Capítulo 36
Essa era a situação: o deus ainda não tinha dado sinais, e James não se movia um milímetro sequer por estar diante de três seres já com olhares sedentos para pôr suas garras, ou melhor, pés, em cima dele.
— Tenham cuidado. — Orientou o terceiro ser — O mestre disse que o Pista de Parca é traiçoeiro.
— Na verdade… — começou James, engolindo em seco e reunindo toda coragem que lhe restava enquanto dava pequenos e muito bem calculados passos para trás, se aproximando mais da murada enquanto também arrastava aquele embrulho de armas — Sou uma pessoa bem legal. Isso claro, se não me fizerem mal.
— Tapem seus ouvidos! Ele está tentando nos enfeitiçar! — disse o segundo.
— Mas se fizermos isso, como vamos capturá-lo? Somos guerreiros! Temos que pegá-lo! — disse o primeiro.
— Muito bem lembrado! Temos que enfrentar nossos medos! E… depois Zeus nos dará até uma promoção! Imagina só um palácio só nosso lá no Olimpo? — disse o segundo ser de um pé.
— Ou quem sabe, podemos entrar em um acordo. Eu também tenho muitas coisas valiosas para lhes oferecer.
— Bem como o mestre disse… Você, serpente de górgona! Não vai nos ludibriar! — disse o terceiro, inclinando seu corpo para frente, se preparando para um ataque.
— Merda… — murmurou James, sem saída.
Ou melhor, havia uma saída.
Em carteados, ele tinha alguma sorte. Mas sabia que metade era seu charme e era persuasão, um pouco de manipulação para mexer na mente de seu oponente a fazer o que queria, que era se entregar, e consequentemente, ganhar aquela partida e suas apostas.
Por isso que vivia também metido em confusão… Quantas e quantas vezes seu pai pagava as dívidas e seus prejuízos…
E assim como em seu carteado, quando não conseguia pela lábia, tinha que partir para métodos mais drásticos e desesperados: lutar. Ou fugir, o que lhe era o melhor caminho quando se tinha oportunidade.
E era por esta segunda opção que iria. Ou quer dizer, era a única que tinha depois de ter usado a primeira tática de convencimento.
Reunindo toda força que tinha, pegou o embrulho de armas e correu para a murada. Os três seres avançaram sem hesitação, o atacando com seus grandes pés.
Aquilo foi como um ganho bastante oportuno, já que precisaria de impulso para aquilo, mesmo que doesse um pouco…
Quando chegou perto da murada, se pôs de frente, abraçando o embrulho, e assim como previa, se aproveitando da falta de estratégia dos três seres que foram avulsos em sua direção, contraiu o abdômen para receber o golpe.
Um pé lhe cobria quase por inteiro, e se ali não fosse aberto ao ar livre, teria sido esmagado contra a parede, mas ao em vez disso, o golpe do terceiro ser lhe empurrou para além da murada.
Lhe jogando no abismo.
Sentir aquele vazio às suas costas foi algo muito ruim, um desespero lhe surgia a cada centímetro em que se via em queda livre, mas o que o mantinha ainda em sã consciência era saber que algum milagre iria acontecer. Ali era a mansão de um deus, então algo ali fora poderia salvá-lo.
Mas a realidade se mostrava bem diferente…
Tendo em mente que lá embaixo às suas costas eram somente pedras e um mar que batia contra elas, a probabilidade de virar carne moída e ossos em cacos era de cem por cento.
Não conseguia pensar em mais nada a não ser ter que segurar aquele embrulho até o fim, porque pelo menos mesmo se morresse agora aquilo seria uma boa dica para o deus seguir e assim, continuar de onde ele parou. Tânatos e Panoptes iria ajudá-lo, era o seu consolo.
E por isso, enquanto caía, começou a pensar em coisas que gostava, ou que lhe foram importantes em vida: sua família, seus rostos e vozes lhe sorrindo, depois, mesmo que fosse estranho pensar nisso, lhe apareceu em sua mente o rosto de seus companheiros de viagem e que aos poucos se tornavam também seus amigos, e por último em seguida veio ele, aqueles olhos furta-cor, multicolores de um rosa escuro que ia para um dourado, e horas iam para um azul e castanho… ah, depois vinha aquele sorriso, o jeito como ele lhe mirava… ou… como lhe tocava…
— Kýrios… — sussurrou, sentindo-se desesperançado ao ver que sua queda não teria mesmo uma salvação.
