Laços

Laços em Carmesim

Capítulo 5

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🟡 Em breve

Jun esfregou os olhos, tentando dissipar os últimos vestígios do sono enquanto se perguntava se ainda sonhava. O ar fresco da manhã invadia a pequena casa à medida que ele abria a porta, e ali estava Akihiro, parado diante de si com uma expressão tranquila, quase despretensiosa — como se fosse perfeitamente normal aparecer na casa de alguém sem qualquer aviso prévio.

— O que… você está fazendo aqui? — Jun perguntou, puxando mais para cima a gola da camisa larga que usava para dormir, numa tentativa quase inútil de esconder a vulnerabilidade daquela cena.

Akihiro inclinou a cabeça de leve, o sorriso brincalhão dançando nos lábios.

— Hoje é seu dia de folga. Pensei que podíamos aproveitar.

Jun piscou algumas vezes, ainda tentando compreender se aquilo era real ou fruto de sua exaustão.

— Está muito cedo, não acha?

— Cedo? Você dorme até que horas, príncipe? — retrucou Akihiro, com sarcasmo leve, cruzando os braços.

Antes que Jun pudesse rebater, passos apressados ecoaram pelo corredor. Yuu veio correndo, ainda com os cabelos bagunçados e o rosto animado pela simples promessa do café da manhã.

— Hyung! Vamos tomar café! Mamãe fez algo especial hoje!

Mas, ao notar a presença de Akihiro, o menino parou bruscamente. Seus olhos arregalaram-se, surpresos. Havia uma mistura de fascínio e receio em sua expressão — como se estivesse diante de uma figura saída de um filme ou história em quadrinhos. Akihiro, com sua postura relaxada e presença marcante, era diferente de qualquer adulto que Yuu tivesse visto de perto.

O silêncio tenso foi quebrado pela voz calma e inesperadamente gentil de Akihiro.

— Bom dia, baixinho. Você deve ser o irmão caçula.

Yuu desviou o olhar, envergonhado, mas assentiu com um gesto contido. Jun, vendo o desconforto do irmão, pousou a mão em seu ombro, oferecendo-lhe um pequeno empurrão encorajador.

— Já vou. Pode ir na frente — disse suavemente.

Yuu hesitou por um momento, lançando um último olhar curioso para Akihiro antes de sair correndo de volta para a cozinha. Jun, então, voltou-se para o visitante com um suspiro.

— Eu vou tomar café com eles primeiro. Depois podemos sair.

Akihiro deu de ombros, como se não tivesse pressa alguma.

— Tudo bem. Eu espero.

Jun assentiu, fechando a porta devagar. Do lado de fora, Akihiro encostando-se à parede com a despreocupação de quem tinha o dia inteiro à disposição.

—–

Depois do café da manha, sob o céu claro.

Jun cruzou os braços ao vê-lo encostado no muro, um cigarro aceso entre os dedos. A fumaça subia em espirais lentas, dissolvendo-se no ar tranquilo da manhã. A luz do sol, ainda suave, delineava com precisão os contornos do rosto de Akihiro e o modo relaxado com que segurava o cigarro — como se estivesse completamente alheio às responsabilidades do mundo.

Ao notar a aproximação de Jun, Akihiro levantou os olhos.

— Achei que fosse demorar mais. — Comentou, tragando uma última vez antes de esmagar a ponta contra o chão e jogar o resto fora.

Jun suspirou, cansado, sem esforço para disfarçar.

— Eu não posso sair hoje. Tenho que ficar com meu irmão.

Akihiro arqueou uma sobrancelha, enfiando as mãos nos bolsos da calça.

— Eu deveria ter mandado uma mensagem antes de vir, né?

— Sim — respondeu Jun de forma seca, impaciente com aquela espontaneidade tão típica de Akihiro.

Mas, em vez de se ofender, ele apenas sorriu de canto, como se já esperasse exatamente aquela reação.

— E se a gente levasse ele junto?

Jun piscou, surpreso.

— O quê?

— Você precisa ficar com ele, certo? Então por que não fazemos algo juntos? Tem algum lugar que ele goste de ir?

Jun abriu a boca, prestes a recusar, mas hesitou. A ideia parecia absurda à primeira vista — mas Yuu realmente se alegraria com uma saída dessas. Nos últimos tempos, Jun raramente tinha tempo para levá-lo a qualquer lugar. O menino sempre fingia compreensão, escondendo a decepção sob um sorriso manso.

Percebendo a vacilação de Jun, Akihiro riu com suavidade.

— Vamos lá, Jun. Um pouco de diversão não vai matar ninguém.

Jun passou a mão pelos cabelos, olhando de relance para a casa.

— Ele gosta de parques… e de sorvete.

O sorriso de Akihiro se ampliou, satisfeito.

— Então já sabemos para onde ir. Anda, vá chamar ele.

Jun o fitou por um momento, ainda dividido, mas acabou se rendendo. Sem mais palavras, entrou novamente na casa, deixando Akihiro com um brilho vitorioso no olhar.

—–

No parque.

