Capítulo 38
13 de março, 15:00 horas da tarde.
Enarê está parado em frente ao espelho, se admirando ainda incrédulo com o fato de que em alguns minutos, vai estar no altar com o homem que ama.
– Está nervoso ? – sua mãe, que também estava no cômodo o questiona, com um olhar doce e um sorriso orgulhoso. Seu bebê havia crescido.
– Sim… – ele suspira e desvia sua atenção para ela. Que abre seus braços e o convida para um abraço.
– Você está lindo, filho! – Rafaela sussurra, com sua voz um pouco embargada e beija sua bochecha.
– Obrigado, mãe. – ele sorri e se aconchega em seus braços. A sensação familiar de segurança e amor o acalma.
– Tenho que ir agora. Te vejo no altar! – ela dá uma última olhada em seu rosto e sai. Todos precisavam assumir seus lugares antes da cerimônia começar. Enarê a observa enquanto ele sai e ao ficar sozinho, se aproxima de uma das janelas e pode ver algumas decorações do casamento. Haviam grandes arranjos de flores, que enfeitam cada pedaço da entrada. O ômega acaba se distraindo até que ouve o barulho de batidas na porta.
– Enarê, está ai ? – Yohan o chama e o ômega se surpreende ao ouvir sua voz. Ele vai apressado em direção a porta e deixa seu corpo bem próximo a ela.
– Estou aqui! – ele fala contente.
– Estou com saudade!
– Eu também…
– Quero te ver logo, estou ansioso! – o alfa sussurra e apoia sua testa na porta, imaginando o quão lindo seu ômega estava.
– Faltam poucos minutos até a cerimônia começar. Pode esperar ?
– Vou estar esperando no altar, então por favor não se atrase. Sinto que posso morrer de ansiedade a qualquer momento! – o alfa da risada e desliza seus dedos pela porta. Só queria toca-ló e sentir seu cheiro, uma noite sem seu precioso ômega era de mais para aguentar.
– Não vou. Prometo! – Enarê sorri com seu rosto levemente corado. Também queria vê-lo.
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Ao iniciar a cerimônia, todos os convidados já estão ocupando seus assentos, que estão enfeitados com singelos arranjos de flores em tons de rosa, presos a madeira das cadeiras. Quando tudo está pronto, o músico começa a tocar uma melodia suave em seu enorme piano de cor escura, e então os padrinhos entram, todos vestidos com ternos cinzas e acompanhados das madrinhas, que vestem um vestido longo e esvoaçante com um tom de rosa claro. Eles rapidamente ocupam seus lugares nas letarais e em seguida vem a mãe do ômega, que esbanja alegria e beleza, usando um lindo vestido longo também rosa, mas em um tom um pouco mais escuro e com alguns detalhes em renda.
Assim que todos entram, chega a vez do alfa, que está parado no final da passarela de cor branca, com arranjos de flores rosas em suas laterais, indo de encontro ao coreto que também está coberto por rosas e plantas trepadeiras se enroscando em seus pilares.
– Assim que a mãe do noivo ocupar seu lugar, você entra! – a moça vestida com uma roupa preta simples e com seus cabelos negros presos em um rabo de cavalo, o orienta enquanto usa seu dedo indicador para apontar em direção ao coreto. Yohan apenas balança sua cabeça e mantém seus olhos fixos no altar enquanto abotoa seu terno branco.
– Pode ir. – ela lhe da o sinal e então ele entra. Com todo o nervosismo, medo e insegurança, Yohan caminha em direção ao coreto ao som de uma melodia suave tocada no piano, a qual ele não reconhece. O alfa segue seu caminho de cabeça erguida, tentando esconder o quão suas mãos tremiam e suavam naquele momento.
Ao chegar no altar, Adam que está ao seu lado, lhe da um tapinha no ombro. Como uma forma de encoraja-lo.
– Boa sorte, cara! – ele sussurra e Yohan acena como resposta.
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– Enarê, está pronto ? – seu pai entra de repente, mas para ao vê-lo. Estava impressionado com sua beleza e também com o fato de que era real. Era tudo real, seu filho estava realmente prestes a se casar.
– O que achou ? – Enarê brinca, enquanto segura seu buquê em frente ao corpo.
– É bonito! – ele o responde de forma fria, mas por dentro está transbordando de sentimentalismo paterno.
– Obrigado, pai! – o ômega sorri com uma expressão amorosa e beija sua testa.
– Vamos ? Eu não quero deixá-lo esperando! – ele segura em seu braço e os dois caminham juntos em direção ao corredor que da acesso a saída, onde estava acontecendo a cerimônia. A moça que antes estava ajudando o alfa, está esperando por eles.
– Você está lindo! – ela lhe da um sorriso gentil e o ajuda a arrumar o véu, o estendendo no chão.
– Quando a música começar, vocês entram. Tudo bem ?
– Sim! – Enarê concorda.
“O que há dentro do meu coração
Eu tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo
Tem pra me conceder
São tuas até morrer.”
