Laços

Laços em Carmesim

Capítulo 7

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Dias depois

O ambiente era abafado e opulento, como um sussurro decadente emoldurado por veludo escuro e luzes âmbar. O clube privado exalava um luxo velado — paredes forradas de painéis de madeira antiga, aromas de whisky caro e perfume alheio pairando no ar. Músicas de jazz se entrelaçavam com o murmúrio lascivo dos clientes espalhados em sofás baixos, enquanto garçons deslizavam com precisão entre os corpos sem nunca interromper o espetáculo silencioso de vaidade e desejo.

Akihiro estava largado em um dos sofás de couro escuro, a silhueta recortada pela penumbra, como se o mundo ao redor não fosse mais do que um fundo difuso para sua indiferença. Tinha uma perna estendida sobre o assento, o braço repousando preguiçosamente sobre o encosto, exalando aquela preguiça sensual que nele jamais parecia desleixo, mas domínio.

Os lábios estavam colados aos de um rapaz de cabelos curtos e pele jovem, cuja roupa colada ao corpo parecia moldada para exibir cada contorno da juventude oferecida. As mãos de Akihiro seguravam-no pela cintura com firmeza meticulosa, ditando o ritmo daquele beijo sem urgência, como quem brinca com o apetite antes de saciá-lo.

Alguém se aproximava. Devagar. Quase sem perturbar o ar ao redor.

Akihiro entreabriu os olhos como quem desperta de um devaneio, e afastou os lábios com um sorriso enviesado — não por prazer, mas por puro tédio encantado, aquele tipo de languidez que parecia nascida com ele.

— Ah… é você de novo — murmurou, a voz rouca, sem pressa, deslizando pelo ambiente como fumaça.

Eli estava parado a poucos passos, o coração latejando em alguma parte esquecida do peito. Desde aquela noite, a primeira — e única — em que estivera com Akihiro, algo nele permanecera suspenso, como um fragmento mal resolvido de desejo. Não era só o prazer em si. Era a forma como Akihiro o tocara, olhara… como se tivesse atravessado sua pele e alcançado algo que nem ele sabia nomear.

— Quer se juntar?

Umedecendo os lábios, Eli tentou convencer os pés a se moverem. Eles pesavam, como se a hesitação estivesse enraizada neles.

Por fim, deu um passo hesitante, depois outro, até se aproximar com aquela timidez tensa de quem mergulha em águas conhecidas e ainda assim perigosas.

— Eu… estava esperando te encontrar — confessou, a voz vacilante. Os dedos se moviam inquietos junto à alça da bolsa. — Já faz um tempo, não conseguia parar de pensar em você.

Akihiro arqueou uma sobrancelha, o canto dos lábios se erguendo num traço vago de diversão. Largou o copo na mesa ao lado e, com um gesto abrupto, agarrou o pulso de Eli e o puxou para seu colo. O movimento foi fluido, seguro, como se já soubesse que Eli não resistiria.

— Que bom — murmurou, os olhos presos aos dele. — Porque fiquei pensando… eu não fodi você naquela noite. Quem sabe podemos tentar hoje.

Antes que Eli conseguisse reagir, os lábios de Akihiro tomaram os seus. O beijo foi exigente, envolvente, carregado de um domínio que não deixava espaço para hesitação. Eli se entregou, os braços escorregando ao redor dos ombros do alfa, tentando corresponder, agradá-lo, encontrar no calor do contato a mesma fagulha que sentira naquela primeira vez.

Quando se afastaram, ofegantes, Eli buscou seu olhar, os olhos brilhando de desejo e uma esperança contida.

— Nós poderíamos ir para um dos quartos… só nós dois — sugeriu, a voz sussurrada, quase uma súplica.

Akihiro riu com desdém, e o som pareceu mais gélido que todas as luzes vermelhas ao redor.

— Não seria justo com ele, não acha? — disse, lançando um olhar de relance ao rapaz em seu colo, que retribuiu com um sorriso provocador.

O outro garoto, sem perder tempo, deslizou a mão por debaixo da camisa de Akihiro, os dedos traçando o contorno do seu peitoral. Começou a beijar-lhe o pescoço com uma confiança quase ensaiada.

— Se quiser atenção especial, vai ter que esperar — murmurou Akihiro, sem sequer olhar para Eli, como se já estivesse satisfeito com sua posição de espectador.

Eli inspirou profundamente, a frustração se misturando com algo mais cru — vergonha, talvez. Ainda assim, não recuou.

— Eu não quero apenas… isso — disse, o gesto amplo apontando para o ambiente ao redor, saturado de luxúria e indiferença. — Quero mais. Quero te conhecer. Realmente te conhecer.

Por um instante, um breve silêncio se instalou. O garoto no colo de Akihiro ergueu os olhos, curioso, mas sem interromper seus carinhos. Akihiro, por sua vez, limitou-se a observar Eli com olhos semicerrados, como se estivesse diante de uma peça de teatro mal escrita.

