Laços

Laços em Carmesim

Capítulo 1 - Uma Noite ao Acaso

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📌 Nota da Autora

📖 Esta obra, Laços Carmesim, está diretamente ligada ao universo de Encoleirado em Carmesim, que acompanha a história de Himeko, uma alfa, e Rurihito, um ômega.

⚠️ Importante:
🔗 A versão completa e original está disponível no AO3 (Archive of Our Own).
🔗 A versão publicada no Wattpad é adaptada.

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——

O ar estava impregnado de calor e promessa — uma mistura de suor, perfume e algo mais visceral, mais cru, que pairava no ambiente como uma segunda pele. O tipo de eletricidade que só um clube como aquele era capaz de destilar. Luxo e lascívia equilibravam-se em perfeita harmonia sob luzes âmbar, filtradas por veludos escuros e cortinas pesadas.

Akihiro ajustou os punhos da camisa sob medida, o tecido colando-se discretamente aos ombros largos, como se também ele soubesse do peso que carregava. Passou pelo segurança da entrada com um aceno seco.

— Bem-vindo de volta, Sr. Hanamura — disse o homem, recuando com uma deferência discreta, olhos reluzentes de respeito e medo.

Akihiro cruzou o salão como quem não pertencia àquele lugar, mas o possuía. Havia algo na sua presença — um magnetismo silencioso, inflexível — que puxava olhares sem exigir. Alfas desviavam, ômegas observavam. E ele, como sempre, ignorava todos.

Não viera pela carne exposta ou pelo perfume de feromônios no ar.

Ele viera para calar um incômodo. Um nome que ainda reverberava na cabeça.

A equipe, já acostumada, o guiou ao seu espaço reservado: um recanto em penumbra, isolado por biombos de madeira entalhada, onde repousava um sofá de camurça escura, macio como pecado. Dali, via-se o salão inteiro — os sussurros, os corpos deslizando, os olhares semicerrados por desejo ou vinho.

Akihiro afundou no sofá. O estofado suspirou sob seu peso, cúmplice silencioso de tantos outros encontros ali. Fez um sinal. A bebida chegou pouco depois, em um copo baixo, adornado por uma única pedra de gelo translúcida.

Ele recebeu o copo com uma inclinação leve da cabeça, como se selasse um pacto antigo. O som do gelo tilintando no vidro preencheu o breve silêncio, marcando o início de uma nova espera. Girou o líquido com movimentos lentos e precisos, olhos fixos em um ponto indistinto do salão, como se contemplasse algo que já estivesse longe demais.

Ainda tentava digerir a conversa com sua irmã. Um rasgo sutil no tecido meticuloso do cotidiano.

Todo Natal repetia-se com a mesma previsibilidade reconfortante: os dois afundados em sofás, partilhando garrafas e sarcasmo, como irmãos comuns. Por algumas horas, deixavam de ser Hanamura. Mas, naquele ano, ela recusara.

“Tenho companhia este ano.” — Disse ela, como quem não deseja ser questionada.

Akihiro não precisou de mais.

“Rurihito”

O nome não fora pronunciado, mas gritou dentro de sua mente. A incredulidade veio primeiro, depois a irritação, e enfim, o incômodo surdo que agora ardia na base de sua nuca. Levou o copo aos lábios. O calor da bebida queimou-lhe a garganta — não o suficiente para apagar o gosto amargo da lembrança.

— Himeko… sua tola. — Murmurou para si.

Jamais compreendera como sua irmã, sempre tão fria, tão cirurgicamente imune a sentimentalismos, pudera se enredar por um simples ômega. Rurihito era bonito — ninguém negaria —, de uma delicadeza fabricada para provocar, com aquele ar de submissão que alimentava os instintos mais baixos dos alfas. Mas Himeko não queria apenas possuí-lo. Queria ficar só com com ele para sempre.

Aquilo não era apenas estranho — era perigoso. Era… um desperdício.

Akihiro bufou, um som breve, quase inaudível.

Nunca entendera essa obsessão com o apego. Laços, compromissos, exclusividade… tudo isso não passava de correntes disfarçadas de sentimentalismo barato. A vida era curta, e havia uma infinidade de corpos bonitos para aproveitar, uma variedade infinita de olhares sedutores e toques ansiosos à espera de alguém que soubesse apreciá-los.

Por que, em nome de qualquer lógica, alguém escolheria o peso de pertencer com um único parceiro? Girou o copo entre os dedos, observando a dança do âmbar líquido à meia-luz. Um riso seco lhe escapou.

Se Himeko queria brincar de casinha, que o fizesse. Mas ele ainda lembrava do valor do desapego. Da liberdade crua. Da noite que não cobra explicações.

Terminou o copo de uma vez. O líquido desceu com violência contida. Quando se ergueu, os músculos carregavam decisão. O incômodo transformara-se em impulso.

Não precisava dela para fazer da noite algo memorável.

O som grave do baixo pulsava no ar, vibrando em seu peito como um segundo batimento cardíaco. De onde estava, podia ver corpos se insinuando uns contra os outros, em danças contidas, coreografadas pela volúpia. O clube não era um caos — era um ritual. E Akihiro sabia exatamente onde entrar.

Caminhou até o salão central. Os olhares o acompanharam. Como sempre.

As pessoas não dançavam como em uma balada qualquer — ali, os movimentos eram mais íntimos, mais calculados. O espaço parecia respirar com luxúria e controle. Um palco silencioso para os jogos mais privados.

Uma figura surgiu entre os corpos: olhos escuros, feições suaves, passos felinos. O tipo de beleza que Akihiro não apenas preferia — mas esperava. Esbelto, quase frágil, contrastava com a virilidade espalhada ao redor.

O toque veio primeiro. Um dedo na manga. Um gesto comedidamente atrevido.

Akihiro não hesitou. Puxou-o pela cintura, os corpos colidindo com familiaridade instintiva. Suas mãos desceram pela curva dos quadris, sentindo o calor através do tecido. A respiração do rapaz falhou por um segundo.