Ao ouvir a melodia do piano e a voz doce do cantor, Enarê dá um passo a frente acompanhado de seu pai, as enormes portas de madeira se abrem, deixando que o sol da primavera entre e traga um pouco de calor.
“E a tua história, eu não sei
Mas me diga só o que for bom
Um amor tão puro que ainda nem sabe
A força que tem
É teu e de mais ninguém.”
Eles caminham devagar em direção ao coreto, Enarê mantém sua cabeça erguida e logo encontra os olhos de Yohan, que o encaram cheios de amor e lágrimas, enquanto seu rosto mostra o quão impressionado ele estava. Vê-lo vestido de branco em meio a tantas flores era como admirar uma pintura de Monet.
O alfa não conseguia tirar seus olhos dele, como se tudo ao redor tivesse sumido e apenas ele estivesse ali. Seu querido ômega estava lindo, tão lindo quanto no dia em que tiveram seu primeiro encontro.
“Te adoro em tudo, tudo, tudo
Quero mais que tudo, tudo, tudo
Te amar sem limites
Viver uma grande história.”
A medida em que se aproxima, Enarê começa a sentir seu coração palpitar, Yohan estava incrivel usando um terno branco, que apesar de parecer simples lhe caia muito bem. A música ressoando no ambiente, as flores em volta do coreto e seu noivo que o esperava, faziam tudo parecer como um conto de fadas.
Ao chegarem no altar, o pai do ômega lhe entrega ao alfa, que o cumprimenta com um firme aperto de mãos. Em seguida Yohan beija as costas da mão de Enarê com delicadeza e o guia para dentro do coreto.
– Você está lindo… – ele sussurra e acaricia sua mão.
– Você também! – Enarê sorri e segura o braço do alfa, ficando mais perto de seu corpo.
O celebrante assume sua posição e dá início ao seu discurso, todos voltam sua atenção para ele e a cerimônia pode prosseguir.
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Após um curto discurso sobre amor e união entre casais, é chegada a hora de trocar os votos de casamento.
– Sr. Bastien, seus votos. – ele faz um gesto com a mão e o encara com um sorriso gentil. Yohan suspira e se vira para Enarê, segura suas mãos e limpa a garganta.
– Meu querido ômega, você é a pessoa mais talentosa, competente, amorosa e linda que eu já conheci em toda a minha vida. Antes de você, eu não sabia o que era o amor, e como sempre você me ensinou tantas coisas valiosas. Sou grato pela sua existência e pelo fato de hoje, poder finalmente me casar com você. Eu te amo, com todo o meu coração! – ele sorri um pouco envergonhado ao terminar, e então nota que Enarê o encara com seu lindo par de olhos negros. Estava chorando como uma criança.
– Sr. Santiago, seus votos. – o ômega enxuga suas lágrimas e respira fundo, precisava se acalmar ou não iria conseguir dizer nada.
– Meu querido alfa, eu amo você com toda a minha alma, e tem sido assim desde o dia em que sem saber, você salvou a minha vida. Você me trouxe a esperança de um novo amanhã, me deu forças quando eu estava fraco, foi o meu sol e me deu esse precioso sentimento chamado amor, que todos os dias faz eu me sentir o homem mais feliz do mundo. Obrigado Yohan, por me encontrar naquela estação de trem e me dar tudo o que eu nem mesmo sabia que buscava. – Enarê lhe da um sorriso gentil enquanto algumas lagrimas escorrem por seu rosto. O alfa, que o encara com o rosto corado até as orelhas, sente uma imensa vontade de beija-lo, mas se contem.
– Onde estão as alianças ? – questiona o celebrante. Adam rapidamente revira os bolsos de seu paletó em busca dos anéis e ao encontra-los, ele os entrega ao homem, que da uma das joias ao alfa.
– Yohan Bastien, você aceita Enarê Santiago como seu esposo e parceiro, jura ama-lo e respeita-lo até que a morte os separe ? – enquanto o homem fala, o alfa gentilmente segura a mão direita de Enarê, posicionando o anel de cor prateada na ponta de seu dedo anelar.
– Aceito! – ele fala com um grande sorriso em seu rosto, ao mesmo tempo em que finalmente põe o anel em seu dedo, confirmando sua promessa.
– Enarê Santiago, você aceita Yohan Bastien como seu esposo e parceiro, jura ama-lo e respeita-lo até que a morte os separe ?
– Sim! – o ômega põe o anel em seu dedo anelar e o encara com um olhar doce.
– Vocês estão oficialmente casados, podem se beijar! – o celebrante anuncia com um sorriso no rosto. Yohan rapidamente o toma em seus braços e o beija, todos os convidados aplaudem de pé e estão tão felizes quanto o casal.
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O casal caminha pela grama rasteira em direção a mesa preparada para eles e os pais do ômega. Eles se sentam no centro de onde podem ver todas as mesas redondas que estão dispostas pelo local. Em cada uma delas têm um pequeno jarro com flores rosas, e ao redor pilares seguram as luzinhas que cruzam todo o local e se juntam no centro, como uma tenda.
