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Osoroshiku Kawaii

Capítulo 6

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🟡 Em breve

A terrível sensação acompanhou Hayato por toda a semana. Ele não contou a Shin. Não tinha idéia de como o namorado reagiria. Depois de pesquisas na internet, Hayato chegou a conclusão de que seu pai era aquilo que chamavam de homofóbico.

 

De acordo com o dicionário a homofobia é uma série de atitudes e sentimentos negativos em relação a pessoas homossexuais, bissexuais e de mais letras da comunidade LGBTQIA+. De acordo com relatos da internet, a homofobia ia desde olharem ruins na rua até assassinato.

 

Hayato não gostava da idéia de seu pai ser assim. Mas ele se recordava de uma vez, quando tinha onze anos, em que passeava com o pai na rua e dois rapazes passaram de mãos dadas. Hayato havia esquecido o fato rapidamente na época, mas agora ele conseguia se lembrar perfeitamente do desprezo nos olhos verdes do pai.

 

Ficar se lembrando disso constantemente o deixou aéreo durante toda a semana. Ele até mesmo levou bronca de seus professores. Shin também percebeu a mudança, mas Hayato não fez nenhuma menção ao que o estava incomodando, então ele não perguntou. Não diretamente.

 

Ele mandava indiretas, mas Hayato nada parecia perceber e apenas continuava o assunto. Com isso, Shin passou a se sentir inseguro. Sua baixa autoestima estava retornando e ele voltou a dormir durante as aulas. Zen percebeu, mas Shin não respondeu nenhuma de suas perguntas e apenas dispersava o assunto dizendo coisas como o segundo trabalho e a família.

 

Por outro lado, Hayato se tornava cada vez mais consciente das coisas ao seu redor. Ele começou a perceber o olhar das pessoas a sua volta, e os cochichos. Ele não havia confirmado seu relacionamento com Shin em voz alta, mas as pessoas espalharam boatos.

 

Ele continuava não ligando para o que elas diziam, ou pelo menos era o que ele dizia a si mesmo. Ele estava com medo, mas ainda não havia se dado conta do fato. Ele apenas sabia que queria parar de sentir aquilo.

 

Era sexta-feira e o casal estava indo embora junto. Shin não teria trabalho naquele dia, mas Hayato não havia proposto nada e ele também não se encontrava em bom humor para propor ele mesmo.

 

Era uma caminhada silenciosa. Não haviam as conversas de sempre e Shin sentia falta de Hayato, mesmo que este estivesse logo ao seu lado.

 

— O que aconteceu? — Shin não se aguentou mais e perguntou.

 

— Hã, como assim? Não aconteceu nada.

 

— Hayato, podemos estar juntos a pouco tempo, mas eu te conheço. Me diga o que houve. — suplicou Shin.

 

— É claro que aconteceu algo! Você está distante a semana inteira.

 

— Está tudo bem, Shin. Não precisa se preocupar. — Hayato não o queria preocupar.

 

— Não está tudo bem. — a fala de Shin foi um pouco mais alta do que costumava ser. Isso surpreendeu Hayato. — Sou eu?

 

— Como assim? Do que está falando?

 

— Sou eu, Hayato? Você não quer mais estar comigo? — Shin lutava contra as lágrimas que queriam vir e tentava não reparar no aperto em seu peito. Ele evitava olhar para Hayato.

 

— De onde você tirou isso? Eu nunca disse uma palavra sobre não querer mais estar com você. — se defendeu Hayato.

 

— Exatamente por isso. Você não me disse nada. — explodiu Shin. — A semana inteira você não me disse nada.

 

— É, mais isso é porquê…. — Hayato pausou. Não sabia o que dizer. Ele nem mesmo sabia o que estava sentindo para começar.