Então os lábios se encontraram — não em um beijo gentil, mas em um choque quente de intenções. A língua de Akihiro era precisa, exigente. Ele se afastou apenas o suficiente para devorar o pescoço alheio, onde a pele pulsava mais sensível. O garoto gemeu baixo, com dedos se embrenhando em seus cabelos.

Outro se aproximou. Diferente, mais ousado — sorriso provocador, olhos lânguidos. A presença exigente, oferecendo-se como se soubesse que seria aceito.

Akihiro não recusou.

Beijou o segundo rapaz com igual fervor.

Compartilhou o gole restante de sua bebida com ele — o líquido deslizou entre bocas, quente e doce, uma espécie de comunhão profana.

Não houve pressa.

Os corpos se alternaram, como ondas obedientes ao seu toque. Um sussurro aqui, um arranhão ali. Mãos sobre peito, coxas, nucas. Línguas e desejo escorrendo pelos dedos.

Foi por isso que ele viera.

Pelo esquecimento em pele alheia. Pelo prazer sem nome, sem consequência.

Mas o prazer, como sempre, tinha prazo. E cobrou o seu.

Ofegante, com o peito subindo em intervalos lentos, Akihiro afastou-se. Voltou para o sofá com passos pesados, os músculos ainda vibrando. Acendeu um cigarro. A brasa crepitou na ponta, iluminando sua expressão por um instante.

Não precisou esperar por muito tempo.

Os dois rapazes — belos demais para serem apenas acasos — surgiram à beira de sua mesa como se atraídos por um ímã silencioso. Os olhos brilharam na penumbra, e um deles, o de feições mais suaves, inclinou-se ligeiramente.

— Podemos nos juntar a você? — perguntou, a voz aveludada e carregada de uma expectativa quase reverente.

Akihiro esboçou um sorriso contido, mais sugestão do que promessa, e indicou o espaço vazio ao seu lado com um gesto preguiçoso.

— Fiquem à vontade.

Eles se acomodaram, as silhuetas se aproximando do corpo do alfa como se buscassem gravidade em sua presença. Akihiro não hesitou. Uma das mãos firmes puxou o mais delicado dos dois para o colo, como se reivindicasse algo que já lhe pertencesse por direito. O rapaz deixou escapar um suspiro surpreso — meio riso, meio rendição — mas não resistiu. Apenas se moldou àquele corpo maior, deixando-se manusear como se sua função ali fosse justamente essa.

Os dedos de Akihiro se moveram com destreza, explorando o dorso alheio, contornando a curva da cintura, descendo até os quadris com uma posse silenciosa.

“Tão delicado… quase frágil” — pensou, com os olhos semicerrados de apreciação.

— Qual o seu nome? — perguntou, a voz grave vibrando contra a clavícula do rapaz em seu colo.

— Shun. E você é… Hanamura, certo? Já ouvi falar de você.

Akihiro demorou-se por um instante, os olhos descendo com naturalidade ao longo da figura diante dele. O rapaz vestia o uniforme habitual dos funcionários do clube: uma peça única que lembrava um maiô justo, com tiras que partiam do quadril e se prendiam às meias finas, que por sua vez subiam até o alto das coxas. As tiras se cruzavam à frente e atrás, delineando o corpo com sensualidade meticulosa. Havia uma tiara com orelhas de coelho pousada entre os fios claros, um adorno no pescoço — uma gravata estreita, talvez, ou uma gargantilha de cetim — e, nos pulsos, punhos soltos imitando mangas de camisa. Tudo cuidadosamente escolhido para provocar, sem nunca tocar o vulgar.

Akihiro ergueu uma sobrancelha, um traço de vaidade se insinuando em seu sorriso.

— Espero que só tenha ouvido o melhor.

Ele recostou-se mais profundamente no sofá, deixando um dos braços estendidos ao longo do encosto, como um rei em seu trono.

— Só o melhor — respondeu Shun, com um sorriso tímido que desmentia o brilho ávido em seus olhos. — Posso? — perguntou, apontando para a garrafa e o copo sobre a mesa.

Akihiro assentiu com um leve meneio de cabeça. Observou o rapaz servir a bebida e entregar-lhe o copo com as duas mãos, como se prestasse uma oferenda.

Foi então que o segundo garoto se inclinou. Seu hálito tocou os lábios de Akihiro antes que as palavras se formassem.

— Você é demais — murmurou, antes de tomá-los em um beijo profundo e imprudente.

O alfa respondeu com igual fervor, uma das mãos ainda firmemente pousada nas costas de Shun, que se contorcia levemente, a respiração já alterada, os olhos semicerrados em deleite.

Não demorou para que o espaço entre os três evaporasse. Os corpos gravitavam em torno de Akihiro como satélites enfeitiçados, atraídos por um centro de desejo.

Seus dedos deslizaram sem pressa até a base das nádegas de Shun, provocando um pequeno sobressalto no rapaz, seguido de um arrepio que lhe percorreu a espinha. A boca de Akihiro se afastou da do segundo garoto e voltou-se para Shun, que o encarava com um rubor vivo nas faces.

Shun se inclinou — tímido, mas faminto — e capturou os lábios de Akihiro em um beijo que começou casto, quase reverente. Mas a doçura não durou. Em poucos segundos, a língua de Shun procurava a dele com uma intensidade inesperada, como se algo nele tivesse finalmente sido liberado.

Suas mãos subiram pelo torso do alfa, os dedos trêmulos ao desabotoar a camisa com uma mistura de ousadia e hesitação. Akihiro afastou-se por um instante, o peito arfando, enquanto seus olhos avaliavam cada reação do rapaz em seu colo.

O outro garoto apenas observava, com um meio sorriso e os dedos espalmados sobre a coxa de Akihiro.

— Isso está divertido — disse, com uma voz rouca, entre a provocação e a sugestão. — Mas talvez devêssemos ir para um lugar mais… reservado.

Shun pareceu hesitar por um segundo. Seus olhos estavam arregalados, não de medo, mas de entusiasmo contido. Seus dedos ainda agarravam a camisa parcialmente aberta de Akihiro, como se temesse que a sugestão levasse aquele momento embora.

