61. Promessa de uma vida
Sonhos, pesadelos, traumas e felicidade são aquilo que compõem o ser humano. E para o ser humano Cai Xing tinha algo que o deixava completamente paralisado. O roxo era uma cor que Cai Xing detestava. Não era um tipo de detestar simples, mas algo que desencadeava memórias lancinantes e turbulentas, ou melhor, ligava-se unicamente a uma pessoa. Aquela pessoa.
Ele permaneceu ali, como uma miragem distorcida e medonha. A curva em seus lábios o deixava mais agourento e os olhos horrendos riam em desastre. Os cabelos tão brancos quanto as nuvens mais puras no céu e quase não destoava do hanfu branco que usava. Se não fosse pelas bordas douradas e um manto roxo que o cobria, não haveria diferença para uma alma errante. Faíscas ainda saíam de suas mãos.
Era uma figura deslumbrante, de tirar o fôlego de qualquer pessoa. Havia um hipnotismo voltado para ele, ligado do seu método de cultivo. A sedução com apenas um olhar ou o mínimo toque, à mercê de seus encantos. Qi Seyoung havia dominado todas as técnicas marciais do grimório demoníaco: a maior preciosidade do culto demoníaco.
Mais uma vez seus olhos se encontraram e Cai Xing começou a tremer, perdendo o controle do próprio corpo. O ar nos pulmões era insuficiente. Ele se sentiu minúsculo, como se aquela pessoa estivesse tentando esmagá-lo, enforcá-lo e sufocá-lo até que perdesse a consciência. Sentiu desejo e repulsa, perturbação, alienação. Ele queria desaparecer!
A sensação acólita de asco fez seus músculos contraírem. A pele doentia e cada traço daquele rosto completamente deformado em suas memórias contrastaram com aquilo em seus olhos. A ânsia de vômito surgiu repentinamente e precisou lutar para não se desesperar ainda mais.
Então, ele olhou para Shen Zhengyi, os olhos cobertos por um brilho ilusório, embaçado. Um sorriso sutil surgiu em seus lábios e eles se mexeram para formar um murmúrio quase inaudível.
— Interessante…
Vendo isso, Cai Xing só tinha um pensamento em mente. Precisava sair dali. Naquele instante ou morreria!
Sentindo essa necessidade desesperada de fugir dali, Cai Xing apertou a mão contra o peito agarrando a borda do hanfu com força. Era como se mil espadas fossem enfiadas pelo seu corpo. Precisava proteger seu corpo, a qualquer custo.
Até o som de sua respiração parecia estridente e o coração, batia em agonia como se quisesse atravessar seus ossos e esponjar-se para fora. A visão daquele ser desagradável e vil se tornou insuportável. Não conseguia mais deixar seus olhos abertos. Não conseguia se mexer, suas pernas perderam qualquer resquício de força.
Seu olhar perdido e vazio, as pupilas vagavam de um lado para o outro tentando buscar uma rota de fuga. Uma esperança, uma luz… qualquer coisa.
Não. Não, Não. Não…
— Cai Xing… — a voz preocupada de Shen Zhengyi reverberou pelo seu ouvido, trazendo-o de volta a realidade.
Cai Xing abriu a boca para falar, mas sua voz morreu. Encarou Shen Zhengyi, mas também as palavras estavam distantes. Felizmente, ele se sentiu ser levantado. Assim que andaram alguns passos, ele olhou para trás, a fim de confirmar se não era apenas alucinação.
Aquela pessoa se virou para o rei do inferno e falou alguma coisa, mas Cai Xing não conseguiu escutar, um zumbido alto cobria sua audição enquanto mal conseguia enxergar por conta da tontura. Ele abraçou com força o corpo de Zhengyi.
— Estou com você.
O mestre também abraçou seu discípulo. Seu corpo também não parecia obedecê-lo e era incapaz de saber para onde caminhava.
Ele havia se machucado completamente. Não houve danos em seus meridianos, mas existia machucados internos e externos. Todo seu corpo doía a ponto de ficar parcialmente dormente, porém, a êxtase o deixava se comportar normalmente.
A preocupação que sentia, em sua vida, nunca houve um sentimento que pesasse tanto no peito. Cai Xing não parecia ser ele mesmo. O medo e o desespero se apossando dele daquela maneira. Havia algo sufocado dentro dele que precisava eclodir.