O dia estava ameno, a brisa leve brincava entre as árvores do parque, espalhando o riso das crianças como música de fundo. Sentado em um dos bancos, Jun observava o irmão correr pelo gramado, rindo junto aos outros pequenos. Seu olhar, normalmente contido e atento, suavizava-se com aquela cena.

Ao seu lado, Akihiro inclinou-se para a frente, os cotovelos apoiados nos joelhos. Havia uma expressão contemplativa em seu rosto enquanto acompanhava o momento com os olhos.

— Por que ele te chama de hyung? — perguntou de repente, rompendo o silêncio confortável entre os dois.

Jun desviou os olhos de Yuu para encará-lo, surpreso com a pergunta, mas logo deu de ombros.

— Minha mãe é coreana. Ensinou algumas palavras para ele quando era pequeno, e ele acabou pegando gosto. Hyung foi uma das primeiras.

Akihiro assentiu devagar.

— Coreana, é? — Ele assobiou, quase para si. — E o seu pai?

— Italiano.

— Isso explica muita coisa.

Jun arqueou uma sobrancelha, desconfiado.

— Explica o quê?

— Você com certeza não é comum para os padrões japoneses. Seu irmão também tem traços diferentes. Eu só nunca tinha parado pra pensar no porquê.

Jun balançou a cabeça, rindo brevemente, e voltou a mirar Yuu com o mesmo sorriso brando de antes. Akihiro, por sua vez, observava o modo como ele olhava o irmão — com uma ternura que ia além da responsabilidade.

— Você gosta bastante de crianças, não é? — comentou, quase distraído.

— E você não — respondeu Jun, ainda com os olhos no campo.

Akihiro riu pelo nariz.

— Nunca fui do tipo paciente, pra falar a verdade. Mas… depois que meu sobrinho nasceu, meio que fui forçado a me adaptar. — Fez um gesto vago com a mão. — No fim, o moleque é até legal.

Jun soltou uma risada.

— “Até legal”? Parece que está tentando se convencer disso.

— Eu fui traído, Jun — declarou Akihiro, dramático, pousando a mão sobre o peito. — Minha irmã, minha própria irmã, resolveu brincar de casinha em vez de seguir meus passos sombrios. Agora ela tem um filho adorável que me faz querer ser uma pessoa melhor. Isso não é traição?

Jun riu mais alto, balançando a cabeça.

— Certo, certo. Você foi vítima de uma grande conspiração familiar.

— Finalmente alguém entende — suspirou Akihiro, fingindo alívio.

Jun manteve o sorriso, mas seu semblante ficou mais sereno quando o outro retomou um tom menos brincalhão.

— De qualquer forma… parece que você nasceu para isso.

— Para o quê?

— Para cuidar de crianças. Talvez seja algo natural de um ômega — disse, lançando-lhe um olhar de lado.

Jun não negou, mas desviou o olhar.

— Não sei. Sempre convivi com crianças. Acho que só… aprendi a gostar.

— Faz sentido — murmurou Akihiro, embora seus olhos não deixassem Jun um instante sequer.

E talvez fosse exatamente isso que levou Akihiro a perguntar, sem muito pensar, deixando a frase escapar antes que pudesse refletir sobre seu peso:

— Você nunca pensou em ter uma família? Filhos, esse tipo de coisa?

Jun se virou, ligeiramente surpreso com a pergunta. Seus olhos demoraram-se um instante em Akihiro antes de se curvarem em um sorriso discreto, carregado por uma doçura triste.

— Já pensei, sim — disse com voz baixa, quase contemplativa. — Mas são sonhos distantes para alguém como eu.

Akihiro franziu levemente a sobrancelha.

— Por que você acha isso?

Jun voltou o olhar para Yuu, que gargalhava enquanto subia em um dos brinquedos do parque, seus cabelos esvoaçando sob a brisa. Ele demorou a responder, como se estivesse ponderando cada palavra, tentando encontrar um meio-termo entre a honestidade e a autoproteção.

— Porque a vida que eu levo não me permite esse tipo de coisa — murmurou, ajeitando uma mecha de cabelo que escapava da orelha. — Mas se eu tivesse a chance… sim, eu gostaria de ter uma família. De oferecer a meus filhos algo melhor do que aquilo que eu recebi. Um lugar seguro, estável… onde eles não precisassem se esconder de nada.

As palavras ficaram suspensas no ar, carregadas por um silêncio incômodo que Akihiro não soube como preencher de imediato. Algo dentro dele revirou-se, um desconforto sutil, mas persistente. O simples fato de imaginar Jun com outra pessoa, dividindo essa possível vida, essa utopia familiar, provocava-lhe uma irritação estranha. Inexplicável.

Não demonstrou nada. Manteve o semblante sereno, quase entediado, os ombros relaxados como sempre. Mas havia algo em seu peito — algo que incomodava como um espinho sob a pele.

— Você fala como se não tivesse escolha — comentou com um tom leve, quase desinteressado, embora o peso de suas palavras traísse esse descuido.

Jun sorriu de canto, sem humor.

— Algumas pessoas realmente não têm.

Akihiro não respondeu de imediato. Preferiu o silêncio — não porque concordasse, mas porque não sabia ainda como discordar daquilo sem trair o que sentia.

—–

Na hora do almoço.