 

— O quê? Não pode me contar? — Shin lhe lançou um olhar magoado. Os olhos negros estavam mais brilhantes do que nunca com as lágrimas que o pequeno segurava. O coração de Hayato se apertou. Aqueles lágrimas eram por sua causa. Ele não gostava delas. Ele não as queria ali. Decidiu que contaria, mas Shin foi mais rápido. Ele limpou o rosto vermelho. — Tudo bem, venha falar comigo quando puder me contar. Quando pudermos conversar. Mas se você demorar de mais, vou esquecer que um dia já te chamei de “meu namorado”.

 

Shin deu as costas a Hayato e saiu andando. Hayato se perguntou o por que. Por que ele não foi atrás? Por que Shin disse tudo aquilo? O que era aquela sensação? O pesar no estômago, o aperto no coração, a tremedeira no corpo e a voz que não saía. Era a primeira vez que ele sentia tudo isso. E não sabia o que era.

 

Ele seguiu para casa. Encontrando apenas sua mãe. Ele pensou em subir direito para o quarto, mas achou que não havia ninguém melhor para lhe escutar do que sua mãe.

 

— Mãe? Posso perguntar uma coisa?

 

— Claro, querido, o que foi? — sua mãe, Mizushima Yumi, fazia jus a seu nome. Ela era uma mulher de beleza abundante, apesar de simples. Os cabelos castanhos como os de Shin e os olhos da cor de castanhas. Ela era a mais bonita na opinião de Hayato.

 

— A tia, sua irmã, por que o papai não gosta dela? — não era isso que Hayato queria perguntar, mas foi o que saiu.

 

— Ah, então é isso. Quer ouvir uma pequena história? — Hayato apenas se sentou no sofá ao lado da mãe. Ela deixou o livro que estava lendo de lado. — Eu e Mahina sempre fomos unidas, então um dia ela me contou que estava gostando de uma garota da sala dela. Ela se declarou, e foi rejeitada. A menina, que só tinha beleza, espalhou tudo pela escola. Os alunos comentaram e assim chegou aos professores, que levaram o assunto até nossos pais.

 

Yumi pausou por um instante. Tomou um fôlego, e então continuou.

 

— Nosso pai ficou furioso e nossa mãe também não ajudou, eles forçaram Mahina a se assumir e depois que ela o fez, eles a expulsaram. Eu não pude fazer nada na hora, mas ajudei Mahina na época. Eu lhe enviava dinheiro, e ela arrumou um emprego. Logo, ela se apaixonou e foi embora para outra cidade com a namorada. E é apenas por isso, por ela apenas amar, que seu pai não gosta dela.

 

— Mãe, se sabia que papai não gosta de pessoas assim, por que o escolheu?

 

— Foi um casamento arranjado. Mas passei a gostar dele com o tempo. — Hayato prestou atenção na escolha de palavras de sua mãe ‘gostar’ e não ‘amar’. — Mas por que me pergunta, querido?

 

— Mãe, eu…. — Hayato não sabia se deveria contar aquilo, assim, sem mais nem menos. Mas sua mãe tocou sua mão, que agarrava o tecido da calça com força. Yumi sorria tranquilamente para o filho, enviando as forças que ele precisava para falar. — Mãe, eu estou….

 

Ele cortou sua fala ao ouvir o pai chegando.

 

— O que aconteceu? — perguntou o homem ao chegar na sala.

 

— Nosso filho está preocupado em ir mal nas provas. — sua mãe foi rápida em arrumar uma desculpa.

 

— Bobagem. Você é inteligente….. — e assim o assunto perdeu-se.

 

O dia passou e após o jantar, Yumi foi até o quarto do filho. Hayato estava sentado em sua cama, jogando uma bola de meias para Akemi. Yumi o iria repreender depois.

 

— E então? O que você ia me contar? — ela sentou-se ao lado do filho. Que se assustou.

 

— Mãe, eu…..

 

— Está tudo bem em me contar. Sou sua melhor amiga lembra? — e era verdade.

 

— Mãe, eu…. — Hayato tentou novamente. — Eu estou apaixonado.

 

— E? — perguntou quando ele não continuou.