Shen Zhengyi vagou até escutar seu nome ser dito.
— Zheng shidi!
Mestre Shen parou e girou o corpo para o lado. Ele captou a imagem de Luo Ying completamente sujo vindo em sua direção. Havia sangue pelo hanfu luxuoso e aqueles cabelos dourados debruçavam sobre o ombro de forma desordenada.
— Sua Alteza. — Acenou suavemente.
— O que aconteceu? — A pergunta de Luo Ying era genuinamente de preocupação, estava meio perturbado pelas ondulações que sentiu há pouco. — O que houve com Luo Hang? — Levou a mão para tocá-lo, mas foi impedido pelo toque de seu irmão mais novo.
— Não o toque.
Apesar da delicadeza em suas ações, Shen Zhengyi tinha uma expressão sombria, algo completamente novo para Luo Ying em seu irmão mais novo. Ele era como uma mãe protegendo um filhote, algo que nem Xie Yan experimentou como seu filho adotivo. Seu irmão marcial mais novo não parecia estar em seu normal também.
Um gosto amargo invadiu sua boca, levando-o a mudar o tópico de sua pergunta:
— As chamas da fênix… é a primeira vez que o vejo usando. — Seu humor mudou de preocupação para curiosidade num instante — É grandioso, mas é uma habilidade que consome muito. Como se sente Zheng shidi?
— Não é preciso se preocupar. Meu discípulo e eu só precisamos descansar um pouco.
Shen Zhengyi sabia o que estava errado, tanto com ele quanto com Cai Xing. Se demorasse mais um pouco, colapsaria na frente de todos.
Luo Ying não conseguiu identificar o que havia ocorrido e, em vez de falar, manteve alguns pensamentos para si. Esse irmão mais novo era reservado, mas também muito teimoso.
“Ele não quer falar.”
“Mas, Zheng Shidi está muito machucado.”
— Tudo bem. — Sorriu mínimo. — Há um acampamento perto da cachoeira, há alguma distância. Passe por lá, eu irei verificar os arredores.
— Obrigado, shixiong. — Devolveu o sorriso educadamente.
Luo Ying, no entanto, ficou observando Shen Zhengyi partir com Luo Hang em suas costas, estranhamente. O ar ao redor dele tornou-se mais frio. Desgostava por completo dessa aproximação de seu irmão Luo Hang com seu shidi e ficava curioso sobre qual seria o próximo passo de Luo Hang.
Na última década, ouviu muito desse rapaz. Suas conquistas chegaram por todos os lados e há quem diga que ele estava filiado à emergente e poderosa Torre dos Ventos. Dizem que aquele que supostamente é o líder, no passado, foi uma vadia qualquer resgatada por Luo Hang numa dos bordeis gerenciados pelas Casas Imperador.
Jin Long, a capital imperial, exigiu algumas informações sobre a Torre dos Ventos, mas a única coisa que conseguiu saber foi que Luo Hang dormia frequentemente com o líder. Também é certo dizer que um desertor da família Gu também era um dos altos escalões da Torre dos Ventos.
Luo Hang sempre foi um rapaz muito esperto, isso tinha que admitir. Até mesmo no caso de Li Jie, ainda se manteve firme e muitas pessoas saíram em sua defesa. Felizmente, sua meimei conseguiu ajudá-lo a incriminar esse desgraçado.
Luo Ying sabia do talento dessa criança e sabia quanto o Pai Imperial o estimava. Portanto, diante disso, não podia, em nenhum momento sequer, deixar que ele ascendesse à posição para lutar pelo título de Príncipe Herdeiro. Esse era seu direito de nascença, seu direito como mais poderoso entre todos os seus irmãos. Sem contar Luo Cao, não havia alguém digno de lutar com ele.
Luo Hang tornar-se discípulo de Shen Zhengyi não o faria esquecer o que fizeram. O juramento que fez para mantê-lo longe de Wuhan. Todo aquele trabalho não poderia simplesmente ser em vão.
Uma coruja pousou em seu ombro. Os olhos amarelos encontraram semelhantes e ela piou. Em seguida, a ave voou para além da muralha, entre as árvores da floresta.
