Arco 1 –  Oriente sem DESTINATÁRIO

Missão Ágape

Capítulo 1

  1. Home
  2. All Mangas
  3. Missão Ágape
  4. Capítulo 1 - Sem Opção
Anterior
🟡 Em breve

Londres, Inglaterra.

16 de Julho 1881.

Aquele era o dia de seu aniversário do décimo oitavo ano de sua vida, ele pensava, e todo mundo esperava já que estivesse com todas suas decisões tomadas, débitos pagos, grandes negócios fechados e planos feitos para toda uma vida.

Mas mal sabiam eles que aquele rapaz de apenas dezoito anos, esses que estavam se completandos naquele dia, não sabia nem que roupa iria vestir no dia seguinte. Nem se estaria vivo, por conta de seu estilo de vida desregrada e por vezes um tanto aventuresca.

Mas ali estava ele, se arrumando para seu grande dia, que pensava ser igual ao de tantas outras comemorações e eventos…

Ah, mal sabia… que o verdadeiro grande dia seria aquele.

— Acho que vou deixar essas costeletas, que tal mamãe? — perguntou à sua mãe, que estava dando ordens aos serviçais ali na cozinha, organizando tudo para a festa que seria dentro de algumas horas à noite ali mesmo na mansão residencial dos Payne.

— Você pode deixar até crescer bigode, meu bebê. Vai ficar lindo da mesma forma, aliás, vai ficar igualzinho ao seu pai. — respondeu, dando um tapinha amistoso em seu rosto — Mas creio que não veio até aqui embaixo só pra me perguntar isso, não?

Ah, ela o conhecia muito bem…

— Porque acha que só venho à senhora para pedir algo?

— Se for o que estou pensando, minha resposta é não, James.

O rapaz bufou e cruzou os braços, se recostando no batente da entrada da cozinha.

— Eu não a amo, mãe. Eu não quero isso pra mim, não quero cortejá-la.

— Ela é a escolha certa. O pai dela é amigo de seu pai, além disso, como é louco em recusar uma moça tão bonita como ela? Sabia que ela sabe cantar?

— Não gosto de óperas.

— Ela sabe costurar.

— Já tenho a Sra. Jones para recorrer.

— Ela sabe fazer bordados.

— Tenho dinheiro para comprar qualquer tipo de enxoval que existe nesse mundo.

— Que bom que está pensando nesse detalhe. Então isso significa um grande sinal positivo para essa união.

Mais uma vez o rapaz bufou, mas agora em derrota.

Mas isso não significava que ele iria desistir no primeiro fracasso…

— A senhora e papai sempre me contam que quando se casaram eram apaixonados um pelo outro.

— E é verdade. Mas no nosso caso foi pura sorte, mas com você… bem, já vimos que não tem muita.

— Estou me sentindo ofendido, está me dizendo que tenho o dedo podre?

Sua mãe sorriu, e beliscou de leve sua bochecha.

— O que importa é que você é bonito, e Elise está mais do que disposta a aceitar esse noivado.

O rapaz paralisou por uns instantes, processando a repentina informação.

— Espera… não é um simples cortejo… então… Esse meu aniversário é…

— Nada melhor do que unir o útil ao agradável! Pronto, falei, era para ser surpresa. Não conta pro seu pai.

James queria sair dali correndo para iniciar uma guerra contra seu pai, que tinha a mania de decidir coisas importantes de sua vida sem o seu consentimento. Já sua mãe ainda o deixava ter sua liberdade, na tentativa de incentivá-lo a aprender a escolher seu próprio caminho. Mas, às vezes cedia ao seu marido na tomada de ações decisivas.

— Filho, não fique triste. Seu pai sabe o que está fazendo. Se ele é a favor deste casamento, é porque será bom para você.

— Acho melhor a senhora cancelar tudo, pois hoje vou fugir desta casa. — disse, com tom irritadiço.

Sua mãe deu uma breve risada.

— Primeira regra da rebeldia: nunca conte que vai fazer algo ilegal. Está vendo? Meu filho é mocinho demais para ser um delinquente. E além do mais, você tem sorte de ter pais como nós que nos preocupamos com sua felicidade. Vamos, pare de ficar emburrado, você vai ganhar uma moça muito linda, dotes excelentes e de uma antecedência honrosa e respeitada. Tudo perfeito!

— Perfeito… — James suspirou, se rendendo aos argumentos da mãe.

O que ele podia fazer? Sabia que toda sua vida já tinha sido escrita, e parece que sair desse roteiro estava impossível. Ainda mais quando a outra parte tinha uma grande empresa que era sócia dos negócios de sua família.

— Vou pro meu quarto, quem sabe eu não ache pelo caminho uma corda para um ter em paz o meu fim…

— Não seja dramático! Vamos, em vez de ficar pensando besteiras porque não vai lá fora e vê se seu irmão não está atolado em alguma poça de lama junto com aquele gigante peludo do Jack? — disse, empurrando o moreno para fora cozinha.