— Você quer mais do que uma noite no quarto dos fundos? — indagou, a voz sem calor, como se o assunto lhe causasse mais cansaço do que interesse.

— Eu sei que não costuma ser o seu estilo — Eli apressou-se em dizer, corando violentamente. — Mas eu sinto algo quando estou com você, Hanamura-sama. Algo que nunca senti antes. E eu… não quero deixar isso passar.

Por um breve segundo, o olhar de Akihiro pareceu suavizar-se — mas logo desapareceu. Ele soltou um riso breve, seco, e desviou o rosto de volta para o outro rapaz, puxando-o mais para perto.

— Tsc… Você está levando isso muito a sério — disse, indiferente, enquanto seus dedos se perdiam nos cabelos do garoto ao seu lado.

Antes que Eli pudesse reagir, Akihiro o tirou do colo com um gesto impessoal, como quem afasta uma almofada incômoda, e voltou a dar atenção ao outro rapaz.

Mesmo assim, Eli deu um passo à frente. O orgulho machucado era ofuscado por algo mais insistente — uma necessidade de ser visto.

Com um gesto tímido, tocou o braço de Akihiro, buscando sua atenção.

— Hanamura-sama… eu…

Um suspiro impaciente escapou dos lábios do alfa. Ele virou-se apenas parcialmente, o olhar entediado o atravessando como uma lâmina.

— Você realmente não entende, não é? — disse, a voz carregada de desdém. — Eu não estou interessado em relacionamentos.

O silêncio que se seguiu foi brutal.

Eli abriu a boca, mas nenhuma palavra surgiu.

— Se você veio aqui pra falar disso — continuou Akihiro, com um meio sorriso cínico — então saia. E não tente se aproximar de mim de novo.

As palavras foram frias. Definitivas.

Eli ficou ali por um instante, sentindo a pulsação em seus ouvidos, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido. Akihiro não estava testando seus limites, não estava jogando com ele.

Ele simplesmente não se importava.

—–

A sala estava mergulhada em uma penumbra meticulosamente calculada — nem escura o bastante para ser opressora, nem clara o suficiente para oferecer conforto. Apenas funcional.

As luzes frias dos lustres pendiam do teto com um brilho impessoal, refletindo-se nos detalhes metálicos das paredes revestidas de madeira escura. O escritório do prédio administrativo que sediava a organização dos Hanamura mais lembrava um posto de comando: austero, silencioso, prático — desprovido de qualquer afeto ou vaidade.

A mesa de madeira maciça dominava o espaço, com duas cadeiras alinhadas à frente e um cinzeiro esquecido ao lado de um maço amassado. Havia ali uma ordem forçada, rígida, quase incômoda. Akihiro poderia ter escolhido algo mais sofisticado se quisesse — mas preferia estar nas ruas do que em meio a vidros espelhados e móveis de designer.

Sentado à mesa se seu escritório, os ombros aparentemente relaxados, ele mantinha o olhar fixo no celular pousado à frente. A tela escura parecia zombar de sua expectativa. Uma presença muda, carregada de ausência.

Onde diabos está o Jun?

A pergunta reverberava em sua mente como um trovão contido. Cada repetição abria espaço para a frustração, alimentada pelos últimos dias. Silêncios cronometrados. Chamadas não atendidas. Mensagens visualizadas e ignoradas. Jun havia desaparecido — não apenas dele, mas do próprio clube. Akihiro só descobrira que ele havia pedido folga após aparecer repetidas vezes no mesmo horário e, por fim, interrogar um dos bartenders.

— Merda… — murmurou entre os dentes cerrados, com a mandíbula trincada. Não era sobre ele. Era sobre Jun. Sempre fora.

A memória da última vez que estiveram juntos atravessou sua mente como uma lâmina afiada. Tudo começara como uma piada — Jun, com aquele ar sempre um pouco tímido, tentando bancar o romântico só para provocá-lo.

Mas o que deveria ter sido apenas encenação se transformou em algo inesperado. Os toques ganharam ternura, os olhares carregaram um calor que ele não soube nomear. A forma como Jun se entregou àquilo, como se tivesse esquecido por alguns minutos a obrigação de agradar, o deixou atônito.

A memória da última vez que estiveram juntos atravessou sua mente como uma lâmina afiada. Tudo começara como uma piada — Jun, com aquele ar sempre um pouco tímido, tentando bancar o romântico só para provocá-lo. Mas o que deveria ter sido apenas encenação se transformou em algo inesperado. Os toques ganharam ternura, os olhares carregaram um calor que ele não soube nomear. A forma como Jun se entregou àquilo, como se tivesse esquecido por alguns minutos a obrigação de agradar, o deixou atônito.

Akihiro sabia que Jun passara a vida se adaptando ao que os outros queriam. Sabia reconhecer quando um gesto era apenas resposta, um papel ensaiado. Mas naquela noite… não parecia atuação. Ou, se fosse, era perfeita demais para não deixá-lo em dúvida. E a dúvida era cruel: porque, para ele, tinha sido real. Bom demais para ser mentira.