Naquele ponto, o par de mestre e discípulo, já haviam alcançado a clareira onde Luo Ying havia comentado. Shen Zhengyi, por mais que tentasse persuadir Cai Xing não havia afrouxado seu aperto, na verdade, ele parecia pior que antes. Então, antes que entrasse no acampamento provisório, desviou o caminho para outro lugar, mas próximo o suficiente para que pudesse escutar aquelas pessoas.
Havia um casebre velho, coberto pela vegetação e musgos. Uma sutil abertura para à margem do rio. Mestre Shen sacudiu as mangas e o mato desapareceu do lugar e se sentou numa pedra que havia ali.
— Cai Xing… — Passou a mão por seus cabelos, descendo pelas costas, sua voz era fraca e gentil — solte um pouco, está me machucando.
Por um segundo, o mais novo travou e se afastou, olhando para onde segurava o outro.
— Shizun… eu…
Shen Zhengyi baixou seu tom de voz e olhou com cuidado para Cai Xing, estava com o rosto inchado, também havia chorado.
— Tudo bem. Você está melhor?
— Não queria que tivesse me visto assim. — Desviou o olhar, cobrindo o rosto com uma das mãos. Embora estivesse trêmulo, estava um pouco mais calmo. Aquela habilidade é assustadora… — Qi Seyoung não pode estar vivo, eu destruí sua alma para que nunca mais reencarnasse. Eu estudei, trabalhei por muitos anos para foder com a vida daquele desgraçado…
Cai Xing não suportou mais a ânsia de vômito e correu para o rio.
— Deveria ser impossível… ele…
Shen Zhengyi não tinha certeza do que dizer. Qi Seyoung tinha um poder espiritual muito peculiar, seria impossível não identifica-lo e era tão indescritível quanto e provocava medo e náusea apenas por ele liberá-la.
Mas era como Cai Xing havia dito, se ele destruiu sua alma, como Qi Seyoung poderia existir nesse mundo? Mesmo em sua caça no submundo, indo atrás de todos os reis que protegiam os dezoito infernos, Shen Zhengyi não havia encontrado nenhum vestígio desse homem. E, se ele fosse reencarnar, provavelmente deveria pegar o mais baixo dos caminhos do samsara. Que diabos Long Quan estava se tornando? Onde ele havia encontrado uma brecha na roda da encarnação para poder renascer assim?
— Shi… gege. Se for ele mesmo, o que eu faço?
Shen Zhengyi soltou um suspiro pesado, alinhou o pano do hanfu já tirando os resquícios de sujeira e foi em direção àquela pessoa raramente tão frágil. O par de írises azuis também mantinha uma quieta e preciosa compaixão. Ele jogou as mangas do robe para trás, segurou a cabeça de Cai Xing e lhe deixou um beijo em sua testa. O carinho feito nas orelhas parecia uma mera ilusão de tamanho cuidado.
— Há alguns dias, uma canção melodiosa cobriu meus ouvidos. Ela dizia que precisávamos levar uma situação por vez.
As pupilas dilataram, deixando ainda mais uniforme a cor daqueles olhos que Shen Zhengyi tanto apreciava. E Cai Xing baixou o olhar, envergonhado. Pequenos pontos vermelhos cobriram de sua orelha até o pescoço. Uma visão inesquecível. E Mestre Shen continuou:
— Alguém que preza tanto pelo presente quanto você, não deveria se preocupar tanto com o futuro.
Shen Zhengyi sabia que eram palavras vazias, que provavelmente não surtiriam efeito algum. Esse era um assunto com uma profundidade enorme no coração de Cai Xing. Ele viu um pequeno sorriso florear no rosto do outro. Aquele estado de frenesi encontrando uma âncora para se firmar.
— É impossível, não sabendo que ele está aqui.
— Gostaria de dizer que tudo vai ficar bem, mas as linhas do destino são irregulares e imprevisíveis. — Ele se sentou à margem do rio, ao lado de Cai Xing e segurou sua mão, entrelaçando os dedos. — Dessa vez, você não está sozinho, Cai Xing. Estou do seu lado.
Um brilho de esperança cresceu em seus olhos.
— Isso… tão maduro e incrível.
— Preciso me igualar a pessoa que você é.
A nuvem escura transbordou pela face já inchada. Cada palavra dele, deixava Cai Xing com a sensação de ser espetado por uma espada. Era tão doloroso, mas agradável de ouvir.
— Eu também estarei ao seu lado. Não importa o quê.
