Capítulo 1.4
[12:45 PM]
A ficou na área de fumantes ao ar livre, a que ficava justo no terraço. Havia um homem de outro departamento que reunia-se com ele todos os dias na mesma hora. Estava encarregado de cuidá-lo apesar de que, na verdade, trabalhavam em coisas completamente diferentes.
“ Olá, Senhor Park. Pensei que não fosse te ver hoje. ”
“ É culpa da empresa e desses patéticos 20 minutos livres. ”
“ Nem me fale. Aproveitou sua comida? ”
“ Acho que sim, se o café contar como comida. ”
“ Você tem isqueiro aí? Esqueci o meu em casa. ”
A observou em silêncio o horizonte cinzento. Era difícil dizer se realmente ia chover ou se a previsão do tempo havia se enganado. Seus olhos pousaram em um alto edifício e, embora o horário de almoço estava acontecendo num dia complicado, a única coisa que chamava sua atenção era uma rodovia de 10 faixas dividida pela praça Gwanghwamun. O Subdiretor Adjunto/ Assistente, que o estava olhando atenciosamente, também lhe passou o cinzeiro.
“ Conhece a minha sobrinha? Ela… é residente de cirurgia no Hospital Universitário. ”
“ Está falando da garota que você vivia dizendo que não tinha futuro? ”
“ Ei, ela pode não ser muito inteligente, mas te garanto que sua personalidade é ótima. ”
“ E o rosto dela? Se parece com o seu? ”
A riu na frente do Senhor Park quando fumou um de seus famosos cigarros importados.
“ Bom,na realidade, sim. Sempre dizem isso para minha irmã. ”
“ Ha ha ha. Que horror que se pareça mais com o tio do que com o pai. ”
“ Bom, mas você sabe… não pode tirar conclusões precipitadas se não a conhece primeiro. Então o que acha de eu passar o número dela para você conversar com ela e… não sei, ver no que dá? ”
A não disse nada, apenas deixou o cigarro no cinzeiro e levantou a mão esquerda para “ ajeitar a gravata ”. O Subgerente Geral, Park, viu de imediato uma aliança de ouro em seu dedo, não conseguindo evitar rir. Parecia envergonhado.
“ Caramba, desculpe. Eu devia ter perguntado antes. ”
“ Tudo bem. ”
“ Mas quem é sua esposa? Nunca escutei você falar sobre isso… então ela é da empresa? ”
A levantou um pouco o rosto, ainda sem responder a pergunta da conversa. Um sorriso de cortesia estava desenhando em seu rosto, invés de um alegre. Ao mesmo tempo, parecia também que estava pensando em alguma forma de cortar o assunto que evidentemente não era do seu agrado.
“ Preciso voltar ao trabalho. ”
“ Bom, mas… por que não saímos juntos na próxima vez? Podemos ir em algum bordel se você tiver vontade. Isso sempre ajuda a tomar as melhores decisões no que diz respeito a alianças de casamento e relações fracassadas. ”
A, que compreendia mais ou menos seu plano, riu como havia feito a minutos atrás.
“ Ha ha, sim, a gente vai combinando ”. A inclinou a cabeça e voltou a perder-se nas imagens que estavam em sua frente… “ Mas não se trata de um divórcio. ”
Enquanto isso, o homem B estava sonhando…
