Arco 1 –  Oriente sem DESTINATÁRIO

Missão Ágape

Capítulo 4

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James tinha colocado tudo o que precisava em sua mala, e até que não foi tanta coisa como o tal Kýrios esperava, já que havia percebido que o rapaz era do tipo um tanto vida boa, um autêntico mimado filhinho de papai que só vivia para gastar e gastar.

— Algo mais? — perguntou o loiro, ainda deitado na cama do outro.

— Só mais uma coisa.

— Olha, se for…

— Não é uma coisa que vou levar. — Interrompeu indo até sua mesa de estudos e o homem se sentou, curioso por saber o que o outro iria fazer.

— Oh, uma carta? Eu acho melhor não.

— Porque não?

— Isso vai deixar um rastro de você. E a última coisa de que precisamos é algo ou alguém nos perseguindo.

— Sr. Galanis, o que é que pode nos perseguir através de uma carta? Pombos? Corvos? Ratos treinados pelo serviço secreto da rainha? – zombou, enquanto escrevia.

— Pior que do isso tudo que falou. — disse se levantando e impedindo o outro de escrever algo mais — Vamos, quanto mais tempo ficamos aqui, mais tempo perdemos. Daqui a pouco já vai amanhecer. — disse, pegando o papel da mão do rapaz, e o colocando num recipiente para queimá-lo.

— Ei! Não faça isso! — esbravejou, tentando impedir o outro de continuar sua destruição.

— Estou nos salvando!

— Não posso ir sem deixar algo! Minha mãe e meu pai vão ficar muito preocupada!

— E você acha que eles irão ficar menos com você deixando uma carta? — James abriu a boca para dizer algo, mas não teve como argumentar. — Pronto? — resignado, James abaixou os ombros e fez que sim — Ótimo! Pegue sua mala, você sabe pular?

— Pular?

— Sim, pular. — disse empurrando o rapaz em direção à janela de seu quarto.

Quantas e quantas vezes James fugiu por ali descendo o muro de plantas para poder cair na boemia… Aquilo que o homem pedia era o mesmo que estar pedindo a ele para pentear o cabelo.

— Então foi assim que entrou por aqui? Você escalou minha parede?

Kýrios abriu um pequeno sorriso.

— E de que outra maneira eu poderia?

— Não sei, talvez com uma entrada pomposa pela porta da frente?

O loiro arqueou uma sobrancelha.

— Está com inveja?

— Inveja?

— Posso te ensinar como fazer isso. Sabia que isso faz todos se encantarem com você? Todos mesmo. É uma das muitas, milhares de técnicas para conquistar alguém. Não tem erro. Pessoas gostam de ver outras pessoas sendo o centro das atenções, mesmo que não admitam.

James se perguntou o que “entradas triunfais” tinham haver com conquistas amorosas. Talvez alguém que tenha quedas por exibicionistas?

— Só se for conseguir alguém que goste de narcisistas.

— Argh, não mencione isso, foi o meu pior fracasso. Até hoje riem de mim por causa disso. — disse, deixando o rapaz confuso com aquela informação.

— Ah, sim, bem, ok. — James deu de ombros e pegou finalmente sua mala — Eu vou primeiro, já que serei mais rápido. — disse, se gabando de sua habilidade em fugir por aquele caminho tão usado.

James observou se havia algum segurança por ali, e por sorte, não havia ninguém. Jogou sua mala primeiro, e a mesma caiu em cima de um arbusto bem podado, suavizando o som da queda. Já com sua bagagem segura, foi a vez de levar-se para fora de seu quarto.

— É agora. — disse, dando uma olhada geral em seu cômodo, se despedindo de cada detalhe que gostava dali.

Seu coração estava acelerado, havia uma adrenalina muito forte que não o deixava pensar direito, e além disso, também estava com o peito apertado, queria se despedir de todos que amava e gostava, mas sabia que não podia fazer isso. Teve um pensamento, mas só por um milésimo de segundo, sobre voltar atrás e desistir daquela fuga, pois constatou que aquela decisão faria muitas pessoas infelizes e sofrerem, e iria mesmo.