 

— E…. e…. é por um g-ga-garoto. — Yumi já esperava por isso, mas nada disse. — Nós estamos namorando há quase três semanas completas.

 

Isso, de fato, surpreendeu Yumi. Seu filho, não havia mostrado nenhum indício que estava apaixonado. Não dos que se vêem em filmes. Ela continuou escutando, conforme Hayato lhe contava.

 

Ele contou tudo que estava sentindo. Contou como haviam se aproximado e firmado namoro. Contou sobre Shin e sobre como ele era adorável. Contou sobre os encontros que tiveram. E finalmente, contou sobre a briga do dia. Ao final do relato, Yumi já havia entendido o que tanto afligia seu filho.

 

— Hayato, meu filho, você está com medo.

 

— Q-que? Como assim?

 

— Foi o que eu disse. Você apenas está com medo.

 

— Não. Isso não pode acontecer. Não. Não. Não. — Hayato andava de um lado para o outro, puxando os cabelos.

 

— E por que não? — Yumi tentava não rir do desespero do filho.

 

— Porque eu tenho que ser corajoso. Sempre.

 

— Quem lhe disse isso?

 

— Você, mãe.

 

— Eu? Quando?

 

— Quando eu era pequeno. Quando me ensinou a escrever meu nome.

 

— Ah, querido, você se apegou ao significado de seu nome. — suspirou Yumi.

 

— O que quer dizer?

 

— Você não precisa se apegar a isso.

 

— Como assim?

 

— Isso é algo que você vai precisar descobrir sozinho. — Yumi poderia explicar? Poderia. Mas seu instinto de mãe lhe dizia que já estava na hora de seu filho aprender coisas que a escola não ensinaria.

 

— Mas como eu vou fazer isso? — Hayato voltou a puxar os cabelos.

 

— Eu sei que alguém que pode lhe ajudar.

 

— Quem? — Hayato arregalou os olhos verdes em esperança.

 

— Seu pequeno Shin.

 

— O que quer dizer?

 

— Filho, já está na hora de você aprender coisas que não estão escritas no dicionário. — um dos passatempos de Hayato era ler dicionários. — E não há ninguém melhor que seu namorado para o ajudar.

 

Yumi tinha a impressão de que o que Shin e Hayato tinham era para a vida toda.

 

— Mas como eu faço isso? — Hayato estava tão desesperado que nem pensava direito.

 

— Você deveria começar indo até ele.

 

— Mas agora? — Shin prezava muito suas horas de sono e com toda a conversa de mãe e filho, já passava da meia-noite. Só de pensar em acordar Shin, Hayato se sentia tremer.

 

— As vezes pode ser tarde de mais.

 

Aquela frase. Hayato já a tinha ouvido antes, saindo várias vezes da boca de Shin. Ele a dizia sempre que era sincero ao extremo. E em outras situações.

 

— O que está esperando? — perguntou sua mãe, o tirando de seus pensamentos. — Escute, toda boa história de amor tem pelo menos uma loucura. Essa pode ser a sua.

 

Não seria algo como nos filmes. Hayato não precisaria atravessar o oceano, ele apenas iria até a rua ao lado. Hayato não arriscaria sua vida nem se meteria com mafiosos. Mas, qualquer coisa não planejada e feita no improviso e em nome do amor, era uma loucura de amor. Não importava o quão simples fosse.

 

Hayato saiu correndo.

 

— Não se preocupe em voltar hoje. — gritou a mãe. Ela ainda sussurrou para si mesma. — E use camisinha.

 

Hayato sentia o coração bater forte conforme corria até a outra rua. Até Shin. Até o seu Shin. Seu pequeno que era assustadoramente fofo.

 

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Capítulo 6
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Osoroshiku Kawaii

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Medo? O dicionário diz que é um estado afetivo que é instigado pela consciência de perigo. Que é uma ansiedade irracional ou uma apreensão em relação em algo.

Mas não é só isso....

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