— Eu… estou bem com isso — disse, com a voz entrecortada, quase ofegante.

Akihiro soltou uma risada baixa, rouca, como se tivesse acabado de ouvir exatamente o que queria.

— Ótimo — disse, enquanto seus dedos apertavam Shun com mais firmeza, estabelecendo domínio com um simples gesto.

O segundo garoto roçou os dedos pelo braço de Akihiro, subindo em um toque contínuo, insinuante. O pulso do alfa acelerou — não por nervosismo, mas pela antecipação do que viria.

Akihiro ergueu-se com naturalidade, como se levantar com um homem nos braços fosse algo corriqueiro — e para ele, talvez fosse. Shun foi colocado no chão com precisão, ajustando-se de imediato, os braços ainda em torno do pescoço do alfa, as pernas apertando sua cintura num reflexo involuntário, como se seu corpo relutasse em se afastar.

Os três seguiram pelo corredor interno do clube, onde a luz era mais baixa e o ar, mais pesado. A música parecia mais distante ali, transformada em pulsações graves que vibravam nas paredes. Sombras se alongavam sobre o tapete espesso, e o perfume do ambiente misturava especiarias com desejo.

Akihiro encostou Shun contra a parede de mármore escuro do corredor, uma das mãos firme na cintura do rapaz, enquanto a outra explorava livremente. O beijo que se seguiu foi mais bruto, mais urgente. Shun suspirou contra seus lábios, as mãos buscando algo em que se apoiar.

O segundo garoto não ficou para trás. Estava ali, junto ao pescoço de Akihiro, sussurrando com hálito quente:

— Não me deixe de fora…

Os dedos deslizaram por dentro da camisa aberta, depois buscaram o cós da calça, provocando um gemido involuntário do alfa. A sensação era densa, avassaladora.

Akihiro afastou-se apenas o suficiente para recuperar o controle. Segurou Shun pelo pulso com firmeza e lançou um olhar ao outro rapaz — dominador, decidido, quase um convite autoritário.

Sem dizer palavra, os guiou pelo corredor até uma das salas privadas. A porta se fechou atrás deles com um clique seco — firme como um veredicto.

O interior era abafado e luxuoso: paredes forradas de veludo vinho, um sofá largo com encosto em capitonê, cortinas espessas abafando o som. A iluminação era suave, difusa, como se o quarto flutuasse entre sonho e delírio.

Shun estava de pé, ligeiramente hesitante, o corpo rígido sob o peso da expectativa. Já o outro garoto — aquele cujo nome Akihiro ainda não se dera ao trabalho de perguntar — recostava-se com despretensiosa arrogância à parede mais próxima, os lábios curvados em um sorriso de quem está perfeitamente ciente do próprio charme. Havia algo em seu olhar — uma confiança lasciva, destemida — que deixava claro: ele era o mais experiente entre os dois. E Akihiro já sentia a eletricidade se condensando no ar ao redor deles.

— Relaxe — murmurou o alfa, aproximando-se de Shun com passos firmes e controlados. Sua voz, baixa e sedosa, parecia revestida de veludo.

Com a ponta dos dedos, segurou o queixo do rapaz e ergueu-lhe o rosto, forçando-o a encarar seus olhos. Shun prendeu a respiração, os olhos arregalados buscando em Akihiro uma âncora, algo que o impedisse de se perder completamente naquilo.

Um leve sorriso curvou os lábios do alfa, e seu polegar deslizou devagar pelo lábio inferior do rapaz, como se o moldasse. Atrás dele, o outro garoto já se aproximava, as mãos envolviam o dorso de Akihiro com um tato que misturava provocação e promessa. Seus lábios roçaram a nuca do alfa, deixando um rastro quente contra a pele.

— Não se esqueça de mim — sussurrou, carregando na voz uma malícia entorpecente.

Sem esperar resposta, o garoto o girou pela cintura e tomou seus lábios num beijo voraz. Sua língua era experiente, impetuosa, saboreando Akihiro com uma fome desavergonhada. As mãos do alfa deslizaram até os quadris do rapaz, apertando com firmeza, puxando-o contra si em um convite silencioso.

Shun os observava com os lábios entreabertos e as faces tingidas por um rubor ardente. Seus olhos oscilavam entre fascínio e timidez, incapazes de decidir se desviavam ou se absorviam cada detalhe daquela cena. O calor na sala parecia palpável, espesso, como se as paredes absorvessem e refletissem o desejo.

O garoto travesso interrompeu o beijo com uma risadinha rouca, os dedos já trabalhando nos botões da camisa de Akihiro.

— Vamos tirar isso de você — disse, com um tom entre brincalhão e imperativo.

Deslizou o tecido pelos ombros largos do alfa, expondo o peito firme e delineado. Então se inclinou, os lábios traçando um caminho lento e provocante desde a base do pescoço até a clavícula, deixando saliva quente como assinatura.

A cabeça de Akihiro tombou para trás, e um gemido grave escapou-lhe dos lábios. A sensação dos dentes roçando sua pele, das mãos descendo para desafivelar seu cinto com destreza… aquele rapaz sabia exatamente o que fazia.

Shun, vencendo a hesitação, deu um passo à frente. Seus dedos hesitaram no cós da calça de Akihiro, e então o olhar se ergueu, buscando permissão. O alfa respondeu com um aceno quase imperceptível, mas o desejo em seu olhar era tão denso que poderia ser tocado.

— Vá em frente — murmurou, com a voz rouca de antecipação.

A respiração de Shun vacilou. Com mãos trêmulas, desceu a calça de Akihiro, revelando sua ereção parcial. Engoliu em seco — não por inexperiência, mas pela intensidade do momento. O modo como Akihiro o observava, como o outro garoto o tocava… tudo parecia concentrar-se ali, pulsante e inevitável.

Ajoelhou-se, as mãos apoiadas nas coxas do alfa. Inclinou-se, os lábios roçando a glande com uma timidez inicial, que rapidamente se dissipou à medida que a língua começou a explorar, a deslizar, a girar. A inspiração entrecortada de Akihiro foi todo o encorajamento de que Shun precisava.

