão no tom de voz desanimado — Xiao She, vamos precisar reportar ao palácio imperial.

— O líder disse que não precisaríamos.

Huo Jianjian balançou a cabeça.

— Quando há necessidade, até o mais fraco dos homens é necessário. — Colocou a mão sobre o ombro do amigo — A guarda secreta imperial, já ouviu falar neles?

— A-Jiang fala do Pavilhão dos Mil Outonos?

— Não, os dez homens mais perigosos do continente. A guarda particular do Príncipe Amarelo, Luo Cao.

Yong She certamente ouviu falar sobre tais homens. A guarda do Príncipe Amarelo é ainda mais misteriosa que o Pavilhão dos Mil Outonos.

Por ser a única seita de assassinos conhecida em toda Long Quan, impossível seria não a conhecer. Possuindo filiais nos quatro continentes, reunia quase noventa por cento dos assassinos neste mundo. Mas, a filial do Continente Sul estava basicamente nas mãos do Imperador Luo. E, por estar em suas mãos, comprou dez assassinos para o filho quando este resolveu se tornar um deles.

— Certamente, mas onde A-Jian deseja chegar?

O monge deu um breve sorriso.

— O vento me confiou a notícia de que eles estão na região, com Sua Alteza, o quarto príncipe.

— A-Jian está brincando! Não há tantas coincidências nesse mundo!

— A ansiedade não sacia o desejo, Xiao She. Esse grupo é conhecido como leal ao Imperador e está sob ordem única dele. Seria difícil conseguir um favor, mas não é impossível.

— Você tem um milhão de pedras espirituais?

Yong Shen sorriu. Mesmo se ele não tivesse, ele tinha alguns créditos com o Banco Universal, além do que, um leilão estava marcado para dali a alguns dias em Wu Ming e havia colocado alguns itens para leilão.

— Certamente não tenho hoje, mas na próxima semana será possível.

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A noite abriga tudo o que há para se esconder nela. As mentiras, maldades e pessoas que desejam se esconder nas sombras. Uma noite sem luar era ainda mais propensa para isso. No meio dos escombros, vários vultos surgiam e desapareciam de metro a metro. Eles acompanhavam a força do vento e aproveitavam os pequenos espaços e locais obscuros para se moverem.

Vez ou outra, aqueles poucos guardas e cultivadores cujo cultivo era desconhecido, sentiam uma brisa poderosa passar por eles, mas quando buscavam a origem, não restava nada.

— Vocês dois, venham comigo. O restante, mantenham-se por perto.

Os homens assentiram e desapareceram logo em seguida. O que parecia ser o líder deles, carregava alguém nas costas e os outros dois o acompanhavam de perto.

— Líder, deixe que nós finalizemos o trajeto.

— Estou bem.

— Mas…

— Não irei repetir. — Sua respiração estava completamente desorganizada, mas Xiao Yi, por dois dias afinco, não diminuiu sua velocidade ou sequer descansou. — O alquimista Jian, onde está hospedado?

Os dois homens reclamaram silenciosamente. Xiao Yi poderia ser um obstáculo quando teimava em algo.

— Na primeira pousada depois do distrito de entretenimento.

Ele não estranhou um monge estar num lugar como aquele. O templo budista do Alvorecer, era conhecido por não seguir completamente as inscrições budistas.

— Então vamos acelerar.

Nas suas costas, Luo Cao tinha mais uma das suas alucinações, ou melhor, as lembranças cruéis do tempo que se formou como um assassino. Sua tez estava piorando e isso preocupava ainda mais seu amante.

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Na pousada, o monge abandonou seu quarto e decidiu passar o resto da noite fazendo a guarda da entrada do distrito vermelho, observando a vida noturna em Shucheng. Ele se sentou no telhado e ao seu lado, um conjunto de chá estava posto.

Huo Jianjian aprendeu a apreciar a vida na cidade de Cheu, onde morou por quase duas décadas. Embora o mestre da cidade não fosse um bom homem, a cidade era um bom lar, independente das obscuridades que se deparava com o passar dos dias.

