Capítulo 22

02 de setembro, 09:15 horas da manhã.

Após uma longa noite de trabalho, Leonid tira sua 9mm da cintura e a deixa sobre a mesa do escritório, abre um dos botões de sua camisa e acende um cigarro. Estava esgotado e puto por toda aquela merda.

– Filhos da puta… – ele resmunga e solta a fumaça.

– Leonid! – a porta se abre bruscamente e Liam aparece, ainda vestindo seu pijama e com os pés descalços.

– Sangue… – ele sussurra ao ver seu rosto e corpo com manchas de sangue.

– Não se preocupe, não é meu. – Leonid sorri e apaga o cigarro no cinzeiro, em seguida agarra Liam pela cintura e o abraça.

– O que você fez ? – Liam sente seu estômago se revirar e fica paralisado ao pensar nas milhares de coisas que poderiam ter acontecido.

– É só trabalho. – Leonid se afasta e guarda sua arma na gaveta, não queria deixá-lo mais assustado.

– Seu filho da puta egoísta, o Jhon estava preocupado! – Liam bate em seu peitoral e parece furioso, mas Leonid apenas ri e o agarra novamente.

– Apenas ele ? – ele fala próximo aos lábios de Liam, quase o beijando, mas antes de que pudesse fazer isso, ele o empurra para longe.

– Eu nunca me preocuparia por alguém como você, babaca! – Liam esbraveja e sai apressado. Leonid suspira e sorri, sua expressão de raiva e seu rosto corado eram extremamente adoráveis para ele.

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Ao sair do banheiro, Leonid vê seu celular vibrando sobre a mesa de cabeceira. A ligação que tanto esperava.

– Nikolai, o que descobriu ? – ele para em frente a janela, que dá acesso a parte de trás da casa e enquanto seca seu cabelo, observa Liam nadando na piscina.

– O grupo que atacou seu território é a mesma organização alemã que pertencia ao Alek Berwald, reconhece esse nome ?

– Sim. – Leonid sente um calafrio subir pela sua espinha ao ouvir o nome.

– Antes de ser a Trindade, a organização era chamada de Der Befehl, até que um dos homens do Alek o traiu e assumiu o controle.

– Descobriu mais alguma coisa ? – Leonid cerra os dentes e sente uma onda de nervosismo rasgar o seu corpo.

– O novo chefe se chama Aaron, ele tem feito bons negócios com alguns Ingleses e Americanos. Isso é tudo o que eu sei.

– Obrigado, Nikolai. – Leonid desliga e disca outro número.

– Leo, algum problema ? – Nikolas o questiona ao atender a chamada.

– Nikolai me ligou.

– O que ele disse ?

– Como eu desconfiava, o símbolo é de uma organização alemã.

– O que ? Alemães ? Isso não faz sentido, Leo!

– O que está falando, Nikolas ?

– Falei com os homens da boate, eles falaram que foram os caras da Zona Leste. Eles se vingaram pela morte do líder.

– Nikolai me garantiu que o símbolo era dos Alemães.

– Bom, eles podem estar por trás disso. Usar os caras de uma gangue pequena como bode expiatório não é má ideia.

– Reúna alguns homens e vá até a Zona Leste. Pegue todos esses filhos da puta, vamos cortar o mau pela raiz!

– Certo!

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– Sr. Berwald, trouxe suco de laranja. Por favor, tome um pouco. – Jhon deixa a jarra de suco sobre uma das mesas enquanto observa Liam se refrescando em um dia especialmente quente no outono de Miami.

– Obrigado, já estou indo! – ele sai da piscina e em seu corpo ainda há algumas marcas da noite que passou naquele quarto.

– Parece estar se divertindo, Liam. – Leonid caminha em sua direção e cobre seu corpo com uma toalha.

– Não fique tão à mostra, não quero que os outros vejam o que me pertence. – ele sussurra próximo ao seu ouvido e Liam fica levemente corado, mas tenta disfarçar e o afasta.

– Qual o problema ? Todos já sabem. Inclusive me chamam de a senhora da casa, como se eu fosse dono de algo. – Liam se senta e usa a toalha para enxugar seu cabelo, deixando seu corpo à mostra novamente.

– Eu posso te tornar dono dela. Se quiser. – Leonid sorri, mas Liam o encara com um olhar de desaprovação.

– Achei que as marcas incomodavam você. – Leonid põe um pouco de suco no copo e entrega a Liam.

– É impossível esconder, então não faz sentido continuar tentando. – ele toma um gole e deixa o copo sobre a mesa. Leonid agarra seu rosto e o encara por alguns segundos antes de beijá-lo.

– Você odeia isso ? – ele sussurra entre o beijo.