— Porra… — sussurrou o alfa, os dedos mergulhando nos cabelos de Shun, guiando-o com uma mistura de firmeza e indulgência.

O início foi hesitante, mas logo a boca quente e úmida envolvia-o por completo. A língua se movia com ritmo e intenção, provocando espasmos de prazer que subiam em ondas por sua espinha. Shun era surpreendentemente bom — sua entrega, seu foco, a forma como cada gesto parecia calibrado para o prazer de Akihiro.

O outro rapaz sorriu, claramente satisfeito com a cena diante de si. Suas mãos deslizaram pelo abdômen exposto do alfa enquanto se inclinava para mais um beijo. Suas bocas se encontraram em choque, as línguas dançando em uma intensidade que fazia o mundo ao redor desaparecer.

As mãos dele exploravam sem restrição — traçavam linhas no abdômen, provocavam os mamilos, agarravam os ombros com possessividade. A boca de Shun continuava seu trabalho, dedicada, atenta, e cada nova investida era mais profunda, mais audaciosa. Seus lábios sugavam, sua língua girava, e suas mãos seguravam firmemente as coxas do alfa, como se assim pudesse ancorar-se.

Akihiro sentia-se à beira. O prazer vinha em ondas, intercalando calor e vertigem. Quando olhou para baixo e viu os lábios de Shun esticados em torno de seu membro, não conteve o gemido rouco que lhe escapou.

— Caralho… você é bom nisso.

Shun ergueu os olhos. A expressão ainda era doce, mas havia algo ali — um brilho, uma fome contida — que deixou o estômago de Akihiro em chamas. Ele pousou a mão sobre a cabeça do rapaz, pressionando-o com mais firmeza, incentivando-o a aprofundar. Shun obedeceu, sem resistência, permitindo que sua garganta se moldasse ao tamanho do alfa.

O garoto travesso deu uma risada baixa, enquanto uma das mãos descia por seu próprio corpo, acariciando-se através do jeans justo.

— Você não é o único que está gostando disso — provocou, com a voz abafada e quente. Aproximou-se ainda mais, pressionando-se contra o lado de Akihiro, seus corpos alinhados. — Mas acho que é a minha vez.

Akihiro virou o rosto e o puxou para mais um beijo, dessa vez mais urgente, mais possessivo. Suas mãos percorriam o corpo do rapaz como se quisessem memorizá-lo às cegas, puxando-o para junto de si com força. Enquanto isso, Shun permanecia ajoelhado, entregue, seus movimentos ganhando ritmo, profundidade e confiança.

Cada investida da boca de Shun era um golpe de prazer concentrado. Sua língua envolvia, sua sucção apertava, e sua garganta se abria com uma dedicação que beirava o reverente. Akihiro tremia, o corpo reagindo sem controle. Quando veio, foi com um gemido grave e contido, os quadris balançando, a mão apertando os cabelos de Shun com força.

Shun não recuou. Engoliu cada pulsação, os lábios firmemente fechados ao redor dele, até que o corpo de Akihiro estivesse completamente saciado.

O corpo do alfa relaxou contra o estofado luxuoso, os músculos ainda tensos sob a pele úmida. Seu peito subia e descia em respirações pesadas, e ele olhou para baixo, onde Shun ainda permanecia ajoelhado, os olhos enevoados e os lábios inchados, marcados pelo que acabara de fazer.

— Isso foi… admirável — murmurou Akihiro, sua voz rouca, carregada de prazer saciado.

Shun esboçou um sorriso tímido, um rubor se espalhando lentamente por seu rosto.

— Que bom que… agradou — respondeu ele, com um tom vacilante, mas genuíno.

Atrás dele, o outro rapaz — aquele cuja identidade Akihiro ainda não havia solicitado — recuou um passo e cruzou os braços, o sorriso agora mais largo e provocante.

— E eu? — indagou, num tom meio divertido, meio exigente. — Acha justo me deixar esperando assim? Ainda nem comecei a me divertir.

Akihiro soltou uma risada baixa e preguiçosa, passando os dedos pelos cabelos desalinhados.

— Tenha paciência — respondeu, com a voz impregnada de charme. — Ainda estamos apenas aquecendo.

Então Akihiro voltou sua atenção ao rapaz travesso, o olhar afiado e malicioso. O rapaz já estendia as mãos na direção de seu corpo, retomando contato com o membro ainda úmido.

— Me chame de Ryu — disse o rapaz, finalmente revelando seu nome. Sua voz era baixa, rouca, carregada de uma autoconfiança quase perigosa. Havia algo em sua postura — o modo como se inclinava, como sorria — que provocava diretamente os instintos mais primitivos de Akihiro.

— Ryu… — repetiu Akihiro, saboreando o nome com a ponta da língua, como se provasse um vinho raro. — Vamos ver se você sabe acompanhar o ritmo.

Ryu não hesitou. Suas mãos se moveram com precisão até a cintura, desfazendo os fechos e deixando as roupas caírem aos pés com um movimento fluido. Ao ficar nu da cintura para baixo, revelou um corpo magro e elegante, sem vergonha alguma da própria nudez.

A respiração de Akihiro engatou por um instante — a imagem diante dele era arrebatadora.

Ryu subiu em seu colo com uma desenvoltura hipnótica, os movimentos ensaiados como um dançarino acostumado ao palco.

— Já estou relaxado — sussurrou ao ouvido de Akihiro, os lábios roçando sua orelha com deliberada lentidão. — E eu sou um beta. Não há com o que se preocupar.

Aquelas palavras foram como combustível. Akihiro agarrou os quadris de Ryu instintivamente, puxando-o para mais perto até que seus corpos se alinhassem. Ele podia sentir o calor da pele do outro rapaz contra a sua, a leve tensão no abdômen de Ryu quando seus membros se tocaram.

Com um olhar direto, quase desafiador, Ryu se posicionou e começou a descer lentamente sobre Akihiro, os olhos fixos nos dele.

