Capítulo 41
Ao chegar em casa Enarê deixa as compras sobre o balcão da cozinha e vai apressado em direção ao banheiro, ele lava seu rosto na pia e encara seu reflexo no espelho por algum tempo. Estava apavorado, mas não tinha coragem para fazer o teste e saber a verdade.
– Mon petit dieu, tudo bem ? – o alfa bate na porta, preocupado com a forma como ele estava agindo.
– Sim, estou bem!
– Vou fazer o jantar, me diga se precisar de algo. – Yohan suspira e decide lhe dar um tempo. Mais cedo ou mais tarde Enarê viria até ele.
– Pode deixar! – o ômega suspira ao ouvir seus passos sumindo no corredor, ele se senta no chão com suas costas apoiadas na porta e tenta se acalmar. Agir de forma estranha só levantaria mais suspeitas.
Após o jantar Yohan e Enarê estão na sala assistindo um filme, mas o ômega não consegue focar no que esta em sua frente, sua mente estava uma bagunça por causa do que havia acontecido mais cedo. As inseguranças e paranoias começam a deixa-lo ansioso.
– Está com sono ? – o alfa o abraça com mais força e beija seu pescoço.
– Um pouco… – ele sussurra e se aconchega em seus braços, o que o faz se sentir um pouco melhor.
– Podemos ir para a cama se quiser.
– Sim, isso seria bom… – Yohan desliga a tv e o pega em seu colo, o leva até o quarto e o põe gentilmente sobre a cama. Em seguida se aconchega ao seu lado e o cobre com o lençol.
– Sabe que pode me contar tudo, não é ? – o alfa sussurra e beija o topo de sua cabeça. Enarê balança a cabeça concordando e se agarra ao seu corpo.
– Otimo. – ele sorri e fecha seus olhos, naquele momento não importava o que seu querido ômega escondia, Yohan só queria abraça-lo e dormir sentindo o calor de seu corpo.
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Enarê abre seus olhos devagar e está em um campo com vários tipos de flores, com cores vibrantes que parecem brilhar na luz do sol. Um pouco mais a frente pode ver uma imensa floresta com os mais variados tipos de animais e flores, e próximo a uma das arvores frutíferas ele vê uma criança de cabelos negros e ondulados que brinca com uma boneca.
– Ei, menina! – o ômega chama pela criança, curioso e preocupado com o fato dela estar ali sozinha. Ele começa a caminhar entre o campo em direção a ela e ao se aproximar um pouco pode ouvi-la cantarolar uma música que lhe parece familiar, mas que não consegue reconhecer.
– Ei, por que esta aqui sozinha ? – ele tenta tocar em seu ombro, mas ela corre para dentro da floresta.
– Espera! – o ômega grita e também corre para lá, mas não consegue encontra-la e acaba perdido.
– Tem alguém ai ? – sua voz ecoa pela floresta, mas sem resposta. Enarê continua caminhando sem rumo até que ouve a voz da criança, então ele corre em direção a ela e ao finalmente encontra-la se surpreende ao vê-la agarrada ao corpo de uma senhora, que tem o mesmo rosto de sua falecida avó.
– Vó ? O que a senhora…
– “Agora que já se conhecem, é hora de acordar.” – a mulher sussurra e o ômega sente seu corpo ser sugado para dentro da terra. Ele acorda de repente, assustado e atordoado, olha ao redor e já não esta mais na floresta.
– Um sonho ? – Enarê sussurra para si mesmo, mas custa em acreditar nas suas próprias palavras. Tudo parecia tão real.
Ele se levanta da cama e caminha até o closet, pega sua bolsa e a encara por alguns segundos até que finalmente cria coragem. Ele tira o teste de dentro dela e vai para o banheiro, não podia continuar ignorando.
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Naquele dia o alfa havia levantado um pouco mais cedo, estava decidido a fazer um delicioso café da manhã para Enarê e assim tentar anima-lo um pouco. Ele faz algumas panquecas com mel e um pouco de vitamina de morango, sua refeição favorita pela manhã.
– Certo, agora só preciso acordar aquele dorminhoco! – Yohan ri e confere as horas em seu relógio, e nota que ele está dormindo mais do que o de costume, mas ignora pensando que Enarê deveria estar cansado por causa do dia anterior.
O alfa deixa a mesa posta e vai até o quarto, ao chegar ele encontra apenas a cama vazia e a porta do closet aberta.
– Enarê ? – ele o chama, mas não há resposta, o que começa a deixa-lo preocupado. Yohan o chama mais uma vez e continua sem resposta, então decide ir até o banheiro, mas ao tentar abrir a porta nota que ela esta trancada.
– Enarê, está ai dentro ? abra a porta! – ele bate na porta e alguns segundos depois ela se abre. Enarê aparece ainda vestindo seu pijama, o encara com os olhos um pouco vermelhos e seu corpo esta tremendo.
– O que aconteceu ? – Yohan afasta a porta, a abrindo por completo e entra. O alfa o abraça assustado e logo sente suas lagrimas molharem seu peito.
– Enarê, olhe para mim! – Yohan segura seu rosto com as duas mãos e ergue sua cabeça, seus olhos encontram os dele e o ômega parece assustado.
– Nós vamos ter um bebê… – o ômega mostra o simples teste de gravidez que estava escondido em sua mão e logo depois força um sorriso. As palavras sairam de sua boca de maneira gentil, mas seu rosto só mostrava o quão apavorado ele estava.