O restaurante escolhido era modesto, mas acolhedor. As janelas amplas deixavam a luz do dia inundar o espaço em tons dourados e suaves, enquanto o aroma de arroz recém-cozido e caldos fumegantes se espalhava pelos ambientes. Em volta, famílias conversavam em vozes baixas, criando um pano de fundo confortável.

Sentaram-se perto da janela, de onde podiam ver o vai-e-vem constante das pessoas lá fora. Jun mantinha-se atento ao irmão mais novo, ajudando-o a escolher um prato que fosse nutritivo — ainda que o pequeno parecesse muito mais empolgado com a possibilidade de uma sobremesa.

— A gente pode tomar sorvete depois? — perguntou o menino, com olhos cintilando de esperança.

Jun lançou-lhe um olhar condescendente, mas indulgente.

— Só se você comer tudo antes.

Yuu resmungou baixinho, mas aceitou o acordo com um aceno decidido. Enquanto ele começava a comer, Akihiro o observava de soslaio, embora seus olhos estivessem, na verdade, mais voltados para Jun do que para a criança.

Havia algo de fascinante naquele cuidado que Jun demonstrava — não forçado, nem meticuloso, apenas… natural. Era uma ternura prática, quase instintiva, que escapava das palavras e se revelava em pequenos gestos: no modo como ajeitava o guardanapo do irmão, como falava com ele em tom sereno, como sorria com paciência mesmo quando precisava dizer “não”.

A conversa surgiu e seguiu fluindo. Akihiro com suas palavras sempre revestidas de humor e charme insolente, lançando provocações quase imperceptíveis que escapariam a ouvidos desatentos. Mas Jun não era desatento. Captava cada nuance, respondia com secura e firmeza — embora, aos poucos, fosse deixando transparecer um certo divertimento involuntário.

O irmão mais novo parecia alheio ao clima sutil que se formava entre os dois. Estava mais interessada na ideia do sorvete que o aguardava.

Ao final da refeição, Yuu se inclinou em direção ao seu irmão.

— Agora posso tomar sorvete?

Jun rendeu-se com um suspiro, esboçando um sorriso resignado, vendo que Yuu comeu tudo.

— Pode.

O pequeno soltou uma comemoração baixa, como quem acabara de ganhar um prêmio. Akihiro se levantou e se espreguiçou, deixando escapar um sorriso.

— Eu também acho que mereço sorvete. Vi uma sorveteria aqui perto que parece promissora.

Jun levantou-se atrás dele, arqueando a sobrancelha num gesto que escondia certo divertimento.

— Vamos — disse, estendendo a mão ao irmãozinho.

Seguiram os três pela rua calma, Akihiro à frente, passos despreocupados, e os dois irmãos logo atrás. Enquanto Yuu só pensava no doce que o aguardava, Akihiro se perguntava por que se divertia tanto em provocar Jun — e, ainda mais, por que gostava tanto da forma como ele reagia.

—–

A tarde caía suave sobre a cidade. O sol refletia em tons quentes no asfalto e o ar trazia a leveza do fim de verão, misturando-se ao som distante de bares e lojas ainda abertas. Yuu caminhava satisfeito, segurando o sorvete que começara a provar antes mesmo de sair da sorveteria, espalhando pequenas marcas de alegria em cada colherada apressada.

Jun, por sua vez, manteve-se firme na ideia de pagar.

— Você já pagou o almoço — disse, entregando o cartão ao atendente antes que Akihiro pudesse reagir.

Este apenas ergueu os ombros, aceitando sem discussão. Jun recebeu as casquinhas e entregou uma ao irmão, que comemorou como se tivesse recebido um prêmio. A outra estendeu a Akihiro, com naturalidade.

Voltaram a andar lentamente pela calçada, Jun atento ao irmão que se lambuzava de creme gelado, limpando-lhe o queixo com a mesma paciência de sempre. Foi nesse compasso tranquilo que Akihiro, em um gesto inesperado, entrelaçou os dedos aos de Jun.

Jun piscou, surpreso. Tentou disfarçar, desviando o olhar, mas o sorriso que lhe escapou denunciou a ternura involuntária que o gesto lhe causava. Não se afastou. Deixou-se guiar pelo calor firme daquela mão que o prendia à realidade de forma simples, mas inequívoca.

— Quer experimentar? — perguntou Akihiro, erguendo o sorvete em sua direção. A naturalidade do gesto escondia algo mais ousado.

Jun hesitou por um instante, mas inclinou-se e provou uma pequena mordida. O sabor doce e frio lhe arrancou um piscar de olhos surpreso, quase divertido.

— Não gostou?

— Gostei. Só não esperava que fosse tão doce.

Akihiro riu baixo, aproximando-se o suficiente para que apenas ele ouvisse.

— Acho que você acabou de descobrir meu segredo: eu gosto de doces.

—–

O caminho de volta para a casa de Jun foi tranquilo. O sol, já se aproximando do horizonte, tingia os prédios e calçadas com tons de cobre e ouro envelhecido. Yuu, agora mais quieto, caminhava ao lado de Jun, visivelmente cansado depois de uma tarde repleta de brincadeiras e açúcar.

