Capítulo 35

Sexta-feira, 10 de setembro, 23:45 horas da noite.

– Aonde vai ? – Nikolas acende um cigarro e o encara com aquela típica expressão de “o que porra você pensa que está fazendo ?”

– Preciso sair. Cuide de tudo. – Leonid guarda sua arma e veste seu casaco.

– O que ? Os homens já estão preparados, só estamos esperando o seu sinal!

– Quando o alemão chegar, conte tudo a ele. – Leonid caminha em direção a saída.

– Alemão ? Que porra é essa ? – Nikolas grita, enquanto ele continua caminhando sem dar a mínima.

– Filho da puta… – ele sorri e suspira.

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Ballard olha ao redor antes de abrir a porta e ao entrar na casa a luz de um pequeno abajur próximo ao sofá se acende.

– Olá, Ballard. – Leonid sorri.

– O-oque ? Como me achou ? – o homem se assusta e quase tropeça. Não esperava ter que lidar com o homem que destruiu seus negócios naquela altura.

– Você deveria saber que no nosso mundo, não é difícil comprar pessoas… – Leonid cruza as pernas e sorri, o encarando com um olhar intimidador e ao mesmo tempo sádico.

– Q-quem fez isso ?

– Isso importa ? – ele tira sua arma de dentro do casaco.

– Espera! Nós podemos negociar! – Ballard ergue as mãos, tentando fazê-lo parar, mas nada pode parar um homem movido pelo desejo insaciável de vingança.

– Negociar ? Você não tem nada que eu queria. – Leonid atira em sua coxa esquerda e o homem se segura na parede para não cair no chão enquanto grita de dor. O sangue escorre por sua perna e ele tenta contê-lo, mas logo acaba com sua calça encharcada e uma enorme poça do líquido vermelho no chão.

– Porra, espera! Eu sei onde ele está! Sei onde o Liam está…

– Está realmente assustado, não é ? Entregando seu ex-funcionário só para continuar vivo. É vergonhoso! – Leonid se levanta e se aproxima, segura em seu queixo e o encara com um olhar de superioridade. Detestava homens como ele.

– Eu sei que estava procurando pelo Liam apenas para entregá-lo ao Aaron. O que ele te prometeu ? Disse que me mataria e daria poder a você ? – ele sorri de lado e segura seu queixo com mais força.

– Eu criei aquele moleque! O tirei das ruas e lhe dei uma maneira de sobreviver. Ele deve tudo a mim! – Ballard grita. Leonid contrai sua mandíbula e desfere um tapa no rosto de Ballard, que acaba caindo no chão.

– Dever a você ? Não seja ridículo! – ele pisa em sua coxa, provocando mais dor e fazendo com que o sangue não pare de escorrer para fora.

– Sua obsessão patética pelo Liam é devido ao simples fato de que agora ele é meu. Você poderia aceitar perder seus negócios, mas nunca o seu melhor homem, não é ?

– Cala a boca! – Ballard grita, irritado com a verdade.

– Ou talvez você seja um velho pervertido ? – Leonid se abaixa e sussurra próximo ao seu ouvido enquanto aponta sua arma para a virilha do homem.

– O que ? Não! Pare! – o homem implora desesperadamente, mas Leonid atira e o sangue respinga para todos os lados. Ballard grita ainda mais alto de dor e agonia, naquele instante implorava pela morte.

– Sei que está esperando que ela venha, mas não se preocupe, eu serei rápido. Tenho que ir buscá-lo! – Leonid sorri animado e ansioso, logo depois atira em sua cabeça e Ballard morre o encarando com uma terrível expressão de sofrimento.

Leonid encara fixamente seus olhos, vendo a forma fascinante como a vida deixa seu corpo. Quando tudo termina, ele apenas passa por cima do cadáver e sai da casa.

– Preciso ir, já está quase na… – enquanto confere às horas em seu relógio, ele ouve passos e fica em alerta. Não podia baixar sua guarda em nenhum momento.

– Sr. Petrov ? – a voz masculina e assustada o chama, Leonid se vira e vê um garoto jovem que brinca com suas mãos tentando esconder o nervosismo.

– Conseguiu o que queria ?

– Sim, obrigado pela informação…

– O-ótimo! Então poderia me pagar o resto do dinheiro ? – o garoto força um sorriso e o encara como se fosse mijar nas calças a qualquer momento.

Leonid suspira e pega um maço de dinheiro do bolso do seu casaco.

– Sua informação foi muito útil. – Leonid lhe entrega o dinheiro e o garoto se agarra a ele com toda a sua força.

– O-obrigado, senhor! – ele se curva e logo se afasta. Leonid o observa enquanto vai embora e suspira ao vê-lo sumir na escuridão.

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03:15 horas da noite.

Leonid caminha em direção ao jardim, em meio aos homens que o ofendem e fazem ameaças. Gritando como animais enfurecidos.

– Sr. Petrov! Que prazer tê-lo aqui! – Aaron abre seus braços e sorri, apesar de que seu sarcasmo é perceptível.

– Onde ele está ?

– Tragam ele. – Aaron sinaliza com a mão e um de seus homens arrasta Liam pelo braço para fora da casa.

– Venha, irmãozinho. Cumprimente o Sr. Petrov! – ele agarra o ombro de Liam e o aperta com força.

– Oi… – sua voz fraca e seu rosto repleto de hematomas denunciam o que havia acontecido. Aquilo não era brincadeira de criança.

– O que você quer ? Nós dois sabemos que tudo tem um preço.

– Você, Sr. Petrov. – Aaron puxa Liam pela cintura, deixando seu corpo mais próximo ao dele.

