Arco 1 –  Oriente sem DESTINATÁRIO

Missão Ágape

Capítulo 34

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Se tinha uma coisa que James tinha, era ser determinado. E Kýrios comprovou isso quando tentou ajudá-lo com suas “necessidades”, e acabou quase sendo afogado pelo rapaz que havia interrompido no meio o seu banho frio por descobrir que aquilo não adiantaria.

Bom, claro que antes quando o deus estava daquele jeito, sofrendo, ele queria fazer algo para ajudar aliviar qualquer tipo de tensão ou incomodo que o outro estivesse passando, estava realmente considerando… ceder, para um bem maior, assim dizia.

Mas agora que estava vendo o deus mais disposto e vontade com ele sem todo aquele receio e mal humor, James também resolveu voltar a sua luta para manter sua honra e também rebeldia às orientações de Psiquê.

Como tinham combinado, três dias se passaram para que sua recuperação estivesse a pelo menos noventa por cento, os outros dez James tinha decretado que só estaria bem quando tudo acabasse logo.

E com todos bem tranquilos, as vezes James passeava pelo prédio e pelos seus jardins que havia ali no centro, era uma linda decoração, tinha até um lago artificial de água bem cristalina onde se podia ver alguns filhotes de salmão esperando que lhe jogassem pedacinhos de alguma coisa ou qualquer grão. Era bastante terapêutico…

Kýrios por outro lado, quando não estava em seu turno cuidando do rapaz, não resistia em ficar de longe lhe mirando, como se estivesse capturando cada gesto do moreno, procurando saber mais sobre ele quando pedia insistentemente a Tânatos para verificar suas antecedências, pois ainda sentia algo de diferente em James, só não sabia o que era. E assim como na primeira pesquisa, nenhum resultado importante se tinha sobre ele.

— Terá sorte da próxima vez, James. — disse o deus, após flagrar James tentando capturar um vagalume entre suas mãos.

Olhando pros lados, James procurou por Panoptes que tinha acabado de sair para chamar a jovem moça.

— É seu turno agora? Pelo que eu me lembre… neste momento e a vez de Li-Hua.

O deus revirou os olhos e sorriu de canto enquanto cruzava os braços.

— Eu sei. Mas isso não significa que não possamos passar um tempo juntos. Jogar conversa fora… Essas coisas.

James lhe mirou desconfiado.

— Sim, sim. É claro que podemos. Mas… sobre o que quer conversar?

O deus se aproximou como quem não queria nada, abriu a sua mão e logo um vagalume pousou em sua mão, em seguida, deu o inseto ao rapaz, que o recebeu, mas ainda tentando descobrir o que o deus queria.

— Sua vitalidade.

— Não.

— James, você é um rapaz inteligente, então sabe que não é sensato teimar em não aceitar ter-me dentro de você de novo. — disse, recebendo um arquear de sobrancelha do moreno — Quero dizer… ter minha essência junto a sua. Fortalecer sua alma, isso que quero dizer.

— Você já gastou o suficiente comigo.

— Eu não me importo.

— Mas eu sim. E por isso, para poupar-lhe, estou pensando em falar com Tânatos para isso.

O deus arregalou os olhos.

— O-o quê?! — gaguejou, ficando notável um corar pelas maçãs e nas orelhas, mas sua reação não tinha nada de timidez, muito pelo contrário, parecia ter ficado desconcertado, e até… aborrecido.

— Tenho certeza de que ele tem de sobra. Apesar de ser um tanto contraditório ele ter vitalidade… Mas é um ser vivo não é? Então está valendo. — Sorriu breve, olhando o vagalume, que parecia brilhar em sua mão como se estivesse tentando passar uma mensagem, e por um momento ao notar o padrão começou a decifrar o que o inseto queria dizer, mas sua atenção foi interrompida pelo deus e sua repentina exaltação, acabando no vagalume escapando de sua palma:

— Você não pode fazer isso!

— Oras, Kýrios, por que não? — indagou.

— Porque… Porque… Porque não pode!

— Tudo bem que é um deus do amor, um ser de emoção, mas isso que está dizendo é irracional até para você!

— James, uma ligação de vitalidade é algo precioso. Não pode sair por aí se ligando com qualquer um!

— Tânatos não é qualquer um. É seu amigo, e agora também está virando o meu.

— Se fizer isso, ficarei muito magoado!

— Eu realmente não estou lhe entendendo, Kýrios. Até parece que essa ligação é algum tipo ritual de casamento! Já está decidido. Vou me ligar a Tânatos, você já me deu mais que o suficiente. Agradeço muito, aliás.

Kýrios ficou com olhos marejados, irritado. Tão irritado que mesmo que estivessem ali na varanda a beira do lago e que ao longe havia algumas pessoas transitando, fez suas asas aparecerem, com penas eriçadas, e um rubor ainda mais forte que se concentrou na ponta de suas orelhas.

— Kýrios! Suas asas! Porra, tem pessoas passando por ali!

— Quer tanto se ligar a alguém, então que assim seja, James. Vamos fazer isso aqui e agora então. — disse, e tirou de seu bolso um pequeno pingente de foice, cortando o polegar, alimentando aquela pequena lâmina que fez o sangue sumir em segundos.

— O que você está fazendo?! — perguntou, ao ver sombras se moverem e o vento começar a se intensificar.

A agitação não demorou cinco segundos, e uma fumaça cinzenta surgiu do chão, mostrando de forma brusca um deus pálido, com expressões de alerta, olhando ara todos os lados em busca de uma ameaça eminente.

Mas que logo murchou, ficando confuso enquanto intercalava seu olhar para o deus do amor e o rapaz.

— O que houve? — perguntou, ainda olhando ao redor, muito confuso.

— Tân, James decidiu que quer fazer uma ligação de vitalidade com você!

— Perdão?

— Isso mesmo que escutou! Ele quer se ligar a você. Ele quem decidiu assim. — respondeu, tentando segurar os olhos marejados que James tentava descobrir o porque daquilo e o porquê de tanta inflamação por algo tão opcional e comum ao seu ver.

Tânatos direcionou seu olhar para James, ficando um pouco sem jeito, deixando visível no meio daquela palidez uma coloração cinza escuro em suas maçãs.

