64. Verdes como o fogo do inferno
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Cai Xing sentiu uma pressão cair sobre vindo Casa de Álcool Imperador. Ele olhou para trás, na janela do segundo andar, onde encontrou seu alvo. You Xiaolin também se virou na mesma direção, vendo o monge na janela. Huo Jianjian tinha um olhar sereno, mas, de alguma maneira, uma estranheza que causava desconforto nas pessoas.
Com um bufo irônico, Cai Xing voltou a caminhar, as mãos atrás da cabeça. As ruas estavam movimentadas após o pôr do sol e a paisagem noturna era mais deslumbrante do que esperava. A arquitetura celestial se misturou com a beleza de um céu estrelado e a lua, banhando com graciosidade a paisagem abaixo. Os telhados curvados das construções, juntavam-se aos pavilhões e os seus contornos iluminavam-se delicadamente pelas lanternas flutuantes.
Nas ruas, uma infinidade de cores dos hanfus eram como uma pintura em diferentes tons de alegria. Os rios e cachoeiras cortando a cidade, as cascatas caindo além das nuvens e sua água cristalina refletindo a beleza da cidade. Barcos voadores iluminados com lanternas de flor de lótus lembravam a todos a proteção da Aliança.
No centro da cidade, o palácio flutuante que abrigava a casa de leilões, irradiava um brilho sutil e dourado, ainda mais arrogante. Sustentado por um amontoado de nuvens brancas e conectado à terra por correntes grossas de jade escuro.
À distância, a montanha das fontes termais, palácios e bairros residenciais, torres altas e pagodas cortavam o horizonte, enquanto rastros de luz eram deixados pela energia das espadas voadoras.
Cai Xing suspirou, encantado.
— Minha Torre dos Ventos, um dia estará aqui também. — Ele sussurrou. — Taiyang deve estar por aqui.
— Nunca fomos apresentados formalmente. — respondeu, indo até uma barraca que vendia tofu. — Tenho contato somente com Jovem Mestre Gu Zhu.
Cai Xing também se aproximou, avistando um prato peculiar que lhe chamou atenção. Misturava tofu, frango e alguns vegetais. Ele inclinou a cabeça.
— Não é como se ele realmente fosse importante. Taiyang é apenas meu subordinado.
You Xiaolin o encarou com certo espanto.
— Isso é muita frieza, até mesmo para shidi.
Suspiro. Ele sabia o peso dessas palavras.
— Embora eu confie totalmente em Taiyang para os negócios, não é como se eu criasse algum sentimento por ele. Quero um prato, para viagem. — falou para o vendedor, sua expressão mudando ligeiramente. — Eu apenas o usei, assim como ele fez o mesmo comigo. — Bufou, entediado. — Ainda assim, nunca haveria possibilidade de criar sentimentos para alguém como ele.
O vendedor assentiu e começou a preparar imediatamente o refogado, lançando olhares para os dois, curioso com a conversa entre eles. O aroma do tofu, misturado às especiarias, preencheu o ar, mas Cai Xing parecia um tanto tenso.
— Então, todo o tempo que estiveram juntos, foi apenas… — You Xiaolin parou, buscando a expressão correta — uma transação? Nada de consideração?
You Xiaolin arqueou a sobrancelha, batendo os dedos sobre a bancada da barraca enquanto aguardava o seu pedido.
— Consideração? — Cai Xing falou quase num tom desdenhoso. — Se ele, em algum momento, esperou por algo assim, foi a maior tolice em sua vida.
Cai Xing soltou uma risada seca, parecendo se lembrar de algo. Seu rosto ficou sério.
— No mundo em que vivemos, não podemos entregar nosso coração a uma pessoa qualquer, dage. — Seu tom foi ficando mais frio e desdenhoso. — Isso é como entregar a espada ao seu inimigo.
You Xiaolin recebeu o tofu recheado que aguardava.
— Você é a pessoa mais fria que já conheci, shidi Luo. Até mesmo shibo Shen tem mais humanidade que você.
Assim que se virou, por um instante, seus olhos se encontraram com o de Cai Xing. You Xiaolin sentiu um arrepio, percebendo aquela expressão indecifrável.
— Humanidade também é um luxo para pessoas como eu.
You Xiaolin teve a impressão de que aquelas palavras eram direcionadas para ele mesmo. Ele suspirou.