– Você está… – o alfa pega o objeto e o encara com os olhos arregalados. Estava tão surpreso que quase não podia falar.
– Tudo bem ? – Enarê o questiona inseguro, mas Yohan o abraça com força o suficiente para tira-lo do chão e não pode esconder seu sorriso.
– Sim meu amor, está tudo bem! – ele sussurra e acaricia seus cabelos, tentando acalma-ló. Enarê se agarra ao seu corpo e afunda o rosto em seu pescoço.
– Vou te levar para a cama, okay ? – o alfa o pega em seu colo e o leva para a cama, o põe gentilmente sobre ela e se ajoelha em sua frente. Ele segura as mãos de Enarê e o encara com um olhar amoroso.
– Está com medo ?
– Sim… – o ômega sussurra com a voz trêmula.
– Eu também… mas estou feliz, porquê eu sempre desejei ter uma pequena versão de você… – o alfa beija a palma de sua mão esquerda e a põe sobre sua bochecha. Enarê volta seu olhar para ele e pode ver seus olhos azuis que se enchem de lágrimas. Como um grande mar, com suas ondas calmas que trazem uma incrível sensação de tranquilidade.
– Estou apavorado, Yohan! Se eu não for um bom pai ou se algo acontecer… – o ômega começa a soltar tudo de uma vez, mas logo é interrompido por um doce beijo e carícias em seus cabelos.
– Está tudo bem, nós vamos fazer isso juntos. – ele sussurra e lhe dá um beijo rápido.
– Confia em mim ?
– Sempre! – Enarê o abraça e se sente um pouco mais confiante. Poderia enfrentar o mundo inteiro se o alfa estivesse ao seu lado.
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13:00 horas da tarde.
– Como se sente ? Tem certeza de que não quer ir ao hospital, eu posso ligar para o Adam e…
– Eu estou bem, não quero incomoda-lo no seu dia de folga! – Enarê lhe mostra um sorriso que diz “eu estou bem”, não queria que seu alfa entrasse em pânico.
– Estou preocupado. Você não comeu nada a manhã inteira!
– O cheiro da comida me deixa enjoado… – o ômega suspira e se encolhe na cama. Apenas em lembrar o seu estomago se revira.
– Nós vamos ao hospital na segunda, okay ? preciso saber que vocês estão bem! – Yohan se ajoelha próximo a cama e recosta sua cabeça sobre a barriga do ômega, que começa a acariciar seus cabelos.
– Você sabe que eu não sou uma boneca de porcelana, não é ?
– Eu sei, mas quando te vi chorar isso me deixou preocupado. So quero te proteger! – ele acaricia sua barriga e a beija.
– Quero proteger vocês dois…
– Quando vi aqueles dois tracinhos eu senti medo e ansiedade, estava tão surpreso. Nunca pensei que isso aconteceria, as chances sempre foram baixas… acho que foi por isso que eu não me preocupei. – Enarê também acaricia sua barriga e ainda se pergunta se aquilo é mesmo real.
– Essa manhã eu sonhei com um campo cheio de flores e que uma linda menininha brincava lá… – ele sorri ao se lembrar do sonho.
– Acha que isso tem alguma ligação com o bebe ?
– Não sei, mas acho que tudo é possível agora! – o ômega dá risada.
– Quer tentar comer ? Pensei em fazer torradas… – Yohan sussurra e ergue sua mão esquerda, a levando em direção ao rosto de Enarê. Ele acaricia suas bochechas e sorri.
– Sim, estou faminto! – ele lhe da um largo sorriso, empolgado com a ideia.
– Okay, descanse um pouco! – o alfa se levanta e beija sua testa, em seguida se dirige até a cozinha.
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03:46 horas da noite.
Enarê abre seus olhos de repente e uma estranha dor em seu abdômen, ele tenta se levantar e ao se mover nota que seu pijama esta molhado. Mesmo com dificuldade o ômega se levanta e caminha até o banheiro, ao chegar ele ascende a luz e se olha no espelho. Seu short esta coberto por sangue, o que o deixa assustado, sabia que havia algo errado.
– Yohan! – ele grita e tenta voltar para a cama, mas a dor se intensifica e Enarê precisa se segurar nas paredes para não cair.
– Enarê, o que houve ? – o alfa entra no banheiro ainda sonolento, mas logo se põe alerta ao ver o sangue escorrendo por suas pernas.
– Yohan, o bebê… – o ômega o encara apavorado, não queria perde-lo.
– Vai ficar tudo bem, vou te levar para o hospital! – ele o pega em seu colo e caminha ás pressas para fora do apartamento, levando apenas a chave do carro. Não havia tempo para chamar uma ambulância ou falar com Adam, seu ômega estava sofrendo.
– Isso doi… – Enarê sussurra com a voz debilitada, já quase não podia manter seus olhos abertos.
– Aguente só mais um pouco, nós já vamos chegar! – Yohan caminha o mais rápido que pode pelo corredor, desce as escadas e finalmente chega a garagem. Mas ao coloca-lo dentro do carro nota que Enarê já esta inconsciente, o que o deixa ainda mais assustado.
– Enarê… – ele o chama, tentando faze-lo acordar, mas não há resposta. As lagrimas brotam em seus olhos e mesmo com toda a experiencia medica que tem, não pode evitar de sentir medo.
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Capítulo 41
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La Douce Essence D’un Oméga
Yohan Bastien é um alfa dominante e um médico bem sucedido, mas existe um problema, ele não reage aos feromônios como os outros alfas.
Um dia ele encontra o ômega recessivo Enarê sendo...