Mas lembrar que ninguém, nem mesmo sua mãe, estava se importando se ele iria ou não ser feliz com aquele noivado forçado, e um futuro casamento arranjado que o enclausuraria naquela planejada vida cinzenta, lhe fez ganhar forças para continuar com aquela que seria a maior das loucuras que ele estava por fazer em sua vida.

Ainda mais com um estranho que invadiu seu quarto e lhe prometeu fundos e mundos a ele sem garantia nenhuma.

James sabia, aquilo era perigoso demais. Mas ele era um homem, e homens tinham muito mais facilidades na vida. Mesmo que tudo que aquele homem lhe dissera fosse ser mentira, mesmo assim ainda estava preferindo ir fazer seu próprio caminho do que continuar ali. Não tinha certeza de nada, mas mesmo assim iria prosseguir.

Tomando folego para iniciar sua escalada, James estralou os dedos, esticou seus braços para um pequeno alongamento, deu mais uma vez uma última olhadela em tudo em seu quarto, e por fim, passou seu corpo pela janela.

A escalada estava sendo bem tranquila, como era de costume. Mas aquela vez tinha um gosto diferente. Estar ali descendo uma haste por vez, cada vez mais perto do chão, lhe dava a sensação de estar comentando um crime, e aquela adrenalina correndo por suas veias lhe deixava um pouco assustado, já que, depois descer ali, ele não iria mais voltar e fingir que estava dormindo, e nem iria tomar broncas de seu pai por ele descobrir que na verdade esteve a madrugada toda na gandaia.

Até disso, ali agora em plena fuga, estava começando a sentir saudades.

— Ei! Kýrios! Já pode descer! E tenha cuidado com as trepadeiras! As vezes elas se enroscam em seus sapatos ou te fazem escorregar! — avisou, sussurrando com cautela.

— Obrigado pela preocupação. – disse o mesmo, já ali do seu lado.

James deu um pulo pro lado, tropeçando para trás, só não caiu de bunda porque o loiro lhe pegou a tempo pelo pulso, lhe colocando em pé direito novamente.

— Mas, como que…?

— Ué, pulei.

— Mas, eu não vi, e também não ouvi…?

— Técnica. Nada mais, nada menos.

James ficou muito impressionado. E sentiu como se tivesse achado um concorrente a altura, um alguém que era tão bom quanto ele em escapadas. Até se pôs a imaginar de quantos quartos aquele cara já não saiu daquela forma para ter tamanha habilidade.

Um rival digno. Tinha que admitir.

— Posso lhe ensinar isso também.

— Não precisa, já tenho as minhas próprias técnicas.

— Não seja orgulhoso, a partir de agora, somos parceiros. E como parceiros, temos que compartilhar tudo um com outro. Afinal, não quero um inútil do meu lado.

James arqueou uma sobrancelha.

É, ele também tinha que admitir que não sabia fazer nada em sua vida. Pelo menos nada que fosse para sua sobrevivência.

— Você tem razão. Estou de acordo com sua fala. Um inútil ou um idiota não será nada bom para nossos negócios.

— Esse é o espírito…. Espera, quem é o idiota dessa história?

James fez uma expressão risonha e vitoriosa.

— Oras, e quem aqui está ditando quem é quem?

Kýrios sorriu de canto, e pegou a mala do rapaz.

Por incrível que pareça, por algum motivo desconhecido, os guardas não estavam por ali como sempre costumavam ficar quando faziam suas rondas da madrugada, sempre trocando os turnos quando o horário chegava em suas vezes.

James olhava para tudo intrigado, mas também com o coração se apertando cada vez mais. Apesar de tudo, ele amava muito a sua família.

— Uau.

— É muito bonito, não?

O rapaz ficou admirado pela carroça tão requintada que estava parada ali a alguns metros de sua mansão, era cinco vezes mais luxuosa do que a que seu pai tinha.

