Capítulo 169: O Penhasco dos Dragões (1)
Quão distante está a outra margem? Visível, mas intangível.
Após meia hora remando, Rong Yi olhou para trás. A costa já estava muito longe, os funcionários há muito haviam partido, e no vasto mundo ao seu redor parecia que só restava ele.
Mas, durante toda a travessia, ele não encontrou nenhum perigo.
Rong Yi olhou em volta, depois baixou os olhos para a superfície da água. A água parecia clara, mas a visibilidade era de apenas dois ou três metros; além disso, tudo era um negro profundo, impossível de discernir.
No entanto, aquela escuridão parecia ter um poder hipnótico, prendendo o olhar de Rong Yi. E quanto mais ele olhava, mais percebia sombras negras movendo-se sob a superfície.
As sombras eram enormes, tão vastas que pareciam não ter limites; Rong Yi conseguiu apenas vislumbrar uma de suas extremidades.
Um leve senso de perigo surgiu em seu coração, e ele remou para afastar o pequeno barco daquelas sombras. Foi então que a sombra se moveu, e ondulações começaram a agitar as águas. A cem metros de distância, a superfície foi subitamente elevada, como se algo estivesse prestes a emergir.
Rong Yi apertou o remo, recuando um pouco mais, mas sem demonstrar pânico. Sua posição no segundo lugar do quadro de honra vermelha lhe dava confiança para manter a calma, aguardando as mudanças.
Foi rápido. O mar tranquilo se agitou em enormes ondas. Embora não houvesse vento, a água transformou-se em gotas de chuva do tamanho de bolinhas de gude, golpeando seu barco.
A tempestade rugia.
A chuva molhou a bainha das calças de Rong Yi, mas ele não se importou, mantendo os olhos fixos à frente até finalmente avistar a gigantesca sombra revelando-se sob a tempestade.
Ela irrompeu da água, seu corpo colossal bloqueando o céu e o sol. Era tão grande que Rong Yi não conseguia ver sua totalidade de uma só vez.
As ondas agitadas quase viraram seu pequeno barco, e o som dos rangidos entre as tábuas de madeira era insuportável. Nesse momento, um relógio de bolso pendurado entre os dedos de Rong Yi começou a balançar. O ponteiro ticou, e o tempo congelou.
O pequeno barco permaneceu inclinado em um ângulo de quase noventa graus no topo da onda, e a sombra parou em pleno salto, pairando no ar. Rong Yi caminhou até a proa e subiu na ponta elevada do barco, onde finalmente pôde ver a sombra em sua totalidade.
Era uma baleia, maior que qualquer azul existente.
Mar negro, uma baleia colossal — diante de tal cena, a humanidade costuma sentir uma reverência natural pelo mundo, reconhecendo sua pequenez. Rong Yi, porém, acostumado aos monstros e chefes dos cenários, já havia visto muitas coisas, incluindo baleias azuis saltando nas águas da Baía da Antártida.
Ainda assim, a vIsuo diante dele trouxe à tona memórias de sua vida passada.
Esse cenário também o lembrou de si mesmo.
Licença para o Suicídio. Que ironia. Rong Yi já não sabia dizer se isso era coincidência ou destino, pois “encontrar uma baleia nas profundezas” foi a última imagem que viu antes de sua morte. Ele havia se suicidado.
Após presenciar uma cena de tamanha beleza e majestade, ele decidiu que era o fim, lançando-se nas águas geladas.
Quando abriu os olhos novamente, estava na Cidade da Noite Eterna, onde tudo já havia mudado.
“Yan Yun…” Rong Yi murmurou, seu olhar perdido por um momento. Nesse instante, a baleia soltou um grito de lamento, e a poderosa onda sonora fez Rong Yi hesitar, sua expressão se alterando.
No segundo seguinte, a onda congelada desabou, o tempo foi liberado, e o barco foi jogado na água.
A cauda da baleia se ergueu como uma montanha móvel, descendo em direção a Rong Yi.
Ele desviou com um salto, aparecendo no ar num piscar de olhos. De cima, ele olhou para a baleia, enquanto o relógio em seus dedos voltava a balançar. “Tic-tac, tic-tac”, uma luz suave emanava dele.