Uma risada autodepreciativa escapou dos lábios do mais velho enquanto via Cai Xing submergir na água corrente. Shen Zhengyi sentia falta das poucas vezes que via Cai Xing assim, tão inquieto, sentimental e verdadeiro consigo mesmo. Era como ver sua verdadeira face, que ele se permitisse a sentir algo a não ser o ódio que sentia.
Eram tempos em que Cai Xing tinha aquele fogo violento nos olhos, como se pudesse, a qualquer momento, desatar um desastre sem volta. Uma aura perigosa e violenta de desespero, horror e ira profundos, a desgraça do mundo de cultivo.
Shen Zhengyi, embora tivesse apreço, o medo o rondava. Tinha medo de Cai Xing e o quão implacável ele se tornou com os anos. Medo de onde ele poderia ir por seus objetivos. Queria pará-lo, mas quão hipócrita seria se o fizesse? Não era ele quem lhe entregava seus inimigos?
O único lugar que desejava proteger era Jiu Tianshang, mas era ridículo esse pensamento. O lugar que considerava seu lar, as pessoas que considerava família, seus discípulos. Todos eles, um por um, o traíram, o venderam, queriam possuí-lo forçadamente.
Ning Fujian, seu terceiro discípulo no passado, era um jovem doce e inocente. Shen Zhengyi não poderia estar mais errado e foi o primeiro quem o abandonou. Um dia, quando o ancião, naquela época sob o título de Lótus Branco foi surpreendido no seu banho por seu discípulo, que tentou toma-lo à força e quase conseguiu. Se não fossem por estarem numa fonte termal pública, Shen Zhengyi que estava com a saúde muito debilitada naqueles dias, teria sido humilhado por ele.
Soube que, algum tempo depois Ning Fujian foi morto por Cai Xing numa emboscada, próximo ao atual território da Seita do Cadáver. Depois disso, uma carta chegou até ele, que só foi aberta alguns anos depois, onde Cai Xing descrevia como Fujian foi morto. Shen Zhengyi nunca admitiria que sentiu uma certa satisfação em meio à tudo aquilo.
Era um ponto além do salvamento. Cai Xing se transformou no monstro que precisava ser para ter seus objetivos sendo realizados. Também o mesmo para ele, se banhou tanto no sangue que não conseguia nadar em direção à superfície.
Então, era bom vê-lo assim, pois mostrava que ainda havia esperança não apenas para Cai Xing, para ele também. Para que pudesse olhar seu reflexo e encontrasse um humano e não uma coisa.
De repente, o farfalhar das folhas interrompeu os pensamentos de Shen Zhengyi, numa distância muito curta. Ele direcionou seu poder para a origem daquele som e encontrou uma coruja, vigilante. A ave nem se mexeu ao notar a pressão invisível ir contra seu corpo e apenas piou casualmente. Ela se moveu após sentir a presença de uma dezena de agulhas de ferro profundo, aquelas feitas por Yan Yi, se aproximar E, então, rapidamente, bateu asas e partiu entre as copas das árvores.
— Luo Ying ainda desconfia muito de você.
— A vigília dele é simplesmente ridícula! Os espiões dele na Torre dos Ventos são facilmente descobertos até pelos mortais! — Bufou, um ar de impaciência. Ele tirou o cabelo do rosto. — Ao contrário de Luo Cao, este Luo Ying é quem está apaixonado por você.
— Não diga óbvio. — Shen Zhengyi retrucou — Venha, levante-se.
— Descanse um pouco também.
Shen Zhengyi estalou o pescoço e espreguiçou-se. Lançou algumas bandeiras de formação e foi até o centro dela, sentando-se na posição do lótus. Num instante, suas roupas foram trocadas, um conjunto preto e branco, com alguns bordados de flores silvestres.
Assim que se sentou, não pôde deixar de sorrir secretamente. No passado, sempre que estavam juntos, Shen Zhengyi se via incapaz de retribuir àquela atenção dada por Cai Xing. Sem conseguir retribuir um gesto mínimo, por receio do julgamento, por covardia em não querer sentir quaisquer ondulações emocionais.
Um sentimento agridoce veio até ele. Tão amargo por se lembrar da pessoa que já foi e tão doce por saber que, no presente, tentava ser uma pessoa melhor. Seus pensamentos, ao lado de Cai Xing, eram repetidas e repetidas vezes, voltadas para isso. Ele queria compensar o passado.