Assim que a casa apareceu à frente, Yuu apressou os passos. Quando Jun destrancou a porta, o menino passou direto pela entrada e correu até a mãe, que o esperava na sala.

— Okaasan! — exclamou com entusiasmo, lançando-se nos braços dela sem hesitação.

Jun observou a cena com ternura contida, os olhos suavizando-se enquanto o sorriso surgia em seu rosto de forma quase imperceptível. Em seguida, voltou-se para Akihiro, que ainda estava parado do lado de fora, os olhos fixos naquela breve cena doméstica com uma expressão neutra, mas atenta.

— Ele queria voltar mais cedo. — Comentou Jun.

Foi então que, ainda abraçado à mãe, Yuu olhou para a porta e, com a naturalidade impensada das crianças, lançou uma pergunta que fez Jun congelar:

— Seu namorado não vai entrar?

O silêncio que se seguiu foi imediato e desconfortável.

A mãe de Jun, até então alheia à presença de Akihiro, ergueu o olhar na direção da porta, buscando com os olhos uma explicação plausível. Akihiro, por sua vez, arqueou uma sobrancelha, e um leve sorriso se desenhou em seus lábios — o tipo de sorriso que diz mais do que qualquer palavra ousaria.

— Ele não é meu namorado. — Jun corrigiu, lançando um olhar reprovador ao irmão mais novo.

Ainda não sabia qual das situações seria mais difícil de administrar: o comentário inocente do irmão ou o olhar entre divertido e inquisidor de Akihiro.

O menino franziu o cenho, como se estivesse tentando compreender melhor.

— Mas ele veio te buscar… e vocês ficaram juntos o tempo todo — murmurou, em um tom argumentativo, ainda visivelmente confuso com a negação.

— Isso não significa nada. — Rebateu Jun, num esforço para encerrar o assunto antes que ganhasse proporções indesejadas.

A mãe de Jun, que até então permanecia observando em silêncio, decidiu intervir. Seus olhos se voltaram com natural cautela para Akihiro, e então retornaram ao filho.

— Então este é… um amigo seu? — indagou, com voz serena, mas inquisitiva.

Jun hesitou por um instante. O peso da pergunta pairou no ar, mesmo envolto em simplicidade. Ele assentiu levemente.

— Sim. — Respondeu com firmeza comedida, preferindo não aprofundar a explicação.

Sua mãe pareceu aceitar a resposta, ainda que não com plena convicção. Em vez de prolongar o assunto, preferiu mudar de direção, suavizando o tom.

— Se quiser sair um pouco, eu fico com seu irmão.

Jun vacilou. Nos dias de folga, era ele quem fazia questão de estar em casa para cuidar de seu irmão. Sentia falta do tempo ao lado dele, além de saber que assim a mãe podia, enfim, descansar da rotina que carregava quase sozinha.

Akihiro, ainda parado do lado de fora, parecia notar a batalha silenciosa de Jun. Seu semblante assumiu uma expressão mais atenta, embora ele não dissesse nada.

— Você não precisa se preocupar. — Insistiu a mãe, com aquela sabedoria silenciosa que só os olhos atentos de quem conhece bem conseguem transmitir. — Está tudo bem por aqui.

Jun ponderou por mais alguns segundos. Por fim, assentiu.

— Tudo bem… — disse, em um suspiro baixo, quase resignado.

Sua mãe esboçou um sorriso satisfeito, fazendo um discreto gesto com a cabeça em direção à porta.

— Então vá.

Ele se virou para Akihiro, que ainda o aguardava pacientemente na soleira, uma presença firme e constante.

— Então, sou seu namorado agora? — provocou Akihiro, o sorriso brincando nos lábios.

Jun soltou um longo suspiro, cansado antes mesmo de começar a responder.

— Ele é uma criança. Não sabe o que diz.

Akihiro arqueou uma sobrancelha, claramente divertindo-se com a situação.

— Sei não… Ele parecia bastante convicto.

Jun cruzou os braços, encarando-o com impaciência.

— E você parece estranhamente animado com isso.

— Só estou dizendo que, se até uma criança vê alguma coisa entre nós… Talvez haja mesmo algo aí. — Replicou Akihiro, o tom leve, mas carregado de provocação.

Jun bufou, revirando os olhos.

— Você não se cansa?

— Nem um pouco. — Respondeu, com uma sinceridade despreocupada.

Jun balançou a cabeça, resignado.

— E então? O que tem em mente? — perguntou, preferindo cortar o assunto, já conhecendo bem o estilo de provocação persistente de Akihiro.

— Pensei em te levar para um lugar diferente hoje. Algo mais interessante do que só um almoço. O que acha de dormir na minha casa hoje? — perguntou ele, num tom propositalmente despreocupado, ainda que os olhos desmentissem qualquer leveza na proposta.

Jun hesitou. Os dedos tocaram a barra de sua blusa, distraidamente, como se buscassem ali alguma âncora. Pensou em responder de imediato, mas ao abrir os lábios, uma risada suave escapou antes.

— Tenho que trabalhar amanhã…

Akihiro se aproximou um passo, sem pressa. A descontração de antes deu lugar a uma presença mais firme, segura, mas ainda respeitosa.