Enquanto isso, Tang Cuo e Jin Cheng avançavam rapidamente na sexta etapa de sua missão em cadeia. A aventura no continente de Sicilyt havia finalmente atingido seu clímax.
Neste cenário, Theodore e Lancelot continuavam a viajar pelo continente, sabotando os planos da seita da Rosa. O conflito entre a Aliança da Hera e a seita começava a emergir das sombras, transformando-se numa guerra aberta. Toda a região fervilhava de intrigas.
Como era um cenário focado em combate direto, sem uma linha de trama muito complexa, Tang Cuo e Jin Cheng avançavam rapidamente. Era questão de pouco tempo para concluírem.
A única coisa que retardava o progresso era o fato de Jin Cheng ainda estar experimentando seu sistema de fé.
Na Cidade da Noite Eterna, Wen Xiaoming dividia seu tempo entre monitorar Lin Yandong e os movimentos no distrito G e retomar suas pesquisas interrompidas sobre poções.
A questão no laboratório de vacinas havia lhe causado um impacto profundo. Se não fosse por limitações em sua pesquisa, Lilith talvez não tivesse sido capturada.
Agora, ele trabalhava em duas fórmulas: um reforço para a poção de cura, garantindo suporte logístico, e uma nova poção experimental. Ele havia acumulado alguns materiais raros, com os quais talvez pudesse criar algo extraordinário.
Tang Cuo lhe entregara as restantes 【Lágrimas do Lago Secreto】, provenientes do unicórnio Amor. As lágrimas possuíam um forte efeito alucinógeno, e sua aplicação ao carcereiro Xiao Tong prometia resultados interessantes.
O laboratório de Wen Xiaoming ficava na mansão do distrito A, onde Jin Cheng reservara duas salas no térreo exclusivamente para ele.
Estar no distrito A também tinha a vantagem de facilitar a vigilância de Lin Yandong.
O tempo passava lentamente, e Wen Xiaoming notou que o Sr. Corvo continuava aparecendo nos arredores da mansão de Lin Yandong. Este, por sua vez, parecia ter voltado a ser recluso, raramente visto fora de casa.
Enquanto isso, Miao Qi havia entrado em um novo cenário. Wen Xiaoming presumiu que seu prazo para uma missão obrigatória havia chegado.
Wen esperou e esperou, sem notícias de Lin Yandong ou Rong Yi no distrito G. Em vez disso, Tang Cuo e Jin Cheng retornaram.
Eles haviam concluído a sexta etapa em pouco mais de 20 horas e, após confirmarem com Wen Xiaoming que a Cidade da Noite Eterna permanecia estável, mergulharam novamente no próximo cenário.
Sétima etapa: “O Penhasco dos Dragões”.
Ao ler o nome do cenário, Tang Cuo imediatamente lembrou-se das quatro relíquias mencionadas pelo Chapéu Preto. Com o Coração Pálido e a Pedra Drac obtidos, faltavam apenas a Escama do Dragão Negro e a Semente do Perdão. Será que o Penhasco dos Dragões estaria relacionado à escama?
Desta vez, Theodore e Lancelot se dirigiram ao Cânion do Vento Norte.
Tang Cuo ouvira os anões mencionarem este lugar durante o cenário da Floresta dos Elfos. Os anões viviam ali por gerações, pois a região possuía as melhores minas e frutas ideais para fermentação. Embora produzissem apenas vinhos, suas bebidas não perdiam em força para os destilados humanos ou para as cervejas artesanais dos elfos.
Como companheiro de bebida de Lancelot, Hammer já havia o convidado para visitar os anões.
Meses depois, Theodore e Lancelot foram ao Cânion do Vento Norte, não para uma visita amigável, mas para procurar o lendário Penhasco dos Dragões.
Quem poderia imaginar que os antigos dominadores desta terra, os maiores seres já conhecidos, viviam como vizinhos inseparáveis da menor das raças? Dizem que o Penhasco dos Dragões ficava no ponto mais alto do continente, mas ninguém sabia exatamente onde.
Mas, neste exato momento, Tang Cuo segurava em mãos um mapa fornecido pela Aliança da Vinha Verde. Este mapa foi entregue solenemente por Roger Reed a Theodore, com o pedido de que ele utilizasse o documento para encontrar o Penhasco do Dragão.
