Capítulo 12
Segunda-feira, 08 de fevereiro, Université De Verveine, 15:45 horas da tarde.
– Enarê, está me ouvindo ? – Alice o encara irritada.
– Me desculpe, só estou um pouco distraído hoje! – o ômega estava imerso em seus pensamentos, tentando entender o que de fato havia acontecido. Além de precisar lidar com o seu bloqueio criativo, que veio em um péssimo momento.
– O que porra ta acontecendo ? – Alice o questiona e Enarê arregala seus olhos, tentando não rir. A reação da moça era exagerada e ao mesmo tempo engraçada.
– É apenas um bloqueio criativo. E por favor não fale tão alto no refeitório, as pessoas estão olhando! – ele ri e volta a comer enquanto Alice se encolhe no banco e suspira, estava preocupada com seu amigo.
– Certo seu espertinho, mas se tiver algo errado me diga! – ela o adverte enquanto o encara com um olhar assustadoramente fofo. Enarê apenas ri e concorda com a cabeça, não queria preocupa-lá com coisas desnecessárias.
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19:39 horas da noite.
Ao chegar em casa depois de um longo e cansativo dia na universidade, o ômega se depara com a tela em branco em sua pequena sala que ainda estava no cavalete como ele o havia deixado. Aquele lembrete de sua falha tentativa de criar algo o deixa ainda mais frustrado, o prazo para a entrega do quadro para o concurso na universidade em que havia se inscrito já estava bem próximo e ele se sente cada vez mais pressionado. Enarê suspira e decide ignorar, antes de qualquer coisa precisava de um banho.
Após relaxar um pouco dentro da banheira, ele faz um pouco de café e se senta em uma banqueta de frente para a tela, permanece assim por alguns bons minutos, apenas a encarando com um olhar vago até que o barulho do seu celular vibrando sobre o sofá o distraí.
*Mensagens de texto*
20:25 horas da noite.
Boa noite Enarê! Espero que esteja bem.
Meu dia foi uma loucura e por isso não consegui mandar nenhuma mensagem.
Estou com saudades!
*Fim das mensagens*
Ao ler aquelas mensagens o seu rosto se ilumina e sua boca se curva em um lindo sorriso. Yohan sempre conseguia melhorar o seu dia mesmo que fosse com algo tão simples como uma mensagem. Logo os seus sentimentos afloram e ele sente uma onda de inspiração repentina.
Enarê põe seus fones de ouvido e a música Djavan – Oceano ressoa em seus ouvidos trazendo boas lembranças de casa enquanto seu pincel desliza suavemente pela tela. O tempo voa sem que ele se de conta e a madrugada deixa o inverno de Paris ainda mais frio e solitário.
– Não acredito que passei à noite inteira pintando de novo… – ele da risada do seu péssimo hábito como artista e para pra observar a sua mais recente criação. A forma como as cores parecem brilhar mesmo com a pouca luz o deixa encantado e orgulhoso.
Depois de arrumar todos os seus materiais em seus devidos lugares, o ômega se joga na cama e rapidamente adormece, pois sabia que em poucas horas precisaria enfrentar outro dia de universidade e outro dia sem o Yohan.
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Terça-feira, 16 de fevereiro.
Os dias acabam se passando rapidamente quando o ômega precisa se dividir entre estudar, sair com sua amiga e ganhar o concurso de pintura, que na opinião de Alice, foi bem merecido.
*Mensagens de texto*
18:05 horas da noite.
Estou em Paris.
Podemos nós encontrar ?
Quero te levar pra jantar!
Sim, já estou em casa.
Passo aí às 19h, tudo bem ?
Ok, te vejo mais tarde!
*Fim das mensagens*
Agora que sabia que ele estava vindo, Enarê sente um misto de alegria e ansiedade, queria vê-lo o mais rapido possível. Por isso ele se apressa em tomar um bom banho e se arrumar, queria estar deslumbrante naquela noite.
No horário marcado o alfa está em frente ao seu prédio, como sempre ele era extremamente pontual e fazia questão disso. Yohan buzina para avisar ao ômega que está lá e alguns minutos depois, Enarê sai de dentro do prédio e caminha com rapidez em sua direção.
– Oi, Enarê. – Yohan sorri e é surpreendido com um abraço apertado e aquele doce cheiro que apenas o seu querido ômega possui.
– Oi, Yohan! – Enarê afunda seu rosto no pescoço do alfa e respira fundo, deixando que seu aroma invada suas narinas e o acalme.
– É bom te ver. – Yohan se afasta um pouco e o encara com um doce sorriso. O ômega fica corado e envergonhado, o que o deixa ainda mais adorável aos olhos do alfa.
– Vamos ? – ele beija sua testa e abre a porta do carro, Enarê concorda com a cabeça e entra no veículo.
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– É aqui… – o alfa abre a porta do quarto e Enarê se surpreende com o quanto aquilo parece incrível, como um hotel em algum filme.
– O quarto tem uma ótima vista para a Torre Eiffel, apesar de ser inverno. – ele se aproxima e o abraça por trás, beija seu pescoço e sorri ao perceber que Enarê esta corado novamente.
– Você gostou ? – o alfa sussura.
– S-sim! – Enarê sorri e está realmente empolgado, adorava a vista da cidade à noite.
– Vou pedir o jantar. Pode ir lá fora se quiser, so não deixe a porta aberta, okay ? – ele lhe da um meio sorriso e caminha até a mesinha de cabeceira onde está o telefone. O ômega vai até a varanda e se da conta de que o alfa realmente tinha razão, mesmo com o intenso inverno e a neve que cobria praticamente toda a cidade, ainda era lindo. Enquanto admirava a vista, ele acaba ficando imerso em seus próprios pensamentos, a ausência do Yohan fez com que o ômega se questionasse sobre muitas coisas, mas principalmente sobre como se sentia.
Ele sabe que o alfa espera por uma resposta e por isso não consegue parar de pensar nisso. Para Enarê tudo aquilo era novo e confuso, nunca havia gostado de alguém antes ou até mesmo estado em um relacionamento, a unica coisa da qual tinha certeza era de que a presença do Yohan em seu dia a dia fazia total diferença, e que apenas em vê-lo sorrir sentia uma imensa alegria invadir seu peito.
– Está muito frio, venha para dentro! – ele estende sua mão e Enarê a segura firme, sendo puxado em direção aos braços do alfa, onde mais uma vez é aquecido com aquele maravilhoso calor.