— James Payne, é uma honra servi-lo, mas…

— Mas o quê? O que tem de errado nisso? Porque até você está se comportando assim? É tão pessoal assim fazer ligação de vitalidade?

— Kýrios, nunca explicou a ele? — perguntou o deus da morte ao outro deus.

— Tân, isso não é importante agora! O que está em questão é: você vai fazer isso com ele? Está disposto a isso?

Tânatos fechou os olhos por um momento, balançou a cabeça em negativa, e se virou para o rapaz.

— Sim?

— James, agradeço que tenha me escolhido. Mas minha resposta, é não.

— Eu sabia! Tân, sabia que era meu amigo de verdade! — disse Kýrios, deixando descer uma lágrima que logo enxugou, para em seguida abraçar o outro deus, pegando-o de surpresa.

— Porra, será que podem me explicar isso?

Tânatos afastou o deus do amor, que enxugou seus olhos, aliviado por ter ganho aquela “batalha”. E se virando para o rapaz respondeu:

— Senhor James Payne, a razão é… perigoso. É isso. Você quase não sobreviveu se ligar a ele, que é mais próximo dos humanos, porque que está no coração de cada um de forma inconsciente. Quanto a mim… sim, tenho minha vitalidade, mas não serve para ser compartilhada. A não ser com aqueles que estão morrendo. Ou para facilitar o seu caminho guiado que eu pessoalmente faço por eles. — Explicou, ainda um pouco sem jeito.

James assentiu, mas sentiu que havia algo a mais que o deus possa ter ocultado… Talvez algo mais sério do que não poder se ligar a ele. Pensou que pudesse ser algo haver com o fato de ele ser um Pista de Parca, e isso pudesse atrelar o destino do deus da morte a ele, o que seria uma bagunça sem fim. Quanto ao deus do amor… bem, ele poderia ter feito aquela ligação por puro desespero, porque ele sabe que pode alguma forma morrer.

— Sendo assim… vou conversar com Panoptes então. Gigantes são bem próximos de humanos.

— James, melhor ficar somente em ligação com ele. Sua alma já o reconhece. Não podemos perde-lo e nem arriscar sua vida nisso. — aconselhou Tânatos após ver seu amigo ficar com penas eriçadas de novo, e por isso, se virou para ele — Guarde sua forma, Kýrios.

— Oh, sim… — murmurou, fazendo suas asas encolherem até sumirem.

— Certo, certo… Se me resta isso… Farei essa ligação então. — disse James, deixando o deus do amor com um semblante animado — Mas não agora. Quero que isso seja uma reserva. Estamos de acordo?

Kýrios fez que sim, e se aproximou, pegando as mãos do rapaz, e de surpresa beijou a costa de ambas, deixando-o sem reação.

— Sim, estou mais do que de acordo, estou feliz que tenhamos chegado a esse consenso, mais uma vez.

— Consenso? — riu irônico — Ah, sim, sim. Vamos dizer que sim.

E bem neste momento, Panoptes e Li-Hua chegaram.

Os olhos do gigante varreram a cena rapidamente, e uma situação engraçada ocorreu em sua mente: Tânatos estava entre os outros dois, e ambos rapaz e deus pareciam estar fazendo algum juramento de união por estarem de frente um para outro daquela forma…

— Posso me candidatar a padrinho ou é tarde demais?

— O que? Não. Não é isso que… — disse James, entendendo a indireta, ainda mais quando percebeu em que cenário estava. E tratou logo de se afastar do deus e se virar para o gigante — Chegou seu turno. Está pronta Li-Hua? E… Panoptes, o que houve? Fome? — perguntou ao perceber que o mesmo estava com um semblante fechado.

— Hm… sim. Mas… — respondeu Panoptes — É sobre isso que viemos tratar — se aproximou, mostrando um objeto peculiar, pontiagudo, parecido a uma garra, pousada bem no meio de sua mão.

Não sabia dizer o que era aquilo, nem Li-Hua, mas por a mesma apresentar um semblante fechado assim como o gigante, James percebeu que aquele objeto carregava nada mais que más notícias.

Ambos os deuses se entreolharam, e Tânatos logo tirou de seu bolso o mapa de monstros, abrindo-o, e o deixando flutuando em horizontal de forma que desse para todos verem.

— Por deuses… — murmurou Kýrios.

— Estão próximos? E o que seria esse ser? São muito perigosos? — perguntou James.

— Sim, estão próximos, tão próximos que achei isso perto do lixo do mercado. — disse Panoptes — A ultima vez que os vi foi naquela época em que Héracles estava em provação… depois Zeus tinha banido essas coisas, os prendendo nas profundezas do Tátaro.

— Verdade. — Começou Kýrios — Essas coisas me deram nos nervos… Um bando deles foi parar perto de um pântano onde uma vez minha mansão se hospedou. São pragas aladas. Destroem tudo o que vem. Principalmente carnes humanas, sua refeição favorita.

— Está dizendo que pombos carnívoros estão em nosso encalço agora? Mas assim? Em outro domínio? — questionou James, recebendo aquela garra — É de ferro.

— Exatamente. — Dessa vez quem se pronunciou dessa vez foi Tânatos — Nos tempos antigos, eram gigantes, podiam cobrir metade de uma cidade, mas com o tempo foram diminuindo, o que piorou, pois em menor tamanho, maior ficou sua reprodução, e mais deles se fizeram, como ratos. E quanto a estarem aqui neste domínio… creio que não estejam tendo sucesso, ou então não veríamos alguma carcaça assim solta por aí.

— Alguém mantando. Proteger sua área. Derrubando pássaros. Provocação. Não deixar assim. Então ganhamos tempo! — disse Li-Hua, surpreendendo a todos ali pela sua dedução, e a James, que teve seus pensamentos verbalizados, pois estava pensando o mesmo que a jovem.

— Exato, Li-Hua! Isso é provocação de Zeus. Ele sabe que não pode mexer na ordem de harmonia entre os domínios. E enviou essas coisas até nós para os seres daqui começarem a se alertar e a nos caçar como um igual a esses monstros. O que significa que nossa estádia aqui terá que ser interrompida, agora. — disse James.

Todos se entreolharam, como se esperassem alguma solução. Mas não havia nenhuma que pudessem fazer contra aquilo. Mesmo que agora tivessem seus fragmentos da lança.

