Capítulo 34
Após sair do banho, o ômega vai até o closet e procura por alguma roupa limpa que possa vestir. Ao olhar dentro das gavetas, acaba encontrando todas as roupas e coisas que deixou para trás, inclusive seu anel.
– Por que isso é tão difícil ? – ele sussurra e se senta no chão, encara fixamente o anel e pensa no quão difícil seria dizer adeus novamente. Seu corpo e sua mente desejam permanecer ali, assim como na noite passada onde ele se entregou e desfrutou do seu calor mais uma vez, mas com que direito poderia fazer isso ? Enarê se sente culpado por ferir seus sentimentos e deixá-lo naquele estado miserável. Não se julgava digno de ser amado.
– Não posso fazer isso… – ele dá um longo suspiro e não consegue tirar seus olhos daquela jóia.
_______________
Enarê caminha pelo corredor em direção a sala, procurando por Yohan até que logo o vê sentado no sofá lendo o livro infantil de capa azul.
– Yohan! – o ômega o chama e se aproxima, se senta ao seu lado e acaricia seus cabelos dourados, que mesmo sem receber cuidados ainda brilham como ouro.
– Nós precisamos conversar… – ele sussurra e sente um nó se formar em sua garganta.
– Eu sei. – o alfa beija sua testa e deixa o livro sobre a mesinha de centro.
– Eu sinto muito por ter dito aquelas coisas, eu não quis te magoar. Só estava irritado, frustrado e com medo!
– Eu sei, Enarê. Sempre soube que você não quis dizer aquilo! – Yohan segura sua mão direita e acaricia os nós de seus dedos.
– Eu também disse e fiz coisas das quais me arrependo! Por isso eu fui te ver na galeria, queria me desculpar e talvez com um pouco de sorte te levar para jantar…
– Fico feliz que possamos nos desculpar apropriadamente! – Enarê sorri, mas continua com um semblante triste em seu rosto.
– Você não parece bem, algum problema ?
– Yohan, eu te amo, mas acho que não posso mais fazer isso! – o ômega afasta suas mãos e nota que elas estão tremendo.
– O que ?
– Eu te machuquei e fiz você passar por coisas horríveis, é tão difícil te encarar agora. Me sinto culpado! – seus olhos se enchem de lágrimas e Enarê não pode evitar de sentir que seu coração está sendo partido novamente, mas dessa vez ele era o culpado.
– Tudo o que aconteceu ficou no passado! – Yohan tenta convencê-lo, mas só em olhar para o seu rosto, ele sabe que não iria conseguir.
– Pode me dar algum tempo ? Sei que isso soa como uma desculpa, mas acho que não posso decidir nada agora! – Enarê recua ao notar seu desespero.
– Eu entendo. Não quero te pressionar! – o alfa beija sua testa novamente e se levanta.
– Quer um café antes de ir ?
– Eu adoraria… – Enarê força um sorriso e tenta fingir que está tudo bem.
Enquanto Yohan está na cozinha preparando o café, o ômega está encarando um ponto fixo no chão, com um olhar vago e mil pensamentos em sua mente até que um barulho o distraí.
– Yohan, está tudo bem ? – ele se levanta e caminha em direção a cozinha, e seus olhos encontram o alfa se segurando na bancada para não cair. Enarê corre em sua direção, mas chega tarde de mais e ele cai em seus braços já inconsciente.
– Yohan! – o ômega grita seu nome e tenta desperta-ló, mas não consegue.
– Por favor, fala comigo! – ele o põe gentilmente no chão e se agarra ao seu corpo, estava em pânico.
_______________
Hôpital de Bouvardia, 10:11 horas da manhã.
– Enarê ? – Adam se aproxima e tenta chamar sua atenção.
– Como ele está ?
– Ele está descansando. – o alfa sorri de forma gentil, tentando acalma-ló.
– O que aconteceu ? Por quê ele está nesse estado ?
– Desde que vocês terminaram o Yohan vem sofrendo com o que alguns médicos chamam de marca psicológica. Sabe o que é isso ?
– Sim, eu sei… – Enarê sussurra e se sente ainda mais ansioso, seu maior medo havia se tornado realidade.