— Shidi é estranho… às vezes, tenho a impressão de que não estou conversando com meu melhor amigo.
Cai Xing, sob o olhar curioso de You Xiaolin, ficou em silêncio enquanto pegava seu pedido.
— Às vezes, tenho a impressão de que eu não sou eu.
O vendedor, que até então observava a conversa entre eles, entregou o refogado, seu olhar pairando sobre aquele jovem. O mercado no fim da tarde, barulhento e colorido, por um momento, pareceu desaparecer, deixando aquele pequeno espaço com uma atmosfera pesada.
— O que quer dizer com isso?
Cai Xing olhou para o prato, mas seu olhar parecia distante e desfocado.
— Quer dizer que… — Ele hesitou, diferente de seu usual. — Às vezes, me pergunto, quem eu sou…
As palavras ecoaram pela cabeça de You Xiaolin. Esse era um lado ao qual não conhecia de seu melhor amigo, então não escondeu a surpresa que sentiu.
— Shidi… — ele tentou falar alguma coisa, mas as palavras morreram na garganta.
Sacudiu a cabeça, como se precisasse fazer tais pensamentos sombrios desaparecerem. Era aquela sensação sinistra em seu coração que sentiu no Vale da Fantasia. Os dois começaram a caminhar entre a multidão, afastando-se lentamente da barraca de tofu.
— Esqueça. — Ele mordeu um pedaço do tofu de maneira descuidada, fazendo que o molho escorresse pelos dedos. — No final, não importa quem eu sou. Eu só preciso fazer o que preciso fazer… Dage, quem você acha que eu sou?
O molho avermelhado pelas especiarias escorreu entre os dedos de Cai Xing, traçando um caminho tão vermelho quanto o dele em sua pele, manchando a superfície como sangue. Ele não pareceu se importar com isso, pois seus olhos se mantiveram fixos em You Xiaolin, esperando uma resposta.
You Xiaolin engoliu a seco. Isso não era algo a se perguntar tão drástico. Se dar o coração a alguém era como entregar a espada para seu inimigo, isso era basicamente colocar sua própria cabeça debaixo de uma lâmina suspensa.
— Você… — Ele começou, hesitante. — Você é a pessoa mais rude, idiota e arrogante que conheço!
Cai Xing soltou um riso, limpando o molho de sua mão com a própria língua.
— Mas shidi é uma pessoa gentil, leal e inspiradora.
Não era uma resposta esperada.
— Shidi me contou várias coisas e só consigo pensar nisso. Quem passaria por todas aquelas coisas e ainda conseguiria enxergar um futuro?
— Depois de tudo o que eu disse, você ainda…
— Mesmo que shidi não acredite. — You Xiaolin o interrompeu em sua pausa. — Ainda me chama de dage. Mesmo com toda essa… — ele gesticulou com a mão — Quer dizer, mesmo que você seja todo assim, shidi é isso tudo.
Deu um passo à frente, invadindo o espaço pessoal de Cai Xing, colocou um dedo em seu peito.
— Mas ainda um idiota por completo.
Cai Xing, por alguns segundos, ficou calado.
— Seu otimismo é… tão patético. — Murmurou, mas não havia deboche ou ironia nas palavras.
You Xiaolin sorriu, pequeno e como se tivesse ganhado uma batalha contra seu amigo.
Cai Xing não conseguia entendê-lo. Além de Shen Zhengyi, a única pessoa que insistia em enxergar algo além do monstro que ele poderia ser, era seu amigo.
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Sentado debaixo de um pavilhão enquanto esperava You Xiaolin fazer algumas compras, Cai Xing ponderou sobre algumas coisas.
“O monge careca sabe que também sou um cultivador do mal… não vou conseguir esconder isso por muito tempo mais.”
Ele espreguiçou, relaxou o corpo no encosto do banco e cruzou as pernas. Não era o tipo de situação que o deixava confortável, mas sem algo específico, não havia como ameaçá-lo ou buscar uma brecha oportuna, e, tendo em vista que aquele careca lhe passava uma sensação estranha além de mais poderoso que ele, seria tolice tentar algo contra ele.
E o mais importante, zelar pela reputação de Shen Zhengyi. Era imprescindível dar alguma face a esse carinha volátil.