— Sendo assim, estão todos dispostos para partirem agora? — questionou James.

— James Payne, sugiro que partamos ao amanhecer. — disse Tânatos, em uma expressão que parecia saber que algo mais iria acontecer — Teremos mais vantagens. As sombras gostam de nos pegar desprevenidos.

— Sombras? Mas não são pássaros?

— Sim, são. — disse Panoptes — Mas eles gostam de caçar a noite. Eles conseguem identificar melhor. Já que de dia, por causa do sol que deixa nossos cheiros mais acentuados com o calor, e de noite, como resultado, nosso cheiro perdura e fica mais direcionado, mais fácil de nos localizar.

— Verdade! Temos que aproveitar que ainda estamos limpos, e continuar assim para então, partimos pela manhã e aproveitar o máximo possível antes do anoitecer! — disse Kýrios.

— Se é assim… então que fiquemos mais essa noite aqui, e no primeiro sinal de raio de luz, iniciaremos nossas buscas por Tókio. Todos de acordo?

Todos assentiram em positivo.

•

De volta ao seu quarto, James se jogou no futon. Se sentia ainda cansado, mesmo que não tivesse feito nada o dia todo. Talvez ainda fosse o vazio que sentia em seu peito por não ter mais aquela ligação de vitalidade com o deus do amor, mas também podia ser as tensões constantes por ficar o tempo pensando sobre qual seria o próximo passo.

— Não adianta ficar ansioso. Tenho que ganhar energia o quanto puder para me manter forte. Isso é o que tenho que fazer. — disse, se cobrindo, fechando os olhos em seguida.

Mas uma melodia o fez acordar…

— Psiquê. — sussurrou, reconhecendo a voz.

E lá estava ela, sentada no batente da janela, fazendo alguma coisa numa folha de papel, que logo se mostrou ser uma borboleta de dobraduras, que saiu voando da palma de sua mão quando soprou, indo parar no colo do rapaz, que pegou curioso.

O papel então se desfez ao seu toque, se transformando em um montinho de areia brilhosa e prateada.

— O que significa isso? É alguma mensagem? O que houve com você naquela vez? Eu a vi sendo morta por alguém muito sombrio.

A deusa que tinha um semblante suave se fechou um pouco. E outra vez se pôs a dobrar um outro pedaço de papel que apareceu em sua mão quando estalou os dedos.

— Sabia que existe a lenda de que se você faz mil dobraduras assim você tem direito a um pedido?

— Psiquê. — lhe chamou em advertência.

— Você precisa relaxar, James. Ficar tenso não lhe ajudará nesta missão.

— Disso eu sei… — bufou, esfregando os olhos — Diga, qual aviso ou orientação a que veio dessa vez me entregar?

A deusa balançou a cabeça em negativa e respirou fundo.

— Vim lhe trazer uma informação sobre os tais pássaros… Todos eles sabem que são perigosos, sabem seu modo de agir e caçar, mas não sabem o que eu soube, algo que ficou em segredo entre Atena e Hefesto: ele forjou duas castanholas de bronze a pedido da dela, que só se meteu nisso porque sabia que uma hora isso iria atrapalhar seu plano de esconder Herictônio, porque iam dizimar a capital, Atenas. Mas isso não é importante agora… o importante é saber que estas castanholas têm que ser feitas de ferro, porque ao serem tocadas, soam um barulho ensurdecedor que faz as aves se desentocarem e sem querer entregarem suas posições.

James arqueou as sobrancelhas, entendendo o que a deusa estava querendo lhe orientar com aquela informação.

— Isso é incrível! Isso nos ajudará muito em não sermos pegos de surpresa! O clássico jogo de ser o predador e não a presa. Então, posso sair agora para arranjar isso em algum ferreiro por aqui. Pode ser difícil, mas nada que uma boa joia para levantar os ânimos serviçais.

— James, não é somente isso. Esses pássaros, chamados de Aves do Lago Estínfalo só se ferem com flechas envenenadas com sangue de hidra.

— Ok, essa parte não é tão fácil… Mas também não é impossível!

— Não é. — sorriu a deusa, indo se sentar no futon a sua frente — A questão é a seguinte: vai arriscar ir até a mansão sozinho? Você sabe, James, só quem tem a chave é nosso amado.

— Ah, sim, verdade… — de repente James se deu conta do final da sentença da deusa — N-não, não. Seu amado. Que fique claro.

— James…

— Não adianta me persuadir! Isso não funciona comigo! Não mais…

A deusa se deitou de lado, pousando sua cabeça na palma de sua mão, encarando o rapaz e sua tentativa vã de esconder tais sentimentos que começava a sentir com mais força pelo deus.

Ainda mais depois daquele episódio lá no bordel de dona Nozomi…

— Sim, sim… Sabe, James, algumas coisas acontecem de uma hora para outra, e outras, com o passar dos tempos. E este segundo caminho é um captor muito eficiente, pois sua caça é feita através da arte de se enraizar. Esta que na maioria das vezes, se torna quase impossível de escapar.

— Mas este “captor” não me conhece. Sou James Payne, aquele cujo coração e corpo é livre. E assim continuarei. A vida é muito curta para eu ficar de “problemas” emocionais com uma pessoa. Ainda mais um deus. E mais, comprometido.

— Comprometido… hm… — a deusa sorriu incógnita, mas depois murchou — A vida humana é muito curta mesmo… Concordo com você, James. — disse, lhe mirando fixamente, um olhar que não tinha malicia, mas carregava tantos mistérios e… sofrimento.

James sentiu sua espinha arrepiar, ficando com um pressentimento estranho de medo ao ouvir aquela frase e aquele tom sério da deusa.

— Algo mais que queira compartilhar a mim? — perguntou, numa forma de quebrar aquele clima tenso e indecifrável.

— Hm… Tenho. — sorriu minimamente de canto — Como vai até a mansão? Estou curiosa para saber como vai pegar a chave. Acho que deve saber bem, James, que Kýrios é muito protetor. E é um fato lógico que ele não lhe deixará ir e muito menos irá arriscar ir até a mansão.

— Bom, farei algo, não se preocupe com o desenvolvimento. — Arqueou uma sobrancelha um tanto altivo.

— James, James… Cuidado, não brinque com o fogo.