— Porque ele está desse jeito? — perguntou, ao ver o cocheiro todo enfaixado, até suas mãos estavam cobertas por gazes.

— Esse é Panoptes. É meu braço direito, sempre fica de olho em tudo quando estou ocupado ou indisposto. E ele está assim porque é… Hm… foto fóbico.

— Ha ha, boa piada, Kýrios. Mas não. — disse o cocheiro, um tanto mal humorado — Então é esse.

— Sim! E não disse que ele viria fácil? Ninguém resiste aos meus encantos.

— Encanto? — James ponderou —Sinceramente, quem entra no quarto de alguém daquele jeito? Se eu não estivesse tão desesperado para sair daquela situação de merda, eu iria soltar os meus cães em cima de você! — disse, se aproximando da carroça — Ah, e a propósito, prazer em lhe conhecer Sr. Panoptes. Gostei do nome. É grego também?

— Encantador. Gostei desse cara, bem diferente de uns e outros.

— Não fique tão zangado, Pano. Já já você estará bem confortável em sua cama fofinha e sonhando com aquelas lindas ninfas, ou sátiros.

— Assim espero. — disse o homem, se virando para frente para ajeitar os arreios em suas mãos.

Kýrios então se aproximou da porta da carroça, abrindo-a e dando sinal para o moreno entrar.

James olhou para trás uma última vez, engoliu em seco um nó na garganta, respirou fundo, e entrou na locomoção seguido do loiro, que logo fechou a porta atrás de si.

— Panoptes. — disse, dando uma tapinha no forro da frente, e logo a carroça começou a se mover — Bom, vamos aos negócios.

— Sim, me conte tudo, Sr. Galanis.

— Argh, pode parar de me chamar dessa forma? Parece que envelheço mil anos assim.

— Certo, então… Kýrios, em que posso ajudar?

— Bom, primeiramente temos que… — de repente a carroça deu um impulso, fazendo o homem ir pra frente, caindo de cara entre as pernas do rapaz que logo empurrou sua cabeça, assustado – Por deuses! O que foi isso?! Panoptes?

— Se segurem! — avisou o cocheiro em tom preocupado e mais uma vez fazendo a carroça dá outro impulso mais brusco.

— O que está acontecendo?! — perguntou James, se segurando como podia no assento, enquanto que o homem à sua frente se apoiava na janelinha.

— Eu não sei, mas com certeza não é coisa boa!

A carroça dava solavancos fortes, hora virava para esquerda, para direita, acelerava, parava de repente e recomeçava a andar sem o menor cuidado.

— Tenham cuidado! Se segurem! Estão atrás de nós! — gritou o cocheiro.

Mal terminou de avisar e um buraco foi feito na parte detrás da carroça. Se o loiro não desviasse a tempo, estaria sem cabeça.

— Meu Deus!! O que foi isso?! — perguntou James, ficando cada vez mais assustado.

Kýrios se moveu para seu lado.

— Me segure! Vou dar um jeito nisso! — disse o homem, ficando montado em cima do corpo do rapaz que havia ficado extremamente desconfortável com aquilo, já que… a região um pouco abaixo do umbigo do outro tinha ficado praticamente colado ao seu rosto, lhe abraçando pela cintura enquanto o outro tirava de seu bolso uma arma estranha que logo se desdobrou virando uma pequena besta de pulso, apontando para algo ali fora por aquele buraco.

— Quem está nos perseguindo?! Você vai matá-los?!

— Se eu fosse você me preocupava somente em me manter firme no lugar! — advertiu Kýrios, dando seu primeiro tiro, e pela sua expressão, tinha fracassado no acerto — Panoptes, mais velocidade! — gritou.

— Se quisesse mais velocidade que chamasse Hermes! Ou Pegasus!

— Droga Pano agora não! Só faça essa carroça correr! — ordenou Kýrios, armando mais uma vez sua mini-besta.

A carroça deu mais um solavanco, fazendo com que o corpo dos dois se chocassem e o rapaz ficasse com seu rosto mais colado naquela região.

