Arco 1 –  Oriente sem DESTINATÁRIO

Missão Ágape

Capítulo 0

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🟡 Em breve

**Arco 1 –  Oriente sem Destinatário**

 

O amor não lhe era estranho como diziam que era.

A primeira vez que se apaixonou foi uma coisa fantástica, linda, era como se o mundo tivesse aberto uma porta cheia de possibilidades e promessas que poderiam ser concretizadas.

Isso mesmo, poderiam…

E lá estava ele, o rapaz que lhe fazia suspirar e sonhar acordado quando chegava às sete da manhã para cuidar dos jardins de sua família.

James tinha apenas catorze anos, era um menino tímido, e o máximo que poderia fazer era mirar em silêncio aquele adolescente um ano mais velho que ele, e pela janela, sonhar com aquelas mechas douradas e pele bronzeada de tanto que ficava no sol por causa daquele jardim.

Isso até que um dia em que resolveu tomar coragem, e fez a melhor e mais bonita de suas cartas. Declarando todo seu amor e todos seus mais íntimos sentimentos.

“Parece até um sinal você plantando essas misiótis e rosas. Sabia que elas representam o amor? Eu não gosto muito de botânica, mas quando lhe vejo cuidar delas com tanto afinco e destreza fico penando se você sabe o significado delas.

Sim, amor. Este é o significado desta carta. Também li que o amor é algo químico, ocitocina. Será que de tanto lhe observar por detrás do vidro desta janela eu me envenenei com isso?

Só quero dizer que apesar de não sair muito deste quarto, consigo saber para onde vai quando terminar seu serviço em nossos jardins. O manchado de lama em seus sapatos denotam que vai brincar com outros rapazes perto da fábrica de carvão, a postura meio cansada denuncia seu esforço por estudar por horas a fio, e quando as vezes chega emburrado, sei que seu pai lhe deu alguma palestra pelas vezes em que toma vinho as escondidas, isso vejo pelo corar de suas maçãs que exibe eu seu rosto quando volta dos intervalos.

Me desculpe se estou sendo incômodo, mas é que meu peito se encheu de tantos sentimentos, e agora transbordou. E sinto que você também tem um peito transbordando… E posso ajudá-lo com isso, pois por você eu enxugaria todos os dias as porcelanas dos cafés que poderíamos tomar juntos. E aprenderia a cozinhar. Eu vi como faz, uma vez vi Elizabeth fazer o Victoria Sandwich, e não é tão difícil.

E pela segunda vez, me desculpe, não sei fazer poemas.

Sempre quando se tem um ou quando começo compor um, sempre alguma besteira me vem à mente e acaba toda minha inspiração e coragem para escrever algo mais romântico.

Então para não acabar lhe fazendo rir de mim com minhas bobagens, resolvi fazer uma carta.

Espero muito que me responda. E corresponda. De coração. Mesmo.

ASS: James Payne”

E assim enviou para o jovem, pedindo à sua governanta lhe fizesse tal favor extremamente secreto. A única da qual sabia dos segredos amorosos de James.

Amorosos, que se tornaram desastrosos…

— Você vai para o internato semana que vem! — declarou seu pai, berrando a plenos pulmões.

— Eu não irei! Não podem fazer isso comigo!

— É claro que posso! — esbravejou seu pai, furioso — E farei isso porque o amo! Não quero que um filho meu seja a vergonha e desgraça dessa família!

— Vergonha? Desgraça? Do que está falando pai?! É sobre minhas notas? É sobre as advertências e a última suspensão que levei na escola? Por favor! Eu prometo que vou melhorar!

Seu pai, que estava com o rosto vermelho e um olhar furioso, foi até sua mesa e tirou de sua gaveta um papel todo amassado e sujo de sangue.

James gelou ao reconhecer a letra…

— Pai… E-Eu… posso explicar…

— Explicar o quê?! Não há nada o que ser explicado James!! — gritou seu pai, empurrando a cadeira que caiu no chão com um baque alto, assustando muito o pobre rapaz.

— Patrick! Pare de gritar com nosso menino! — disse Imogen, sua mãe, abrindo com tudo a porta do escritório, e indo até seu filho, que saiu da cadeira correndo e foi lhe abraçar. Seus olhos já se desaguavam de muito medo e tristeza.

— Isso é o mínimo que posso fazer! A minha vontade era de… — seu pai se inclinou na mesa, colocando as duas mãos espalmadas entre os papeis e outras planilhas e projetos de seus contratos como restaurador — Nosso filho Imogen, é um afeminado!!

— Ainda sim é nosso menino! — rebateu sua mãe, como uma leoa protegendo sua cria.

— Isso é o resultado desses muitos romances desvirtuados desses livros que você dá à ele! Excesso de mimos Imogen! Mas isso acaba agora! Ele irá para um colégio interno! Ou melhor, para um colégio militar!

— Não pai! Por favor! E-eu juro que não vou mais ser um… Afeminado! E-eu não sabia o quão grave isso é! Porque… Eu sempre pensei que o amor fosse…

— Cale a boca! — lhe ordenou seu pai — Arrume suas coisas. Estamos partindo agora.