— Sou um profissional, não um amador. Ou então não me escolheria para ser seu Pista de Parca, não é?

A deusa deu uma breve risada contida, e fez que sim.

— Boa sorte então, James.

— Obrigado… vou precisar.

Assim que deu um aceno de cabeça em despedida, a deusa se desfez em centenas de borboletas, estas muito frágeis, tão frágeis que quando tocavam no tecido da coberta ou no piso amadeirado, viravam meras poeiras que brilhavam por poucos segundos antes de sumir de vez.

Então era isso, havia uma tarefa a se fazer.

Aproveitando que estava disposto e agora sem sono, se preparou para por em prática a primeira parte de seu plano.

Vestiu a única camisa creme abotoando somente dois botões, deixando o tórax exposto, pois fazia um pouco de calor, e fechar tudo lhe daria um certo incomodo.

Levando os sapatos na mão, saiu do quarto na ponta dos pés, se encaminhou para o corredor, este que tinha o piso de madeira, o que lhe fez pensar que teria que ter muito mais cuidado com qualquer barulho ao pisar.

O quarto do deus ficava a três quartos do seu, uma escolha proposital do gigante que sabia que se deixasse o rapaz ser vizinho do mesmo alguma “confusão” poderia vir daquilo.

O corredor parecia longo, caminhar na ponta dos pés sempre olhando e analisando em qual tábua pisar estava sendo uma eternidade, porque parecia estar em fuga, o que em parte era verdade.

De repente, quando conseguiu passar para o terceiro quarto, este do meio, parou quando escutou alguém sussurrando lá dentro.

Sem resistir, se encaminhou para mais perto, botando com todo cuidado do mundo o seu ouvido contra a parede.

— …quanto mais colocarmos essa situação dessa maneira, mais complicada ficará!

— Panoptes, a situação é o que é. E se ele for mesmo ela, isso não torna o assunto uma coisa errada.

— É claro que torna! Se ele está daquela maneira com ele… Se bem que Kýrios não seria o primeiro a ter um amante. — disse o gigante.

— Uma coisa você pode ter certeza: ele nunca a trairia dessa forma. Kýrios guarda todo seu amor para ela, e somente… ela. O que explica ele estar tão vulnerável quando está perto daquele rapaz.

— Mas e aquele boato? Sobre aquele…

— Isso não pode ser mencionado. Nós juramos isso.

— Mas ao mesmo tempo, está confirmando para mim que esse boato então foi verdade! Por todos deuses…! — Panoptes respirou fundo, e mesmo que não desse para ver, James sabia que ele tinha balançado a cabeça em negativa — Então… será que o caso do James não seja este segundo?

O deus da morte ficou em silencio por um longo tempo antes do gigante continuar:

— Ha! Então pode ser isso mesmo que estou pensando! Por deuses! Por todos deuses! Isso é mais complicado do que eu pensava… Eu tinha ouvido falar em um banimento muito grave para o Tártaro… então… será que…

— Panoptes, só são boatos. Nada mais. — disse o deus, seu tom mais sério do que de costume.

James engoliu em seco, e sentiu seu peito pesar e se apertar.

Por um momento se arrependeu em ter cedido para sua curiosidade e ter parado ali para escutar aquela conversa.

Com os olhos ardendo e sentindo a visão embaçar, se afastou, se encaminhando para seu destino principal, mesmo que estivesse um tanto tonto.

“Será que… é por isso que a vejo? Eu sou… ela?! Não… isso não faz sentido! Porque ela mesma se colocaria como Pista de Parca e se colocaria em perigo nessa busca? Mas… será que é por isso que ela vive me empurrando para Kýrios? Será que é algo de instinto e todas essas informações que ganho dela não passam de… coisas minhas por eu ser ela?!”

Se questionou, ficando cada vez mais aflito.

Até se lembrar sobre a menção do boato…

“Sobre o que é este boato? Ouvi sobre banimento… e geralmente, são pessoas que são banidas… neste caso é um banimento para uma dimensão, então são almas. O que quer dizer que… será que Kýrios… ele… será?”

Este segundo pensamento fez seu peito doer menos, era uma possibilidade.

Mas também ao mesmo tempo… isso queria dizer que o deus estava atraído pelo o que ele podia ser, e não por ele realmente.

“Mas também poderia haver uma possibilidade de haver uma “transgressão” certo? Porque como Panoptes disse, Kýrios não seria o primeiro deus a ter um amante… Aliás, porque estou me preocupando com isso?! Até eles mesmos não têm certeza! Tudo só são suposições. E até que tudo seja esclarecido isso indica que Kýrios está atraído por mim! E não pelo que eu posso ser… É, deve ser isso…”. Pensou, mas logo se deu conta de que estava contente por esta constatação. “Não! Isso não pode! Oras, é como eu disse a ele. Kýrios está atraído pelo ingrediente, e não pelo prato principal! Ele só está confuso. É exatamente isso“.

E nesse dilema, conseguiu chegar a frente do quarto do deus sem fazer um barulho sequer. E o mais importante, notou que nem Panoptes e nem Tânatos perceberam sua presença.

Será que era a tal lança fazendo esse trabalho de deixá-lo “invisível”?

Seja como for, o importante naquela hora era pegar a tal chave e ir até a mansão do deus do amor.

Respirando com cautela para que esse detalhe não fosse percebido, ergueu uma mão e com a ponta dos dedos, começou a arrastar a porta, observando pela brecha se poderia ir mais.

— Kýrios… — sussurrou, conseguindo ver que o mesmo estava adormecido.

Mas não era só esse detalhe que chamava atenção…

O deus estava sem camisa, somente com aquela calça larga de algodão, deitado de lado enquanto suas asas faziam o trabalho de cobrir seu corpo como um cobertor, mas por serem muito grandes, tomava todo o espaço do cômodo, as pontas se torciam um pouco contra a parede para poder caber, deixando as penas um pouco bagunçadas.

Parecia um pombo dentro de uma caixa de sapatos…, mas era um lindo pombo… assim achou James enquanto lhe mirava, quase se perdendo em pensamentos ao observá-lo.

— Bolso, isso. — Sussurrou, se lembrando aonde o deus guardava a chave.

Na ponta dos pés, desviando com todo cuidado das penas, foi dando um passo por vez na ponta dos pés, sempre muito atento em não fazer qualquer tipo de barulho.