A cabeça de Akihiro caiu para trás, um gemido escapando por entre os dentes.

— Porra… — sibilou Ryu, a voz falha, trêmula, enquanto se sentava por completo, empalado até a base. Seus dedos fincaram nos ombros de Akihiro, buscando apoio para lidar com o impacto.

Akihiro não podia esperar. Seus quadris começaram a se mover de imediato, impulsos profundos, rítmicos, que arrancaram gemidos de ambos.

Ryu se movia com desenvoltura, seus quadris ondulando com precisão enquanto os dois corpos se ajustavam um ao outro. O calor entre eles era intenso, abafado pela atmosfera íntima da sala.

Enquanto isso, Shun observava, os olhos arregalados e brilhantes, a respiração descompassada. Sua excitação era evidente. Ele levou o copo à boca, tentando esconder o tremor nas mãos com um gole da bebida que pouco ajudou a aliviar o tumulto em seu peito.

Não resistiu por muito tempo. Aproximou-se e capturou os lábios de Akihiro em um beijo úmido e urgente.

A mão de Akihiro se estendeu, alcançando Shun por trás. Seus dedos deslizaram sob o tecido fino da roupa íntima, explorando a pele macia com uma naturalidade instintiva.

— Você está completamente molhado… — murmurou contra os lábios de Shun, a voz rouca, carregada de desejo. Seus dedos circulavam a entrada sensível do ômega, provocando-o.

Shun gemeu baixinho, empurrando os quadris contra a mão que o acariciava.

— M-mais… — implorou, quase sem voz.

Akihiro obedeceu. Um dedo deslizou para dentro de Shun, sentindo seu calor e a resistência que cedia com lentidão deliciosa. Em seguida, veio o segundo, seus dedos se curvando da forma exata que arrancou de Shun um grito arrebatado.

A frustração latente em Akihiro se tornou evidente. Ele desejava estar dentro de Shun, sentindo aquele calor apertado ao redor de si. Um ômega era insubstituível. Por mais habilidoso que Ryu fosse, não havia comparação.

— Por que não toma o lugar dele? — murmurou, a voz carregada de luxúria e urgência.

Shun balançou a cabeça, os olhos enevoados pelo prazer. Ele mal conseguia formar palavras. Mas seu corpo, em resposta aos dedos que o penetravam e provocavam, dizia o contrário.

Ryu, atento, intensificou seus movimentos, seu corpo se ajustando às estocadas profundas que Akihiro ainda conseguia manter, mesmo com Shun desfalecendo contra seu peito.

Beijou Shun novamente, a língua invadindo sua boca com domínio, o beijo faminto e possessivo. Os dedos de Akihiro não paravam, conduzindo Shun à beira do êxtase.

Quando veio, Shun estremeceu violentamente. Seu clímax foi tão intenso que jorrou por sobre a mão de Akihiro e em seu próprio abdômen. Akihiro o acolheu contra si, tirando os dedos com delicadeza, enquanto Shun arfava e se aninhava em seu peito, o corpo ainda tremendo.

Mas Akihiro não havia terminado.

Sua atenção voltou para Ryu. Seus quadris começaram a bater com mais força, mais urgência. Ryu não conteve os gemidos. Seu corpo tremia com cada estocada, o prazer oscilando entre o controle e o abandono total.

— Mais forte… — implorou ele, as unhas se cravando nos ombros de Akihiro.

E Akihiro obedeceu. As estocadas se tornaram selvagens, cruas, implacáveis. Quando enfim alcançou o clímax, Akihiro derramou-se dentro de Ryu com um gemido alto, o corpo convulsionando com o impacto.

Ryu não resistiu. O orgasmo o atingiu logo em seguida, sua semente cobrindo o peito de Akihiro, ambos se desfazendo no calor do momento.

Por instantes, só o som das respirações pesadas preenchia a sala. O mundo parecia suspenso.

Mas o silêncio foi abruptamente quebrado.

Uma batida firme soou à porta, seguida pela voz contida de um funcionário.

— Com licença.

— O que foi? — A irritação na voz de Akihiro era nítida, os olhos semicerrados enquanto exalava uma fina coluna de fumaça.

— Desculpe incomodar, senhor Hanamura, mas precisamos que Shun retorne ao salão.

Akihiro estalou a língua, impaciente. Ryu, ainda sorrindo como se a interrupção fosse apenas mais um jogo, deslizou para fora do colo dele. Pegou suas roupas do chão com um movimento fluido, sem pressa.

— Acho que vou também. — Ele lançou um olhar travesso por sobre o ombro. — Você é um espetáculo, adorei. Mas deve haver outros alfas na pista de dança esperando por um pouco da minha atenção. Vamos repetir isso outro dia.

Com um piscar ousado, Ryu desapareceu pela porta, acompanhado de Shun, que ainda se movia como se estivesse em transe. As bochechas coradas e os olhos levemente turvos entregavam o estado em que havia sido deixado.

Akihiro soltou um suspiro frustrado e acendeu outro cigarro. Vestiu as calças sem pressa, deixando a camisa aberta, os botões esquecidos. O gosto da noite, embora ainda fresco em seu corpo, já começava a perder o brilho.

— Senhor Hanamura, mais uma vez peço desculpas pela intromissão. — A funcionária entrou, um tanto apressada, mas mantendo a postura. — Para compensar, gostaríamos de apresentar um novo membro do clube, disponível neste momento.

Akihiro não respondeu, apenas observou com tédio. O cansaço era mais psicológico do que físico. Se aquilo servisse ao menos para distraí-lo, não recusaria.

A mulher voltou-se para a porta, falando algo baixo com o rapaz que permanecia do lado de fora. Ele entrou.

A presença dele era inesperadamente sóbria. O corpo esguio, a postura formal — embora levemente rígida — e a expressão contida davam-lhe uma elegância quase ensaiada. Não havia fragilidade em sua figura, mas um tipo de reserva que parecia moldada pela necessidade. Seus cabelos loiros e lisos caiam ordenadamente até a cintura, emoldurando a pele morena marcada por sardas discretas. Os olhos âmbar, com um centro esverdeado, sustentavam um brilho contido — algo entre vigilância e firmeza.