James saiu dali sem ânimo rumo a varanda, mas desviou do caminho quando viu que sua mãe não estava mais em seu campo de visão.

Seu destino escolhido foi escritório do pai.

Tinha que tentar reverter. Não podia desistir.

Ninguém das pessoas que estavam por ali se importaram com sua passagem, estavam ocupados demais arrumando a casa para a festividade de logo mais.

O rapaz gostava do que via, adorava uma festa e uma boa farra regada a vinho e boa música.

Quantas vezes tinha fugido pelas madrugadas com seus amigos para poder ir se divertir nos bordéis luxuosos onde tinha contas e dívididas que mais tarde eram enviados secretamente para que seu pai pagasse, mesmo que a muito contra gosto, lhe rendendo boas horas de palestras sobre ser responsável e que tinha que ter uma boa conduta, já que ele e seu irmão futuramente iriam herdar os negócios da família.

Ao chegar em frente a porta do escritório, bateu na mesma, recebendo um “Entre” em resposta.

— James.

— Oi, pai.

— Não esqueça de fechar assim que entrar, não quero barulho tirando minha concentração agora.

Seu pai era arqueólogo e geólogo antes de virar restaurador, então em seu escritório havia muitas coisas antigas como coleção de todas suas viagens pelo mundo afora.

Antes de conhecer a Sra. Payne ele viajava o mundo para descobrir artefatos antigos, até que em uma dessas descobertas acabou que uma o fez famoso em Londres, lhe rendendo um grande prêmio e fortuna. E foi também em uma dessas viagens que seu coração foi capturado por uma bela moça de olhos verdes, que lhe deu um presente precioso que herdou suas pupilas de esmeralda, e um outro serelepe que parecia estar despertando aptidões para seguir os mesmos caminhos, ao contrário do mais velho que não queria nada daquilo.

— Oh, isso é muito bonito… De onde veio?

— Da Itália. Me contrataram para reformar até semana que vem. — disse, o agora restaurador, sem virar para seu filho, já que estava trabalhando em outro artefato, este de metal e muito pequeno.

— Um pingente? Porque não o enviaram para a joalheria? — perguntou, achando muito bonito a peça prateada, parecia perigosa por ter uma ponta tão afiada.

— Dizem que é um artefato raro. Sabe o que é?

James revirou os olhos já começando a ficar entediado, entendendo as intenções do pai naquela pergunta.

— Bem, não vou atrapalhar o senhor em seu trabalho, nos vemos mais tarde. — disse, decidindo esquecer o que queria falar ao seu pai para poder escapar da longa palestra sobre aquelas coisas antigas e também sobre o fato de se esforçar para parar de ficar fugindo de seu destino, no qual, seria aqueles negócios.

— James, você pode escapar o quanto quiser, mas saiba que uma hora isso tudo aqui vai lhe alcançar. — disse seu pai, de forma mais séria.

Ah, uma deixa, era o que precisava para voltar a luta…

— Até lá, acho que já devo estar dentro de um escritório daquele outro lugar cheio de coisa velha daquele museu e voltando pra casa todos os dias cheirando à mofo.

Seu pai parou o que estava fazendo e se virou para o rapaz, lhe mirando também sério enquanto ajeitava os óculos.

— Então, sua mãe já lhe contou do noivado.

James manteve a mesma postura indignada, não respondeu, mas só aquilo já era uma resposta.

Seu pai suspirou caminhando lentamente indo até a mesa, se sentando atrás dela, e depois indicando ao moreno para se sentar na outra à frente da mesma.

James soube na hora o que veria a seguir…

— Bom, acho então que não vou precisar ter que falar todos os detalhes do que você tem que fazer nessa festa.

— Pai, eu não quero me casar! Eu nem a conheço direito!

— Esse casamento será benéfico para todos. Manter os negócios dentro de nossa família é o que está em jogo aqui. E você, tem que tomar essa responsabilidade, acabou os dias em que eu tinha que pagar por seus prejuízos daqueles lugares vulgares. Isso vai mudar a partir de hoje. Está me ouvindo, James?

— Sim, estou ouvindo! E entendendo muito bem que estou sendo a apenas um objeto de troca em uma negociação! Já pararam pra pensar que eu e essa moça podemos ser infelizes?

— O amor pode vir depois na convivência. Ela tem uma boa personalidade, é mansa, mas também mostra ter um pulso forte nas horas certas, vai conseguir trabalhar a sua ociosidade. Sei que com um pequeno empurrão vai também trabalhar para dar o seu melhor nessa união.

— Não há outra forma?

— Não. Já está decidido. Você vai pedir a mão dela nessa festa.

Aquela frase de seu pai soou mais a uma ordem do que um aviso, e isso queria dizer que uma desobediência teria consequências e punições severas.

James não era uma pessoa que gostava de discutir, sempre foi um bom filho em sua infância, e quando chegou na adolescência manteve sua boa conduta depois daquele dia…

Pelo menos na frente dos pais…

Pois quando não estava nas vistas deles ele se esbanjava como um perfeito boêmio com seu grupo de amigos, dominando e marcando presença nos bordéis mais caros e famosos de Londres.