Chegando perto o suficiente, se agachou, pousando os sapatos ao lado, para então usar as duas mãos para levantar a asa.

— Porra… — murmurou em reclamação pelo peso.

Mas isso não o desanimou continuar erguendo a asa, tendo que se aproximar mais, acabando que por ficar debaixo da mesma para poder alcançar o bolso da calça.

Inesperadamente, algo o fez parar de se mover quando sem querer deslizou sua mão de cima em uma parte da asa que ficava mais próxima do corpo.

— Hmg… — gemeu o deus.

James lhe mirou, e viu o mesmo ficar com o rosto corado.

— Não… pare… é sensível… — murmurou Kýrios, sorrindo, ainda adormecido.

“Ah, claro, acho que qualquer parte desse deus é sensível… Me desculpe por isso, mas estou numa missão importante, Kýrios”. Pensou James.

Sem opções, continuou em frente, ao ponto de que ficou completamente coberto pela asa, e bem próximo da calça.

Se ajeitando para pegar a chave, se posicionou com um braço totalmente erguido para segurar a asa sobre sua cabeça enquanto a outra iria para o bolso.

E foi nessa hora que o deus se moveu… e o puxou.

Seu coração pulou quando sentiu o braço do deus lhe envolver pela cintura, lhe deixando deitado de frente para ele.

— Eu já disse por milhares de vezes… que não há como fugir de mim… — sorriu, ainda de olhos fechados.

James se manteve em silêncio, assustado, mas ainda na esperança de que o deus estivesse dormindo.

E para provar isso, ergueu uma mão até seu rosto.

— Uau… — murmurou, sentindo uma sensação de burburinho em sua barriga.

A pele do deus era quente, parecia sempre assim. Havia uma maciez que lhe dava um sentimento de querer acariciar mais, e não resistindo a isso, o fez.

Foi só um sutil toque, mas foi o suficiente para fazer o deus sorrir.

— Faz de novo… — pediu, manhoso, virando seu rosto brevemente, beijando a palma do rapaz.

James não conseguiu resistir de sorrir com esse gesto, e acatou ao pedido do loiro, que parecia dormir mesmo, tanto que respirava tranquilo, e as vezes dizia algo incompreesível. E mais uma vez o deus sorriu, dessa vez de canto, apertando mais a cintura em seu braço, aproximando os dois corpos.

— Desse jeito vai quebrar no meio… — sussurrou James, sentindo seu corpo amolecer com aquele puxão.

— Você é forte… sei que é… — respondeu, se aproximando mais — Que tal começarmos algo divertido…? Eu queria muito aquele Glyko tou koutaliou… vou comprar amanhã pra gente… eu faço a janta… depois quero ver você… na varanda… — sorriu, mordendo os lábios depois de um jeito malicioso.

“Como ele pode ser provocativo assim mesmo dormindo?” Pensou James, achando fofo o sonho que o deus estava tendo, mas também… bastante atrativo.

— Estou de acordo… — sussurrou, acariciando de novo seu rosto, afundando seus dedos nos cachos igualmente macios, ganhando um murmúrio manhoso do deus, que sorriu, e aproximou seu rosto, dando um primeiro avanço — Kýrios…?

Kýrios afundou seu nariz na curva do pescoço do moreno, inspirando com um anseio apaixonado todo pedaço de pele que estava exposto, e em seguida, deixou pelo caminho de volta vários pequenos beijos, estes que pareciam queimar sob seus lábios quentes.

— Hmmg… — gemeu, fechando a boca com uma mão para conter-se.

Fechando os olhos, não resistiu de contorcesse com aquela carícia instigadora, lhe deixando com o peito pulsando, e sentindo esse pulsar começar a descer para área mais baixas.

E “piorou” ainda mais quando de repente, ainda em estado sonâmbulo ao que parecia, o deus soltar um sussurro em seu ouvido que lhe fez retesar, e duvidar daquele estado de dormência do deus:

— Amo seu cheiro… James… — sussurrou o deus.

Por um momento, o tempo parou ao ouvir aquilo, paralisou. Engoliu em seco sentindo também sua boca lhe faltar saliva para mais dessa ação, e seu coração que estava já acelerado ficou em um estado frenético, assim como sua cabeça e os vários pensamentos que passou pela mesma.

“Ele… está sonhando comigo?! Comigo?! É isso mesmo? Não… acho que ouvi errado! Só pode ser isso! Tem que ser!”.

E enquanto pensava isso, o deus avançou, e colocou a perna sua por cima do próprio quadril, lhe deixando ainda deitado de lado, mas agora, se encaixando de uma maneira que ficou entre suas pernas, e mais, com suas intimidades encostando uma na outra de forma que… dava para sentir a forma de seu membro contra o seu.

— K-Kýrios…

— James… Vou fazer você se sentir tão bem que… que… — sussurrou, ainda inspirando e deixando rastros de beijos pela curva do pescoço, mas também agora pelo ombro, e como se não se contentasse, subiu para a linha em direção ao queixo, e finalmente, a boca — Eu… quero tanto você… — sussurrou, dando um selar breve, brincando com seus lábios, roçando nos do moreno enquanto lhe puxava mais junto ao seu corpo.

Um arrepio junto de uma onda de calor passou por todo seu corpo, uma sensação tão boa que não resistiu em deixar um som escapar…

— Hhmg…

Ouvir aquelas coisas do deus e ter seus lábios provocados daquela maneira bastou para saber que tinha que dar logo um ponto final naquilo antes que fosse longe demais. Mesmo que fosse muito difícil fazer isso…

E por isso, pensou num plano: usaria aquilo ao seu favor.

— Kýrios… eu também quero muito você… — sussurrou, enquanto descia sua mão para o abdômen do loiro, deslizando-a por toda aquela região tão bem trabalhada, e mesmo que estivesse fazendo isso para seguir com seu objetivo, sentia a palma e a ponta de seus dedos formigarem em contato com a pele do deus.

— Quero beijar você todo James… — sussurrou, querendo mais selares, mas não obtendo sucesso, porque James agora desviava seu rosto, lutando para resistir.

— Verdade?

— A mais pura verdade…

— Tenho minhas dúvidas, Kýrios. — disse, descendo mais sua mão, agora chegando no cós que naquele momento estava frouxo por causa da corda estar desamarrada.