Ele riu. Lembrou-se quando ouviu as palavras de uma criança que havia amadurecido tão cedo pelos problemas do mundo.

“Senhor Huo, não importa quanta luz exista, ela será incapaz de cobrir todo o mundo.”

Naquela época achou aquele rapazinho tão fofo ao dizer isso, quem esperaria que dali alguns anos ele romperia a alma nascente tão jovem?

— Ay, acho que estou ficando velho…

Havia muitas pessoas trabalhando para a recuperação da cidade mesmo à noite. Carpinteiros e artesãos, as forjas ainda funcionavam e construtores carregando os tijolos de pedra em carroças ali e aqui. Mesmo a indústria do entretenimento não parou durante esse tempo. A música doce e suave e as vozes dos cortesãos eram ouvidos de longe.

Havia muitas crianças nas ruas, ajudando seus pais a carregarem mantimentos e outras brincando enquanto os responsáveis preparavam as compras.

— Eu sou o grande Shen Zongshi e vou matar todos os demônios.

— Então serei o fantasma mascarado!

— Eu vou ser o grande alquimista Huo.

O monge, por alguns segundos sentiu lisonja.

— Mas Xiao Er não tem cabelo de fogo!

Bem, ele havia esquecido que o verdadeiro grande alquimista também tinha o mesmo sobrenome que ele, mesmo não tendo parentescos nenhum. Uma coincidência tão grande somente podia ser explicada pelos céus!

— Oh! — Olhou para longe — Dois, três, quatro… seis. Seis especialistas! — Pegou uma moeda do bolso e jogou ela para cima. A moeda parou no ar, virada com o lado com inscrições para cima. — Amithaba! Hoje é meu dia de sorte!

Huo Jianjian guardou o conjunto de chá e esperou a chegada de seus futuros convidados. Ele tinha um cuidado especial por esse conjunto, pois foi lhe dado por uma criança adorável quando morava em Cheu. Ele esperava que o pequeno Xiaolin e os gêmeos estivessem bem.

Pelos céus! Ele tentou esconder sua animação, suprimindo um sorriso, mas sua face, por alguns instantes, tornou-se incontrolável. Amithaba! Havia errado em algumas de suas orações? Felizmente, retomou o controle de sua expressão quando viu a situação da pessoa nas costas de Xiao Yi. Com o humor ajustado, notando a situação grave, prontamente os chamou para dentro.

— Venham comigo.

O monge saltou para trás fazendo um arco perfeito no ar e caiu na varanda de seu quarto, sendo seguido pelos três guardas das sombras.

Yong She, que estava meditando, abriu os olhos de imediato. Ele se levantou quando notou que seu amigo não estava sozinho. Não conseguia ver o nível cultivo daquelas pessoas ou melhor, elas pareciam ser pessoas comuns! De onde poderiam surgir cultivadores da alma nascente aos montes?

— Coloque-o sobre a cama. — O monge ordenou enquanto tirava seu conjunto de agulhas.

As agulhas prateadas foram cobertas com poder espiritual e brilharam num tom dourado por um segundo antes de se inclinarem e num piscar de olhos, entrarem no corpo de Luo Cao. Ele deu um grito de dor.

Os dois guardas das sombras deram um passo para frente, mas Xiao Yi os impediu com um único olhar e num tom autoritário, reforçou o aviso.

— Deixe o monge cuidar disso. — O braço levantou-se parcialmente e, em seguida, o par de olhos negros e perigosos, encontrou Yong She. — O senhor, poderia se retirar, por gentileza?

Embora fossem palavras agradáveis, a intenção assassina emanada dele suprimiu completamente o cultivo de Yong She, forçando-o a sair.

— Farei como qianbei desejar. — Nem ousou questionar e fez uma reverência antes de sair.

E assim que sua presença desapareceu das vistas de Xiao Yi, ele ordenou novamente:

— Xiao Si, crie uma barreira de proteção. — A tontura dava sinais de retorno. — Não deixem que ninguém atrapalhe o alquimista Jian.

— Sim, líder. — Os dois homens responderam em uníssono.

