Capítulo 11
Estar envolvido no abraço quente de Hayato era o melhor conforto para Shin. Era confortável e aconchegante.
— Ah, eu não quero sair daqui. — disse Shin, suspirando contra o peito de Hayato.
— Então não saia. — simples? Simples. Aquela era a melhor solução.
— Você quer ouvir a história?
— É claro.
— Bem…
— Não se sinta forçado a contar. — Shin sentiu o beijo que Hayato deixou em seus cabelos.
— Eu quero contar. Fora que não é nada demais. — Shin respirou fundo. — Mamãe era doente.
Hayato permaneceu em silêncio, escutando.
— Ela nasceu assim. Eu não me lembro do nome da doença, mas eu sei que ela é hereditária. Akira, Aika e eu nascemos com ela.
Shin ouviu quando os batimentos cardíacos de Hayato aumentaram. E o abraço apertou um pouco. Ele continuou.
— Relaxe. Não é uma doença mortal, não depois dos dez anos. Durante nossos primeiros dez anos, Akira e eu, fomos criados dentro de casa. Assim como mamãe foi. Essa doença, ela nos deixa fracos. Nossos corpos se machucam muito facilmente e podemos ter recaídas.
— É por isso que não pratica esporte?
— Sim. Festivais escolares, festivais de esporte. Qualquer lugar em que eu pudesse me machucar eu não podia ir. Tanto que só fui pra escola depois dos dez anos, assim como Akira.
— Esse também é o motivo pelo qual Aika não vai a escola?
— Sim. Até completarmos dez anos nós temos muitas recaídas. E é também quando somos mais frágeis. Não sabemos o porquê, mas é assim.
— Entendo. Fico feliz que você e Akira estão fora de risco, mas me preocupo com Aika. Ainda mais porquê são só vocês.
— Mamãe deixou todas as recomendações anotadas antes de acidente. Sei bem o que fazer. Fora que os pais de Zen ajudam bastante. E também temos o dinheiro da indenização que recebemos do governo e da família daquele bêbado, então conseguimos compras os remédios de nós três.
— Você também toma? — era evidente que Hayato estava surpreso. — Achei que estivesse fora de risco.
— E eu estou. Mas ainda tenho recaídas. É basicamente os sintomas de um resfriados.
— Entendo. Fico mais aliviado. — Hayato afastou o rosto de Shin de seu peito e encarou aqueles olhos. Verde bem fixo no negro. — Quero que saiba que pode contar comigo. É só pedir que…. Não, você é teimoso demais para pedir. Mas quero que saiba que…. Eu estou aqui. Virei correndo a qualquer momento. Eu estou aqui por vocês. Por você.
As lágrimas já rolavam pelo rosto de Shin. As vezes ele odiava ser tão emotivo. Mas o sorriso estava ali também.
— Eu me pergunto…. — começou Shin, sentindo os dedos quentes de Hayato secarem suas bochechas. — Me pergunto se algum dia você vai parar de fazer eu me apaixonar por você a cada frase que sai dessa sua boca.
— Apenas quando…. Não, nunca. Mesmo que um dia sejamos duas formigas eu ainda conquistaria seu coração.
Eles se abraçaram por um tempo, até Hayato se lembrar de algo.
— O motivo pelo qual você não vai me ver jogar é….?
— É que…. Eu queria jogar quando era menor. — Shin corou ao ter admitir isso. — E sinto que posso ficar com inveja ao te ver jogar.
— Bem, não seja por isso. Deixe-me ver. — Hayato pegou um dos pulsos de Shin, analisando. — Você é realmente muito delicado, mas não o bastante.
— O que quer dizer? — Shin inclinou a cabeça para o lado, com Hayato ainda segurando seu pulso.
— Quero dizer que seu pulso não é delicado o bastante para quebrar ao arremessar uma bola de basquete. — Hayato sorriu.
— Você quer dizer que…. — o coração de Shin se encheu de esperanças.
— Venha me ver jogar no amistoso, em duas semanas. E depois do jogo eu vou ensinar você a fazer cestas de três pontos. — essas eram a especialidade de Hayato. Como ainda segurava o pulso de Shin, foi fácil o trazer para perto de seus lábios. Hayato beijou aquela pele branca, macia e delicada. — Você tem medo de se machucar. E é por isso que eu prometo a você, Shin. Caso se machuque com minha idéia eu….
Hayato não conseguia pensar em nada que valhesse a pena. Afinal, era da possibilidade de Shin se machucar que ele estava falando.
— Se eu me machucar… — começou Shin. — Faço de você meu enfermeiro particular. E também terá que engolir mil agulhas, pois isso é uma promessa.
— Sim, é uma promessa.
****
— Ai-chan brincou bastante pelo visto. — concluiu Hayato ao olhar as três crianças dormindo, estiradas pelo chão.
— Fico feliz que ela conseguiu amigos. — Shin pegou Aika do chão, a colocando na cama. Hayato fez o mesmo com um doa gêmeos. Era impossível saber qual era qual.
— Estive pensando e a razão pela qualquer você atende todas as vontades de Aika é a doença?