E era justamente isso que agora o corroía. Se tinha sido genuíno, por que Jun se afastava? E se não tinha, como podia doer tanto acreditar que fora?

Levantou-se devagar. Caminhou até a mesa no canto da sala, onde repousavam alguns copos e uma garrafa de uísque dentro de um suporte de vidro. Serviu-se até a metade, observando o líquido âmbar cintilar sob a luz fria. O aroma amadeirado preencheu o ar, mas não trouxe lembrança alguma de conforto. Era apenas parte do ritual — automático, desprovido de prazer.

O uísque evocava a noite anterior, quando estivera no clube. Primeiro, encostado no balcão, olhos colados na tela do celular, ignorara deliberadamente o garoto bonito que se aproximara. O rapaz insistira — palavras doces, toques sutis, sorrisos oferecidos como convite.

Qualquer outro homem teria cedido. Mas ele não era qualquer homem. Não queria consolo. Nem fingir conseguiu.

O garoto percebeu, claro, e mesmo assim pagou-lhe uma bebida antes de conduzi-lo até uma das mesas, onde os assentos acolchoados escondiam melhor o contato dos corpos. Entre beijos apressados e mãos inquietas, Akihiro permaneceu alheio. O copo, o silêncio e o nome de Jun ardiam nele mais do que qualquer boca ou gesto poderia distrair — como álcool malcurado descendo pela garganta.

Sacudiu a lembrança e voltou a se largar na cadeira do escritório, o peso da exaustão mental caindo sobre seus ombros. Desbloqueou o celular. As últimas mensagens ainda estavam ali, como brasas sob cinzas — mornas, dispersas, resquícios de algo que antes era constante combustão.

Nenhuma discussão. Nenhuma ruptura clara. Apenas o lento esfarelar de uma ponte.

Digitou, sem pensar demais. O polegar tremia, quase imperceptível — não por fraqueza, mas por contenção.

Akihiro: “Vai continuar me ignorando?”

Esperou. O tempo se alongava com crueldade. Deu um gole no uísque, sentindo o calor escorrer pela garganta como se abrisse caminho à força. O celular vibrou.

Jun: “Não estou te ignorando, só estou ocupado.”

Uma desculpa vestida de normalidade. Akihiro conhecia bem esse tipo de frase — sabia como se camuflava uma ferida sob palavras neutras. Apertou os lábios, tamborilando o copo com os dedos.

Akihiro: “Ocupado com o quê?”

Desta vez, a resposta veio mais rápido.

Jun: “Trabalho.”

Parcialmente verdade. Jun sempre fora de trabalhar demais. Mas ele reconhecia a evasiva. Dizia-se pouco para não dizer nada. Era um afastamento. Não uma agenda cheia.

Girou o copo na mão, observando o líquido dourado. Não era típico de Jun afastar-se assim. Não sem motivo. Algo havia mudado, e essa mudança serpenteava ao redor dele como veneno silencioso.

Akihiro: “Podemos nos encontrar amanhã?”

Fez a pergunta com a mandíbula travada. Sabia que a resposta definiria o resto da noite. E quando ela chegou, não sentiu alívio — apenas uma trégua.

Jun: “Sim. Vou ter um tempo livre.”

Um “sim” seco. Um encontro marcado como um compromisso, não como desejo.

Akihiro: “Então até amanhã.”

Bloqueou a tela. Ficou olhando para a própria mão, como se o gesto de escrever aquelas mensagens lhe custasse mais do que deveria. Jun sempre mexera com ele de um jeito que desafiava qualquer lógica — muito menos o controle. E agora, aquele afastamento velado, sem explicação, doía como um aviso.

Passou a mão pelos cabelos, puxando-os para trás. A pele estava quente, mas por dentro, sentia-se feito de ferro incandescente — pesado, incômodo. Pousou o copo sobre a mesa. Não terminou a bebida. O gosto já não preenchia nada.

Seu olhar percorreu o escritório. Aquele espaço onde controlava homens, números e acordos; onde cada palavra sua era ordem. E, ainda assim, ali, sentia-se impotente.

Porque tudo aquilo não servia para entender o que se passava com Jun. E o pior era saber — com a precisão de quem observa além do óbvio — que a culpa talvez nem fosse sua.

Mas então… por que doía como se fosse?

—–

No dia seguinte

O restaurante já havia fechado, mas ainda restavam vestígios do movimento que tomara o espaço durante a tarde. As mesas estavam limpas, as cadeiras empurradas com precisão milimétrica de quem já fazia isso por hábito. O ar era quente e levemente úmido, carregando o cheiro de óleo, temperos e o produto cítrico usado para limpar os balcões.

A iluminação, antes vibrante, fora reduzida ao essencial — luzes brancas e suaves filtravam-se entre as ripas de madeira da decoração simples, lançando sombras longas sobre o piso de ladrilhos.