— Hanamura-sama — disse a funcionária, segurando-o gentilmente pelos ombros. — Este é KwonJun, senhor.

Akihiro avaliou-o com um olhar clínico. A luz amarelada do ambiente realçava o contraste da pele morena com os fios dourados. Havia algo intrigante naquela composição — uma beleza silenciosa, que não se oferecia, mas também não se escondia.

— Você é novo aqui — comentou, com a voz grave, carregada de uma autoridade que parecia pesar no ar. Jun estremeceu, quase imperceptivelmente.

O cheiro de feromônio alfa preencheu o ambiente como uma maré lenta e inevitável, e Akihiro sabia disso. Era parte de sua presença. Seus olhos percorreram Jun sem pudor, notando o leve tremor nos ombros, o aroma cítrico e herbáceo que se agarrava ao garoto como um escudo defensivo.

— Sim, senhor. É minha primeira noite.

Akihiro se recostou no sofá, os dedos tamborilando sobre o estofado com um ritmo lento e constante, como se testasse a paciência do outro.

— Primeira noite — repetiu, num tom casual demais para ser inofensivo. Voltou-se para a funcionária. — E o colocaram numa sala privada comigo. Qual a lógica disso?

— Estamos com poucos funcionários esta noite. — Ela hesitou por um instante. — No entanto, este novo integrante se destacou pela conduta e perfil. Acreditamos que pode agradá-lo.

Akihiro soltou a fumaça lentamente, o olhar ainda fixo em Jun.

— Serve.

— Apenas faça o seu melhor. Este cliente é o nosso cliente mais importante. — Ela sussurrou para Jun.

A palavra soou simplória. Akihiro não era apenas importante — era perigoso. Jun sabia disso no segundo em que cruzou o olhar com ele.

— Se houver qualquer problema, por favor, me avise, Hanamura-sama.

— Claro. — A resposta veio seca.

A funcionária saiu e a porta se fechou, deixando atrás de si um silêncio que parecia crescer, denso como fumaça. Jun permaneceu imóvel por alguns segundos, observando Akihiro com uma expressão que oscilava entre prudência e contenção.

Akihiro apenas indicou o espaço ao seu lado com um leve toque no estofado.

— Vem cá.

A voz não era alta, mas carregava um magnetismo que não admitia recusa. Jun se aproximou com passos contidos e sentou-se, mantendo a postura ereta, mãos repousando sobre as coxas, os dedos entrelaçados com leve tensão.

— Primeira vez com um cliente?

— Não, senhor.

Akihiro ergueu uma sobrancelha, voltando a tamborilar os dedos. O som ecoava entre eles como um relógio lento e cruel.

— Então por que está tão nervoso? Não parece o tipo de lugar que combina com você.

Jun hesitou antes de responder.

— Acho que ninguém realmente deseja estar aqui — disse, com uma honestidade que pareceu surpreender até a si mesmo.

Akihiro riu de canto.

— Justo.

Ele gostava de respostas assim. Não eram comuns. A maioria fingia ou mentia mal. Ele preferia a crueza.

— É a minha primeira vez trabalhando com… certos tipos de pessoas.

— Quer dizer Yakuza? — O silencio de Jun o entregou. Akihiro deixou uma rizada seca escapar.

“Coitado, vai ser comido vivo” — Ele pensou.

— Já sabe quem sou, então.

— Sei o que me disseram, apenas.

— E o que disseram?

— Que o senhor prefere pessoas… experientes.

A voz dele falhou no fim, um sussurro engasgado.

Akihiro curvou os lábios num sorriso frio.

— Exato. — Ele se inclinou levemente, os olhos apertando-se como lâminas. — Mas você não é, então me diga… o que pode fazer por mim?

Jun demorou, mas respondeu, com a voz baixa:

— Acho que posso agrada-lo como quiser.

O sorriso de Akihiro se alargou. Voltou a se recostar com naturalidade, como se estivesse apenas esperando que a peça certa se encaixasse no jogo.

— Boa resposta.

Pegou a garrafa de saquê sobre a mesa, serviu-se com movimentos elegantes. O líquido claro refletiu a luz tênue do ambiente.

— Fale de você — disse, como quem puxa conversa para preencher o tempo.

— O que… você gostaria de saber?

— Qualquer coisa. Por que está aqui?

Jun hesitou novamente. A verdade era desconfortável e vulgar demais para ser dita.

— Precisei… tentar uma nova abordagem.

Akihiro ergueu uma sobrancelha, divertido.

— Nova abordagem — repetiu, degustando as palavras. — E como tem funcionado?

As bochechas de Jun avermelharam. Ele apertou as mãos sobre as pernas.

— É apenas minha primeira noite.

Akihiro riu, um som grave que reverberou entre eles como trovão abafado.

— Entendo. Mas deixe-me te dar um conselho: neste mundo, o novo não dura muito tempo. Ou você se adapta… ou é engolido vivo.

Jun engoliu seco, o coração martelando sob as costelas. Assentiu, sem conseguir encontrar resposta.

Akihiro o observou por mais um instante, então levantou-se. Sua presença dominava o espaço, e quando se aproximou, Jun sentiu a diferença de estatura e energia como um peso físico. Akihiro segurou-lhe o queixo, com firmeza. Fez o garoto encará-lo.

— Você com certeza é bonito.

— Obrigado, Hanamura-sama.

— Eu cuidarei de você. — Murmurou.

A frase soou mais como um aviso do que uma promessa.

Os olhos de Jun se fecharam. O toque de Akihiro era quente e exigente, suas mãos mapeando o corpo alheio como se o reconhecessem por instinto. Seus lábios roçaram a pele do pescoço de Jun, mordiscando, provocando, reclamando território.

Jun não resistiu.

A noite apenas começara.

