Capítulo 40
Tradução: Loubyt-sama
Revisão e edição: Liang_Liang12
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Com uma adaga curta na cintura e um pequeno saco de remédios pendurado no cinto, Duan Ling parece um espadachim viajante itinerante do deserto. Suas roupas estão enroladas em uma trouxa que ele mantém jogada sobre os ombros. Dormir no áspero e forragear o deixou muito mais magro e, durante a jornada, sua pele escureceu com o sol.
Ele permanece fora da cidade por um longo tempo. Ao ver os soldados verificando os documentos de quem sai e entra na cidade, ele não ousa se aproximar precipitadamente para que não o prendam e o joguem na prisão.
Ele está a apenas um passo de entrar na cidade, mas sempre que alguém chega ao último passo de qualquer coisa, deve ser incomparavelmente cuidadoso e cauteloso. Duan Ling repassou a cena de seu reencontro inúmeras vezes, mas ele constantemente mantém os ensinamentos de Li Jianhong perto de seu peito – conforme ele se aproxima do momento de sucesso, ele tem que ser mais cuidadoso do que nunca.
Na pior das hipóteses, ele pode ser preso assim que entrar na cidade. Se Mu Kuangda ainda tiver controle total sobre a corte imperial, ele pode nem mesmo contar a Li Jianhong e simplesmente jogá-lo na prisão. É por isso que ele não deve entrar na cidade assim.
Duan Ling observa os portões da cidade por um longo tempo; ele vê muito tráfego lá, mas a segurança não é tão rígida. Ele espera por três noites inteiras até que, tarde da noite, os guardas do portão bebem até a embriaguez, ele espera um pouco antes de pular vários degraus e pular a porta baixa dentro da torre do portão da cidade.
Mas para onde ele irá agora? Toda a cidade de Xichuan está quieta e silenciosa à noite; quando os patrulheiros noturnos passam, Duan Ling se esconde no fundo de um beco, espiando vigilantemente.
Onde fica o palácio? Duan Ling sabe que não pode continuar assim – ele deveria escalar sorrateiramente todas as paredes até chegar ao salão do palácio imperial? Ele precisará encontrar alguém adequado para trazer a palavra para dentro, mas que ‘palavra’ ele deve pedir que tragam?
O arco de jade se foi e a única coisa que ele pode passar como símbolo de identidade é sua faca. Li Jianhong já viu isso antes. Ele deveria mentir e dizer que é um mensageiro? Eles podem trazer a adaga para seu pai e deixá-lo vê-la? Naquele dia, ele apenas deu uma única olhada. Será que ele vai se lembrar disso? Ele provavelmente se lembra disso.
Duan Ling está tão nervoso que seus olhos ficam abertos a noite toda. Ao amanhecer, ele não pode estar mais cansado, mas sua cabeça está mais clara do que nunca.
O mercado de Xichuan na primavera é um ramo de atividade. Faz tanto tempo que Duan Ling não comeu que está tonto de fome, e quando ele sai furtivamente do beco e vê que alguém o está olhando de cima a baixo, ele acelera o passo e pede uma enorme tigela de shiso wontons, então ele decide ir tentar a sorte em frente ao palácio.
Se realmente não funcionar, ele fará o que fez em Luoyang, encontrará algum trabalho para poder se abrigar em Xichuan. Ele pode levar seu tempo para descobrir algo depois disso.
“Afastem-se, afastem-se…”
Alguém está vindo para limpar a estrada. O palanquim de Mu Kuangda desce a rua. Os plebeus parecem acostumados com isso, mas Duan Ling fica parado observando-o passar à distância. Afinal, Mu Kuangda realmente ainda está vivo.
À tarde, Duan Ling hesita do lado de fora do palácio com seu único símbolo de identidade no bolso – a faca de osso que Batu lhe deu.
“Com licença”, diz Duan Ling.
O guarda na rua considera Duan Ling, mas não diz nada.
“Sua Majestade está no palácio?” Duan Ling pergunta novamente.
Ele não consegue nenhuma resposta deles. Os guardas parecem claramente acostumados a isso. Duan Ling enfia a mão na lapela, procurando, e o guarda fica imediatamente em guarda, examinando Duan Ling.
“Saia!” Os dois guardas puxam seus sabres.
Duan Ling dá vários passos para trás ao mesmo tempo. “Tenho algo que devo apresentar a Sua Majestade!”
“Qual é o problema?” Outra pessoa sai de dentro, dois guardas o seguem de perto. Esse homem é obviamente um capitão de algum tipo. “Qual o seu nome?”
“Duan,” Duan Ling responde, e entrega a adaga com as duas mãos. “Um item para seu legítimo dono. Por favor, devolva isto a Sua Majestade.”
Intrigado, o capitão olha para Duan Ling. “De onde você é? Onde estão seus documentos?”
“Sou das montanhas Xianbei; não um local.”
“Onde você vive? Deixe seu endereço e espere lá.”
“Vou esperar bem aqui”, Duan Ling responde assim; afinal, não é como se ele tivesse onde ficar.
“Sua Majestade não está no palácio. Não adianta, mesmo se você esperar.