“Um problema por vez. Quando chegar o momento… vamos ver o que ele pode fazer com essa informação…”
— Xiao Shidi!
Sendo interrompido, Cai Xing estalou a língua e virou-se para o lado apenas para ver um You Xiaolin esbarrando numa cultivadora feminina e se desculpando. Alguns sacos caindo no chão com vários tecidos e especiarias.
Quando se aproximou, entregou um pacote de espetos de porco para Cai Xing e, parecendo se lembrar de algo, começou a falar:
— Xiao Shidi deveria ter cuidado com Yong She. Há alguns rumores estranhos circulando entre os alquimistas. — Enquanto falava, ele ativou o armazenamento espacial e colocou o restante das compras no anel prateado que Huo Liangyi o havia presenteado.
— Oh! — o interesse surgiu e ajeitou a postura — Conte.
You Xiaolin o olhou com certa desconfiança. Esse shidi, quer dizer, este homem, era estranho chamá-lo de shidi agora, por mais que tivesse trezentos anos, gostava de uma fofoca! Quer dizer, se manter bem informado!
— Shizun disse que Li Zhiyao procura pela pílula Gu da Lealdade;
— Oh! — Deu uma risada nasalada apenas para cobrir a surpresa — Que coincidência… — era o mesmo que havia colocado em Wei Qi!! — Há alguns anos comprei um desses.
Bem, mestres de vermes gu eram difíceis de serem encontrados e, se fosse o mesmo que comprou anteriormente, já não lhe valia nada, pois o macho havia perecido.
— Embora cultivadores gu não sejam mais vistos como aberrações ou cultivadores do diabo, ainda é estranho para um mestre renomado como Mestre Li procurar um gu para controle. — You Xiaolin continuou.
— Pergunto-me a quem ele gostaria de controlar…
Havia uma movimentação maior à noite. A quantidade de pessoas dobrou e a maioria delas já começava a se dirigir à casa de leilões. A última vez que Cai Xing viu tantas pessoas juntas, foi quando contemplou, o que considerava, arte.
Aquela montanha de corpos em Jiu Tianshan havia sido algo muito mais especial do que as pessoas achavam. Depois de Qi Seyoung, ele se lembrava muito bem daqueles anciãos. Todos eles em conluio com aquela aberração roxa abominável.
O sentido espiritual de Cai Xing captou uma intenção assassina e ele ficou alerta. Um sentimento sinistro baixou sobre ele.
— Foi por isso que pedi para ter cuidado tanto ao Mestre Li e também à Yong She.
Ele arqueou a sobrancelha, curioso.
— As trocas de informações em bordéis sempre ocorreram. Mas, shizun disse que, no último ano, a compra e venda de informações cresceu muito! — Seguiu-se de uma pequena pausa onde You Xiaolin cruzou os braços, muito indignado. — Havia muitos pedidos em relação à Xiao Shidi!!
Cai Xing deu uma risada sarcástica, mas estava realmente preocupado com esse tipo de situação problemática. Taiyang não havia lhe dito sobre tais coisas em seu relatório.
— Tudo o que é bom, as pessoas hão de gostar.
Ele fechou os olhos e usou o sentido espiritual para varrer a multidão. Havia muitas auras estranhas e incomuns, foi difícil identificá-las.
“Um, dois, sete… treze… vinte e nove… quarenta e dois.”
“Mais vinte passando pelos telhados.”
“Hmm…”
— Shidi?
— Vamos sair daqui, estamos sendo seguidos.
Cai Xing se levantou, pegando You Xiaolin pelo pulso. Ele espalhou seu sentido espiritual ao redor de ambos, aos poucos, expandindo pela rua, atravessando as redes de hotéis e apenas parou ao chegar ao distrito do entretenimento. Foi então que teve uma ideia.
A rua estava cheia, entre os transeuntes insatisfeitos, You Xiaolin estava sendo puxado com força. Ele também notou as sombras nos telhados, movendo-se em alta velocidade, assassinos contratados e óbvia intenção de matar direcionada para eles.
Nas ruas, sendo mais atentos, Cai Xing notou um vendedor olhando diretamente para eles com um olhar escuro. Assim que a distância não passou de um metro, o cultivador disfarçado se ergueu e de sua mão, estendida no ar, um fluxo de energia cresceu em sua direção.