– Isso é algo difícil de conseguir… – Leonid força uma risada e o encara fixamente, tentando ler suas expressões.

– Não importa, eu sempre consigo o que quero… – ele tira sua arma de trás das costas e aponta em direção a Leonid.

– De joelhos!

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Enquanto Leonid é usado como uma distração, seus homens e Thomas começam a se mover dentro da casa.

– Certo, garotos, se misturem! – Nikolas sorri enquanto ajeita seu terno.

– Isso realmente vai dar certo ? O Sr. Petrov… – Noah suspira e enxuga o suor que escorre em seu rosto após mover tantos corpos para dentro de um dos quartos.

– Relaxa, aquele babaca sabe o que faz! – Nikolas dá um tapinha em seu ombro e começa a dar as instruções. Logo todos os homens começam a se mover e fazer o seu trabalho.

– Alemão, venha comigo. – ele indica o caminho com a cabeça e Thomas o segue em silêncio. Eles caminham de cabeça baixa, passando despercebidos entre os seguranças que já estão cansados demais para notar sua presença.

– É aqui que nos separamos. Sabe o que fazer, não é ?

– Claro, russo. – Thomas segue pelo corredor que o leva direto ao jardim. Nikolas o observa até que ele saia de casa, em seguida tira seus óculos escuros de dentro do paletó e sorri empolgado.

– Cacete… eu amo isso! – ele dá risada e tira uma granada do paletó, retira o pino de segurança e a joga na direção de onde veio. Em seguida corre o mais rápido que pode para longe da explosão, agora havia de fato começado.

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Uma explosão é ouvida e todos no jardim desviam seu olhar para a casa, de dentro dela sai alguns homens feridos e outros um pouco atordoados.

– O que porra está acontecendo ? – Aaron grita irritado, mas não desvia seu olhar ou sua arma de Leonid.

– Senhor, alguém invadiu a mansão e causou a explosão! – um rapaz que parece estar no auge de seus vinte anos corre até Aaron e enquanto lhe conta sobre o que aconteceu, suas mãos tremem de medo.

– Incompetentes! Como deixaram isso acontecer ? – ele atira no peito do rapaz.

– Vocês aí, vão ver o que aconteceu! – Aaron aponta sua arma em direção a um grupo de homens, que se apressam em seguir suas ordens.

– Foi você, não é ? Cheio de truques, se achando esperto!

– Eu ? Mas eu não fiz nada, estava aqui o tempo todo! – Leonid sorri.

– Não brinque comigo! – ele aponta a arma para a cabeça de Liam, que continua apenas observando em silêncio, mas por dentro seu peito vibra de alegria.

– Eu aconselho que não faça isso… não deixe o Sensenmann irritado! – Leonid, que está com as mãos para o alto, fecha seu punho, dando o sinal. Os atiradores nas árvores começam a derrubar os alvos, o que causa uma pequena confusão no local. Os que não foram atingidos ainda, tentam desesperadamente se proteger dos disparos que eles nem mesmo sabem de onde vem.

– Venha, Liam! – Leonid grita em meio a confusão e no mesmo instante Liam usa seu cotovelo para atingir o estômago de Aaron e se soltar, ele corre em sua direção com um sorriso em seu rosto.

– Não! – Aaron aponta sua arma em direção a eles e parece estar apavorado, aquele nome o deixou desestabilizado.

– Fique atrás de mim… – Leonid sussurra e o empurra para trás.

– Eu não vou deixar você ganhar dessa vez, lobinho! – ele esbraveja. Leonid rapidamente percebe o que viria a seguir e vai para cima de Aaron, tentando evitar o pior.

– Leonid! – Liam grita assustado e logo o barulho do disparo ecoa pelo jardim. Ele fica imóvel, paralisado pelo medo de vê-lo morrer, mas de repente Leonid agarra o pescoço de Aaron e sorri.

– Eu te disse para não irritá-lo! – ele sussurra com a voz um pouco debilitada, mas ainda cheia de sarcasmo e arrogância. Do alto de uma árvore, Thomas mira na cabeça de Aaron e mau pode se segurar, seu dedo coça para explodir sua cabeça.

– Morra, filho da puta! – ele sussurra e atira com um largo sorriso em seu rosto. Todos voltam sua atenção ao vê-lo cair no chão, surpresos com sua morte.

Seus homens que, em sua maioria, já haviam sido subjugados tentam apenas escapar, mas nenhum dos homens de Leonid tem a intenção de deixar isso acontecer.

– Matem todos esses desgraçados! – Nikolas grita com um sorriso em seu rosto, mas logo nota que seu chefe está sangrando no chão.

– Leonid! Olhe para mim! – Liam se agarra ao seu corpo e não consegue conter suas lágrimas, perdê-lo naquela altura seria insuportável.

– Merda, Leo. Mantenha seus olhos abertos! – Nikolas tira seu paletó e o usa para conter o sangue que jorra de seu peito.

– Ele está perdendo muito sangue, Nikolas!

– Liam… – Leonid sorri e estende sua mão em direção ao seu rosto, era bom finalmente tocá-lo.

– Estou aqui, então fique vivo, porra! – Liam esbraveja, mas ele apenas sorri.

– Quero… te beijar! – Leonid murmura. Liam arregala seus olhos, no entanto acaba sorrindo e seu rosto cora. Ele ainda era o mesmo pervertido de sempre.

– Claro… – ele se inclina sobre Leonid e o beija, e pela primeira vez em cinco anos seu coração finalmente sente um pouco de paz.

– Obrigado… – Leonid sussurra e sorri enquanto fecha seus olhos, não conseguia se manter acordado.

– Não! Não feche os olhos! – Liam grita implorando, mas Leonid não o responde.