— Sim. Foi assim comigo e com Akira.
— É incrível que vocês dois não se tornaram incrivelmente mimados.
— Bem, mamãe e papai sempre nos ensinaram a ser humildes, mesmo atendendo todos os nossos pedidos. — Shin terminou de arrumar as crianças na cama de Aika. Ela estava no meio dos gêmeos. — Eu faço o mesmo com Aika.
Shin era incrível. Ele era forte. Hayato se apaixonava por ele cada vez mais.
****
Logo, duas semanas passaram voando. O único tempo que Hayato e Shin tinham para ficar juntos era durante o intervalo, isso quando ambos não estavam cochilando.
Shin se encontrava cansado por estar trabalhando mais e por ficar acordado até tarde sempre. Enquanto Hayato sentia-se exausto por conta dos intensos treinos de basquete.
O time da escola não era ruim, mas não era uma grande potência. Mas Hayato se sentia animado para o amistoso que se aproximava. E isso se devia apenas ao fato de que Shin o iria assistir.
E assim o dia do jogo chegou.
Eles perderam. Mas lutaram com todas as suas armas. O placar final era de cento e trinta a noventa pontos. A maior parte dos pontos se devia a Hayato, que fez muitas cestas de três pontos.
Ele queria se exibir, afinal, Shin realmente havia o ido assistir. Ele estava ali antes da partida começar, usando um de seus moletons pretos.
Durante todo o jogo, Hayato pode sentir o olhar de Shin em si. Isso dava forças a ele. Para continuar jogando.
Os membros do time de basquete ficaram muito frustrados com a derrota. Os dois que haviam pedido a ajuda de Hayato inicialmente pediram perdão de joelhos para Hayato. Por terem feito com que Hayato perdesse duas semanas em um treinamento.
Fingindo pedir uma compensação pelo fato, Hayato pediu para que o deixassem ficar na quadra um pouco mais. Eles aceitaram e logo Shin estava ao seu lado.
— Você realmente é bom. — disse Shin.
— Sou bom ao ponto de receber um beijo?
— Não. Receberia um se tivesse ganhado. — era claro que Shin estava brincando.
— Que maldade. — e Hayato foi junto.
— Mas vai ganhar um como compensação por ter perdido. — então, sem dar tempo para que Hayato absorvesse as palavras, Shin ficou na ponta dos pés e deixou um selinho nos lábios de Hayato. — Fique satisfeito com isso. Agora, promessa é dívida, me ensine a arremessar.
*****
Shin, apesar de nunca ter praticado, sabia que era péssimo em esportes. Principalmente em basquete. A bola era grande e pesada demais, enquanto as mãos de Shin eram pequenas e ele não tinha força nos branços.
O resultado foi que Shin não acertou nenhuma vez. Isso quando a bola sequer chegava no aro.
No caminho pra casa, Shin deixava claro sua indignação por não ter acertado nenhuma. Hayato havia sugerido que eles poderiam repetir o treino. Foi ai que as reclamações mudaram para como basquete era injusto com pessoas baixinhas e sem força.
Claro que seu inconsciente sabia que tudo era questão de técnica e treinamento. Mas ele ainda assim se queixava. E fazia isso mais para ouvir a risada de Hayato do que para reclamar realmente.
— Ah, é verdade. — disse Shin, pouco antes de chegarem a sua casa. — Já sei que dia vamos ter o nosso encontro.
— Qual? — Hayato precisava se preparar.
— No próximo domingo.
— Claro. — Hayato concordou. Mas se arrependeu imediatamente. — Não tem como ser outro dia?
— Não. Tem que ser nesse próximo domingo. Não pode ser nenhum outro. — Shin encarou os olhos de Hayato. — Ou você não quer ter um encontro comigo?
Negro no verde. A estrela que brilhava nas íris de Shin estava mais determinada do que nunca.
— Não é nada disso é que….
— Você…. Realmente não quer ir em um encontro comigo? — perguntou Shin, em um choro obviamente fingido, em que Hayato acreditou. Ele passou a sussurrar, alto o bastante para que Hayato escutasse. — Justo quando eu tinha tudo planejado….
— Espera, por favor não chora. Eu vou sim. Em qualquer dia.
— Inclusive nesse próximo domingo?
— Sim. Nesse próximo domingo eu vou. É o nosso encontro, afinal.
Shin permitiu que Hayato o beijasse ali. Como compensação por o ter enganado.
E então cada um seguiu para sua casa. Hayato foi o caminho todo suspirando.
O domingo que Shin havia escolhido era o mesmo domingo em que a novel de terror da Hashimoto Akira-sensei seria lançada. E seriam volumes autógrafados por ela e pelo ilustrador que trabalhava para ela.
Pelo jeito, Hayato só poderia comprar o trabalho de sua escrita favorita outro dia.
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Capítulo 11
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Osoroshiku Kawaii
Medo? O dicionário diz que é um estado afetivo que é instigado pela consciência de perigo. Que é uma ansiedade irracional ou uma apreensão em relação em algo.
Mas não é só isso....