Xingava mentalmente, se perguntando como ele havia ficado assim naquela situação tão embaraçosa.

Mais um tiro foi dado, e um som de explosão foi ouvido.

— Ha! Toma essas suas galinhas do mar! — comemorou Kýrios, ajeitando mais uma vez sua mini-besta.

Mas assim que ia atirar outra vez, um projétil muito afiado lhe acertou, fazendo seu corpo ir para trás junto do moreno, já que o mesmo lhe segurava firmemente pela cintura.

— Oh meu Deus! — gritou, ao ver que o mesmo sangrava no ombro bem onde havia uma pena que parecia a de uma águia gigante, seu rosto expressava muita dor e mal conseguia levantar a mini-besta.

— Pegue… atire nelas! Acerte na asa! Bem na junta da asa! — disse, entregando ao rapaz, que logo se levantou de cima de seu corpo com aquela arma nas mãos.

James nunca segurou numa arma, a não ser espadas, já que foi obrigado a ir para aulas de esgrima quando tinha quinze anos.

Era mais uma daquelas tentativas de fazê-lo se inspirar em algo e fazer alguma coisa de útil que fosse trazer honra para sua família…

O moreno, mesmo aos balanços e solavancos constantes, se levantou, se jogando para o fundo da carroça e para perto daquele buraco.

Não sabia como se apoiaria, já que não havia ninguém para segurá-lo para se firmar em sua mira.

— Seja o que Deus quiser! — disse, respirando fundo e se colocando na linha de frente.

No momento em que seus olhos se depararam com aquelas criaturas, seu corpo gelou.

“Que porra são essas coisas?!!”. Pensou, já sentindo suas mãos tremerem.

Eram uma espécie de ave, só que muito grandes, e tinham cabeças de mulher, eram quatro ao total, e todas voavam ferozes para cima daquela carroça.

O que James também captou foi que eles não estavam mais no centro de Londres, e sim em uma área mais rural. Para onde se olhava só se via mato e árvores.

O quão rápido eles tinham ido para ter chegado até ali naquela região?

A carroça tomou outro rumo, indo para esquerda onde havia uma trilha lamacenta.

— Estou tomando um desvio! Se preparem! — avisou Panoptes, gritando com os equinos um “Yaa” para os mesmos acelerarem ainda mais.

James mal conseguia se manter em pé, quem diria mirar para atirar?

Por isso, toda vez que tentava acertar o alvo, errava sem nenhuma chance de sucesso.

— Me dê mais flechas! — pediu, ainda tentando lutar, mesmo que não tivesse nenhuma aptidão com aquilo.

— Não há mais… — respondeu o loiro, ainda caído ali com o ombro ferido e apresentando um semblante dolorido.

— Como assim não há mais?! Tem que haver mais! Eu não quero morrer!

— Morrer não é tão ruim quanto parece…

— O quê?!

— Bom, foi o que meu amigo Tânat…

— Eu não quero saber de merda nenhuma que algum amigo seu disse! Você tem que cumprir o que me prometeu!

— Ok, ok! Pare de gritar! Até parece que nunca esteve em uma situação dessas!

James lhe mirou num misto de raiva e confusão.

Então partiu pra cima do homem.

E em meio a solavancos e viradas de direções pra lá e pra cá, além do fato da turbulência ser constante, James começou a trocar socos com o homem, que parecia não estar sofrendo com nenhum dos golpes em seu rosto.

E quanto mais isso acontecia mais James tinha sua raiva aumentada, pois se perguntava como que ele estava ferido daquele jeito e mesmo assim ainda aguentar seus socos como se fossem tapas de pluma.

— Acabou?

— Você…?!!!! — James largou o homem, pegou a mini-besta e voltou para o buraco — Se você quer morrer, então que morra! Mas você não vai conseguir me levar junto!

Como se uma força o tivesse dado algum poder, James conseguiu se posicionar o mais firme que podia e arrancou uma haste das bordas destruídas do buraco, improvisando e colocando-o na mini-besta como se fosse uma flecha, e mais uma vez se firmou no lugar com um joelho no assento e uma perna na beira do assento do outro lado.