— Dessa vez eu não vou te deixar se atrasar. — disse, e havia uma certeza inabalável em sua voz.

Jun o encarou por alguns segundos. Era impossível ignorar o conflito que se desenhava em seu olhar. A tensão entre o dever e o desejo, entre a rotina e o momento. Por fim, expirou devagar.

— Está bem. — respondeu, o sorriso discreto e resignado. — Acho que você não vai me deixar em paz até eu aceitar, não é?

Akihiro sorriu, satisfeito, e fez um leve gesto com a cabeça, para que jun fosse na frente.

Hesitante por um instante, Jun acabou o seguindo. Já deveria estar acostumado com o imprevisível de Akihiro, mas ainda assim, cada novo movimento dele despertava em Jun uma leve apreensão — não de medo, mas da dúvida inevitável sobre o que viria a seguir.

—–

A viagem foi tranquila, mas envolta numa tensão sutil. Poucas palavras foram trocadas, mas os olhares — mesmo fugidios — eram suficientes para sustentar o peso do não dito.

Ao chegarem, Jun percebeu que a casa de Akihiro diferia bastante do que havia imaginado. Era situada no topo de um prédio alto, com ampla vista para a cidade, mas o interior surpreendia pela elegância.

Jun caminhou devagar pela sala, observando cada detalhe com uma curiosidade cautelosa. Ainda havia algo de intimidador na sobriedade do lugar, mas ao mesmo tempo, ele sentia que estava vendo uma faceta de Akihiro que o mundo raramente testemunhava.

Do outro lado da sala, Akihiro o observava em silêncio, o sorriso tênue nos lábios — como alguém que oferece mais do que apenas um espaço físico, mas uma espécie de convite para compreender algo mais profundo.

— Impressionado? — indagou Akihiro, a voz suave, mas marcada por uma provocação velada, típica de quem já conhecia a resposta mesmo antes de ouvi-la.

Jun lançou um olhar ao redor mais uma vez, os olhos ainda arregalados, um sorriso espontâneo nos lábios.

— É linda… — disse, em um tom que beirava a admiração. — Eu não imaginava que sua casa fosse assim. É… mais acolhedora do que eu pensei.

Akihiro acenou levemente com a cabeça, a expressão tranquila, como se o elogio fosse esperado, mas ainda assim apreciado. Dirigiu-se até o sofá, com um gesto fluido de quem já dominava aquele espaço, e indicou que Jun se sentasse ao seu lado.

— Vai ser noite de filme. — Declarou com naturalidade. — O que você gosta de assistir? E, claro… o que você gosta de comer?

Jun pensou por um breve momento, embora sua resposta tenha surgido com a facilidade de quem já tinha aquilo bem claro na mente.

— Sushi. É o que mais gosto. Mas não precisa pedir nada, estou bem assim.

Havia na voz dele um certo constrangimento, como se não quisesse causar incômodo ou parecer exigente. Contudo, Akihiro não demonstrou qualquer intenção de ceder diante dessa modéstia. Seu olhar se fixou em Jun com firmeza, os olhos escuros revelando uma decisão já tomada.

— Eu insisto. Sushi é perfeito. Vou pedir agora.

Jun tentou protestar, num esforço sutil para conter o gesto, mas Akihiro já se afastava em direção ao telefone, como se o assunto estivesse encerrado.

— Akihiro, não é necessário…

Mas a resposta veio apenas na forma de um olhar breve por sobre o ombro e um sorriso discreto, quase divertido.

— Você vai relaxar essa noite, e eu vou cuidar de tudo.

Dito isso, a ligação foi feita com rapidez e eficiência. Akihiro falava com segurança, como quem estava habituado a assumir o controle das situações sem dar margem para resistência. Jun o observava em silêncio, recostado no sofá, os olhos acompanhando cada gesto com uma espécie de curiosidade crescente, entre o respeito e o desconcerto.

— Pronto, vai chegar em breve. Vou tomar banho enquanto isso. — Akihiro anunciou, e ao chegar à porta do quarto, virou-se ligeiramente, lançando um olhar provocativo por sobre o ombro. — Quer me acompanhar?

O rosto de Jun corou quase instantaneamente, o rubor tingindo-lhe as bochechas com uma intensidade que ele não conseguiu esconder.

— Não, obrigado. Vou esperar aqui. — respondeu, tentando manter a compostura.

Akihiro riu, um som profundo e rouco que ressoou com certa indulgência.

— Fique à vontade.

Assim que ele desapareceu pelo corredor, Jun aproveitou o momento de solidão para pegar o celular e ligar para a mãe A conversa foi breve, tranquila. Avisou que não voltaria para casa naquela noite, e a compreensão imediata do outro lado dissipou qualquer sombra de culpa que pudesse ter surgido.

Desligado o telefone, Jun recostou-se novamente no sofá. O silêncio que preencheu a sala parecia ter mudado de qualidade — agora era um silêncio expectante, como se prenunciasse algo ainda não definido. Seus olhos vaguearam pelo espaço ao redor, absorvendo cada detalhe — a organização discreta, o aroma leve do ambiente, a luz morna que dava à sala um tom quase íntimo.