Jun tirou o avental e pendurou-o atrás da porta que dava para a cozinha. Os ombros estavam pesados, os músculos das pernas reclamando cada passo. Pegou o celular, hesitou por um instante e então digitou com dedos rígidos pela tensão do dia.

Jun: “Terminei agora.”

Lá fora, do outro lado da porta de vidro, Akihiro já o esperava.

O alfa insistira em buscá-lo mais cedo, sem se importar com a recusa inicial. E agora estava ali, parado ao lado do carro estacionado em frente ao restaurante, com as mãos nos bolsos e a postura firme, como se nada — nem o horário, nem o clima, nem a distância crescente entre os dois — pudesse fazê-lo sair dali.

Jun saiu para encontrá-lo, o som do sino na porta anunciando sua presença. O ar noturno era fresco e levemente úmido, contrastando com o abafado do interior. O silêncio que os envolveu parecia denso, como se cada palavra que não foi dita se acumulasse entre eles.

Seus olhos evitavam os de Akihiro, fixos em algum ponto indistinto do chão.

Por um momento que pareceu mais longo do que realmente foi, o alfa permaneceu em silêncio, apenas o observando. Depois abriu a porta para Jun.

O ômega entrou no carro, agradecendo com um aceno quase imperceptível, a respiração contida no peito.

O trajeto até o apartamento correu sob o manto de um silêncio espesso, onde apenas o ruído discreto do motor e o zumbido tênue da cidade preenchiam o espaço entre eles. Dentro do carro, a distância parecia maior do que a física permitia.

Jun mantinha os olhos voltados para a janela, como se o reflexo difuso das luzes urbanas pudesse lhe oferecer respostas que não ousava buscar em Akihiro. Nos últimos dias, vinha evitando seus telefonemas — não por desinteresse, mas por exaustão. O peso dos compromissos, dos corpos, das noites, parecia ter criado um muro entre eles. E ainda assim… ali estava, outra vez, sendo puxado por duas forças antagônicas: a razão e o alfa que, sem esforço algum, o arrastava para si.

Quando chegaram ao edifício, Akihiro estacionou o carro com a precisão de sempre. Os dois saíram quase ao mesmo tempo, passos silenciosos no estacionamento revestido de mármore cinza. O elevador os aguardava, vazio e espelhado, como uma câmara de tensão prestes a explodir.

Dentro dele, o silêncio persistiu. Mas não era calmo. Era denso, como um fio prestes a se romper.

Foi Akihiro quem, por fim, falou:

— Você tem me ignorado.

A voz veio baixa, mas firme, uma linha tensa entre acusação e curiosidade. Não havia raiva, mas também não havia indulgência.

Jun enrijeceu, os ombros involuntariamente elevados. Seus olhos buscaram refúgio no chão liso, recusando-se a encarar o reflexo de Akihiro no espelho à frente.

— Eu… estive ocupado — murmurou, sem convicção.

Akihiro não respondeu de imediato. Apenas repetiu:

— Ocupado.

A palavra ganhou um peso irônico na boca dele, quase seca, carregada de incredulidade.

— Respostas com uma palavra só não vão servir, Jun.

As mãos de Jun se fecharam em punhos ao lado do corpo, os dedos pressionando a própria palma como se buscassem se ancorar. Ele não podia dizer a verdade ali — talvez nem em lugar algum. Akihiro não entenderia. Não agora.

O elevador soou um aviso suave antes de as portas se abrirem para o andar superior. O corredor estava mergulhado numa penumbra elegante, paredes revestidas de painéis escuros e uma iluminação indireta que parecia pensada para não revelar demais.

Akihiro caminhou até a porta do apartamento com passos seguros. Destrancou-a com um gesto rápido e entrou sem olhar para trás. Jun o seguiu, hesitante, sentindo o peso do espaço ao redor — familiar demais para ser confortável, íntimo demais para ser neutro.

E então, sem pensar, sem medir, talvez como quem tenta anestesiar o próprio desespero, Jun levou as mãos à barra da camisa. Seus dedos tremiam quando começou a puxá-la sobre a cabeça, o tecido deslizando pela pele pálida até cair em silêncio sobre o chão polido.

— Vamos… acabar logo com isso — disse ele, a voz tão baixa que mal se impunha ao silêncio do lugar.

Quando chegou ao cós da calça, Akihiro, que havia se virado instantes antes, deu dois passos decididos em sua direção e agarrou-lhe o pulso com firmeza.

— O que diabos você está fazendo?

A voz soou cortante, surpresa misturada à indignação, como um estalo dentro do espaço cuidadosamente contido do apartamento.

Jun congelou sob o toque. O corpo inteiro se retesou, o olhar baixo, perdido entre a pele exposta e o carpete sob os pés.

— Isso não é… o que você quer? — sussurrou, e as palavras pareciam uma entrega mais profunda do que o ato em si.