O que quer dizer que…

James engoliu em seco ao pensar nisso.

— Por favor… não dúvide… estou enlouquecendo… James… eu quero… você… — disse, baixando a mão que segurava suas costas para o quadril, apertando-o, e em seguida, escorregou sua mão habilmente para a parte detrás da calça do moreno, e mesmo que estivesse ainda de cinto, conseguiu adentrar a peça, encontrando sua carne e pele.

— Ahg…! — sussurrou um gemido, e estremeceu, quando o deus pressionou de modo forte seus dedos em sua nádega, contrastando com o frio com o calor da mão do deus.

— Eu prometo… que… não vai… doer…

E novamente uma onda deliciosa de calor passou por seu corpo, dessa vez deixando suas pernas moles.

Havia caído numa armadilha… numa perigosa e irresistível armadilha…

— Kýrios… eu… não…

— James… seu… cheiro… é tão bom… — disse, tomando de uma vez por todas sua boca.

James não conseguiu resistir a aqueles lábios, ainda mais quando sua língua se encontrou com a do deus, que dominou a sua, enrolando-se com vontade, uma paixão reprimida que agora estava sendo estampada enquanto dormia.

Agora podia sentir na pele, literalmente, o que o deus estava passando em ter que suportar um desejo que trabalhava para conter em relação a ele. O que o fez constatar uma outra coisa também: que sua conversa em tentativa de convencê-lo sobre aquilo de que ele só estava atraído pela “ponte até seu objetivo”, tinha sido em vão.

— Kýrios… ahm… — gemeu, ao sentir o  deus tentar direcionar sua mão para o vão de sua bunda — E-espera…

O deus então se conteve, mas somente para direcionar sua mão para frente, e encontrar o seu membro.

— Hmg… Kýrios…! — gemeu, ao sentir o loiro apertar sua extensão.

— Nervoso… eu sei… vou… fazer relaxar… primeiro aqui… — disse, sua voz sempre baixa, e sempre beijando os lábios do rapaz, que correspondia a todos sem resistência.

“Porra… desse jeito eu não vou conseguir! Não… vou…”. Pensou, sua mente cada vez mais tomando uma direção de foco que seu corpo exigia.

O deus então começou a mover sua mão lentamente para cima e para baixo, e mesmo dormindo, parecia saber ir em como o rapaz gostava, tanto que o mesmo começava a se contorcer de prazer.

— Merda… hmn… — gemeu, mordendo os lábios para conter outros sons saírem de sua boca.

E parecia não ter volta…

Seu corpo reagia as estimulações, era como se o loiro fosse um ímã e ele uma barra de metal não conseguindo se mover e muito menos resistir a aquele forte magnetismo.

Mas não era só isso…

Em seu coração havia um sentimento muito forte, este que parecia tão antigo, tão familiar… mas ao mesmo era algo novo, inesperado. Era como se em todos esses anos nunca tivesse verdadeiramente se apaixonado, e estava descobrindo isso ali agora naqueles toques e no saber de que o deus estava sonhando nada mais nada menos que com ele.

— Eu vou… me colocar… em você… James… — sussurrou o deus, com respiração ofegante, roubando outros beijos intensos, cheios de um fogo perigoso.

James se sentia cada vez mais capturado a ceder a cada beijo, a cada toque, a cada sussurro que o deus lhe falava… mas no meio daquele fervor e desejo que seu corpo sentia ardentemente, ainda havia um pouco, quase desaparecendo, de racionalidade…

Descendo sua mão de novo para baixo, se encaminhou para o bolso do loiro, mas por conta da confusão em sua mente, escorregou para outra parte…

— M-minha nossa… — espantou-se, ao notar a espessura da extensão do deus, esta que se apresentava extremamente firme agora.

— Hmg… — gemeu o deus, de repente parando tudo o que estava fazendo.

James também fez a mesma coisa…

Principalmente ao ver que agora os olhos do deus estavam abertos.

— James…? — lhe chamou o deus, muito confuso.

— Merda…! — murmurou, ofegante demais, trêmulo demais, e… ainda com a mão no membro do deus.

E antes do mesmo reagir, ainda com a razão que lhe restava, direcionou sua mão finalmente para o bolso do deus, encontrando por fim a chave.

Mas seu pulso foi agarrado, impedido de continuar tal ação.

— James…

— Sinto muito…

E antes que o deus pudesse fazer alguma coisa, puxou sua mão do bolso, saiu debaixo da asa do mesmo e se levantou aos tropeços.

Mas Kýrios o puxou de volta, lhe prendendo no futon com uma habilidade que nem memso James entendeu como aquilo aconteceu.

— Por deuses, James… o que está acontecendo…?!

— Me solte! E-eu tenho que ir!

— James… o que você estava fazendo? O que você…

— Eu preciso ir!

— Você precisa de mim, James. — disse, acariciando o rosto do rapaz, vendo e sentindo com nitidez o estado do moreno.

— E-eu não preciso! Eu… não posso precisar! E-e você também não!

O deus franziu o cenho e abaixou seu olhar acompanhando o olhar do outro, se assustando ao ver que estava no mesmo estado que o rapaz.

— James… me perdoe por isso…! Me perdoe… eu não…

— Eu sei…! Por isso… me deixe ir!

— Eu não posso! Você está assim por minha causa, eu tenho que consertar esse dano!

James estava muito confuso, mas também agradecendo mentalmente pelo deus não ter percebido que tinha pegado sua chave. E entre todo aquele turbilhão, estava uma parte muito feliz que lhe fazia ter o peito cheio de um sentimento que nem mesmo ele entendia.

— Então conserte!

O deus arregalou os olhos, não acreditando naquela resposta.

— Tem certeza?

— Tenho.

— É você mesmo, James? Está sonhando? — franziu o cenho, lhe mirou analítico para seus olhos.

— Porra, faz logo o que tem que fazer!

— James… — acariciou seu rosto, lhe mirando fixamente.

James não conseguia adivinhar qual era o significado daquele olhar, parecia ter um pouco de medo, mas também de euforia. Percebia que o corpo do deus também tremia, seu torço suava, seu peito subia e descia rápido denunciando sua respiração ofegante, se segurando para não fazer algo que estava estampado em seu rosto do que seria.