Seu braço balançava junto com os movimentos que a carroça fazia, a mira naquelas criaturas aladas nunca se firmava, principalmente quando uma delas atacava com suas garras o teto ou os lados da locomoção tentando derrubá-la ou tombá-la.

— Estamos quase! Só falta mais uma milha! Aguentem firmes! — disse o cocheiro, se virando como podia para dirigir aqueles equinos e se defender dos ataques das “aves” gritantes.

— Uma milha?! Pano, hoje você está realmente fraco… — disse Kýrios, tentando se levantar, mas toda vez que fazia isso, seu corpo todo doía muito.

O cocheiro se irritou, largando os arreios.

— Você vai ver quem é fraco aqui! — disse, quebrando a janelinha e fazendo um outro buraco na carroça — Ah, então é por isso.

Kýrios sorriu como se estivesse prestes a desmaiar, mas logo o seu amigo foi lhe socorrer.

— Ei, humano!

James ignorou, mas não por mal, estava concentrado demais em querer arranjar uma brecha de mira para poder acertar de uma vez por todas qualquer uma daquelas aves-mulher.

— Humano!

James então despertou de seu torpor bem no momento em que atirou e mesmo tempo em que foi chamado.

E para sua surpresa, havia acertado uma criatura bem no meio de sua testa.

— Consegui! Agora só falta mais quatro!

— Sr. Humano!!

O rapaz olhou para trás e logo seu corpo gelou.

— Quem… está no controle da direção?!

Panoptes olhou para a frente e deu de ombros.

— Prioridades.

James por um momento se arrependeu de ter fugido, já que agora constatou que havia parado nas mãos de dois suicidas que de alguma forma lhe drogaram para começar a ver mulheres pássaro lhe caçarem.

— Ei! Em vez de ficar aí parado olhando, venha me ajudar a tirar essa coisa!

O rapaz, mesmo que muito irritado com aqueles dois, largou a besta e foi mesmo ajudar, já que em sua mente havia calculado de que, se aquele senhor estava ajudando aquele homem, então havia algum fio de esperança de que eles dois, ou pelo menos um deles quisesse viver.

E iria apostar nisso para se salvar e depois se livrar deles, e quem sabe, voltar pra casa, ou para algum bordel de alguma amiga para que esta o escondesse até pensar numa solução de fugir daquele noivado.

— O que tenho que fazer?!

— Segure a pena, e puxe-a com toda força que você tiver. O resto deixe comigo.

— Ok! — assentiu, colocando logo suas mãos ao redor daquela grande pena.

— No três… — orientou Panoptes, tirando de seu bolso um canivete e molhando a lâmina com um líquido verde de um frasco que tirou de seu bolso — Três!

James começou a puxar e o cocheiro fincou o canivete na carne bem onde a pena estava cravada.

— Aaaaaaahh! — gritou o loiro, tentando empurrar os dois que estavam sobre si.

James se manteve forte enquanto puxava com tudo que tinha de força aquela pena que parecia estar enraizada de tão firme que estava. Já Panoptes tentava a cortar lá no fundo, e toda vez que fazia isso o loiro se debatia por conta da dor excruciante.

— Só falta um fio! Continue puxando! — disse o cocheiro, sem parar uma vez de cortar aquela pena.

O balanço da carroça não ajudava nem um pouco, tudo estava complicado demais para se fazer algo. Já esteve em uma situação crítica, como uma vez em que foi pra cadeia pelo crime de atentado ao pudor por ter saído completamente nu de um bordel e ter entrado numa carroça pública por conta de estar tão bêbado e ter se esquecido de vestir as calças.

Mas nunca, nunquinha mesmo, esteve numa situação como a que estava ali dentro daquela locomoção.

— Puxe com tudo! Agora! — ordenou o cocheiro.

Colocando os dois pés no tórax do homem, James se preparou para dar o impulso que o senhor havia ordenado.