Assim como os céus, seus olhos se nublaram. Não aguentou mais mantê-los abertos, o corpo pesava como o Monte Tai e não havia algum lugar que não doesse. O corpo fraco estava de pé somente pela pura e inata força de vontade. Xiao Yi, depois de quase duas semanas sem descansar, assim que se sentou naquela cadeira, adormeceu como se fosse um bebê. E esse período teria sido o melhor sono de sua vida, se, por acaso, os pesadelos não o assombrassem todo o tempo.

Segundo após segundo, minuto após minuto, hora após hora, Xiao Yi presenciava a morte de Luo Cao inúmeras vezes e diferentes fins. Sua mente o torturava com seu único medo. Ele desejava morrer que a continuar nisso e, excepcionalmente, uma vez tentou suicídio durante o sono. Sentia-se bem todas às vezes que se cortava, sufocava e se mutilava, porque era a única forma que encontrou de amenizar seu sofrimento. Concentrar-se na dor foi o método que lhe ensinaram e o único eficaz que conhecia.

Luo Cao havia dito que estava cansado, mas ele também estava e não era somente pela Cidade Xulin, mas por ser ele mesmo. Estava cansado de matar e matar sem fundamento.

Em Xulin, foi algo desastroso. Pela suspeita de toda a cidade estar sob domínio de cultivadores demoníacos e pelos mortais estarem sendo usados como cobaias para experimentos por eles, o Imperador ordenou que todos fossem mortos, sem exceção. 

O experimento era perigoso. Implantar dois núcleos espirituais numa única pessoa era perigoso demais, além disso, esses malditos demônios precisavam de cultivadores justos. Por isso, tal “incidente” foi aceito pela comunidade marcial, mas não por ele. Não pelos seus companheiros e muito menos por Luo Cao.

Infelizmente, ele era apenas um servo, uma espada que não tinha direito de fala. Mesmo naquela época, ele engoliu com amargor essa missão. Uma cidade inteira desapareceu naquele dia. Onze pessoas mataram trinta mil numa noite. 

Embora tenha ficado abalado, quem sofreu mais foi seu amado. Ficou por cerca de dois meses em choque antes de retornar ao palácio imperial com o relatório da missão. Sentia-se sufocado por todos os lados. A falta de ar preenchendo os pulmões todas às vezes que se lembrava do quão sujo estava. O peso de carregar várias mortes em sua adaga. Os gritos, a impotência e o medo estampado nos rostos daquelas pessoas. Suas vidas desaparecendo com um único deslizar de uma lâmina.

— Xiao Yi, acorde!

Ele queimaria nos dezoito infernos.

— Xiao Yi…

De repente, ele abriu os olhos e tentou puxar sua adaga, mas foi impedido por uma mão. Suas pupilas dilatadas, transpirando, respiração irregular. Verificou toda a sala, todos os seus irmãos estavam ali, o alquimista Jian, o filho da cultivadora Yong e, ao seu lado…

— Cao ge…

Seus olhos encheram-se de lágrimas. Não se lembrava da última vez que tinha chorado dessa forma ou demonstrado seus sentimentos com a presença de tantas pessoas. Um único pensamento veio em sua mente.

“Ele está vivo…”

Xiao Yi, então, fez algo que nunca poderia fazer em público. Repentinamente, abraçou e beijou não o príncipe herdeiro, mas sim a pessoa que tanto amava.

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59. O príncipe que foi salvo pelo monge
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Falhas Eternas 02 – Almas em Cinzas

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vol 02 – Falhas Eternas.

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Chapters

  • 65. Leilão Fracassado (I)
  • 64. Verdes como o fogo do inferno
  • 63. Você é meu irmão
  • 62. Sacrificar por você
  • 61. Promessa de uma vida
  • 60. O caminho de outrora
  • 59. O príncipe que foi salvo pelo monge
  • 58. O beijo da aurora e a Cidade dos Mortos
  • 57. A flor do submundo
  • 56. Não é o ciclo do retorno, mas o ciclo de desavenças e de cobrança de dívidas
  • 55. O céu favorece o ciclo do retorno
  • 54. Não pode se afastar

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