O coração de Duan Ling dá uma pequena cambalhota. Ele pensa, oh não, papai não está aqui?! Duan Ling quer perguntar para onde ele foi, mas supõe que não obterá resposta. E se o capitão entregar o item a outra pessoa? Ele se lembra de Li Jianhong dizendo a ele que também tem um quarto tio … provavelmente não acabará nas mãos do grão-chanceler. Talvez Mu Kuangda também não saiba o que essa adaga significa.
“Quando ele vai voltar?” Duan Ling pergunta.
“Não sei”, responde o capitão.
Duan Ling recua atrás de um baú no final da rua, onde espia a porta dos fundos do palácio.
O sol lentamente começa a se pôr.
Quando Duan Ling se cansa de ficar de pé, ele muda o peso para o outro pé e se apoia no peito olhando para fora. Cada pessoa que sai do palácio, seja um eunuco, um guarda ou uma criada do palácio, dá a ele algum fragmento de esperança. No entanto, todos parecem estar com pressa e não ficam por perto. Está ficando tarde; ele terá que encontrar algum lugar para passar a noite em breve. Quando ele veio por aqui mais cedo, ele passou pela ponte do rio Feng; parecia que ele poderia dormir lá embaixo.
Para onde foi o pai dele? Duan Ling revira a questão repetidamente em sua cabeça. Ele percebe que as luzes já foram acesas no palácio enquanto o crepúsculo se transforma em escuridão. Ele decide sair por enquanto e voltar amanhã.
Alguém está saindo. Naquele instante, Duan Ling fica chocado além da medida, tanto que por um longo momento suas pernas não o movem.
“Onde ele está?” A voz de Lang Junxia diz.
Lang Junxia mudou para um conjunto de roupas opulentas e dificilmente é reconhecível como o homem que Duan Ling conhece. Naquele dia, quando eles se viram brevemente no Viburnum, Lang Junxia parecia uma galinha afogada pela chuva, mas mesmo assim Duan Ling foi dominado pela vontade de correr e abraçá-lo.
Agora que ele o vê novamente, Lang Junxia está vestido com um conjunto de mantos de espadachim vermelho escuro e preto que destaca seus ombros largos e cintura fina, fazendo-o parecer alto. Ele está com um par de botas pretas e tem um chapéu preto na cabeça com um cordão vermelho pendurado na ponta. Sua boca parece suave e suas sobrancelhas são escuras; com Qingfengjian e seus três pés de metal embainhados em sua bainha na cintura, ele é tão bem montado quanto um pingente toro de jade impecável.
É a primeira vez que Duan Ling vê Lang Junxia vestida assim. Claramente, ele ganhou uma posição oficial no tribunal. Duan Ling nunca esteve tão apreensivo; lembrando-se do que aconteceu no Viburnum, ele se esconde atrás das caixas e momentaneamente não tem coragem de dar um passo à frente.
Enquanto ele estava fugindo de Shangjing, uma vez ele pensou várias vezes sobre as razões pelas quais Lang Junxia queria levá-lo embora naquele dia, por que ele não disse nada e se o traidor que Yelü Dashi falou era ele … mas Duan Ling acreditava teimosamente que não havia como Lang Junxia tê-lo traído. E ele não tem nenhuma explicação do porquê, exceto pelo olhar de Lang Junxia naquele dia dentro do Viburnum.
“Duan Ling?” A voz de Lang Junxia diz.
Lang Junxia se vira, de frente para onde Duan Ling está escondido.
O coração de Duan Ling bate descontroladamente em seu peito enquanto ele observa Lang Junxia procurá-lo antes de se virar para perguntar ao guarda novamente. O guarda parece bastante perplexo, mas sua atitude ao responder é bastante respeitosa.
Há um cordão de contas de oração budista em volta do pulso de Lang Junxia que não existia antes e um pingente de jaspe pendurado em seu cinto. Até seu cinto foi trocado por um com botões de ouro polido. Há impressões de nuvens e tigres bordados em suas roupas; eles brilham fracamente quando o sol brilha sobre eles em algum ângulo específico.
Ele é tão bonito, Duan Ling pensa consigo mesmo. Lang Junxia costumava sempre se vestir de azul da cabeça aos pés; Duan Ling quase nunca o viu usar o uniforme de um guarda-costas imperial.
“Duan Ling!” Como se pudesse senti-lo por perto, Lang Junxia diz ansiosamente: “Saia! Eu sei que é você! Confie em mim!”
Duan Ling se sente extremamente inquieto, mas mesmo assim se levanta. Lang Junxia inadvertidamente se vira e, com um olhar, seus olhos se encontram em um instante.
As bordas dos olhos de Duan Ling ficam vermelhas imediatamente. Lang Junxia dá um único passo à frente e Duan Ling subconscientemente dá um passo para trás; Lang Junxia corre até ele, agarra sua mão e puxa Duan Ling firmemente em seus braços.
“Lang Junxia …” Um soluço está preso no fundo da garganta de Duan Ling.
Lang Junxia fecha os olhos, respirando pesadamente como se tivesse gasto até a última gota de força de sua vida. Duan Ling estende a mão para envolver as costas de Lang Junxia; ele de repente se lembrou daquele dia em que a neve caiu forte e Lang Junxia foi ferido. Quando ele voltou para pegar Duan Ling, ele também estava assim – todo o seu peso pressionando Duan Ling como se ele estivesse totalmente dominado pelo cansaço e exaustão.
《Fim do Livro 1: A Passagem do Rio Prateado》
