Capítulo 21
Lucian se levanta da cama com cuidado e sai do quarto, deixando Killian sozinho enquanto dorme. Ele caminha até a cozinha e pega uma das suas dezenas de garrafas de uísque guardadas dentro do armário.
Lucian pega um copo, comumente usado para servir uísque, e põe um pouco para si mesmo. Logo depois ele segue em direção a uma das poltronas próximo a janela e se senta, observando as ruas calmas e desertas.
– Logo vai amanhecer… – ele sussurra para si mesmo e mergulha profundamente no silêncio.
Após alguns minutos, Lucian ouve a porta da frente abrir e o barulho de saltos altos ecoam por todo o apartamento.
– Lucian. – a voz feminina fala ao se aproximar.
– Lilith. – ele fala indiferente e mantém sua atenção na janela.
– Eu fui até o apartamento, mas não achei nada. Não havia nenhum rastro de magia e nem a arma usada. – ela fala aflita, esperando ser repreendida, mas Lucian permanece em silêncio e deixa um longo suspiro sair.
– Não se preocupe com isso, Lili. Eu já sei qual arma foi usada e como Caim a conseguiu.
– O quê ? Se já sabia, por que não disse nada ? – Lilith fala um pouco alto.
– Fale baixo, vai acordar o Killian.
– Lucian, fala logo!
– Há alguns dias um demônio me ligou, disse que tinha informações sobre Cain. Ele estava se movendo e havia rumores de que estava em posse de uma arma capaz de me ferir. – ele faz uma pausa e bebe um gole de uísque.
– E não me disse nada ? – ela esbraveja e revira os olhos.
– No momento eu não levei a sério. Caim já tentou me matar centenas de vezes e nunca conseguiu, então acabei esquecendo…
– Qual a arma ? – Lilith para em frente a ele e o encara furiosa.
– A adaga do Miguel. – ele suspira e franze a testa.
– O que aconteceu, Lucian ? Quando se tornou tão burro e descuidado ? – Lilith desfere um tapa em seu rosto e lhe mostra um olhar cheio de decepção.
– Você me ensinou a antecipar os movimentos dos meus inimigos e a nunca subestimar nenhum deles. Esse homem fraco e cego não é o Rei do inferno. Não te reconheço mais, Lúcifer.
– Você está certa, Lilith. Eu cometi um erro. – Lucian fala de forma calma e suspira.
– Então conserte essa merda! – ela aponta o dedo para o seu rosto e sai furiosa. Se pudesse, arrancaria sua cabeça naquele instante.
– Lilith, agradeço a sua preocupação, mas da próxima vez que agir assim, vou desmembrar seu corpo e entregá-lo aos cães. – Lucian usa um tom sério, que faz Lilith estremecer. Sabia que suas ameaças não eram apenas blefes.
– Sim, senhor… – ela sorri e sai do apartamento.
Ao ouvir a porta se fechar, Lucian bebe mais um gole do líquido marrom e fecha seus olhos, deixando que a luz solar, que aos poucos invade o apartamento, aqueça o seu corpo.
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– Lucian… – Killian fala sonolento enquanto caminha até a cozinha.
– Por que acordou tão cedo ? – Lucian, que estava ocupado preparando o seu café da manhã, o questiona de repente ao vê-lo com o rosto amassado e usando apenas a parte de cima do seu pijama.
– Você não estava na cama. – ele murmura e se aproxima, o abraçando. Lucian sorri e acaricia os seus cabelos.
– Quer comer o seu café da manhã ? Está quase pronto.
– Sim. – Killian boceja e se agarra ao seu corpo com mais força.
– Então se sente e espere, irei servir logo. – ele beija o topo de sua cabeça.
– Sim… – Killian sussurra e segue em direção a mesa de jantar.
Lucian volta sua atenção para o que estava fazendo, mas logo acaba se distraindo novamente ao ver o seu celular vibrar sobre o balcão. Ele desliga o fogão e atende.
– Fale.
– Lucian, uma nova audiência foi marcada e ao que tudo indica, essa será a última. Todas as provas estão contra ele, não há escapatória!