De repente, algo passou em sua mente sobre aquele objeto que seu pai estava restaurando, e não gostou nada de sua dedução.

— Por isso que este pingente foi parar em suas mãos… Ele não é importante para o museu do Hughes… O senhor comprou para eu dar a ela como presente de noivado! Oh meu Deus…, porra! Mas que grande merda…!

— Veja seus modos rapaz! Ainda está sob meu teto! Então terá que seguir minhas regras! E a regra de agora será você pegar aquela joia antes da festa e embrulhá-lo com requinte e elegância mostrando sua boa vontade. Entendido?

Contendo toda sua raiva, James abaixou a cabeça e respondeu:

— Sim, entendido. — disse, seco.

— Muito bem, agora vá para seu quarto, e tire essas costeletas. Você tem que estar bem apresentável para sua futura esposa.

Quanto mais seu pai falava aquelas coisas, mais sua indignação e raiva aumentava.

Claro, em sua mente passou vários cenários onde ele se levantava, pegava aquela joia e arremessava pela janela. Ou então que fosse mesmo para seu quarto logo, mas não para arrumar sua aparência, e sim sua mala.

Mas para onde ele ia?

E do que ia viver?

Sem dizer mais nenhuma palavra, saiu daquele escritório.

E com outra derrota.

A passos duros e passando direto pelos serviçais, caminhou de cabeça baixa e em silêncio até seu aposento, onde foi diretamente para o banheiro fazer logo o que seu pai lhe ordenara.

— Droga! Merda! — xingou, socando a parede, masse arrependendo em seguida por causa da dor infringida em suas falanges —Porra! Até pra isso sou inútil?

Comentários no capítulo "Capítulo 1"

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*

*

Capítulo 1
Fonts
Text size
AA
Background

Missão Ágape

3.7K Views 5 Subscribers

O Olimpo está em crise, e tudo porque de repente uma profecia disse que um deus iria dizimar o seu sistema e tudo que eles lutaram para conquistar e poderem estar no poder até hoje.

E é...

Chapters

  • Capítulo 47 Proemial
  • Capítulo 46 Alto Mar
  • Capítulo 45 Anelos
  • Capítulo 44 Verdades da Alma
  • Capítulo 43 Premências Difíceis
  • Capítulo 42 Enraizados
  • Capítulo 41 Chaves Sinceras
  • Capítulo 40 Presença
  • Capítulo 39 Luz Misteriosa
  • Capítulo 38 Possibilidades
  • Capítulo 37 Espólios
  • Capítulo 36 Fogo
  • Capítulo 35 Visitas Indesejadas
  • Capítulo 34 Penalidades
  • Capítulo 33 Mais, ou Menos
  • Capítulo 32 Temerário
  • Capítulo 31 Serviços Extras
  • Capítulo 30 Zelus
  • Capítulo 29 Magnetismo
  • Capítulo 28 Despertando
  • Capítulo 27 Sem Céu para Inocentes
  • Capítulo 26 Entre Mortais
  • Capítulo 25 Nuances
  • Capítulo 24 Céu de Luzes
  • Capítulo 23 Sobreposição (parte 2)
  • Capítulo 22 Sobreposição (parte 1)
  • Capítulo 21 Café Quente
  • Capítulo 20 Conselhos
  • Capítulo 19 Muros em Chamas (parte 3)
  • Capítulo 18 Muros em Chamas (parte 2)
  • Capítulo 17 Muros em Chamas (parte 1)
  • Capítulo 16 Cem Olhos
  • Capítulo 15 Nobre Amizade
  • Capítulo 14 Impulsos
  • Capítulo 13 Abaixo da Superfície
  • Capítulo 12 Fim de Festa
  • Capítulo 11 Fagulhas
  • Capítulo 10 Noite de Cores
  • Capítulo 9 Sopa de Ossos
  • Capítulo 8 Saindo do Ninho
  • Capítulo 7 Dádivas
  • Capítulo 6 Reunião Cancelada
  • Capítulo 5 Sonhos?
  • Capítulo 4 Empecilhos
  • Capítulo 3 Efúgio
  • Capítulo 2 Bençãos á Vista
  • Capítulo 1 Sem Opção
  • Capítulo 0 Prólogo dos Contratempos do Amor

Login

Perdeu sua senha?

← Voltar BL Novels

Assinar

Registre-Se Para Este Site.

De registo em | Perdeu sua senha?

← Voltar BL Novels

Perdeu sua senha?

Por favor, digite seu nome de usuário ou endereço de e-mail. Você receberá um link para criar uma nova senha via e-mail.

← VoltarBL Novels

Atenção! Indicado para Maiores

Missão Ágape

contém temas ou cenas que podem não ser adequadas para muito jovens leitores, portanto, é bloqueado para a sua protecção.

Você é maior de 18?