Capítulo 18

Terça-feira, 31 de maio, 13:05 horas da tarde.

Após passar o seu rut ao lado do ômega, Yohan ficou extremamente ocupado em seu trabalho e durante as poucas horas em que podia descansar, ele inconscientemente se mantinha afastado, trocando apenas algumas poucas mensagens com Enarê. Seu medo havia tomado conta de sua cabeça.

– Yohan ? Está me ouvindo ? – Adam toca levemente o antebraço do alfa, que recua e o encara parecendo um pouco atordoado.

– Não, me desculpe, eu… – Yohan sente seu celular vibrar dentro do jaleco e sabe que é ele, mas não consegue responde-lo ou até mesmo olhar em seus olhos.

– Qual o problema ? É sobre ele ? – Adam o encara preocupado.

– Sim. Quero vê-lo… – ele responde um pouco cabisbaixo e suspira. A saudade era insuportável.

– Se quer vê-lo, precisa responder suas mensagens e atender suas ligações! – Adam deixa sua prancheta sobre a mesa do alfa e se recosta na cadeira, ativando seu modo “conselheiro amoroso”.

– Não consigo.

– Você é sempre tão medroso. Até quando vai continuar o ignorando ? Está claro que ama aquele ômega!

– Você não entende!

– Está certo, eu realmente não entendo, mas se estivesse em seu lugar, eu nunca deixaria o meu parceiro ansioso! – Adam se levanta e sai. Odiava o quanto ele podia ser teimoso.

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Sábado, 05 de junho, 13:15 horas da tarde.

– Yohan ? – Enarê atende rapidamente o celular e sente seu coração palpitar ao ouvir a voz do alfa depois de tanto tempo.

– Está em casa ? – Yohan olha em direção a janela de seu apartamento, esperando ansioso pela sua resposta.

– S-sim!

– Vamos sair, estou aqui em baixo. – Enarê vai até a janela e sorri ao vê-lo parado próximo ao seu carro.

– Estou indo! – o ômega desliga e desce as escadas apressado, ao finalmente chegar na rua ele corre em direção ao alfa e o abraça.

– Senti sua falta. – Enarê sussurra e Yohan não pode evitar de ficar emocionado. Seus medos haviam ido embora no momento em que o viu correndo em sua direção, agora tudo aquilo parecia patético.

– Eu te deixei ansioso, não é ? Sinto muito, estava ocupado com o trabalho. – Yohan segura seu rosto com as duas mãos e o encara, ele estava corado e sorrindo, com aquele olhar de “é tão bom te ver”. Logo a culpa começa a pesar e ele se sente horrível por mentir, não queria machuca-ló ainda mais.

– Achei que não queria mais me ver… – seu sorriso some por alguns instantes e todo o mundo do alfa desaba sobre sua cabeça.

– Eu nunca mais vou sumir desse jeito, okay ? Senti sua falta também… – Yohan sussurra e o beija, sendo recebido pelo seu delicioso aroma e calor. Era tudo o que ele precisava para estar bem.

– Fico feliz em ouvir isso, mas para onde vamos ?

– Surpresa! – Yohan sorri e o beija novamente. Agora tudo estava bem.

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– Já que gosta de arte, preparei um passeio especial para nós. – Yohan entrega um pedaço de papel com todos os lugares que iriam visitar naquele dia.

– Sério ? Eu amei! – Enarê salta de alegria e se agarra ao alfa, que dá risada de sua reação e o abraça.

– Vamos começar ? – ele beija sua testa e o ômega concorda com a cabeça. Estava empolgado.

No topo da lista estava o Museu D’Orsay, que abriga grandes obras como A Noite Estrelada (1888) de Vicente Van Gogh e A Lagoa de Ninfeias (1899) de Claude Monet. Em seguida foram para a Catedral de Notre-Dame e logo depois para um passeio de barco no Rio Sena.

– Está gostando do passeio ?

– Sim! – Enarê lhe da um largo sorriso, deixando o alfa um pouco corado.

– Fico feliz em ouvir isso. – Yohan agarra sua cintura, o puxa em sua direção e o beija.

– As pessoas estão olhando… – o ômega sussurra envergonhado e completamente corado.

– Eu não me importo, gosto de beijar você. – ele sussurra e o beija novamente, como uma espécie de provocação. Quando se dá conta de que acabou deixando o ômega extremamente sem graça, o alfa não consegue conter sua risada, achava sua timidez adorável.

– Yohan! – Enarê esbraveja, mas para ao olhar para ele e sentir um estranho calor subir de sua barriga até sua cabeça. Naquele instante, desejou ser o único que pudesse vê-lo sorrir daquela forma.