E de repente, sentiu um impacto atrás de sua cabeça. E logo, escuridão.
Segundos que pareceram eternidade, um som muito longe lhe chamava, ecoava de modo opaco, como se tivesse alguma barreira impedindo de que chegasse mais perto.
De repente, do outro lado veio uma pequena luz, esta o chamava, era quase irresistível não atender.
Mas essa irresistibilidade teve uma intervenção, do calor.
James de repente tomou consciência de que estava em um lugar estranho, no meio do nada, ou de tudo. Não sabia dizer ao certo, mas achava bonito. Era uma mistura de cores, um túnel de nuvens, era o que sua mente poderia supor.
“Sorte não está do seu lado, James”. Disse uma voz grave e calma.
“Tenha cuidado, se continuar assim suas chances de consertar as coisas podem falhar. Suas chances de ambos os lados podem acabar”. Orientou a tal voz.
Impossibilitado de conseguir falar só podia sentir, e seu coração se aquecia, parecia feliz por ter alguém ao seu lado. E além disso, parecia feliz em estar ali.
“Não pode deixar agora o que tanto está buscando, James Payne. Vá, você tem muito o que fazer ainda. Tem muito para viver. Não esqueça do que foi acordado, e ordenado.”
James franziu o cenho. A ideia de voltar para esse tal lugar não lhe trazia sensações boas.
Mas isso mudou quando sentiu seu peito aquecer ao mesmo tempo em que seus lábios também esquentaram.
“Vá, James Payne. Ou prefere desistir agora? Se optar por isso, há muitos que irão sofrer. Não é uma ameaça, é um aviso. Aviso de quem está torcendo por você”.
Negando com um balançar de cabeça sorriu minimamente, e olhou para trás, vendo uma parede furta-cor com as mesmas nuances daqueles olhos que sua memória lhe presenteava, fazendo seu coração se encher de algo que sentia que era muito bom.
E assim, virou as costas para a tal voz, se virando completamente para aquela parede, que se aproximou, virando uma espécie de espelho que distorcia sua imagem, lhe fazendo ver as vezes seu próprio reflexo, mas em outras, outras duas pessoas, que estavam borradas, só dando para ver suas silhuetas, estas que pareciam ser de um homem e uma mulher, e sentia que eram muito importantes, mas que depois sumiam, só restando bem nitidamente a sua.
E seguindo seu instinto, ergueu uma mão para tocar sua própria imagem.
Mas a mínima aproximação puxou sua mão, consequentemente puxando todo seu corpo para dentro daquele espelho.
— James! Por favor, acorde! — ouviu alguém lhe chamar.
E logo reconheceu quem era.
— Por deuses, por favor, não faz isso comigo… por favor… — sussurrou o deus, aproximando suas testas.
E quando estava abrindo os olhos, foi surpreendido por um beijo.
O deus do amor pressionou seus lábios aos seus, um choque desesperado, um tomar cheio de vontade, esta que não era vazia, e sim tinha algo mais, algo importante.
James sentiu sua língua ser tocada, e sentir o deus procurar pela sua, explorando sua boca como se tentasse achar algum lugar que fosse despertá-lo fez seu corpo todo estremecer, afinal, o deus ia exatamente aonde lhe deixava louco.
E por isso, não conseguiu resistir em corresponder movendo sua língua, entrelaçando a sua imediatamente com a do deus, que murmurou algo entre o beijo, mas pareceu querer continuar lhe beijando, tomando seus lábios enquanto segurava sua nuca, aprofundando mais suas bocas, que pareciam famintas uma pela outra.
— Por deuses… James… — sussurrou, ao separar um pouco os lábios por causa do fôlego.
— O que… aconteceu…? — perguntou James, ao tomar mais consciência, e ver que estava deitado sobre um montinho de folhas e penas, e sentindo nervoso por acordar com os beijos do loiro, sentindo sua respiração estar ofegante.
— Como se sente? — perguntou, ignorando a questão do rapaz.
— Me sinto… — sentiu sua barriga num borbulhar delicioso, que ocasionou de deixá-lo um tanto acalentado, ainda mais depois de sentir seus lábios pulsando por causa do beijo que o deus lhe dava — me sinto bem. — disse, desviando o olhar, sentindo suas bochechas queimarem.
Kýrios sorriu e respirou aliviado, e deitou com cuidado a cabeça do rapaz entre as penas e folhas.