Poco tempo depois Akihiro reapareceu com o roupão frouxamente preso ao corpo, revelando parcialmente a pele do peito e a borda de uma tatuagem que escapava da gola, insinuando-se até o ombro. Os cabelos ainda úmidos caíam de modo descuidado sobre a testa, e uma gota de água descia preguiçosamente por sua nuca antes de desaparecer no tecido do roupão.

Na passagem pela cozinha, abriu o armário de vidro e retirou uma garrafa de vinho.

— Tenho um pouco de vinho, quer uma taça? — a voz de Akihiro veio da cozinha, num tom casual, mas carregado de intenção.

Jun ergueu o olhar, os dedos entrelaçados sobre o colo. Havia algo naquela oferta que transcendia o simples ato de beber — um convite sutil, talvez, mas a resposta foi firme.

— Não, obrigado.

Akihiro assentiu sem insistir. Serviu-se de uma taça e, de volta à sala, acomodou-se ao lado de Jun.

O tempo parecia desacelerar naquele instante, como se tudo ao redor tivesse sido suspenso. O filme começava, mas a narrativa silenciosa entre os dois era mais envolvente do que qualquer roteiro na tela.

Poucos minutos se passaram até que a campainha soou. Akihiro voltou carregando uma grande caixa de sushi, que pousou com cuidado sobre a mesa central da sala. Ao abri-la, revelou uma variedade de peças meticulosamente organizadas: nigiri, sashimi, uramaki… tudo disposto como se fizesse parte de uma obra de arte.

Jun inclinou-se para observar, os olhos iluminados por um brilho involuntário.

— Isso… é muito mais do que eu esperava. — Murmurou, com admiração evidente.

— Pode comer o quanto quiser. — Akihiro respondeu, com um leve gesto de mão.

— Tem certeza? Meu recorde pessoal são 42 peças. Normalmente não como tanto, mas… quem sabe hoje eu tente algo novo.

Akihiro riu, o som carregado de ironia leve e prazer contido.

— Você tem um recorde? Impressionante. — disse, com visível divertimento. — Fique à vontade, posso pedir mais se precisar.

O primeiro pedaço de sushi foi degustado com reverência. Jun saboreou o nigiri de salmão lentamente, fechando os olhos por um instante para absorver o sabor. Akihiro o observava com interesse discreto, recostado, como se encontrasse prazer apenas em vê-lo comer.

O tempo passou entre mordidas e silêncios confortáveis, até que a voz de Akihiro voltou a preencher o espaço.

— E o que você gosta de assistir? Tenho algumas opções, mas talvez prefira sugerir.

Jun pensou por um instante.

— Não sou muito exigente. Talvez comédia ou ação… Nada muito denso.

— Comédia, então — Akihiro concluiu, já pegando o controle remoto. — Acho que podemos começar por algo que te faça rir.

Jun sorriu, um sorriso genuíno, o primeiro da noite que surgiu sem hesitação.

O filme começou. A luz fraca da televisão lançava sombras pelas paredes, desenhando contornos suaves ao redor deles. Akihiro, com o corpo grande e relaxado, esticava-se confortavelmente no sofá.

Entre uma cena e outra, pegava os últimos pedaços do sushi que pedira para os dois. Comeu com tranquilidade até sentir-se satisfeito.

Jun, por sua vez, acompanhava o ritmo, apreciava a refeição com uma obstinação quase lúdica, como se aquele conforto inusitado entre eles tivesse despertado também seu apetite. Cada peça parecia mais saborosa que a anterior, e a leve competitividade para comer tanto quando Akihiro crescia no ambiente apenas reforçava a conexão já estabelecida.

Depois de algum tempo compartilhando o silêncio confortável que preenchia a sala, Akihiro inclinou-se com naturalidade e repousou a cabeça no colo de Jun. Seus olhos subiram para encontrar os do ômega, a expressão no rosto serena, quase indecifrável — como se quisesse deixá-lo livre para recusar, mas também esperasse que não o fizesse.

Jun não disse nada. Permaneceu imóvel por alguns instantes, até que sua rigidez inicial cedeu a uma ternura silenciosa, permitindo-se relaxar.

Quando o primeiro filme chegou ao fim, Jun terminou o que restava, ergueu-se com delicadeza e pediu licença para recolher as embalagens. O movimento obrigou Akihiro a se afastar de seu colo, ainda que sem resistência. Ao voltar, encontrou-o novamente no sofá; Akihiro, sem cerimônia, retomou o gesto de antes, repousando a cabeça sobre suas pernas.

— Como estava o sushi?

— Muito bom. Obrigado pela refeição.

— Podemos pedir mais, se quiser. — disse Akihiro, em tom simples, quase indulgente. — Não precisa se conter.

— Talvez na próxima vez. — Replicou Jun.

Akihiro, mais acomodado agora, vasculhava entre as opções de filmes disponíveis, o controle remoto equilibrado em uma das mãos. De vez em quando, lançava olhares furtivos a Jun, avaliando suas reações, como quem lê em silêncio uma linguagem ainda nascente.

As luzes suaves lançavam um brilho morno sobre a cena e, por um momento, o mundo lá fora deixou de existir. O filme começava a preencher a sala com seu som, mas nenhum dos dois parecia interessado na trama que se desenrolava na tela. Era o silêncio entre eles que tornava a noite memorável, como se aquela pausa no cotidiano fosse um instante roubado do tempo, apenas deles.