Descendo pelo penhasco, estava o Cemitério dos Dragões. Segundo rumores, nesse túmulo havia algo capaz de neutralizar o poder do Poço do Tempo.
Embora tivessem o mapa, ele era absurdamente rudimentar, apresentando apenas um contorno básico do Desfiladeiro do Vento Norte, com uma linha sinuosa e desajeitada desenhada sobre ele. Encontrar o caminho certo para o Penhasco do Dragão parecia uma tarefa quase impossível.
Por isso, Theodore e Lancelot buscaram a ajuda de um habitante local, o anão Hamo.
Hamo os recebeu calorosamente, especialmente depois de ganhar um presente: um licor que supostamente era o mais vendido no Porto do Cata-Vento. Alegre, ele bateu no peito e garantiu: “Deixem comigo.”
Theodore e Lancelot preferiram manter a missão em segredo, então apenas os dois e Hamo partiram rumo ao Penhasco do Dragão.
No caminho, Hamo falava sem parar, orgulhosamente apresentando as paisagens do Desfiladeiro do Vento Norte. Ele descrevia com entusiasmo as belas formações rochosas e mencionava árvores antigas que, segundo ele, sobreviviam desde a Era das Trevas.
Mas a atenção de Tang Cuo estava completamente voltada para o mapa. De tempos em tempos, ele o tirava para observá-lo e comparar com a paisagem ao redor. Entretanto, Jin Cheng sabia que ele não estava apenas analisando a rota.
“Viu alguma coisa?” perguntou Jin Cheng.
“Olhe a assinatura.” Tang Cuo entregou o mapa para ele.
Jin Cheng pegou o pergaminho. Talvez devido à idade, as letras na pele de carneiro estavam desbotadas, e a assinatura, pequena, era ainda mais difícil de decifrar. Porém, ao comparar com os nomes que ele conhecia, conseguiu identificar.
“Agostinho?” Jin Cheng repetiu um nome que só havia ouvido uma vez. Ele se lembrava de Tang Cuo mencioná-lo durante os eventos de Floresta Élfica, embora nunca tivesse ouvido falar dele diretamente.
Tang Cuo assentiu. Agostinho, o fundador da Aliança da Vinha Verde, estava desaparecido.
Oficialmente, dizia-se que Agostinho havia atingido um gargalo em suas habilidades e se isolado em algum lugar do continente para treinar. Mas quem se isola por cem anos? Até os membros comuns da aliança começaram a duvidar de que ele estivesse vivo.
Somente Roger Reed e outros membros do núcleo sabiam que Agostinho realmente enfrentava um gargalo em suas habilidades. Ele havia partido sozinho para explorar o continente em busca de uma solução. Sua situação de vida ou morte permanecia incerta, pois ele desapareceu.
Ninguém sabia para onde Agostinho foi, se ele havia superado suas limitações ou se já estava morto. Durante mais de cem anos, a Aliança da Vinha Verde nunca desistiu de procurá-lo, mas todos os esforços foram em vão.
Com o mapa em mãos, Tang Cuo lembrou-se das palavras do unicórnio Amo.
Agostinho era a criança que o rei élfico Aimíye havia levado ao Lago Secreto.
Embora o momento exato fosse desconhecido, com base na narrativa de Amo, parecia que, naquela época, Aimíye já havia rompido com Luís XIV. Ele trouxe Agostinho consigo, e este, ao crescer, fundou a Aliança da Vinha Verde.
Aimíye opôs-se a Luís XIV, chegando a abençoar a Espada do Julgamento, a qual acabou perfurando o peito de Luís XIV. Nesse conflito entre os dois, que papel Agostinho desempenhou?
Se ele foi capaz de desenhar este mapa, isso significava que provavelmente esteve aqui. Se realmente havia algo neste lugar capaz de neutralizar o Poço do Tempo, por que Agostinho não levou consigo para a Aliança da Vinha Verde?
O que ele enfrentou nesses cem anos?
Com esses pensamentos, Tang Cuo olhou para as montanhas à distância. Talvez o Penhasco do Dragão tivesse as respostas que ele buscava.
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JOGO DE TESTE DE VIDA
“Jogador K27216, Tang Cuo, às 23:05 de 1 de abril de 2019 do Calendário Solar, confirmado morto.”
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