Sentindo uma pequena pontada de dor atrás de sua cabeça, de repente James se lembrou do porquê estava ali.
— Kýrios… você não veio. — disse, chateado.
— Eu sei. Por favor, James, me perdoe. Eu tive um imprevisto. Aquele pássaro… — fechou os olhos e fungou triste — Um bando apareceu. E se transformaram em algo pior. Eu não sei o que está acontecendo, mas penso que Zeus está dando poder a essas criaturas. Eu… James, eu vi você se jogar de lá da varanda. Eu estava por perto, mas de alguma forma, não consegui abrir uma porta para te salvar. E quando consegui… você estava nas pedras… e estava…
— Eu morri?!
— Eu não sei. Num segundo vi você desacordado, sua cabeça sangrava, e no outro… você estava respirando! James, acho que aconteceu um milagre! Por deuses, por isso que eu fiquei insistindo em lhe dar vitalidade! James, por favor, eu imploro, me deixe lhe passar o que ainda tenho. Eu não quero que abusemos da sorte assim! Por favor, me deixe lhe passar, agora! — disse, pegando as duas mãos do rapaz nas suas.
— Mas, Kýrios, e você?
— Dane-se a mim. O que me importa é você, James.
— Mas eu ainda não estou cem por cento. Lembra, Tânatos disse que pode ser perigoso para mim fazermos isso de novo.
— James, prometo ser bem cuidadoso no processo… Ou melhor, que tal assim: se começar a doer, eu paro.
James arqueou uma sobrancelha, tentando não levar aquela conversa para um lado inadequado, o que era impossível, ainda mais por estar naquela posição, diga-se vulnerável, para qualquer deleite.
— Certo, qual é seu plano? — disse, engolindo em seco.
— Bem… Como eu e você já temos… certa intimidade, eu posso passar minha vitalidade através… do que eu estava fazendo até você acordar.
James o encarou, e recebeu um dar de ombros sem jeito do deus.
— Já estava passando vitalidade para mim?
— Não, eu estava passando adrenalina, um pouco de serotonina, e também oxitocina. Para… estimular uma cura mais rápida. Que fique… bem claro. Eu só estava tentando ajudar, só isso. Mas me perdoe se…
— Não, está tudo bem.
— Está?
— Está.
— Então… — respirando aliviado discretamente, sorriu se deitando de lado e ao lado do rapaz — Podemos começar agora?
De novo engoliu em seco. Estar daquele jeito novamente lhe fez recordar daquelas quentes e ainda recentes sensações em seu corpo, dos toques de horas atrás que lhe fizeram ir ao céu pelo prazer imenso que o deus lhe proporcionou.
O deus lhe mirava enigmático, havia algo em seu olhar que deixava tudo ainda mais confuso em seu peito. Tinha um pouco de insegurança, que era disfarçada com um sorriso de canto orgulhoso, tinha também um pouco, se não muito, de afeto. Havia também uma certa culpa, mas em contrapartida, havia uma mais intensificada: enamoramento.
Se bem que este último James tinha a sensação de que era seu jeito mesmo de olhar, talvez por ser um deus do amor isso fosse uma característica nata. Ou então…
“Não, James, pare de pensar bobagens! E pare de sentir bobagens também! Ele só está querendo te ajudar. Então não fique criando asneiras em sua cabeça e… em seu coração”. Pensou, fechando os olhos por um segundo, respirando fundo, e então sinalizar para o deus como uma permissão para começar tal ato.
— Não hesite em reclamar James. Se começar a doer…
— Eu irei dizer. — disse, se posicionando devagar de lado para ficar igual ao deus.
Kýrios por sua vez se aproximou, ficando com seu rosto bem cerca do rapaz, seus narizes ficaram a milímetros de se tocarem, o que fazia James sentir uma grande vontade de avançar para acabar logo com aquela distância.
— James, vou começar agora.
— Comece.
— Você pode ficar de olhos abertos se quiser para averiguar…
— Kýrios, me beije logo. — disse, em um tom de ordem, um tom usado para disfarçar um pedido cheio de vontades e sentimentos.
E o deus, suspirou ao ouvir aquela ordem, se aproximando com cautela, fazendo ambos os narizes se tocarem, e sentindo algo que o fez se afastar um pouco.
— Kýrios?
— Não foi nada. Eu só… estou analisando o quanto vou passar nesta primeira leva de energia. — disse.