Frequentemente, perguntava se tudo isso não passava de um sonho cruel.
Shen Zhengyi também não percebia o quão autoconsciente e cuidadoso ficava ao estar perto de Cai Xing. Cada ação, frequentemente, era tão precisa e calculada. E isso, gerou várias inconveniências e olhares tortos ao longo dos anos.
Ainda que nunca tenha ocorrido mais nada entre eles, todos podiam notar a aura rosa que os cobria. Cai Xing nunca foi discreto quanto ao que sentia e ele, depois de muito tempo, percebeu a mudança em seu comportamento perto dele.
Naquela época, quando eram os líderes, cada um de seu lado, um acordo de paz foi assinado, então, frequentemente eram vistos juntos em grandes eventos ou ocasionalmente.
Fosse dentro de suas casas ou publicamente, as pessoas, mortais ou não, os conhecendo ou não, sempre se afastavam quando eles estavam próximos. Entretanto, não era por respeito ou privacidade, era apenas por aversão. Rumores começaram a se espalhar.
“Yu Mei Zongshi é muito leviano com aquele homem.”
“Não consigo mais confiar na aliança ortodoxa, com o líder sempre andando com aquela vadia demoníaca.”
“Yu Mei Zongshi foi seduzido por aquele demônio!”
“Ontem à noite eu vi os dois naquela Casa do Imperador!”
“Eles certamente tem um relacionamento promíscuo!”
Os rumores geralmente param nos sábios, mas aqueles tolos sempre os espalham e, por fim, os sábios acreditam por terem muitas fontes dizendo o mesmo.
E quando estavam sozinhos, Cai Xing conseguia demonstrar o quão carinhoso e atencioso era. E era isso que mais doía. A pessoa que amava, aos poucos, foi perdendo aquilo de mais precioso: sua alma, perdendo a si.
— Yi Ge… — Sussurrou baixo, manhoso.
Shen Zhengyi sentiu o coração disparar com aquele apelido.
— Hm.
— Já terminou?
— Terminar?
Cai Xing balançou a cabeça.
— Não é nada.
Cai Xing saiu da água. Ele havia se jogado, sem tirar a roupa, os tecidos rentes à pele molhada. Num instante suas roupas já haviam sido trocadas e o cabelo seco.
Foi apenas um instante, mas assim que ficou próximo de Shen Zhengyi, Cai Xing fechou os olhos e tirou uma breve soneca. O mais velho sorriu tímido, pensando no quão cansado ele deveria estar para isso. Estava realmente preocupado por isso.
Lorde Qi não era apenas mais uma pessoa ruim neste mundo. Qi Seyoung era a miríade do mal para quaisquer pessoas. E, para Cai Xing, seu maior medo e aversão. Alguém que o marcou até a alma. Um sentimento difícil de esquecer.
Um simples sorriso ou fingir despreocupação era ilógico. Mas agora, ele tinha poder. Poder suficiente para lutar de frente. Sem precisar fugir. Só era preciso esperar o momento certo.
— O que foi, gege? — Ele ergueu o tronco, espreguiçando-se. — Parece tão pensativo…
— Apenas me lembrei de algo.
— Parecem ser boas lembranças, seu humor melhorou. — Ele se pôs a levantar.
“Meu humor?”
“…melhorou?”
Ele franziu o cenho.
— Cai Xing.
Shen Zhengyi esperou que Cai Xing olhasse para ele.
— Dessa vez, vou protege-lo. Tudo o que não pude fazer ou tive medo…
Desviou o olhar por alguns segundos, a fim de tomar coragem para continuar. O vento, suave, passou entre eles, numa brisa fresca.
— …eu farei.
“Farei o que for necessário.”
Cai Xing parou de se esticar e apenas encarou Shen Zhengyi. Um sorriso breve surgiu em seus lábios, quase imperceptível, não percebido pelo outro, suspirando com os olhos fechados, acalmando seu coração.
Quando abriu os olhos novamente, as pupilas azuis, não estavam frias, havia um calor, um feixe de luz quebrando as peças de gelo não apenas instigadas pelo sol. Algo que vinha de dentro, uma convicção inabalável, assim como era ele naquela época.
Cai Xing abriu a boca para responder, mas Shen Zhengyi já se levantava, indo em direção ao acampamento improvisado ao qual Luo Ying os avisou.
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