Os olhos de Akihiro se estreitaram, sua expressão escureceu quando ele soltou o pulso de Jun.

Os olhos de Akihiro se estreitaram. Ele soltou o pulso de Jun com lentidão, como se o contato tivesse queimado.

— Está louco? — a voz saiu rouca, grave. — Você parece à beira de um colapso. Que está acontecendo com você, Jun?

Jun recuou um passo, os olhos âmbar arregalados. Seu corpo inteiro tremia, os músculos em alerta, como se uma parte dele esperasse ser rejeitado, empurrado de volta para a sombra.

— Eu… eu não posso… — tentou começar, mas as palavras falharam, e ele desviou o olhar.

Akihiro soltou um suspiro cansado, passando as mãos pelos cabelos em um gesto de frustração contida.

— Eu lhe fiz uma pergunta — disse, agora com a voz mais baixa, mas firme. — E você não vai embora até eu ter uma resposta.

Jun engoliu em seco, sentindo o peso da garganta seca. Olhou de relance para Akihiro, depois para o chão.

— Meu irmão… ele está no hospital. — Murmurou, com esforço.

A expressão de Akihiro mudou num instante. A rigidez de sua postura suavizou-se, os traços do rosto tornando-se mais atentos.

— Seu irmão? Aquele que eu conheci?

Jun balançou a cabeça devagar.

— Não… é meu outro irmão. Ele tem uma doença crônica. Precisa de cuidados constantes… e as contas do hospital estão se acumulando.

Enquanto falava, abraçou a si mesmo, como se o gesto pudesse impedir que desmoronasse ali mesmo. Sua voz tremia, os ombros afundados sob o peso que vinha escondendo há semanas.

Akihiro o encarou em silêncio, os olhos castanhos atentos, buscando mais do que palavras — tentando compreender o silêncio entre elas.

— Por que não me disse isso? — perguntou por fim, sua voz agora baixa, quase gentil.

Jun hesitou, depois ergueu os olhos, vulnerável.

— Achei que você não se importaria.

Akihiro soltou um suspiro lento, cruzando os braços como se buscasse controlar a própria reação.

— Se fosse minha irmã, eu moveria o que fosse preciso do meu caminho para ajudá-la — disse ele. — Você devia ter me contado.

Jun abaixou o olhar de novo. As palavras de Akihiro o atingiam como pancadas suaves, não pela dureza, mas pela clareza.

— Eu não queria incomodar… — sussurrou.

Akihiro aproximou-se, pousando uma das mãos no ombro de Jun com delicadeza.

— Não é um incômodo — disse, sem elevar a voz. — Eu teria parado de insistir se soubesse. Mas você me manteve no escuro.

Jun respirou fundo, tentando controlar a agitação do peito.

— Mas você… continuou ligando — disse ele, como se ainda não compreendesse. — Por que… deixaria pra lá assim?

Akihiro apertou levemente o ombro de Jun, seus olhos firmes.

— Porque a família vem primeiro. Se você está cuidando do seu irmão, nada mais importa. E você não vai ajudá-lo se desmaiar de exaustão.

Jun o encarou, um nó apertando sua garganta. Aquela gentileza não era o que esperava. Esperava a exigência, a cobrança, até a frustração. Mas não… isso.

— Mas… e quanto a você? — perguntou ele, a voz mal audível.

Akihiro curvou os lábios em um esboço de sorriso, a mão descendo do ombro até o braço de Jun, um gesto contido, mas constante.

— Eu vou sobreviver — disse, com firmeza suave. — Quando você estiver pronto, podemos nos encontrar para um encontro se quiser. Mas, por ora, você precisa cuidar de si.

Jun assentiu devagar, o corpo ainda trêmulo. Deu um passo para trás, criando espaço entre eles. Akihiro soltou um suspiro mais leve, embora seus olhos ainda o examinassem com atenção.

— Tem alguém com ele agora? — perguntou.

Jun assentiu lentamente.

— Minha mãe está lá. Ela vai passar a noite com ele.

Akihiro fez um gesto com o queixo, indicando o celular largado sobre a mesa de canto, ainda com a tela escura.

— Liga pra ela. Pergunta como ele está agora. Vai te ajudar a respirar melhor.

Jun hesitou por um segundo, como se estivesse prestes a recusar — talvez por orgulho, talvez por exaustão —, mas acabou estendendo a mão e pegando o celular. Seus dedos tremiam levemente enquanto desbloqueava a tela e procurava o número da mãe.

Quando ela atendeu, a mudança em Jun foi imediata. A postura ainda tensa, mas o tom de voz suavizou-se, e algo no idioma coreano escapava com uma musicalidade abafada, quase íntima, que enchia o espaço do apartamento com sons que Akihiro não compreendia, mas sentia.