Sentindo suas mãos serem lixadas pelos fios daquela pena, James usou toda sua força para arrancar aquilo da carne do loiro.

Mas o que ajudou mesmo foi quando sentiu seu estômago vazio ao perceber a carroça se deixar ser levada pela gravidade.

— Droga! Essas merdas voadoras! Conseguiram se livrar dos pegasus!

— Pégasus?!!! Aahhhhhhh! — gritou James, ao ver que a carroça estava agora em queda livre.

— Ei! Acorde!!! — disse Panoptes dando tapas no rosto do homem que havia desmaiado pela intensa dor.

Enquanto isso James via sua vida passar pela sua mente, seu coração apertado de pavor e arrependimento, se lembrando dos bons momentos que passou com sua família.

“É a punição pelo meu pecado, é justo. Amo todos vocês.” Pensou, mentalizando o rosto de cada familiar e amigo seu.

Sua visão estava ficando turva, seu medo tomando de conta de sua mente, e aquela gravidade só colaborava para sua queda de pressão.

E desejava isso mesmo, pelo menos, se desmaiasse antes de virar geleia lá no chão do precipício, não iria sentir a dor da queda.

— Sr. Humano!!! Me ajude aqui agora!!

James ouvia a voz daquele senhor cada vez mais longe, e tudo ao seu redor parecia entrar para um vazio calmo e sem sofrimento.

— Sr. Payne!!!!!

E o olhar bicolor de lilás e dourado assustado junto de um tom de desespero do cocheiro, foi a última coisa que James viu antes de se entregar à inconsciência.

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Capítulo 4
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Missão Ágape

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O Olimpo está em crise, e tudo porque de repente uma profecia disse que um deus iria dizimar o seu sistema e tudo que eles lutaram para conquistar e poderem estar no poder até hoje.

E é...

Chapters

  • Capítulo 47 Proemial
  • Capítulo 46 Alto Mar
  • Capítulo 45 Anelos
  • Capítulo 44 Verdades da Alma
  • Capítulo 43 Premências Difíceis
  • Capítulo 42 Enraizados
  • Capítulo 41 Chaves Sinceras
  • Capítulo 40 Presença
  • Capítulo 39 Luz Misteriosa
  • Capítulo 38 Possibilidades
  • Capítulo 37 Espólios
  • Capítulo 36 Fogo
  • Capítulo 35 Visitas Indesejadas
  • Capítulo 34 Penalidades
  • Capítulo 33 Mais, ou Menos
  • Capítulo 32 Temerário
  • Capítulo 31 Serviços Extras
  • Capítulo 30 Zelus
  • Capítulo 29 Magnetismo
  • Capítulo 28 Despertando
  • Capítulo 27 Sem Céu para Inocentes
  • Capítulo 26 Entre Mortais
  • Capítulo 25 Nuances
  • Capítulo 24 Céu de Luzes
  • Capítulo 23 Sobreposição (parte 2)
  • Capítulo 22 Sobreposição (parte 1)
  • Capítulo 21 Café Quente
  • Capítulo 20 Conselhos
  • Capítulo 19 Muros em Chamas (parte 3)
  • Capítulo 18 Muros em Chamas (parte 2)
  • Capítulo 17 Muros em Chamas (parte 1)
  • Capítulo 16 Cem Olhos
  • Capítulo 15 Nobre Amizade
  • Capítulo 14 Impulsos
  • Capítulo 13 Abaixo da Superfície
  • Capítulo 12 Fim de Festa
  • Capítulo 11 Fagulhas
  • Capítulo 10 Noite de Cores
  • Capítulo 9 Sopa de Ossos
  • Capítulo 8 Saindo do Ninho
  • Capítulo 7 Dádivas
  • Capítulo 6 Reunião Cancelada
  • Capítulo 5 Sonhos?
  • Capítulo 4 Empecilhos
  • Capítulo 3 Efúgio
  • Capítulo 2 Bençãos á Vista
  • Capítulo 1 Sem Opção
  • Capítulo 0 Prólogo dos Contratempos do Amor

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