— James… acho melhor eu te levar ao seu quarto…

— Você tem razão! — rebateu, ainda sustentando o olhar que o deus lhe dava, louco para que o mesmo tomasse alguma atitude contrária sobre aquilo.

— Mas eu sou culpado por você estar assim…

— Então faça algo a respeito!

— James… não me olhe assim… — disse, ao perceber o moreno lhe dar um olhar intenso, um que lhe deixava confuso, pois era um olhar que sabia que se o rapaz estivesse em sã consciência nunca lhe daria, a julgar pelo seu temperamento.

— Me leve logo ao meu quarto então…!

— Eu irei.

Quando pensou que o deus fosse libertá-lo ou se levantar para erguê-lo e então devolvê-lo ao seu aposento, se assustou quando sentiu o mesmo descer sua mão para sua barriga.

— Kýrios… — sussurrou, mordendo os lábios para conter de gemer a aquele toque que previa para onde em breve iria.

— Será rápido, como daquela vez. Assim não ficará chateado comigo. Prometo que não o provocarei, nem lhe tocarei em qualquer outra parte. Está de acordo?

— Sim! Estou! — respondeu, sem pestanejar.

— Que assim seja então.

O deus deslizou sua mão para o cinto, desfivelando sem precisar da outra mão para isso, já que a mesma estava apoiada ao lado da cabeça do moreno, que não deixava seu olhar, sempre mantendo aquele contato visual cheio de significados.

E desabotoando a braguilha, deslizou sua mão para dentro da peça intima, indo lentamente para aquela parte antes do membro, bem na base, passando de leve a ponta dos dedos.

E isso bastou para James soltar um gemido surpreso pelo toque tão delicado, mas tão cheio de uma instigante sensação de calor acompanhada de prazer.

Na hora James tapou a boca com ambas as mãos, olhando envergonhado para o deus, que não resistiu em sorrir sutilmente diante daquela reação.

— É, como prevejo. Será mais rápido que penso.

Se ajeitando entre as pernas do rapaz, não precisou dar alguma ordem para o mesmo as abrir um pouco mais.

E foi nesse momento que deslizou sua mão, encontrando de vez o membro do moreno.

— Hng… Ah… — gemeu, não se contendo em fechar os olhos e mover de forma necessitada seu quadril contra a mão do deus.

— Por deuses… você está tão excitado que nem preciso estimular mais para que eu possa lhe ajudar… — se abaixou, unindo suas testas — Está molhando minha mão, James…

— Você… prometeu… não me provocar… — disse, numa confusão de se conter para não tomar aqueles lábios e desistir de resistir e agarrar o deus entre seus braços para deixá-lo fazer o que quiser com seu corpo.

— Não estou provocando. Só estou informando que… — pegando o membro de uma vez, moveu sua mão da base, indo para a ponta, apertando a glande, que escorregou entre seus dedos.

— A-ah… Kýrios…

— Vou começar agora.

— Pare de falar e faça logo… por favor…

— Sim, James… — sussurrou, e lhe beijou na maçã do rosto, ganhando um olhar confuso do rapaz.

— Hm… ahm… ah… — gemeu, ao sentir o deus mover a mão em sua extensão, sempre deixando os dedos escorregarem em sua glande, lhe tirando quase o juízo quando fazia isso.

O deus já tinha provado que era habilidoso com as mãos naquela vez, mas parece que estava demostrando algo diferente, uma coisa que estava lhe deixando com o corpo tão quente e tão… sensível. Era como se seu corpo estivesse todo esse tempo esperando por aquilo, o que em parte, de fato, estava.

Ainda mais depois daquele pedido desesperado lá no esconderijo de Ares quando ambos caíram daquela ruína…

— Kýrios… Kýrios… — gemeu em sussurrou, erguendo sua mão em direção ao rosto do mesmo.

— Já estamos acabando, não se preocupe… — disse, pegando a mão do rapaz, e beijando sua palma, enquanto a outra trabalhava, movendo para cima e para baixo, não parando um segundo sequer — James…?

Pego de surpresa, teve sua nuca puxada, direcionado contra outro, e tendo seus lábios tomados em um choque que logo virou beijo.

Por um momento houve uma resistência, mas assim que James procurou sua língua e a encontrou, não teve como resistir.

Um beijo, cheio de urgência, necessidade, paixão. James sentia que estava sendo ainda melhor agora que o deus estava consciente, pois em seus pensamentos ele sabia, que o loiro iria sentir sua vontade e seu desejo de correspondência a aquela ação tão avassaladora entre suas bocas.

— James… — gemeu entre o beijo, usando a mão livre agora para apoiar na nuca do rapaz, puxando-o para que o beijo ficasse com mais intensidade.

— Isso… Kýrios… não pare… ahm… não pare… — gemeu entre o beijo, sentindo o deus aumentar a velocidade dos movimentos da mão.

— Não vou parar… Não vou par… James…!

É, mais uma vez foi surpreendido, agora dessa vez pelo rapaz abaixando sua mão e adentrando sem protocolos ou quaisquer preliminares dentro de sua calça, e facilmente encontrando o que seu coração desejou naquele momento.

— Quero devolver este favor dessa vez, Kýrios…

— Não precisa. James, você não precisa… não preci… hnm… deuses… melhor você parar… — fechando os olhos, apertou-os em um instinto de querer resistir, mas em vão — …deuses.

James sorriu cheio de malicia entre o beijo, e ao ouvir aquele gemido do loiro diante seu toque… isso lhe deu mais coragem para seguir em frente.

— Foda minha mão Kýrios… sei que tá morrendo de tesão por sonhar em querer fazer isso… Ainda mais comigo, não é?

— James… eu não posso… não…

— Não pode? — riu breve, apertando aquele diâmetro que preenchia sua mão, lhe dando uma satisfação de estar segurando sem alguma falta — O que significa então esse pau pulsando, louco para me foder? Não é isso o que quer?

— James… você está provocando…

— Você está tão duro que se eu disser um sim para me foder agora, não hesitaria.

As pupilas do deus se dilataram, e um corar bastante evidente surgiu em suas maçãs, ao mesmo tempo em que um sorrisinho de canto um tanto afetado se recusava a aparecer.

E por isso, acelerou os movimentos de sua mão.