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Quase no final da tarde, eles vão ao Jardim de Giverny, com uma fila enorme de pessoas ansiosas para entrar, mas por sorte o alfa conhecia algumas pessoas que facilitaram sua entrada.

– Gosta das flores ? – Yohan o abraça por trás e sussurra próximo ao seu ouvido.

– Sim, todas são lindas! – Enarê lhe dá um largo sorriso, fazendo o coração do alfa palpitar. Vê-lo sorrir daquela forma era incrivelmente reconfortante.

– Eu adoraria trabalhar em um lugar assim, como Monet.

– Posso te dar um jardim assim, se quiser. – Yohan beija sua bochecha e o agarra com um pouco mais de força. Enarê como sempre acaba ficando corado e sem reação. Ainda se sentia estranho.

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No caminho de volta, o ômega está tão empolgado que mal consegue parar de falar, mas para a sua sorte, o alfa adorava ouvi-ló e principalmente ver a sua empolgação.

– Eu estou falando de mais, não é ? Sinto muito! – o ômega se encolhe no banco do passageiro e fica um pouco envergonhado.

– Gosto de ouvir você. Então continue. – Yohan desvia seu olhar até ele e acaricia seu rosto rapidamente. Enarê sorri e contínua falando até que finalmente está em frente ao seu prédio.

– Fico feliz que tenha gostado. Eu amei passar o dia ao seu lado! – o alfa beija os nós de seus dedos e o encara com um olhar meigo.

– É bom te ver depois de algum tempo. Senti muito sua falta… – Enarê cora e desvia seu olhar para o chão do veículo. Yohan segura em seu queixo e ergue sua cabeça, fazendo com que seus olhos se encontrem, em seguida ele se aproxima devagar e o beija.

– Você me faz ser um homem egoísta, Enarê. – Yohan sussurra próximo aos seus lábios e lhe dá um beijo rápido.

– Quero que a sua mente e o seu corpo sejam completamente tomados por mim. Estou errado por querer algo assim ? Eu nunca desejei tanto alguém como desejo você. – ele suspira e desvia seu olhar para os olhos de Enarê, que estão fixados em sua boca. Seus sentimentos estavam quase transbordando, naquela altura o alfa já não podia mais negar que o amava.

– Por favor, seja o meu ômega… – ele se afasta e acaricia seu rosto, admirando suas bochechas coradas e seus olhos brilhando.

– E-espera, eu posso pensar sobre isso ? – Enarê fica apavorado, não sabia como deveria reagir. Aquilo era mesmo um pedido de namoro ? Ele estava em pânico.

– Tudo bem, leve o tempo que precisar. – Yohan sente uma pontada de ansiedade correr pelo seu corpo, mas finge um sorriso gentil e beija sua testa.

– Obrigado. – Enarê o beija rapidamente e sai do veículo, indo em direção ao prédio. O alfa suspira e bate no volante, estava frustrado.

– Preciso me acalmar… – ele sussurra para si mesmo e respira fundo. Agora precisava confiar nos sentimentos do ômega e esperar pelo sim.

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Enarê se joga no sofá e suspira, sua cabeça estava cheia de pensamentos e dúvidas. Apesar de seus sentimentos serem mútuos, a ansiedade que sentiu ao estar longe dele o deixou assustado. Não queria se sentir assim novamente.

– Não sei o que fazer. – ele suspira novamente e fecha seus olhos, no mesmo instante acaba se lembrando da tarde maravilhosa que passou ao seu lado e isso faz com que aquela sensação estranha tome conta do seu corpo mais uma vez.

– Café! – o ômega sussurra e dá risada de si mesmo, e do seu hábito de tomar café quando não se sente bem. Em seguida ele se levanta e enquanto se dirige até a cozinha, seu celular começa a vibrar no bolso de sua calça.

– Oi mãe, que bom que ligou. Preciso de um conselho…

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*Museu D’Orsay: museu de artes em Paris, inaugurado no ano de 1986. Antes o prédio era uma estação ferroviária Gare du Quai d’Orsay, construída para o Caminho de Ferro de Paris a Orleans, e foi inaugurada em 1900.

*Catedral de Notre – Dame: sendo uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Iniciou sua construção no ano de 1163, é dedicada à Virgem Maria e está próxima do rio Sena.

*Jardim de Giverny: Claude Monet, o pai do movimento impressionista viveu na propriedade entre 1883, até a sua morte em 1926 e la pintou seus mais famosos quadros.