Capítulo 30

Sexta-feira, 02 de setembro, 02:15 horas da noite.

– Você parece meio distraído ultimamente. Ainda se sente triste por causa daquilo ? – Ash questiona enquanto tira seu avental.

– Não, só estou cansado. – Ulric sorri e continua limpando o balcão.

– Sabe que pode contar comigo, não é ? – ele o encara com um olhar gentil.

– Sei, mas não é nada que você deva se preocupar! – Ulric termina de limpar o balcão e também tira seu avental.

– Então já vou indo. Te vejo mais tarde! – Ash acena e pega sua mochila que estava em uma das cadeiras do bar.

– Okay, até mais! – Ulric também acena e dá um longo suspiro ao vê-lo sair. Ele acende outro cigarro e decide beber uma dose de uísque antes de ir para casa. Aquela noite havia sido cansativa.

Enquanto bebe, ele se distrai pensando em milhares de coisas. Sua mente o leva de volta para aquela viagem à Noruega e seu corpo reage a mínima lembrança de seu toque, era impossível esquecer.

– Maldito russo! – Ulric murmura e sorri, em seguida bebe mais um gole de uísque, mas as batidas na porta da frente chamam sua atenção. Ash com certeza havia esquecido algo de novo.

– O que você esqueceu dessa vez, Ash ? – Ulric fala ao abrir a porta, mas a pessoa que encontra do outro lado não é Ash.

– Posso entrar ? – Mikhail sorri.

– Por que está aqui ?

– Estava passando e vi a luz acesa. Queria te ver.

– Às duas da manhã ? – Ulric dá um meio sorriso e o encara com as sobrancelhas erguidas.

– É. – Mikhail dá de ombros e sorri.

– Entra. – ele suspira e acena com a cabeça. O homem se apressa para entrar e se senta no bar, Ulric fecha a porta e a tranca novamente.

– Quer alguma coisa ?

– Quero o que você estava bebendo. – Mikhail aponta para o copo vazio.

– Certo. – Ulric sorri e vai para trás do bar, serve um pouco de uísque para ele e mais um pouco para si mesmo.

– Que tal um brinde ? – Mikhail sugere.

– Pelo o quê ?

– Pelo fim do meu trabalho em Londres! Vou voltar para casa. – Mikhail ergue o copo e eles brindam. Havia chegado a hora.

– Fico feliz por você, espero que faça uma ótima viagem! – Ulric força um sorriso, mas o encara com um olhar frio. Sabia o que ele escondia.

– É uma pena que eu tenha que ir, adoraria brincar mais um pouco com você. – Mikhail desliza seu polegar direito pelos lábios de Ulric e o encara fixamente.

– Que tal uma última vez ? – ele lambe seu polegar e o mordisca.

– É tentador, mas o chefe ficará chateado se eu demorar muito. – Mikhail sorri e tira uma pistola de trás das costas.

– Aaron está tão ansioso assim para me ver ? Estou surpreso! – Ulric dá risada e bebe o último gole de uísque.

– Então você sabia ? – o homem ergue uma de suas sobrancelhas.

– Eu passei meses rodeado de russos, acha que eu não reconheceria o sotaque ?

– Merda! Você é mais esperto do que parece! – ele dá risada.

– Na verdade não, você que é burro o suficiente para deixar um rastro de merda por onde passa.

– Olha como fala, coelhinho. Sou o único armado aqui! – Mikhail aponta a arma para sua testa.

– Pena que não pode me matar, não é ? Então tire essa porra do meu rosto ou quem vai acabar morto é você! – Ulric usa um tom firme e autoritário, intimidando o homem.

– Certo, me desculpe! – ele levanta suas mãos e recua.

– Nós ainda temos algum tempo, então que tal uma última rodada ? Pelos velhos tempos! – Ulric sorri e serve mais um pouco de uísque para os dois.

– Estou curioso… – Mikhail murmura.

– Alguém já te disse o quanto você é intrometido ?

– Muitas vezes! – o homem gargalha.

– Pergunte de uma vez! – Ulric revira os olhos e suspira.

– Se você sabia o tempo todo, por que se deixou ser pego ? Poderia ter me matado e fugido.

– Porque se eu for pego, ele virá atrás de mim. – ele sorri com uma expressão triste e seus olhos refletem sua solidão. Era sua última chance.

– Então fez tudo isso por ele ?

– Sim.

– Nossa! Eu quase me sinto culpado por te enganar.

– Não sinta. Isso nunca aconteceu. – Ulric sorri.

– Vamos, já chega de toda essa conversa melancólica. – Mikhail deixa o copo vazio sobre o balcão e indica o caminho da porta com a mão.