– Foi tudo tão lindo! – a mãe do ômega o abraça e está prestes a chorar novamente.
– Sim, foi uma linda cerimonia! – Yohan, que está sentado ao seu lado, concorda com sua sogra. Ele segura sua mão esquerda e a acaricia, emocionado com o fato de estar casado com o amor da sua vida.
– Seu pai e eu temos um presente para vocês! – a mulher fala empolgada enquanto revira sua bolsa, tirando de dentro dela um envelope branco.
– O que ? Sabe que não precisava fazer isso!
– Claro que precisava, meu único filho está se casando! – ela lhe entrega o envelope, Enarê o abre e se surpreende ao ver duas passagens de avião.
– São duas passagens para Veneza!
– Ah minha nossa! Obrigado, mãe! – o ômega a abraça, feliz com seu presente e pelo cuidado de seus pais.
– Aproveitem garotos, mas juízo hein! – João os encara com um típico “olhar de pai”, o que faz o casal rir.
– Prometo que vou cuidar bem dele, senhor! – Yohan o tranquiliza.
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Enquanto o casal conversa, aproveitando a festa do seu próprio jeito, o responsável pelas músicas anuncia o momento da primeira dança do casal. Todos voltam sua atenção para eles, que se encaram um pouco envergonhados, mas logo se levantam e se dirigem para a pista de dança.
– Aproveitem seu momento! – o homem sorri e então a música começa. Eranê a reconhece no mesmo instante, o que o deixa emocionado, mas também com saudade do Brasil.
“Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar”
A voz doce e marcante de Miúcha, junto a voz incrível de Antônio Carlos Jobim, embala seus passos tímidos e lentos, indo de um lado para o outro. Yohan o segura firme, o mantendo bem próximo ao seu corpo, sua mão direita desliza pelas costas de Enarê até chegar próximo aos seus ombros, ele o abraça e afunda o rosto em seu pescoço. O doce cheiro de seus feromônios se sobressaem, deixando o perfume que usava quase que impercepitivel.
– Eu te amo, meu querido ômega! – o alfa sussurra.
– Eu também te amo… – Enarê o encara com seus olhos brilhantes e cheios de amor.
“Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar”
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19:20 horas da noite.
Enarê está conversando com Alice, enquanto alguns convidados estão bebendo ou dançando ao som de alguma música francesa que ele não reconhece, até que ouve a voz de Caetano Veloso e vê sua mãe vindo animada em sua direção.
– Você vem comigo! – ela o puxa de repente para a pista de dança e ao som de Reconvexo, Rafaela começa a mover seu quadril ao ritmo da musica, como se estivesse curtindo um típico carnaval de Salvador.
– Venha, dance comigo! – Enarê da risada ao vê-la dançar, algo que sua mãe não fazia com frequência, apesar de ser uma ótima dançarina. O ômega começa a se mover, imitando Rafaela e logo chama a atenção de todos. Tanto por sua beleza quanto por seu gingado.
Yohan, que está conversando com Adam e seus colegas do outro lado, fica hipnotizado ao vê-lo dançar. Nunca havia visto esse lado tão “brasileiro” e animado. Seus estão fixos no ômega, quase como se estivesse o devorando, estava feliz por se casar, mas também ansioso para arrancar aquele lindo terno de seu corpo e morder seu fino pescoço.
– Você está babando! – Adam brinca, lhe oferecendo um lenço.
– Olha quem fala! Está babando por aquele alfa desse o começo da festa! – Yohan o provoca, com um sorrisinho em seu rosto.
– Não posso evitar, okay ? É totalmente o meu tipo! – ele dá de ombros, o que faz o alfa rir.
– Certo, segure isso! – ele lhe entrega seu copo de uísque e caminha em direção ao ômega. Ao se aproximar o alfa o segura pela cintura.
– Você estava ótimo! – o alfa sussurra próximo ao seu ouvido, o que faz o ômega corar.
– Se-serio ? – Yohan balança a cabeça concordando e beija seu pescoço, que está suado e tem um gosto um pouco salgado.
– Podemos pular direto para a lua de mel ? Foder vendo os canais de Veneza deve ser ótimo!
– Yohan! – Enarê o repreende, e agora esta com seu rosto completamente corado.
– Certo, certo. Parei! – ele o solta e ergue as mãos para o alto.
– Vamos resolver isso em Veneza! – o alfa lhe da um sorriso astuto e logo em seguida pisca para ele.
– Certo… – o ômega sussurra envergonhado.
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Músicas citadas:
Djavan – Um amor puro
Miúcha e Antônio Carlos Jobim – Pela luz dos olhos teus
Caetano Veloso – Reconvexo
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Capítulo 38
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La Douce Essence D’un Oméga
Yohan Bastien é um alfa dominante e um médico bem sucedido, mas existe um problema, ele não reage aos feromônios como os outros alfas.
Um dia ele encontra o ômega recessivo Enarê sendo...