James franziu o cenho, vendo claramente sinais de uma mentira pelo modo como o deus se comportava. Mas não ia falar nada sobre isso, pois também não queria, porque tinha a sensação de que aquilo só tornaria tudo mais complicado.
— Entendo. Então… É só unirmos os lábios e…
Sem que esperasse, o deus tomou sua boca.
O choque, como sempre, foi perfeito. O deus parecia estar ansioso pelos seus lábios, tanto que sempre quando o rapaz tentava separar um pouco para pegar um pouco de ar, lhe beijava de novo, e novo.
Ah, aqueles lábios… tinham uma doçura que viciava, fazia lembrar que estivesse comendo algum doce, o seu doce favorito. Mas também o lembrava de querer se entregar, de querer verbalizar o que se passava em sua mente e em seu coração, de pôr em palavras o que seu corpo ansiava, mas que por causa de seus princípios, e até uma certa culpa, se retraía. Mas aí vinha a resistência, esta que estava enfraquecida pelos lábios do deus e sua tão experiente habilidade em deixá-lo com as pernas bambas só tocando ou enrolando sua língua na sua.
— Ai… — reclamou James, pondo uma mão em seu próprio peito.
— Foi demais?
— Um… pouco.
— Me desculpe… — disse, dando sem querer pequenos selares, como se indicasse e estivesse instigando James a correspondê-lo logo — Vou tentar ser mais delicado na passagem.
— Não, tudo bem. — disse, e também sem querer lambeu seus próprios lábios, se deliciando sem perceber e emitindo, também sem querer, um sinal para o deus, que não resistiu em fitar por longos segundos aquele gesto, e suspirar contido — Continue, Kýrios…
E sem questionar, continuou.
James sentia em seu corpo uma inquietação conhecida, algo como… como quando ficava algumas vezes dias sem algum contato mais íntimo, e por isso, ficava agitado, tentando se aliviar, mas de nada adiantava.
E as vezes, nem mesmo uma noitada em um bordel suprimia o que seu corpo realmente queria. E aquele fogo que nunca era apagado se acumulava, por isso seu título de freguês assíduo das casas de prazer logo se fez, pois sua mente lhe advertia, e seu corpo anseiava por um corpo que realmente podia lhe satisfazer, mas que era condenável por aquela estampa social que lhe foi ensinado.
— James…?
Foi mais forte que seu corpo, e aquele empréstimo de vitalidade lhe deixou acalentado ao ponto de não resistir em fazer algo que em seu mais íntimo ser estava lhe tentando a fazer quando aquelas imaginações se transformavam em imagens bastante “inspiradoras”.
Sem dores por causa da adrenalina, conseguiu se mover, e subir em cima do corpo do deus.
— Kýrios… você pode… me segurar aqui? É que…
— Se sente… melhor assim?
— I-Isso. É que me senti tonto e enjoado continuar deitado.
É, admitia que era uma desculpa muito ruim, e mentir foi sua única saída.
O deus então direcionou suas mãos para a cintura do rapaz que mordeu os lábios para conter de um som inapropriado escapar.
James se sentia vulnerável, não de forma ruim, mas de uma forma que temia não poder manter o controle por muito tempo, e por isso, se manteve parado por alguns segundos para poder pelo menos desacelerar a respiração.
Mas o deus não o deixou.
— James, temos que continuar. Está melhor?
— Sim. Só sinto meu peito doer um pouco… parece que vou colapsar.
— É assim mesmo. Assim que acabarmos vai passar. Então, podemos?
— Podemos. — respondeu, sem hesitar. Dessa vez sendo quem tomou a frente naqueles beijos.
Dor nas costas? Nem se lembrava. Dor em sua cabeça? Sem sinal. James começou a se sentir mais eufórico, mais corajoso em avançar, em também se deixar ser tomado por aqueles beijos que emanavam uma boa quantidade de energia cheia de vivacidade e…
— Hmg… — gemeu o deus.
E na hora James interrompeu o beijo, ainda mais por ver que o mesmo também se espantou pelo ocorrido.
— Me desculpe… Foi… mal jeito! Terreno irregular lastimando minhas costas… — disse o deus, visivelmente sem jeito.
— A-ah, sim, entendo. Então… quer se ajeitar?
— Não precisa, estou confortável. — respondeu. Rápido demais.
James se abaixou de novo, e voltou ao beijo, este que o deus não ponderou em continuar.