— Isso é bom… — Akihiro fechou os olhos, um murmúrio suave de prazer escapando de seus lábios, com a voz quase sonolenta, rendido ao carinho que Jun lhe fazia nos cabelos.

O coração de Jun pulsava acelerado, mas ele não disse nada. Apenas sentiu o peso da cabeça de Akihiro em seu colo, o ritmo calmo da respiração, a estranha sensação de conforto que aquilo lhe trazia.

O olhar, escuro e denso de Akihiro encontrou o seu sem qualquer hesitação. Ele se ergueu devagar, mantendo a atenção fixa nele. Tomou sua mão entre as próprias e levou-a aos lábios, depositando um beijo silencioso e respeitoso na palma, sem jamais desviar os olhos.

Jun sentiu o ar lhe escapar por um instante, e a hesitação que cruzou seu olhar foi breve. Ele se inclinou devagar e roçou os lábios nos de Akihiro com delicadeza, como quem testa a temperatura de uma água desconhecida antes de se entregar ao mergulho.

O beijo, no início tímido, ganhou profundidade quando Akihiro o envolveu, os dedos se entrelaçando nos cabelos de Jun, puxando-o suavemente para mais perto. O som do filme tornou-se um murmúrio indistinto, distante, enquanto seus corpos se ajustavam um ao outro com naturalidade, como se sempre tivessem pertencido àquele encaixe.

O roupão de Akihiro afrouxou-se com o movimento, revelando parte do peito firme, onde tatuagens se espalhavam como inscrições antigas, traços precisos que pareciam guardar segredos.

Jun piscou, surpreso, ao perceber que sob o tecido não havia nada além da própria pele.

Akihiro notou a reação e riu baixinho, um som rouco, carregado de malícia e divertimento.

— Não pensou que eu fosse me importar com roupas, não é?

— Você é um pervertido. — Murmurou Jun, o rosto ruborizado até as orelhas.

A resposta foi mais uma risada, um som caloroso, quase indulgente.

— Se não quiser continuar, é só dizer. — sisse Akihiro, sem pressa, sem pressão, oferecendo-lhe uma escolha real.

Jun hesitou por um momento, seus olhos fixos nos de Akihiro. Então, lentamente, balançou a cabeça.

— Está tudo bem… eu quero.

O sorriso de Akihiro suavizou-se, adquirindo uma tonalidade mais íntima. Ele tomou a mão de Jun com gentileza e a conduziu até o volume crescente sob o tecido do roupão entreaberto, permitindo que ele o sentisse plenamente. A respiração de Jun tornou-se irregular à medida que seus dedos, inicialmente hesitantes, passaram a se mover com mais segurança, guiados pelo calor e pela firmeza que encontravam sob a palma.

O beijo recomeçou — desta vez, com mais entrega. O calor entre os corpos subia como um crescendo silencioso, e Jun, agora mais confiante, aprofundava os toques. Akihiro respondeu com um gemido abafado, o corpo ajustando-se ao ritmo que se formava entre eles.

As mãos dele exploravam Jun com a lentidão de quem desvenda algo precioso. Os dedos escorregaram pela cintura, deslizaram ao longo da curva acentuada dos quadris até repousarem, firmes, sobre a base das nádegas. O aperto foi firme, porém contido, o suficiente para arrancar de Jun um gemido baixo e entrecortado, o corpo arqueando-se involuntariamente ao contato.

Com a respiração acelerada, Jun quase não registrou as palavras que seguiram.

— Tem preservativos na gaveta, perto da TV… pode pegar um pra mim? — Akihiro pediu.

O ômega piscou algumas vezes antes de assimilar a frase e assentir, sua mente ainda nublada pelo desejo. As pernas vacilaram levemente quando se levantou. Caminhou até o móvel indicado, abriu a gaveta e encontrou a caixa, puxando dela uma embalagem lacrada.

— Você é sempre tão preparado? — perguntou, num tom meio brincalhão, tentando distrair-se do calor ainda pulsante no corpo.

Akihiro sorriu, sem pressa.

— Nunca se sabe quando ou onde as coisas podem acontecer.

Jun revirou os olhos, mas não conteve um sorriso discreto antes de voltar ao sofá. Akihiro o fez deitar-se e recebeu o preservativo com naturalidade.

O alfa o recebeu com naturalidade e começou a guiá-lo com a calma de quem sabia exatamente o que fazia.

Alcançou o cós da calça de Jun, os movimentos revelando sua intenção sem necessidade de palavras, revelando a pele morena e sensível sob o tecido. Seus dedos seguiram um trajeto deliberado, traçando os contornos da parte traseira de Jun com uma precisão silenciosa que o fez estremecer.

— Relaxe — murmurou junto à orelha dele, o hálito quente arrepiando a pele. Então, pressionou o primeiro dedo, entrando com cuidado.

Jun se enrijeceu no início, mas o toque de Akihiro era paciente, tranquilizador. A voz dele, baixa como um segredo sussurrado entre amantes, acariciava mais do que qualquer gesto.