Cai Xing empurrou You Xiaolin para trás e desembainhou sua Baobei refletindo a energia espiritual, fazendo-a voltar à origem. A explosão rápida de energia destruiu a barraca, o vendedor caiu com as costas no chão em cima das tigelas de cerâmica decoradas que vendia. Foi tempo suficiente para Cai Xing puxar novamente You Xiaolin do chão e correr pela rua.
O estrondo ecoou pelo mercado, espalhando fumaça e pedaços de madeira. O cultivador disfarçado de vendedor de cerâmicas se levantou, batendo a poeira da roupa. Suas roupas simples revelaram o símbolo parcial de uma seita: Yangwu.
— Não deixem eles escaparem! — O grito ecoou por toda a rua, atraindo a atenção dos transeuntes.
A perseguição continuou, barracas sendo derrubadas, transeuntes empurrados e todo tipo de comida, especiarias e peças requintadas foram jogadas no chão. Gritos de reclamação, bicos furiosos. Não apenas Cai Xing, mas seus perseguidores.
Um sino cresceu acima da rua, You Xiaolin arregalou os olhos. Era o mesmo sino dourado e brilhante que vou há alguns anos numa competição de alquimia, o discípulo do mestre Huo Jianjian.
— Ay! Isso é problemático! — A reclamação do jovem alquimista chegou aos ouvidos de Cai Xing, que dobrou a esquina depois de olhar para cima.
— Continue correndo.
Não explicou e seguiu o caminho, se tudo corresse bem, em breve estariam a salvo. Já era possível ver o início do distrito vermelho, a alegria diversificada e as risadas altas.
Cai Xing fez um selo com sua mão dominante e controlou a espada com fios de qi espiritual para um ataque. Ele recitou o feitiço e várias cópias da espada surgiram no ar, elas voaram para todos os lados, encontrando um inimigo. Um segundo de atraso, um minuto de vantagem. No instante em que olharam novamente para frente, já tinham perdido seu alvo.
Um vulto vermelho passou em frente a uma casa de tecidos, seguido por um vulto verde. O vulto verde estava xingando baixo:
— Você é louco!? Vamos devolver isso!
— Loucura seria devolver! — Tirou o véu da cabeça, apenas mostrando um pouco mais além das bochechas e baixou a voz, quase sussurrando — Poderíamos ser acusados de roubo Xiaolin! O que as pessoas poderiam comentar de nós!?
Com um aceno, Cai Xing guiou o caminho para o meio da multidão. Podia escutar os passos apressados daquelas pessoas, mas tentou manter o controle de suas próprias emoções. Seus olhos se iluminaram ao ver o letreiro brilhante com os caracteres “Casa dos Mil Cisnes”. Ele não hesitou em entrar.
You Xiaolin o seguiu sem perceber aonde estava indo. Sentiu um arrepio ao notar que estava rodeado por duas deslumbrantes cortesãs sorrindo para ele, tão coquetes que ele quase revirou os olhos. O véu que cobria seu rosto deslizou lentamente pelos ombros.
Ele deu um passo para trás e assim que se virou para sair, foi então que viu um de seus perseguidores e ele também o viu.
— Eles estão aqui! — O homem gritou, apontando sua espada para dentro do bordel.
O jovem alquimista afastou as duas cortesãs num impulso e empurrou Cai Xing pelas costas para o interior do estabelecimento.
— Às vezes, você deveria ficar calado. — You Xiaolin chamou-lhe atenção.
Cai Xing riu, dando de ombros.
— Querido, minha boca nunca ficará fechada.
Sem tempo para resposta, uma rajada de vento passou por ambos. Num instante, estavam cercados. A gritaria dos clientes e a desordem causada pela fuga de todos ali presentes organizaram o verdadeiro caos, chamando a atenção daqueles que passavam pela rua.
You Xiaolin apertou os punhos, sentindo a energia espiritual fluir com um calor a que já estava acostumado. Embora não fosse hábil para luta, estava certo de que, às vezes, precisava fazê-lo. A tremedeira em suas mãos estava cada vez mais aparente.
— Sempre chamando atenção por onde passa, não é? — Sussurrou, com os dentes cerrados.
Como sempre, Cai Xing estava ansioso por uma boa luta. Ele estava mais animado do que preocupado. Um sorriso imperturbável no rosto e a mão em sua espada.
— Gosto de chamar de apresentação gratuita!