— Se fizer isso eu volto para a casa de meus pais, Patrick! — disse Imogen, indo até a mesa e batendo com suas mãos em cima dos papeis, fazendo seu esposo arregalar os olhos. A mulher lhe encarou muito séria, e após longos segundos, a passos duros com o som de seus saltos ecoando pelo cômodo, voltou a abraçar seu filho — E você sabe, Patrick, que posso fazer isso. Eu lhe amo. Mas entre sua falta de sensibilidade e acolher nosso filho, vou escolher acolher meu filho.

James estava tremendo, ver seus pais brigarem daquela maneira por sua causa era a última coisa que queria que acontecesse. Eles se amavam, demostravam isso todos os dias. Seu pai era uma pessoa tão gentil e paciente… Ok que algumas vezes ele era rígido com os funcionários, mas nunca levantou voz para ninguém… Aquela era a primeira vez que James o via tão furioso. O que significava que o que tinha feito, era algo gravíssimo.

— Por favor, mamãe, pai, por favor, não quero que se separem! E-eu juro que nunca mais faço essas coisas! Sei agora o quão errado isso é! E-e agradeço por me fazerem ver isso…!

Seu pai ofegava ainda furioso, tanto que afrouxou sua gravata borboleta que tanto mantinha arrumada. Já sua mãe lhe mirou com olhos chorosos, e beijou sua testa.

— Vá para seu quarto, James. — Decretou Sr. Payne, abaixando a cabeça e seu olhar para a mesa.

James olhou para sua mãe, que lhe sorriu de canto como se dissesse que tudo ficaria bem.

Com suas pernas trêmulas e suas mãos suando frio e olhos em lágrimas que se segurava para não derramar, James saiu correndo do escritório, virando o corredor para seu quarto.

•••••

Os dias se passaram, os jardins ainda se mantinham lindamente bem cuidados, mas não mais eram embelezados pelas mãos daquele tal rapaz que todas as manhãs ele via pela janela e lhe acenava educadamente um “bom dia” lá debaixo.

Será que o que sentia não era recíproco? Será que era somente ele que o via como um alguém que fazia seu coração palpitar? E sobre a carta… Como que ela foi parar nas mãos de seu pai? E porque ela estava manchada de sangue? E onde o rapaz estava agora? Será que estava bem?

Eram tantas perguntas… Mas nenhuma delas podia ser respondida. Aquele assunto tinha acabado, ninguém, nem a governanta e os criados comentavam pelos corredores e os cantos que James sabiam onde paravam para fofocar sobre a vida de cada um.

Era como se aquele jovem jardineiro nunca tivesse existido, e que tinha sido um sonho… ou talvez um pesadelo…

Mas uma coisa James havia jurado dentro de si: que nunca mais iria se apaixonar, e que nunca mais iria errar com uma coisa tão séria como essa que ele não tinha noção de que era tão grave até acontecer tudo aquilo.

Um pesadelo, era isso.

Foi somente um simples e real pesadelo…

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Capítulo 0
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Missão Ágape

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O Olimpo está em crise, e tudo porque de repente uma profecia disse que um deus iria dizimar o seu sistema e tudo que eles lutaram para conquistar e poderem estar no poder até hoje.

E é...

Chapters

  • Capítulo 47 Proemial
  • Capítulo 46 Alto Mar
  • Capítulo 45 Anelos
  • Capítulo 44 Verdades da Alma
  • Capítulo 43 Premências Difíceis
  • Capítulo 42 Enraizados
  • Capítulo 41 Chaves Sinceras
  • Capítulo 40 Presença
  • Capítulo 39 Luz Misteriosa
  • Capítulo 38 Possibilidades
  • Capítulo 37 Espólios
  • Capítulo 36 Fogo
  • Capítulo 35 Visitas Indesejadas
  • Capítulo 34 Penalidades
  • Capítulo 33 Mais, ou Menos
  • Capítulo 32 Temerário
  • Capítulo 31 Serviços Extras
  • Capítulo 30 Zelus
  • Capítulo 29 Magnetismo
  • Capítulo 28 Despertando
  • Capítulo 27 Sem Céu para Inocentes
  • Capítulo 26 Entre Mortais
  • Capítulo 25 Nuances
  • Capítulo 24 Céu de Luzes
  • Capítulo 23 Sobreposição (parte 2)
  • Capítulo 22 Sobreposição (parte 1)
  • Capítulo 21 Café Quente
  • Capítulo 20 Conselhos
  • Capítulo 19 Muros em Chamas (parte 3)
  • Capítulo 18 Muros em Chamas (parte 2)
  • Capítulo 17 Muros em Chamas (parte 1)
  • Capítulo 16 Cem Olhos
  • Capítulo 15 Nobre Amizade
  • Capítulo 14 Impulsos
  • Capítulo 13 Abaixo da Superfície
  • Capítulo 12 Fim de Festa
  • Capítulo 11 Fagulhas
  • Capítulo 10 Noite de Cores
  • Capítulo 9 Sopa de Ossos
  • Capítulo 8 Saindo do Ninho
  • Capítulo 7 Dádivas
  • Capítulo 6 Reunião Cancelada
  • Capítulo 5 Sonhos?
  • Capítulo 4 Empecilhos
  • Capítulo 3 Efúgio
  • Capítulo 2 Bençãos á Vista
  • Capítulo 1 Sem Opção
  • Capítulo 0 Prólogo dos Contratempos do Amor

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