Ele observou em silêncio, de braços cruzados, recostado na parede oposta, respeitando o espaço como quem assiste um ritual pessoal e silencioso. Jun andava de um lado ao outro, os pés descalços quase inaudíveis no carpete. Falava rápido, gesticulando às vezes, o cenho ora franzido, ora aliviado — as emoções flutuando conforme as palavras trocadas com a mãe. O nome do irmão surgiu algumas vezes, entremeado de partículas suaves e notas que pareciam conter tanto preocupação quanto alívio.

Por fim, Jun desligou. Respirou fundo, manteve os olhos fechados por alguns segundos e, então, virou-se para Akihiro.

— Ele está bem agora. — disse, a voz baixa, mas mais firme. — Se tudo correr como o esperado, ele pode voltar pra casa amanhã.

Akihiro soltou um murmúrio de aprovação, o semblante suavizado.

— Que bom. Fico aliviado por vocês.

Jun assentiu, ainda meio contido, e passou a mão pelos cabelos, tentando ajeitar algo que a ansiedade bagunçara.

— Me desculpa por tudo isso… — começou. — Não era minha intenção te envolver nisso. Eu… — Fez uma pausa, procurando as palavras certas. — Eu prometo que vou compensar você. Da próxima vez. Não só… — hesitou, buscando manter o tom leve — não só por ter arruinado a noite, mas… por não ter sido sincero desde o começo.

Akihiro caminhou até ele, os passos calmos, e parou a poucos centímetros de distância. Os olhos encontraram os de Jun, intensos, mas sem pressa.

— Você não tem que compensar nada. E também não precisa sair agora.

Jun piscou, surpreso.

— O quê?

— Você pode dormir aqui — continuou Akihiro, com simplicidade. — Nós não precisamos fazer nada. Só… dorme bem, toma um banho quente e come alguma coisa depois. O que quiser. Eu só quero garantir que você descanse de verdade.

Jun o encarou por um longo momento. Nenhuma palavra foi dita de imediato, mas seu corpo parecia ter começado a desacelerar. Como se, ao ouvir aquilo, algo finalmente tivesse cedido dentro dele — uma resistência antiga, feita de independência forçada e medo de ser peso morto para os outros.

— Você tem certeza? — perguntou, hesitante, ainda sem mover os pés.

Akihiro assentiu, a voz tranquila.

— Tenho. Você não precisa provar nada para mim hoje.

Jun, por fim, soltou o ar devagar. Seus ombros caíram um pouco, como se alguma tensão invisível estivesse sendo lentamente desfeita.

— Tá… tá bom — murmurou —, mas só por hoje.

— Só por hoje. — Akihiro repetiu, com um meio sorriso. — Ele então se virou em direção ao corredor. — Vem. Vou pegar uma camiseta limpa e te mostrar onde ficam as toalhas.

Jun não se sentiu deslocado ao aceitar aquele tipo de gentileza. Não como caridade, nem como piedade. Mas como alguém que, por fim, começava a ser visto.

—–

A luz tênue do abajur projetava sombras suaves sobre o quarto, refletindo na pele morena e nua de Akihiro, que permanecia sentado à beira da cama, com os cotovelos apoiados nos joelhos e os dedos entrelaçados diante dos lábios. O som abafado da água correndo no banheiro preenchia o silêncio com uma constância monótona, quase tranquilizadora, mas a inquietação que crescia em seu peito traía qualquer aparência de calmaria.

Ele olhava fixamente para o chão, mas não via nada. A mente vagava, lenta e dispersa, como fumaça escapando por uma fresta.

Por que diabos ele estava ali?

O plano, se é que algum dia houvera um, era simples. Satisfação mútua, limites bem definidos, um arranjo silencioso que não exigia mais do que o prazer. Não havia espaço para prolongamentos. E, no entanto, ali estava ele. Sentado na cama do quarto de hospedes, ouvindo o som do chuveiro enquanto esperava por um homem que sequer o tocaria naquela noite.

“Isso está passando dos limites.” — A frase surgiu em pensamento, como um aviso frio que ecoou no fundo de sua consciência.

Ele a ignorou por alguns segundos, como se a própria mente estivesse sendo impertinente demais.

Mas o incômodo não se dissipava.

Jun havia se despido em silêncio, murmurando algo sobre estar suado do trabalho e preferir tomar banho antes de se deitar. E Akihiro… apenas assentira. Deixara. Como se fosse natural. Como se tivessem intimidade para isso. Como se fosse rotina.

E não era.

O mais inquietante — ou talvez o mais absurdo — era que isso, de fato, não o incomodava. Ao menos, não no sentido convencional. Era estranho, sim, e fora do script que costumava seguir, mas não era desagradável. O silêncio que pairava entre os dois não trazia desconforto, e ver Jun circulando pelo quarto com os ombros relaxados e o semblante tranquilo não despertava nele o impulso de se vestir às pressas e ir embora. Havia algo de… doméstico naquela cena.

“Doméstico, mas que porra?”