– Não… – Liam murmura. Leonid se afasta e sorri ao vê-lo corado.

– Após o jantar ponha sua coleira e vá para o quarto de jogos. Entendeu ? – ele questiona e acaricia seu rosto. Liam concorda com a cabeça e Leonid o beija novamente, almejando por aquela paz que apenas ele pode proporcionar.

– Jhon, prepare algo que dê energia ao Sr. Berwald, ele vai precisar para hoje à noite.

– Sim, senhor. – Jhon se curva e sai logo em seguida. Leonid se senta ao lado de Liam, tentando ter apenas alguns minutos de paz, mas um dos seus homens aparece e tudo acaba.

– Me desculpe por interromper, Sr. Petrov, mas o Ryan está aqui e deseja vê-lo. – o homem contrai sua mandíbula e espera receber um olhar furioso ou ser repreendido, mas ao invés disso Leonid apenas suspira e beija a testa de Liam antes de se levantar. Já não era mais o mesmo.

– Volto logo. – ele sorri e Liam apenas o encara, sem esboçar nenhuma reação, mas por dentro seu sangue ferve de ódio e seu peito dói.

Leonid segue para dentro da casa e sobe as escadas até seu escritório, ao abrir a porta, encontra Ryan sentado em uma das cadeiras em frente a sua mesa.

– Bom te ver, Lobo Branco. – ele sorri e o sarcasmo nunca deixa sua voz, era o mesmo de sempre.

– O que veio fazer aqui ? – Leonid fecha a porta e caminha até sua mesa, se senta e o encara com frieza e indiferença.

– Soube que está passando por alguns problemas, pensei que poderia ajudar já que faço parte do governo e também sei uma coisa ou outra sobre o submundo.

– Quanto isso vai custar ?

– O mesmo de sempre. – Ryan sorri, empolgado para estar dentro daquele quarto novamente.

– Não, chega disso. – Leonid se lembra da expressão de dor no rosto de Liam e seu estômago se revira.

– Qual o problema ? É por causa daquele garotinho ? Você não costuma ser assim, Sr. Petrov.

– Merda, só diga quanto vai custar! – Leonid esbraveja e Ryan sorri, adorava vê-lo irritado.

– Por enquanto nada, mas me deve um favor.

– Por que tenho a impressão de que isso vai me foder algum dia ? – ele revira os olhos e suspira. Ryan dá risada e pega sua bolsa, de dentro dela retira alguns papéis e os põe sobre a mesa.

– Leia isso, por favor.

– Como conseguiu isso ? – Leonid pega os papéis e lê atentamente cada linha.

– Alguém me devia um favor. – ele responde despreocupado. Leonid sorri ao ouvir sua resposta, mas antes de que pudesse dizer algo, as batidas na porta desviam sua atenção.

– Entre. – a porta se abre e Liam aparece, segurando um envelope de papel.

– Achei que tivesse dito para descansar hoje, Ghost. – Leonid o encara com um olhar intimidador.

– Não gosto de deixar o trabalho se acumular, Sr. Petrov. E também preciso que olhe isso. – Liam entrega o envelope a Leonid, que dá uma rápida olhada nos documentos que haviam ali dentro, mas acaba se distraindo e desvia sua atenção até seu celular, que vibra sobre a mesa.

– Me desculpe, preciso atender. – ele se levanta e sai, deixando os homens sozinhos.

– Então você é o Ghost, ouvi muito sobre você. Eu sou o Ryan, trabalho para o Deputado Bradford. – o homem estende sua mão com um sorrisinho debochado, mas Liam o ignora.

– Prazer em conhecê-lo, Ryan.

– Minha nossa, o Leo sabe mesmo como educar os seus cachorros. – ele dá risada e levanta, se aproxima de Liam e observa as marcas em seu pescoço.

– Não se empolgue demais garoto, o Leo só está se divertindo e logo vai te trocar por algum brinquedo novo. Ele nunca muda. – Ryan sussurra próximo ao seu ouvido e Liam cerra seus punhos. Odiava ter que ouvir toda aquela merda, poderia facilmente perder a cabeça.

– Como ele fez com você ? Não se preocupe comigo senhor, sei o meu lugar. – Liam força um sorriso.

– Ghost, vamos conversar sobre isso mais tarde. Pode sair agora. – Leonid surge na porta e Ryan o encara, em seguida se afasta e observa enquanto Liam o obedece e sai em silêncio, como um bom cachorrinho.

– Não diga coisas desnecessárias novamente, ou vai se arrepender. – Leonid o encara furioso, mas Ryan se senta e finge que nada aconteceu. Talvez ele realmente esteja mudando.