– Certo. – ele sai de trás do bar e acompanha o homem que caminha em sua frente, desprotegido e com a guarda baixa.

– Sabe, eu realmente acho que… – enquanto ele fala mais alguma idiotice, Ulric tira uma arma de trás das costas e aponta para sua cabeça.

– Mikhail! – ele o chama e atira assim que o homem se vira. Mikhail cai no chão já sem vida, com um pequeno buraco em sua testa.

– Me desculpe, mas não tive outra escolha. – Ulric suspira e guarda a arma.

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Bar Xxx, Zona Norte de Londres, 03:45 horas da noite.

Liam para próximo ao bar, com suas mãos e roupas cobertas por sangue, segurando uma sacola plástica, ele saca sua arma e atira no joelho do segurança parado na porta.

– Merda! Filho da puta! – o homem cai no chão, com suas mãos no joelho tentando conter o sangramento, enquanto grita de dor.

O barulho do disparo rapidamente chama a atenção dos outros homens que logo se amontoam na porta, prontos para atirar. Liam sorri ao ver a movimentação dentro do prédio e continua caminhando até lá, ele abre as portas bruscamente e entra, sem esboçar medo.

– Quem é esse filho da puta ? – um dos homens esbraveja.

– Estou aqui para ver o Aaron. – Liam grita e joga a cabeça de Mikhail no chão. Todos os homens presentes arregalam seus olhos e estão tão surpresos que nem mesmo conseguem falar.

– Eu vou te matar seu desgraçado! – um deles se aproxima e aponta a arma diretamente para sua testa. Estava furioso pela morte do seu companheiro.

– Abaixe a arma. – a voz de outro homem surge e todos abrem caminho para que ele passe.

– Sr. Berwald! – ele se afasta de Liam e se curva.

– Por que tanto alvoroço, Liam ? Isso deixaria o papai decepcionado! – Aaron abre seus braços para abraçá-lo.

– Ele não é seu pai! – Liam o empurra e esbraveja, odiava aquele homem e odiava o fato de que compartilhavam o mesmo sobrenome.

– Isso é verdade, já que sou adotado, mas não significa que nós não somos uma família! – ele sorri.

– Nós éramos uma família até você aparecer!

– Ah, meu querido irmão, não vamos brigar hoje! Acabamos de nos reencontrar depois de tantos anos! – Aaron estala seus dedos e chama um de seus homens.

– Traga champanhe, vamos comemorar! – ele dá risada e todos os seus homens vibram junto.

– Por aqui. – um dos seguranças o acompanha até uma mesa e puxa a cadeira para que Liam se sente.

– A arma. – o homem estende sua mão e mesmo relutante, Liam entrega o objeto, ficando ainda mais indefeso.

– Vamos Liam, pegue uma taça! – Aaron, se senta de frente para ele e pega uma taça de champanhe.

– Não compartilho bebidas com homens como você. – Liam sorri e se recosta. Odiava toda aquela encenação.

– Você é igualzinho a ele, uma cópia perfeita do grande Alek Berwald! – Aaron fala com sarcasmo.

– E você continua sendo um babaca que fala demais! – Liam bate na mesa e se levanta.

– Sente-se, Liam. – Aaron o ordena com uma voz suave.

– Vai se foder! – Liam pega uma das facas na mesa e tenta acerta-lo, mas só consegue fazer um pequeno corte na bochecha de Aaron. Seus homens rapidamente o imobilizam e o colocam de joelhos sobre o chão, com armas apontadas para sua cabeça.

– Você é sempre tão mal-educado… – Aaron suspira e finge estar genuinamente decepcionado com seu comportamento. Em seguida esfrega seu polegar pelo corte e o leva até sua boca.

– Vamos! Me mate logo e acabe com essa merda! – Liam grita.

– Não era por isso que estava me caçando ? Eu estou bem aqui agora, apenas atire seu covarde de merda! – ele continua gritando, o provocando. Aaron ergue uma de suas sobrancelhas e sorri, se aproxima de Liam e agarra seu rosto, mantendo seu olhar fixo ao dele.

– Ainda não é a hora, eu preciso caçar um pequeno lobinho e você será minha isca!

– Acha mesmo que ele vai vir ? Já faz cinco anos, Aaron! – Liam força uma risada.

– Não se preocupe, Liam. Vou garantir que ele venha. – ele sorri e sente a excitação percorrer seu corpo só de imaginar o quanto ficaria famoso no submundo por matar o grande Lobo Branco.

– Levem ele! – Aaron gesticula com a mão e um de seus homens agarra Liam pelo braço, o levando para os fundos do bar.