– Se é assim, acho que eu deveria fazer outra visita ao juiz, para refrescar sua memória…
– Não faça nada imprudente, okay ?
– Não farei. – Lucian ri, pensando no quão irônico era que alguém o aconselhasse.
– Certo, vou desligar. Te vejo no tribunal.
– Estarei lá.
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– Ei, Killian. – Lucian o chama ao entrar no seu quarto.
– Ah! Oi, Lucian. – ele responde um pouco envergonhado, mas logo lhe mostra um sorriso.
– O que está fazendo ?
– Só estava olhando pela janela… – Killian toca o vidro e observa a rua movimentada com um olhar triste.
– Quer dar uma volta ? Sei de um lugar que você vai adorar!
– O quê ? Não podemos sair, você ainda está machucado e…
– Killian, eu estou bem. – Lucian se aproxima e acaricia o seu rosto. Apesar da gravidade do seu ferimento, seu corpo estava reagindo bem.
– Não dói ? – Killian murmura ao tocar o local da ferida.
– Não. – ele se inclina para frente e beija sua testa.
– Certo… – Killian suspira aliviado e sorri.
– Então você quer ir ?
– Sim! – ele responde sorridente. Realmente estava animado para sair.
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– Nós já chegamos ? – Killian questiona curioso.
– Sim. – Lucian fala enquanto abre a porta do carro.
– Onde estamos ?
– Vai descobrir quando chegar. – Lucian dá de ombros e sorri. Killian suspira e sai do veículo.
– Vamos ? – ele indica o caminho com a mão direita, Killian apenas acena com a cabeça e segue a direção mostrada por Lucian. Ao chegarem, ele se surpreende ao ver dezenas de estantes cheias de livros e o delicioso cheiro de café no ar.
– Você gostou ? – Lucian sussurra próximo ao seu ouvido.
– Sim! – Killian fala empolgado e há um largo sorriso em seu rosto. Era como uma criança em uma loja de brinquedos.
– Pode pegar qualquer coisa para ler, vou pedir café para nós.
– Okay. – ele vai apressado em direção a uma das prateleiras e começa a procurar pelos seus gêneros literários favoritos. Enquanto busca algo para ler, seus olhos brilham e sua animação contagia o lugar.
– Que adorável… – Lucian sussurra para si mesmo e sorri. Vê-lo feliz era o seu maior prazer.
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Após alguns minutos escolhendo livros, Killian chega à mesa com uma pilha deles.
– Vai ler tudo isso ?
– Antes eu lia pelo menos três livros por semana! – Killian fala orgulhoso.
– Sério ? Isso é impressionante. – Lucian sorri e bebe um gole do seu café. Killian fica corado com seu elogio e decide focar sua atenção nos livros, talvez assim o seu coração parasse de palpitar.
Enquanto ele lê, Lucian o observa fixamente, o admirando. Não se cansava de olhar e registrar cada detalhe do seu rosto angelical, assim o teria para sempre.
– Com licença, aqui está o seu café! – a garçonete fala de forma gentil e põe o copo sobre a mesa.
– Ah! Obrigado! – Killian a agradece e logo começa a beber o seu café, que está deliciosamente doce, como ele gosta.
– A leitura está divertida ?
– Ah! Me desculpe, Lucian! Eu fiquei tão distraído lendo. – ele fala envergonhado. Não havia percebido que já havia se passado algum tempo.
– Você deve estar entediado, não é ? Apenas me vendo ler… – Killian se encolhe na cadeira, esperando a pior das respostas.
– Não estou entediado. Gosto de olhar para você. – Lucian sorri e ergue sua mão, com a intenção de acariciar o seu rosto, mas antes de que pudesse fazer isso, Killian se afasta de repente.
– Lucian, as pessoas vão ficar nos encarando… – ele murmura envergonhado e desvia seu olhar para baixo. Para Killian ainda era difícil aceitar o afeto de outro homem, sentia como se estivesse indo contra tudo o que Deus ensina.
– Certo… – Lucian afasta sua mão e logo se levanta.
– Vou fumar. Beba o seu café antes que esfrie. – ele fala indiferente e sai do local. Killian o observa se afastar enquanto sente um nó se formar em sua garganta, não queria magoá-lo.
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