O pensamento lhe arrancou um sorriso irônico, quase debochado de si mesmo. Ele, Akihiro Hanamura, temido, reservado, avesso a vínculos duradouros e compromissos emocionais, estava esperando por ômega delicado — e estranhamente encantador —, esperando-o terminar o banho como quem espera o namorado para dormirem juntos… era ridículo.

Mas era verdade.

Tinha começado com uma atração óbvia. O contraste físico entre eles, o carisma inquietante de Jun, seus olhos vivos e aquele jeito sutilmente provocante que não parecia proposital — tudo isso o capturou de imediato. Ele queria ver Jun se desfazendo sob suas mãos, sentir sua pele quente, ouvir sua voz embargada. E conseguiu. Mais de uma vez.

O problema é que não parou por aí.

Jun era bonito, claro. Mas não era só isso. Era doce, não de uma maneira forçada, uma gentileza cuidadosa nas palavras e gestos. Não havia subserviência em sua delicadeza — e talvez por isso fosse tão atraente.

Porém, quantas vezes ele já tinha acordado mais cedo, comprado ingredientes, cozinhado um café da manhã tão bom e limpado tudo depois na casa de outros homens?

Quantos acordos semelhantes ao de AKihiro ele teve que aceitar só para poder cuidar da sua família?

Ele não queria nada além de dinheiro, nunca pediu mais nada, não cobrava o dinheiro logo depois, não invadia a privacidade de ninguém.

Akihiro sabia reconhecer os sinais. Já estivera em situações semelhantes antes. Relações casuais que ameaçavam ultrapassar as barreiras implícitas — e sempre soubera quando cortar. Sempre soubera o momento exato de sair antes que algo mais se instaurasse. Antes que a convivência criasse raízes invisíveis, daquelas difíceis de arrancar sem causar sangramento.

Mas com Jun… Ele hesitou. E seguiu hesitando.

Nçao foi a primeira vez que não havia sexo. Só conversas e toques leves. Uma troca de olhares prolongada, uma gargalhada compartilhada, uma refeição dividida. Isso não era só físico. E essa constatação o incomodava mais do que gostaria de admitir.

Passou as mãos pelos cabelos, empurrando-os para trás com um suspiro baixo. Jun havia saído do banho, agora só estava usando o secador para secar os cabelos. Aquilo o atingiu de forma súbita. O aroma da pele de Jun, o calor que ele deixava nos lençóis, o modo como seu corpo se encaixava com o dele mesmo quando estavam apenas deitados, lado a lado.

Havia um perigo silencioso nesse tipo de coisa.
Não eram os beijos ou os corpos — Akihiro sabia lidar com isso. O que o desestabilizava eram as brechas que Jun abria sem fazer força. A maneira como ele o fazia querer ficar mais um pouco. Falar mais um pouco. Tocar, mesmo quando não era necessário.

Ele não queria isso. Não precisava disso.

Mas então… por que não havia ido embora?

Um ruído abafado o tirou do devaneio. O som da porta sendo aberta. O silêncio que se seguiu pareceu mais pesado, mais carregado de expectativa.

Jun sairia do banheiro em instantes. Vestido com a roupa que emprestou a ele, os cabelos secos, a pele úmida exalando aquele mesmo perfume suave. Ele sorriria com leveza, diria algo trivial — e Akihiro se pegaria observando cada detalhe com atenção excessiva, como se buscasse justificativa para permanecer mais uma noite.

Ou talvez nem dissesse nada. Apenas se deitaria.
E isso seria suficiente para que Akihiro ficasse.

Ele sabia disso. Sabia exatamente onde isso poderia levar. E, por mais que uma parte de si gritasse para voltar atrás, para encerrar aquilo enquanto ainda era possível, outra parte — mais íntima, mais enraizada — já começava a se render. Silenciosa, mas firme.

Jun saiu do banheiro, vestindo apenas a cueca, segurando com cuidado a camiseta e a calça largas demais contra o peito. A pele morena e quente parecia ainda mais marcada pelas gotas que escorriam por seus ombros e costas, refletindo os tons quentes da lâmpada.

— A calça ficou grande demais… — comentou, num tom de voz baixo, deixando a roupa dobrada na poltrona ao lado. — Acho que vou dormir assim mesmo.

Akihiro não respondeu de imediato. Observou de relance, com um ar distraído e cansado.

— Pode dormir assim. Não tem problema — disse por fim, com voz rouca, desviando o olhar para o chão.

— Você não precisava me esperar sair do banho — disse, enquanto se sentava na cama, puxando o lençol até a cintura.

Akihiro ensaiou uma justificativa, qualquer coisa simples, prática. Mas não conseguiu dizer. Ele tinha razão.

— É… — murmurou apenas, coçando a nuca, sem saber como continuar —, claro, então boa noite.

Deu alguns passos na direção da porta, já se preparando para ir embora, quando a voz suave de Jun o alcançou pelas costas.

— Se quiser pode dormir aqui. Afinal… — fez uma breve pausa — é sua casa.