Com as mãos em sua cintura, James sentia o calor vindo delas, as vezes tocando sua pele naquela região, lhe fazendo sentir seus poros se eriçarem e um arrepio muito bom descer pela sua coluna, ocasionando de sem perceber, começar a mover-se sobre o deus.
E foi bem neste exato momento que notou algo…
— James? O que houve?
— N-Nada. Ãh… vamos continuar! — disse, tomando os lábios do deus, que continuou a emanar vitalidade para seu corpo.
Seu coração começou a doer um pouco, mas a vontade de querer sentir aquele contato mais pecaminoso com o corpo do deus era maior, ainda mais quando o contato era com um certo volume que sutilmente encostava em sua “retaguarda”.
“Meu Deus… eu vou queimar por isso.” Pensou, enquanto sentia-se cada vez mais entusiasmado de querer dar um avanço naquele contato.
E foi o que fez.
Indo um pouco para trás, sentiu com mais nitidez o volume, e se espantou pela dureza que o tecido mal escondia.
Isso o fez sentir um pulsar forte que desceu diretamente para seu próprio órgão, lhe deixando mais atrevido em agora… provocar.
E se moveu bem em cima do tal volume.
— Por deuses…! — gemeu entre o beijo —James, acho melhor fazermos uma pausa! — disse, tentando disfarçar sua excitação.
— Não se preocupe, estou bem.
— Sim, estou sentindo. Mas eu…
— O que foi Kýrios? Parece um pouco apreensivo. — perguntou, mas propositalmente provocando.
O deus arqueou uma sobrancelha e lhe fitou.
— James, acho que você está ficando fora de si…
— Estou muito bem Kýrios, estou completamente com domínio de minhas capacidades mentais.
— Ah sim, sim, você está. — Ironizou.
— Eu estou falando verdade! Vamos continuar… — disse, e de novo, se moveu em cima do deus, que apertou os olhos e jogou a cabeça para trás ao mesmo tempo em que desceu um pouco mais suas mãos, indo para o quadril e apertou de modo sôfrego o local.
— Ahm… — gemeu James, mordendo os lábios ao mesmo tempo em que sorria.
O deus logo abriu seus olhos, e se impressionou ao ver como estava o rapaz.
James se movia lentamente para frente e para trás, roçando o vão de suas nádegas em cima daquele volume, que pulsava a cada ir e vir de seu corpo. E toda vez que fazia isso, via o rosto do deus corar cada vez mais, chegando ao ponto de vê-lo franzir o cenho e ter sua testa suando frio por parecer tentar se conter.
— James, vamos fazer uma pausa, agora. — disse, um pouco mais sério.
— Nós podemos continuar, Kýrios. Eu estou bem… muito bem… — disse, dando vários selares nos lábios do deus, deixando-o ainda mais apreensivo, já que o mesmo não resistia em corresponder.
— Deuses… acho que exagerei na ocitocina! James… — lhe chamou, mas o rapaz lhe impedia de continuar por tomar seus lábios.
— Kýrios… — gemeu, ao sentir o deus pulsar contra sua nádega, ao mesmo tempo em que apertou mais uma vez seus quadris.
O deus se sentia em apuros, seu corpo reagia a aquele fogo que o rapaz mostrava para ele, e diante disso resolveu partir para um método mais drástico, ou então iria se arrepender se não trabalhasse para ser mais forte e resistir a aquele desejo que se denunciava ali embaixo.
— James, sinto muito por isso.
— Sente? Pelo quê?
— Por isso.
De repente, assim que conseguiu separar-se do rapaz quando se sentou ainda com o mesmo em seu colo, pôs uma mão em seu ombro, o afastou mais um pouco e, lhe tapeou no rosto.
O tapa deferido não foi fraco, mas também não muito forte para machucá-lo. James por sua vez lhe encarou espantado, sentia seu rosto arder, e junto com aquela ardência veio uma mistura de sentimentos, nenhum deles bons.
— Você… — murmurou, pegando em seu proprio rosto — Me bateu?!
— Por deuses, James, está em si agora? Consegue me entender?
James queria estapeá-lo como revide, mas ao se dar conta de como estava, e notando o olhar afetado do deus, sentiu-se culpado por estar agindo daquela maneira.