——

A suíte privada do clube era tudo o que Jun imaginara — e, ainda assim, absolutamente diferente do que previra. O ambiente se estendia em uma quietude opulenta, revestido por móveis de linhas modernas, poltronas em couro escuro e iluminação difusa que tingia os contornos com um dourado suave. O ar estava impregnado de um aroma denso — couro, madeira polida e algo mais primitivo, instintivo — um cheiro que apertou seu estômago assim que cruzou a soleira da porta.

Atrás dele, a porta se fechou com um estalo firme. O som da trava soando como um lacre definitivo reverberou por sua espinha, e não precisou olhar para saber que Akihiro já o observava. O peso daquele olhar era quase palpável: escuro, ilegível, e faminto. Jun sentiu o coração acelerar. Havia algo predatório naquela presença — algo que deveria incitar medo, mas que só o deixava mais desperto.

— Sente-se — disse Akihiro, a voz baixa, grave como um trovão à espreita.

Jun obedeceu sem hesitar. Acomodou-se no sofá de couro macio, os joelhos unidos com rigidez, as mãos repousando sobre as coxas. A tensão era visível em seus ombros e no modo como os dedos se apertavam, nervosos. Akihiro não o acompanhou. Permaneceu de pé por um momento, sua silhueta imponente à contraluz, antes de se aproximar. Com um único dedo, ergueu o queixo de Jun, forçando-o a encará-lo.

— Já fez isso antes, certo? — indagou, o tom informal contrastando com a intensidade contida nos olhos.

Jun hesitou, depois acenou, com um movimento quase tímido.

— Sim.

O sorriso que surgiu nos lábios de Akihiro foi breve, quase enigmático. Voltou a tocar o queixo de Jun, guiando seu rosto com precisão calculada.

— Ótimo — murmurou, antes de selar seus lábios aos dele.

O beijo foi trêmulo no início. Jun respondeu com hesitação, seus movimentos desajeitados traindo a inexperiência. Akihiro se afastou com um sorriso torto, entre o escárnio e a indulgência.

— Você não sabe beijar.

O rubor subiu violentamente ao rosto de Jun.

— Eu… sinto muito. Nunca precisei…

— Não importa — cortou Akihiro, firme. — Ponha a língua para fora.

Jun obedeceu, os olhos fixos nos dele. Akihiro voltou a se inclinar, a língua encontrando a do ômega com firmeza e precisão. Guiava os movimentos, moldava, ensinava. E Jun, pouco a pouco, começava a acompanhar, rendendo-se ao compasso exigido por ele. Quando enfim se afastaram, seus lábios estavam inchados, os olhos enevoados.

— Melhor — murmurou Akihiro, a voz agora mais baixa, quase um ronronar. — Vamos ver como lida com o resto.

Jun sustentou o olhar. Havia algo naquela intensidade que o desarmava — como se Akihiro enxergasse além da superfície, através de cada camada cuidadosamente construída.

Akihiro o guiou em silêncio até a cama. Com um gesto, indicou que ele se deitasse. Os fios loiros de Jun se espalharam como ouro pálido sobre os lençóis escuros, e o contraste foi quase poético.

O alfa se inclinou, os lábios pairando a meros centímetros dos seus. A respiração de Jun ficou presa na garganta, mas antes que pudesse reagir, Akihiro se afastou. Levou as mãos ao cinto e começou a se despir com uma naturalidade quase insolente.

Os olhos de Jun seguiram cada movimento, absorvendo os detalhes — as tatuagens que marcavam o torso do homem, desenhos intricados e firmes, como inscrições de uma história que ele ainda não conhecia, mas já o fascinava.

Quando Akihiro ficou nu, avançou com lentidão, o olhar ainda cravado nos dele.

— Sua vez.

Os dedos de Jun hesitavam ao abrir os botões. Cada camada removida expunha mais do que pele — expunha a si mesmo. Quando os ombros ficaram nus, Akihiro não disfarçou o modo como o observava.

A mão do alfa alcançou seu peito e tocou as sardas com lentidão, como se quisesse memorizá-las com a ponta dos dedos. O toque deslizou, descendo pela barriga até os quadris. Em seguida, com um único gesto, ele puxou as peças restantes. Jun estremeceu quando o ar frio encontrou sua pele nua, mas o que realmente o desarmou foi o calor denso no olhar de Akihiro.

As mãos do alfa estavam em toda parte — não havia pressa, apenas domínio. O ritmo era dele, e Jun não resistia.

Akihiro pegou o frasco de lubrificante com familiaridade, cobriu os dedos e se posicionou entre as pernas de Jun, abrindo-as com firmeza. Seus olhos escureceram ao encarar a entrada do ômega, já úmida, receptiva.

Jun gemeu ao sentir os dedos invadindo-o, com um toque que era tanto provocação quanto preparação. Seu corpo apertava ao redor da invasão, reagindo ao estímulo com uma entrega involuntária.

Akihiro curvou os dedos até encontrar o ponto exato — e Jun arqueou o corpo, um gemido agudo escapando antes que pudesse reprimi-lo.

— Aí está — murmurou o alfa, e havia algo entre um rosnado e um elogio em sua voz.

Os movimentos de Akihiro tornaram-se mais ritmados, deliberados, seus dedos explorando o interior de Jun com uma precisão quase cruel. Cada investida provocava a próstata do ômega com exatidão meticulosa, arrancando reações viscerais. Jun se contorcia debaixo dele, os lençóis sendo puxados com tanta força que os nós dos dedos empalideciam, as articulações tensionadas pelo prazer crescente. Sua respiração era curta, entrecortada — não havia mais espaço para lógica, apenas para a onda ascendente de sensações que o envolvia por completo.

— Ah… ah, por favor… — gemeu, a voz trêmula, dilacerada pela urgência.

Akihiro, porém, manteve o ritmo inabalável. Seus dedos deslizavam mais fundo, mais rápido, até que o corpo de Jun perdeu toda resistência — estremecendo num espasmo involuntário e total. O clímax o atingiu em cheio, brutal, como uma maré que não admite recuo. Ele gozou com violência, o pênis latejando, cada fibra de seu corpo tensionada, sacudida pela intensidade da liberação.

Akihiro retirou os dedos devagar, os olhos cravados no rosto ruborizado do ômega.