— Ah… hmn… Kýrios…

— Vou te fazer gozar agora… — disse, voltando a beijá-lo.

James por um momento se esqueceu de provocá-lo para ceder a seus desejos, ainda mais depois do deus voltar a tocá-lo, mas agora se focando em sua glande, um toque que provocava toda aquela área tão sensível e que estava prestes a entrar em colapso.

— Hmg… Ahm… Ahm… isso… Kýrios…

— Está perto… bem perto… só… mais… um pouco… — disse, entre os vários selares e beijos, fazendo o rapaz perder a cabeça com seus toques e se esquecer de tocá-lo.

Para cima, pra baixo, sempre indo somente até o meio e voltando para a glande, esfregando seu frênulo com o polegar, fazendo um barulho molhado quando ia e voltava.

— Kýrios… eu vou… vou… Aa-ah…! — gemeu, se desfazendo.

Todo seu corpo estremeceu, uma onda deliciosa de prazer percorreu seu corpo, indo direto para o meio de suas pernas, lhe fazendo jorrar na mão do deus, que lhe beijava todo o pescoço por estar agora livre, enquanto se desfazia.

— Assim… não se segure… venha… deixa vir tudo, James… — sussurrou, procurando pelos lábios do mesmo, que assim que abriu os olhos, entendeu o pedido, e mesmo ainda estremecendo, cedeu procurando a boca do deus, tendo sua correspondência.

— Kýrios…! — sussurrou, ao sentir uma outra onda lhe atingir, dessa vez lhe fazendo sentir algo diferente, muito forte.

— Não se contenha James… Goze pra mim… vai, quero ver mais uma vez…

E assim foi feito…

Mas daquela vez, todo seu corpo se contorceu quando o deus se concentrou em só tocar naquele ponto em sua glande, resultando em um novo jorro, dessa vez lhe fazendo ter a sensação de molhar-se inteiro.

— Kýrios… — lhe chamou, arqueando o corpo e se deixando levar pela explosão de prazer.

E como sentiu, se concretizou. Sentiu toda sua parte inferior do corpo molhar sua roupa, e até o futon. Mas a preocupação sobre isso se afundava perante a grande sensação de bem estar que seu corpo estava experimentando naquela hora.

— Tarefa cumprida. — Sussurrou o deus, lhe dando um longo selar, mas não em sua boca, mas sim em sua testa.

O que fez James sentir um pouco de incomodo quanto a aquilo…

Exausto, era assim que se sentia. Mas era um exausto muito bom. Um que lhe deixava tão relaxado que parecia não ter forças nem para pensar, quem dirá rebater a aquela frase.

— Você foi muito bem James. E agradeço também por me conceder essa permissão de consertar meu equívoco a sua pessoa.

James arqueou as sobrancelhas ao notar aquela fala tão formal do deus, que parecia tentar disfarçar algo em um sorriso.

Mas James soube logo o que era assim que abaixou seu olhar e viu o deus tentar respirar normalmente enquanto ainda também matinha uma firmeza persistente.

— Vou… deixá-lo descansar aqui. Enquanto isso… eu vou… ah! Eu vou lá pro seu aposento. Tudo bem assim?

— Tudo bem… — respondeu, ainda muito cansado, sentindo um sono chegar.

Tendo a resposta positiva do rapaz, se levantou, tentando encolher suas asas, mas não conseguindo por causa do seu estado de excitação, então sua única escolha foi se virar de costas para a porta e rapidamente ajeitar sua calça, amarrando a fina corda que servia de cinto, e dando um aceno de cabeça em despedida mas sem contato visual, e saiu em silencio, com muito cuidado em não fazer barulho ao fechar a porta.

E quando o deus sumiu de sua vista, se deu conta do tamanho ato que cometeu. Ficando extremamente envergonhado.

— Porra! O que deu em mim?! — se perguntou, se sentindo trêmulo.

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Capítulo 34
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Missão Ágape

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O Olimpo está em crise, e tudo porque de repente uma profecia disse que um deus iria dizimar o seu sistema e tudo que eles lutaram para conquistar e poderem estar no poder até hoje.

E é...

Chapters

  • Capítulo 47 Proemial
  • Capítulo 46 Alto Mar
  • Capítulo 45 Anelos
  • Capítulo 44 Verdades da Alma
  • Capítulo 43 Premências Difíceis
  • Capítulo 42 Enraizados
  • Capítulo 41 Chaves Sinceras
  • Capítulo 40 Presença
  • Capítulo 39 Luz Misteriosa
  • Capítulo 38 Possibilidades
  • Capítulo 37 Espólios
  • Capítulo 36 Fogo
  • Capítulo 35 Visitas Indesejadas
  • Capítulo 34 Penalidades
  • Capítulo 33 Mais, ou Menos
  • Capítulo 32 Temerário
  • Capítulo 31 Serviços Extras
  • Capítulo 30 Zelus
  • Capítulo 29 Magnetismo
  • Capítulo 28 Despertando
  • Capítulo 27 Sem Céu para Inocentes
  • Capítulo 26 Entre Mortais
  • Capítulo 25 Nuances
  • Capítulo 24 Céu de Luzes
  • Capítulo 23 Sobreposição (parte 2)
  • Capítulo 22 Sobreposição (parte 1)
  • Capítulo 21 Café Quente
  • Capítulo 20 Conselhos
  • Capítulo 19 Muros em Chamas (parte 3)
  • Capítulo 18 Muros em Chamas (parte 2)
  • Capítulo 17 Muros em Chamas (parte 1)
  • Capítulo 16 Cem Olhos
  • Capítulo 15 Nobre Amizade
  • Capítulo 14 Impulsos
  • Capítulo 13 Abaixo da Superfície
  • Capítulo 12 Fim de Festa
  • Capítulo 11 Fagulhas
  • Capítulo 10 Noite de Cores
  • Capítulo 9 Sopa de Ossos
  • Capítulo 8 Saindo do Ninho
  • Capítulo 7 Dádivas
  • Capítulo 6 Reunião Cancelada
  • Capítulo 5 Sonhos?
  • Capítulo 4 Empecilhos
  • Capítulo 3 Efúgio
  • Capítulo 2 Bençãos á Vista
  • Capítulo 1 Sem Opção
  • Capítulo 0 Prólogo dos Contratempos do Amor

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