Isso porque… não estava sob nenhum efeito de qualquer dom do outro, quer dizer, se sentia muito vivo, talvez era sim uma pequena parte influenciando, mas a boa, quase toda ela, era por puro sentimento e repentina euforia de querer se entregar a aquele ser em que ainda estava sentado, sentindo sua firmeza, e vendo-o tentar se manter ileso a aquele pecado em que era puxado.
E por tudo isso, sentiu uma grande vergonha. E de forma brusca se levantou do colo do deus, caindo para trás por causa de suas pernas bambas pela euforia em que estava mergulhado.
— James…
— Me perdoe.
— Não, James, a culpa é minha porque…
— Vamos deixar toda essa porra pra lá e voltar a nos concentrar no que é importante?
O deus franziu o cenho, ficou confuso com aquela reação do rapaz, mas de toda forma, ele tinha razão.
— Vamos. Mas antes eu…
— Vou deixá-lo se acalmar. Enquanto isso eu vou… — olhando ao redor, percebeu só agora que estava em um lugar estranho, uma clareira, cercado por muitas arvores, algumas quase caiam em alguns locais mais úmidos, e a vegetação era bastante variada, as vezes sumindo dentro de uma neblina que os rodeava.
Estavam num pântano.
— Vou esperar ali atrás daquelas arvores. Quando… — olhando rapidamente para o volume firme, impedido de ficar mais ereto por conta do tecido, engoliu em seco e mais uma vez sentiu-se envergonhado por ter causado aquilo, e desviou o olhar — Só me quando estiver pronto. — E se levantou, mesmo aos tropeços, juntando a dignidade que lhe restava.
O deus ficou lhe mirando aflito, não sabia o que fazer para remediar aquilo, e por causa disso, não conseguiu dizer nada, a não ser fazer um aceno de cabeça em concordância.
Ao conseguir ir para atrás de uma arvore, James esfregou seu rosto, e balançou varias vezes sua cabeça em negativa.
“Porra… Mas que merda! O que é que estou fazendo?! Meu Deus… o que estou fazendo da minha vida?!”
Era uma indagação rasa, pois sabia muito bem o que estava fazendo. Afinal, lá no fundo de seu coração, apesar de sentir-se muitíssimo envergonhado, havia de novo aquele sentimento de felicidade, já que de novo viu mais uma vez o deus demostrar reação a suas provocações, o viu lhe desejar, sentiu o quanto o loiro estava se deixando levar pelos seus avanços, o que quer dizer que… se tivesse insistido um pouco mais, o teria inteiro pra si naquela hora.
— Eu preciso ser mais forte! Não posso fazer isso! Não sou um destruidor de casamentos! Meu Deus… — sussurrou, sentando-se contra árvore, passando mais uma vez as mãos em seu rosto.
— James.
— S-sim? — gaguejou, assustando-se por não esperar que o deus fosse demorar mais em lhe chamar.
— Já podemos trabalhar no seu plano. — disse, sorrindo de canto, mas toda sua postura denuncia um certo receio.
— Ah, sim, é claro. Então… vamos começar… agora…
— James.
— O que foi? — perguntou, ao perceber um semblante sem graça do loiro.
— Você não é um destruidor de casamentos.
— A-ah que bom saber disso.
James queria que um buraco aparecesse sob seus pés e que a terra lhe tragasse naquele momento, e parece que o deus percebeu isso ao notar o quão ele tinha ficado corado por ter sido ouvido.
— James, não fique assim. Não se afete por causa disso. Está… tudo bem.
— S-sim, é claro que está tudo bem. Eu estou muito bem. Então não precisa se preocupar… isso que aconteceu foi nada mais que um acidente de percurso. Não foi o que você disse? Excesso de ocitocina? Por isso, não estou afetado. Eu realmente não estou…
Antes que continuasse suas tentativas de se mostrar sob controle, foi pego desprevenido por uma ação supressa do deus.
Um abraço.
— K-Kýrios…?! — sussurrou, sentindo-se amolecer de novo.
— James, eu o sinto estar muito nervoso, por favor me perdoe por ter usado meus dons em você de novo mesmo que tivéssemos combinado que nunca mais eu os usaria. Mas as circunstancias nos obrigam a medidas desesperadas. Sei que você é só um humano, mas sempre me esqueço disso. E por isso, acaba sempre se afetando por minha divindade. — Fungou, apertando o rapaz mais contra seu peito, obrigando-o a ficar com sua testa em seu tórax.
E quando afrouxou um pouco, fez mais um gesto inesperado…
Quando James olhou para cima, em seus olhos, recebeu um beijo em sua testa.