Os dedos se moveram com destreza, explorando. Quando encontrou os pontos sensíveis, Jun ofegou e se arqueou involuntariamente, como se seu corpo respondesse por conta própria. Akihiro o preparava com calma, ampliando o ritmo gradualmente, aproveitando-se da lubrificação crescente que suavizava cada movimento.

— Você sente tudo com tanta intensidade… — comentou, não com malícia, mas com genuína admiração, como quem observa uma reação rara e se permite ser cativado por ela.

Jun tremia. Seu corpo, tensionado, revelava a proximidade do clímax. Sua respiração vinha em espasmos curtos e sua mente mal conseguia acompanhar o próprio corpo.

— A-Akihiro… eu…

— Ainda não. — A voz firme de Akihiro interrompeu, envolta em um sorriso velado. Diminuindo o ritmo, brincou com a expectativa, com a pausa, provocando um gemido contrariado de Jun, cujo corpo clamava por mais.

Sem perder tempo, Akihiro abriu e colocou o preservativo com gestos precisos. Suas mãos deslizaram com firmeza até os pulsos de Jun, erguendo-os acima da cabeça e mantendo-os ali, presos contra o estofado, enquanto seus lábios buscavam os de Jun com uma fome renovada. Jun gemeu contra a boca dele, o som abafado e carregado de entrega. Sentia a ereção de Akihiro entre suas pernas, roçando-lhe com urgência, como se o próprio desejo estivesse prestes a devorá-lo.

Os lábios de Akihiro se desviaram para o pescoço  salpicado de sardas, espalhando beijos quentes e mordidas possessivas que fizeram o corpo de Jun estremecer de prazer.

Ele pegou uma das almofadas e o encaixou sob as costas de Jun, arqueando-lhe o corpo de forma sutil, deixando-o mais exposto, mais receptivo. Em seguida, suas mãos deslizaram para os quadris dele.

E então, com firmeza calculada, Akihiro o penetrou com uma única estocada.

O impacto arrancou um gemido agudo de Jun, que lançou a cabeça para trás, os cabelos dourados espalhando-se como um véu. Seus dedos dos pés se curvaram com força, as pernas tremendo com a intensidade súbita do momento.

Apesar da lubrificação e da preparação prévia, a sensação foi intensa, avassaladora — tão profunda que seu corpo inteiro reagiu involuntariamente, e ele gozou ali mesmo, em um espasmo súbito e quente que o tomou sem aviso.

Do lado de fora, o mundo havia deixado de existir. Tudo que restava era aquilo: seus corpos entrelaçados, o calor do toque, a respiração entrecortada, o som úmido e ritmado das estocadas.

Jun enlaçou as pernas ao redor da cintura de Akihiro, puxando-o para mais perto, como se quisesse fundi-lo ainda mais em si, os quadris movendo-se em sincronia com urgência inocente.

— Não pare — sussurrou ele, a voz trêmula de desejo e súplica, os olhos brilhando em meio ao calor.

Akihiro sentiu o corpo de Jun apertar ao seu redor, como se o incitasse ainda mais. Ele saiu de dentro dele até a metade — apenas o suficiente para deixar a entrada latejando de vazio — e estocou outra vez, com força. O corpo de Jun reagiu com um sobressalto, um pequeno arquejo escapando de sua boca aberta.

— Você é tão gostoso — murmurou o alfa, a voz rouca e baixa.

Os movimentos se tornaram mais urgentes, porém ainda carregavam uma lentidão calculada, quase cruel, como se Akihiro quisesse saborear cada segundo daquela fusão. Até que, por fim, o alfa perdeu a paciência com a própria contenção. Segurou os quadris de Jun com mais firmeza e estabeleceu um ritmo mais firme, decidido — não bruto, mas potente, quase devastador.

Ele oscilava entre estocadas dolorosamente lentas e outras perigosamente intensas, deixando Jun sempre à beira do abismo. Cada investida mais profunda fazia a barriga do ômega retesar; a protuberância do pênis de Akihiro aparecia nitidamente sob a pele do abdômen, provocando espasmos de prazer e surpresa.

Quando o clímax se aproximou, a última estocada veio com um estremecimento. Akihiro deixou-se cair sobre o corpo de Jun, o rosto escondido na curva de seu pescoço, abafando os rosnados que escapavam entre seus dentes cerrados.

Ambos ficaram imóveis por um instante, apenas o som ofegante da respiração preenchendo a sala. O filme ainda rodava na tela, ignorado, enquanto o silêncio os envolvia — não como vazio, mas como abrigo.

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Capítulo 5
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Laços em Carmesim

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Akihiro Hanamura sempre acreditou que laços afetivos não passavam de ilusões passageiras – convenções sociais frágeis que encobriam a inevitável falência das relações humanas. Como...

Chapters

  • Capítulo 7 O coração exausto de Jun
  • Capítulo 6 O Gosto da Ternura
  • Capítulo 5 Junhos Possíveis
  • Capítulo 4 Proposta Intrigante e Tentadora
  • Capítulo 3 Sedução no Palco, Verdades no Encontro
  • Capítulo 2 - A primeira intersecção
  • Capítulo 1 - Uma Noite ao Acaso

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