– Quando nós descobrimos, tentamos fazer o tratamento, mas ele não quis. Então foi só questão de tempo até que ele ficasse debilitado e precisasse de uma licença. – o alfa encara a parede em sua frente enquanto sua mente revive todos aqueles dias ruins.
– Ele te ama de mais para fazer isso… – Adam sussurra.
– Eu sei! – Enarê franze o cenho e as lágrimas começam a escorrer por seu rosto.
– Se você se sente desconfortável, podemos tentar fazer o tratamento…
– Tudo bem, não iria adiantar de qualquer forma.
– Por que diz isso ? – ele ergue uma de suas sobrancelhas.
– Porque eu tentei por quase um ano inteiro. Tomei os remédios, fiz a terapia e até tentei conhecer outros alfas, mas nada funcionou! A cada ciclo a dor ficava mais insuportável e meu pescoço formiga sempre que penso nele! – Enarê enxuga suas lágrimas e se levanta, põe um falso sorriso em seu rosto e tenta manter o controle.
– Eu posso ficar com ele ? – Adam se levanta e concorda com a cabeça, dá um tapinha em seu ombro de forma amigável e sai.
_______________
Sentado de frente para a janela, o ômega observa o sol que lentamente desaparece no horizonte. Seus sentimentos, pensamentos e desejos estavam uma bagunça, Enarê não conseguia pensar no que fazer sem acabar em um beco sem saida. Ficar onde o seu coração quer mesmo sabendo que isso poderia machucar a pessoa que você ama ou fugir e fingir que nada aconteceu ? Ele ainda não sabia qual dos dois deveria escolher.
– Enarê ? – Yohan acorda, procurando por ele e logo sente seu toque.
– Estou aqui! – o ômega acaricia seus cabelos e está feliz por vê-lo acordado.
– Que bom… – o alfa o puxa para mais perto e beija o canto de sua boca, em seguida o abraça e afunda o rosto em seu pescoço.
– Eu sei que é difícil para você, mas por favor não me deixe! Você é tudo o que eu tenho de mais precioso nessa vida… eu amo você! – ele murmura com a voz trêmula.
– Eu vou esperar o tempo que for, então apenas pense com cuidado! – o alfa o solta e encara seu rosto, com um olhar triste e ao mesmo tempo gentil. Que deixa Enarê surpreso e abalado.
– Eu sinto muito por tudo isso! – o ômega franze o cenho e balbucia com a voz trêmula, pois sabe que não poderia deixar aquele homem sozinho. Suas vidas e almas estão entrelaçadas e eles pertencem apenas um ao outro.
– Eu quero ficar, Yohan. Estou cansado de fugir como um covarde e ser egoísta! – Enarê o abraça novamente e dessa vez é puxado para a cama.
– Eu te amo, Mon Petit Dieu! – o alfa sorri tão alegremente que parece brilhar, como o sol que aquece o solo e dá as plantas a capacidade de gerar os nutrientes necessários para que o jardim continue florescendo. Ele era o seu sol.
_______________
23:47 horas da noite.
Abraçados em uma pequena cama de hospital, ambos estão em silêncio, apenas aproveitando a presença um do outro.
– Você vai voltar para casa, não é ? – Yohan rompe o silêncio de repente. Precisava saber.
– Estou no meu antigo apartamento e tem algumas coisas lá, então precisamos levar tudo de volta. Isso vai levar algum tempo… – Enarê ergue sua cabeça e o encara com um sorriso.
– Vamos levar tudo amanhã! – o alfa beija sua testa e acaricia seus cabelos com delicadeza.
– Isso parece ótimo para mim!
– Obrigado por voltar… – ele o segura com mais força e beija sua testa novamente.
– Obrigado por esperar! – Enarê sorri e o beija, no mesmo instante seu corpo é tomado por uma grande sensação de alívio e excitação.
– Yohan! – ele sussurra ofegante com seu rosto corado.
– Fique quieto, okay ? – o alfa sorri e suas mãos vão em direção direção a bunda do ômega. Também queria toca-ló.
Comentários no capítulo "Capítulo 34"
COMENTÁRIOS
Capítulo 34
Fonts
Text size
Background
La Douce Essence D’un Oméga
Yohan Bastien é um alfa dominante e um médico bem sucedido, mas existe um problema, ele não reage aos feromônios como os outros alfas.
Um dia ele encontra o ômega recessivo Enarê sendo...