— Impressionante — murmurou, com um sorriso enviesado que era mais constatação do que elogio. — Você gozou só com isso. Mais sensível do que eu imaginava.

Jun virou o rosto de lado, as bochechas em chamas, mas não teve tempo para responder. Akihiro se inclinou de novo, seus lábios encontrando um dos mamilos, mordendo-o com lentidão provocadora. Alternou entre mordidas e sucções, entremeando cada gesto com toques precisos de língua — arrancando gemidos frágeis e tremidos de Jun, que se debatia sob o calor crescente do toque.

Só quando o mamilo já estava visivelmente rubro e úmido, Akihiro se afastou. Pegou uma camisinha do criado-mudo, rasgou a embalagem com os dentes e a deslizou sobre o próprio membro com eficiência quase clínica. Seus olhos nunca deixaram Jun.

— Fique de joelhos — ordenou, a voz densa, sem espaço para hesitação.

Jun obedeceu, ainda trêmulo. Suas pernas vacilaram ao movimentar-se, os cotovelos buscaram apoio sobre o colchão, os quadris ligeiramente erguidos. Akihiro o observou por um instante, calado, absorvendo a visão diante de si como se esculpisse aquela imagem na própria memória. Então se posicionou, a glande pressionando a entrada sensível de Jun. O avanço foi lento, deliberado. O corpo de Jun enrijeceu, as mãos apertaram os lençóis com força.

— Devagar… — pediu, com a voz entrecortada, falha.

Akihiro soltou uma risada baixa, quase uma vibração subterrânea.

— Porque? Você só conheceu paus pequenos até agora? — provocou, o tom impregnado de sarcasmo quase divertido, ainda que carregado de crueldade insinuada.

Jun não respondeu. O sorriso sumiu dos lábios de Akihiro, substituído por uma concentração fria. Ele empurrou, centímetro a centímetro, até estar completamente enterrado no ômega. Ficou imóvel por um momento, as mãos firmes repousadas nos quadris de Jun, permitindo que o corpo alheio se ajustasse.

E então começou a se mover.

Os primeiros movimentos foram lentos, medidos, quase reverentes — mas a contenção não durou. Logo, as estocadas tornaram-se mais firmes, ritmadas, cada impulso arrancando gemidos abafados e suspiros trêmulos de Jun, que era empurrado para a frente a cada investida. O som de pele contra pele preenchia o quarto, intercalado pelas respirações entrecortadas e os rosnados baixos de Akihiro.

O prazer queimava sob a pele de Jun, acendendo em espirais crescentes e descontroladas. Seu membro, ainda sensível, voltou a endurecer, o líquido pré-seminal escorrendo em fios quentes. Ele não conseguia pensar — apenas sentir. Cada investida parecia esculpir fogo dentro de si.

Akihiro apertou seus quadris com mais força, o ritmo cada vez menos contido.

— Você é gostoso pra caralho — rosnou, a voz rouca, saturada de um desejo que beirava a selvageria.

Jun gemeu, o som sufocado pelo travesseiro. Estava à beira — outra vez. O corpo arqueou-se num espasmo convulso, a mente se dissolvendo sob a intensidade do segundo orgasmo. Gozou mais uma vez, o corpo sacudido, rendido ao caos de sensações impossíveis de nomear. Akihiro não tardou. Gozou logo depois, os músculos retesados, o corpo inteiro rígido numa liberação inevitável, crua e brutal.

Por instantes, tudo ficou em silêncio. Akihiro permaneceu imóvel, ainda dentro de Jun, os corpos colados, respirações misturadas numa melodia ofegante.

Quando se afastou, retirou a camisinha com um gesto automático e a descartou. O olhar retornou a Jun, que tremia, os olhos semicerrados e os lábios entreabertos.

— Vamos de novo — disse ele, com a mesma calma fria de antes. Não era uma sugestão. Era um decreto.

Jun respirava em rajadas curtas, o peito subindo e descendo num ritmo descompassado. Mas ele assentiu. Seus olhos verde-âmbar encontraram os de Akihiro com algo mais do que submissão. Havia ali uma centelha — talvez desafio. Talvez algo mais perigoso.

—–

Akihiro despertou com a luz difusa da manhã filtrando-se pelas cortinas pesadas. Piscou algumas vezes, a mente ainda mergulhada numa névoa morna. O teto era estranho. Os lençóis — mais suaves, mais perfumados do que os seus — causaram-lhe um estranhamento sutil. Não estava em casa.

Virou-se, pegando o celular no criado-mudo. O visor aceso confirmou que dormira mais do que o habitual — e, estranhamente, sem a exaustão cravada nos ossos. Inspirou fundo. Um aroma familiar, cítrico, com um toque floral e silvestre, invadiu seus sentidos.

Feromônios. De Jun.

O olhar vagou pelo quarto. O colchão ao lado ainda trazia a marca do corpo do ômega — uma depressão no tecido que parecia carregar uma intimidade que se recusava a ser ignorada. A confusão subiu à superfície. Por que havia permanecido ali? E por que, pela primeira vez em tanto tempo, sentia-se… bem?

Sobre o criado-mudo, um pedaço de papel dobrado cuidadosamente chamou sua atenção. Akihiro o pegou e desdobrou. A caligrafia precisa de Jun revelou-se num bilhete breve e educado — um agradecimento pela hospitalidade, sem floreios, sem pedidos de desculpas.

Simples. Contido. Impecável.

Akihiro fechou os olhos, reclinando a cabeça no travesseiro.

Desde quando alguém o agradecia por hospitalidade?

E mais: desde quando um bilhete deixado para trás era suficiente para desestabilizá-lo?

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Capítulo 1 - Uma Noite ao Acaso
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Laços em Carmesim

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Akihiro Hanamura sempre acreditou que laços afetivos não passavam de ilusões passageiras – convenções sociais frágeis que encobriam a inevitável falência das relações humanas. Como...

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  • Capítulo 2 - A primeira intersecção
  • Capítulo 1 - Uma Noite ao Acaso

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