O grito foi seguido pelo balançar de uma espada. O tilintar veio seguido por outro, movimentos espessos e precisos. Sua palma foi ao encontro do peito de um deles, o jogando para fora do bordel. O homem foi arrastado até o outro lado da rua, acertando a viga de outro estabelecimento. Em questão de segundos, outro homem voou na mesma trajetória anterior.
You Xiaolin também estava ocupado, com um movimento rápido e atento, usou sua própria posição para desequilibrar seu oponente e acertou um golpe num de seus pontos de acupuntura para desmaiá-lo.
Num instante de hesitação dos perseguidores, You Xiaolin colocou a mão no cinto, tirou um frasco dourado e o esmagou contra o chão. Um frasco de veneno.
— Isso não vai durar por muito tempo! — gritou para Cai Xing, sendo acertado por trás por um daqueles homens.
— O suficiente.
Os gritos aumentaram quando Cai Xing acelerou o ritmo da luta, tentando afastá-los. Em segundos, muitos deles estavam no chão, entretanto, mais homens entravam no bordel. You Xiaolin sabia que não podiam ficar por muito tempo ou poderiam ser pegos pelo efeito do veneno.
— Temos que sair. Agora!
— O telhado! — Cai Xing apontou para o telhado, acima das vigas de madeira.
A ponta da espada raspou a garganta de um dos homens, fazendo sangue espirrar por todo o lado. Cai Xing estalou a língua, não havia calculado a distância correta.
You Xiaolin hesitou por um segundo, mas deu um salto para cima e agarrou a viga, impulsionando-se para cima. Assim que ficou de pé, também viu dois outros homens fazerem o mesmo. Cobriu as mãos com qi e esperou que o ataque viesse de ambos os lados quando, de repente, um corpo voou, acertando o telhado com muita força, jogando uma dezena de telhas e madeira.
Não somente You Xiaolin, mas até mesmo os seus inimigos ficaram surpresos. O barulho do cadáver caindo no chão acordou todos eles, mas era tarde demais. O veneno já os havia deixado tontos e, quando voltaram a si, já não havia mais uma sombra de seu alvo.
Cai Xing e You Xiaolin pousaram numa esquina, próxima ao hotel onde estavam hospedados. Finalmente, podendo respirar o ar com tranquilidade, o mais velho dentre eles se apressou para dentro antes que seu irmão mais novo causasse mais confusão.
Assim que deixaram o bordel, uma formação mágica foi ativada. A energia espiritual se concentrou numa barreira em torno de todo o estabelecimento.
Enquanto o veneno se dissipava, uma silhueta passou pela barreira. O cultivador, vestindo uma túnica branca, sem adornos e uma máscara sorridente cobrindo seu rosto. Na mão direita, ele segurava uma espada comum, tão frágil quanto uma folha queimada prestes a se desfazer. Assim como a espada, pingando sangue, suas roupas estavam cobertas pelo escarlate, respingado por todo o lado.
Sua presença sequer foi notada quando os corpos daqueles homens causaram choques surdos contra a madeira do chão. Era como um fantasma. A energia da espada criava um rastro residual num estranho verde.
E não apenas no bordel, mas aqueles do lado de fora também tiveram suas vidas ceifadas. Os corpos pendurados nas bordas dos telhados dos edifícios, degolados e colocados cuidadosamente na ponta de suas próprias armas, membros arrancados à força, brutalmente, com as mãos nuas.
O último homem vivo, num dos cantos da recepção, o rosto coberto pelo terror, tinha sua roupa molhada. Ele se recordou dos anos de treinamento, quando aprendeu a não sentir medo da morte, mas naquele momento foi como se tivesse voltado quando era apenas um mortal comum.
Uma mera existência inútil e insignificante.
Um grão de areia num vasto oceano.
Na frente desse homem, apenas isso.
Um mortal comum.
Uma formiga esperando ser pisada.
Seu pescoço foi segurado e ele foi içado para cima. Não conseguia respirar, o ar ficando rarefeito. Pernas e braços se debatiam. Sequer se lembrava de seu treinamento, da sua própria força. Mas ele viu através da máscara.
Um par de olhos de pupilas duplas. Verdes. Brilhava como o inferno. Almas sendo distorcidas, sentia o desespero de todas elas. A desgraça sendo atingida.
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