— Kýrios…
— Saiba que eu te respeito, James. Não lhe desejo mal, nem penso de tal forma também sobre você. Quero que você saiba também que gosto muito de sua pessoa, não somente como um instrumento guia. Não quero lhe machucar com meus poderes. Confesso que apesar de meus dons não serem bélicos, mas de alguma forma eles se tornam até piores do que de qualquer deus que exista. Então por favor, não fique pensando sobre isso. E muito menos se abale. Porque não é culpa sua. Nada disso.
James não sabia o que dizer. Aquilo tinha sido tão de súbito que sua mente congelou e sua reação encarar o deus, que riu contido ao ver um rosto aturdido próximo ao seu.
— James, podemos fazer um acordo?
Piscando depois de alguns curtos segundos ainda hipnotizado naquele gesto e naqueles olhos enamorados do deus, suspirou ao cair em si quando reparou que estava com as duas mãos no peito do deus, que o soltou.
Tentando disfarçar as pernas bambas, se encostou depressa na arvore atrás de si. Pigarreou, passou as mãos no cabelo, e engoliu em seco, e por fim olhou para o ser que se moveu, se colocando a sua frente a cinco passos.
— É… sim, que tipo de acordo?
— Sou um deus. E mesmo que meus poderes não sejam bons em batalha, ainda sim posso ajudar. Mesmo que não seja, como diz em sua cultura, métodos ortodoxos. E por isso, sempre que se encontrar em um apuro de extrema gravidade, eu gostaria de ajudá-lo com meus dons, mas claro, tendo cuidado de… bem, que você tenha aquelas reações.
— Eu aceito. — disse, sem hesitar, e no mesmo segundo sentiu suas bochechas esquentarem, querendo logo se corrigir.
— Verdade?
— Quer dizer, sim, estou de acordo. Mas com uma condição: que você faça isso o mais distante de mim. Consegue?
— Vou… trabalhar para isso. — disse, erguendo uma mão para selar tal acordo.
James também ergueu, mas demorou poucos instantes antes de aceitar a mão do deus, esta que se mostrou quente, e assim como da primeira vez em que o viu e o cumprimentou, pela segunda vez sentiu um pequeno choque em sua palma, que o fez retrair a mão.
— É porque estamos conectados, James. — disse, respondendo a indagação ocular do moreno.
— Não estávamos quando nos vimos em meu noivado. — lembrou.
O deus esboçou um franzir de reprovação ao ouvir “noivado”, e respirou fundo movendo a cabeça em negativa, mas continuou.
— De alguma forma, já estávamos. Só faltava você me reconhecer. Você é um Pista de Parca, talvez seja isso.
— Você sentiu isso também naquela vez?
— Sim. E confesso, não foi proposital. Mas te cumprimentar foi. Ainda mais depois que senti uma flecha minha ser tocada pelo ser que iria ser minha próxima bússola. E então fiz o que pude, me arrumei, me convidei para o seu… noivado, e cumprimentei a todos, testando um por um, e então meu coração se encheu de felicidade ao me deparar com aquele par de esmeraldas, bebendo para poder aguentar toda aquela pressão em seu dia importante. Não estou certo?
— Sim, está. — Sorriu minimamente, mas logo desfez ao se lembrar de sua família.
— James, eles estão bem. Não há nenhum ser os perturbando. Isso porque ninguém sabe que eles são sua família. Há tantas raízes dos Payne que se forem querer sequestrar terão que fechar todo o seu país.
Respirando fundo pelo relato do deus, se sentou, ainda encostado na arvore.
— Obrigado, Kýrios.
— Eu que tenho que agradecer, James. Por ter você em minha vida.
Um delicioso brincar de borboletas em sua barriga surgiu, lhe deixando com o coração batendo forte, mas disfarço se levantando, e se virando de costas para o deus, se pondo em direção aonde estava o ninho de folhas e penas, e ao lado, o embrulho de armas.
— P-podemos?
— Podemos. — disse o deus, parecendo mais aliviado.
Ainda mais por ter agora sua vitalidade, mesmo que somente uma pequena porção, dentro do coração do rapaz.
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Missão Ágape
O Olimpo está em crise, e tudo porque de repente uma profecia disse que um deus iria dizimar o seu sistema e tudo que eles lutaram para conquistar e poderem estar no poder até hoje.
E é...