Akihiro parou, como se suas pernas tivessem se enraizado no chão por um instante. Respirou fundo. Aquilo não era o esperado, não fazia parte da rotina bem regulada que costumava manter. Mas não era mentira — era sua casa, e Jun estava certo. Então, sem responder, apenas assentiu com um gesto discreto e voltou, acomodando-se do outro lado da cama.

Jun havia se deitado de lado, abraçando o próprio corpo, as pernas ligeiramente recolhidas sob o lençol. Akihiro, por sua vez, permanecia sentado na outra extremidade da cama, de costas para ele.
Não havia contato — só presença. Ainda assim, ela parecia mais densa que qualquer toque.

Jun se remexeu, puxando o lençol até o ombro. Os olhos, fixos na parede à frente, não piscavam. Quando finalmente falou, a voz saiu baixa, mas firme o bastante para atravessar o quarto.

— Talvez eu não consiga te ver amanhã. Vai depender do meu irmão… — A pausa foi breve, como se ponderasse se deveria continuar. — Se ele não estiver bem, eu fico com ele. Se estiver… eu tenho uns compromissos marcados.

Akihiro assentiu, quase imperceptivelmente.

— Tudo bem. Leve o tempo que precisar.

Um leve som de ar sendo expirado escapou dos lábios de Jun, como se aquela permissão silenciosa tivesse afrouxado algo em seu peito.

— Eu nunca quis isso. — Akihiro virou levemente o rosto, atento, mas permaneceu calado. Jun continuou, aos poucos. — Sair com desconhecidos… Ser tocado por pessoas que mal conheço. Fingindo que quero, quando só queria estar em outro lugar. — Respirou fundo, o peito subindo e descendo com lentidão.

Akihiro sabia que era uma pergunta óbvia, quase cruel. Ainda assim, perguntou, a voz grave, quase um sussurro:

— Então por que continua?

Houve uma pausa. A respiração de Jun parecia mais irregular, mas ele não chorava. As palavras vinham engasgadas, como se cada uma precisasse atravessar algo doloroso para existir.

— Porque minha mãe não pode mais trabalhar. E meus irmãos… eles ainda precisam terminar a escola. Eu não podia ir pra faculdade. Não tinha outra coisa… Nada além do meu corpo. — A garganta de Jun se apertou; ele pigarreou, tentando continuar. — Eu não namoro desde o ensino médio. Não tenho mais esperanças de construir uma família. Então… não havia nada a perder.

Akihiro permaneceu em silêncio por um momento, o cenho levemente franzido. Depois, falou com cautela:

— Mas você é acompanhante de luxo, desenvolveu habilidades que te colocariam muito acima de qualquer outro só para trabalhar com isso, porque fez isso?

Jun soltou um riso breve, sem humor.

— Eu trabalhei demais para ter o mínimo de escolha. — Virou-se um pouco, como se quisesse encontrar seu olhar, mas logo desistiu. — Para não parar num bordel… ou pior. Tive sorte de chamar a atenção das pessoas certas. E de saber obedecer quando era necessário. — Sua voz não carregava orgulho — só exaustão. — Mas toda vez que eu sorria para alguém que me tocava como se eu não fosse nada… eu sentia que estava deixando uma parte minha morrer. Mas eu não podia parar. Porque… se não fosse eu… quem seria?

Akihiro permanecia imóvel, os olhos fixos no teto agora, como se encarasse algo invisível. Não disse nada. Não o interrompeu. Jun, talvez, nem quisesse uma resposta.

Um silêncio mais profundo desceu entre os dois, espesso como fumaça. O tipo de silêncio que não pede palavras — só presença.

Akihiro, depois de longos segundos, se virou ligeiramente, não o suficiente para encará-lo, mas bastante para que sua voz pudesse alcançá-lo.

— Você ainda está aqui — disse, com simplicidade. — E ainda é você. Independente do que você pense, você não se perdeu.

Jun não respondeu. Mas naquele instante, fechou os olhos, permitindo que o peito relaxasse aos poucos. E Akihiro, mesmo sem tocar, soube que ele o havia escutado.

Naquela noite, não houve mais palavras. Mas algo entre eles mudou. Como se um véu tivesse sido afastado, revelando uma ferida ainda aberta, e ao mesmo tempo, a coragem de permanecer — mesmo despido de máscaras.

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Capítulo 7
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Laços em Carmesim

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Akihiro Hanamura sempre acreditou que laços afetivos não passavam de ilusões passageiras – convenções sociais frágeis que encobriam a inevitável falência das relações humanas. Como...

Chapters

  • Capítulo 7 O coração exausto de Jun
  • Capítulo 6 O Gosto da Ternura
  • Capítulo 5 Junhos Possíveis
  • Capítulo 4 Proposta Intrigante e Tentadora
  • Capítulo 3 Sedução no Palco, Verdades no Encontro
  • Capítulo 2 - A primeira intersecção
  • Capítulo 1 - Uma Noite ao Acaso

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